Dois artigos completos no Boletim desta semana. O primeiro trata de um problema que já está se tornando crônico em nosso país, qual seja o da situação periclitante dos professores, em função das condições de trabalho cada vez mais deterioradas, seja pelos salários aviltantes, seja pela precariedade de muitos estabelecimentos e também pela relação cada vez mais conflituosa com os estudantes.
O segundo faz um balanço do Forum Social Mundial, recentemente encerrado em Dakar. Continua de pé o ideal de “um outro mundo é possível”. O encerramento deste ano coincidiu com a queda de Mubarak, no Egito, evento que, ao que tudo indica, não vai se esgotar nas fronteiras do país dos faraós. Que o diga o ditador da Libia.
O segundo faz um balanço do Forum Social Mundial, recentemente encerrado em Dakar. Continua de pé o ideal de “um outro mundo é possível”. O encerramento deste ano coincidiu com a queda de Mubarak, no Egito, evento que, ao que tudo indica, não vai se esgotar nas fronteiras do país dos faraós. Que o diga o ditador da Libia.
Enviado pelo Guilherme Souto:
Os Professores são gente!
- Igor Vitorino da Silva
Os Professores são gente. Essa, talvez, será a grande descoberta do século do XXI no Brasil. Os homens e mulheres que optaram (ou foram jogados pelas circunstâncias) na carreira do magistério são gente. E sendo gente tem o direito comer, beber, sonhar, divertir-se, por fim, de ter uma vida digna. O seu ofício é importante para a sociedade e para o poder público, mas isso não significa que devam aceitar o mundo do sacrifício e da abnegação a que estão submetidos contemporaneamente, que pune a sua saúde mental e física.
Infelizmente, em nome da educação, principalmente dos indicadores da qualidade educacional, muitos professores tem deixado de ser gente. Convivem todos os dias com uma mentira, que são obrigados a sustentar, como numa espécie do “Se vira nos trinta” do Domingão do Faustão, de que é possível um processo ensino-aprendizagem eficiente, que leve em consideração as singularidades e potencialidades do educando, numa sala de aula superlotada, que nem mesmo permite que se lembre o nome da maioria dos seus alunos.
Em clima de muita tensão administram conflitos interpessoais e a intensa interatividade dos estudantes (gritos, brincadeiras, agressões, desrespeito). Geralmente, saem da primeira aula esgotado física e mentalmente. Essa situação de estresse intensifica-se, no caso de determinadas escolas públicas brasileiras, com o ambiente das salas de aula com ares sombrios, carteiras quebradas e sujas, ventiladores enferrujados e antigos, piso desgastado com tempo de uso, quadros que nem se deixam mais riscar de giz.
Como no espaço escolar manifestam-se grande parte dos problemas sociais que atingem o país os professores tem que dar conta da ausência do Estado e das políticas públicas, não somente na educação, mas também nas demais áreas sociais. Não é à toa que ouve-se pelos corredores das escolas que os professores de hoje são tudo, menos professores. Não conseguem mais exercitar aquilo que seria o sentido principal da sua profissão: “ensinar, educar, estimular à aprendizagem”. O negócio hoje é colocar todo mundo na escola. Não se discute se ela está preparada para receber todo mundo? Para qual escola todo mundo está sendo enviado? Quais são condições dessa recepção? Tocar nessa discussão é correr risco de ser bombardeado pelo discurso da emergência e do pragmatismo das autoridades públicas e de ser acusado de elitismo, intelectualismo, irresponsabilidade pública e idealismo.
Essa situação dramática que angustia, entristece, magoa e corrói a auto-estima dos docentes, junta-se a questão dos baixos salários, que não permite que eles deem-se “o privilégio” de ter somente um período de trabalho(20h). Como precisam viver e desejam condições de vida melhores, jogam-se na batalha da sobrevivência. Muitas vezes, fazem mais 40 horas por semana de trabalho para melhorarem a renda, fora o tempo de deslocamento até as unidades escolares, que geralmente pode ser uma grande aventura como no caso das localidades distantes das grandes cidades e nas áreas rurais.
Imagine um professor que consiga fazer 60 h de trabalho por semana em instituições que paguem em média 16 R$ h/a, multiplicado pela média de semanas (4,5), ele receberia R$ 4.320,00 R$ bruto. Para essa conquista, esse verdadeiro super-herói brasileiro, afasta-se da família, dos amigos e do lazer, permanece diariamente abarrotado de trabalho e, principalmente, sem tempo para refletir sobre sua prática profissional e (re)qualificar-se, correndo o risco num curto prazo de perder parte dos empregos que possui pela ausência de qualificação. O professor precisa estar atualizado, bem informado e qualificado propagandeia o mercado educacional, entretanto ele esquece-se que para isso é indispensável tempo e dinheiro, seres escassos na vida da maioria dos professores brasileiros.
Um médico recém-formado, muitas vezes, recusa-se em trabalhar num município qualquer por 5.711,60 (40h), pois considera pouco diante da possibilidade de receber em outro lugar R$ 8.450,00 (40h + plantões + flexibilidades de horário) ou o piso salarial, defendido pela Federação Nacional dos Médicos – Fenam, de “R$ 9.188,22(20h) [Disponível em :. Consultado em: 11.02.2011]. De onde nasce tanta diferença? Do esforço individual ou tempo estudo dos médicos? Ou dos efeitos de organização política e corporativa dos filhos Hipócrates? Dos monopólios, hierarquização e segmentação do mercado do trabalho da medicina? Então, será que só os médicos tem direito de ser gente nesse país? Esses são dilemas espinhosos que a sociedade brasileira e autoridades públicas tem esquivado-se de enfrentar.
Além de viverem esse fosso salarial, que comparado com os salários de advogados e engenheiros e funcionários do poder judiciário aprofunda-se, enfrentam em média por semana quase 45 aulas em salas superlotadas, onde levam quase metade do tempo da aula para conquistar a atenção dos estudantes, sobrando pouco minutos para ministrar o plano de aula. Haja voz e energia para aguentar essa rotina. E desse professor esgotado pelo trabalho cobra-se a participação nas atividades escolares e extra-escolares, o acompanhamento individual do aprendizado dos seus alunos, aulas criativas e sedutoras, bons resultados (alunos com notas boas), sala de aula disciplinada e obediente, diários de classe organizados e conteúdos em dia.
Não bastasse o desestímulo das condições de trabalho e dos baixos salários vive-se, também, continuamente a experiência da desconsideração social. Ser um professor feliz e que goste de lecionar, mesmo nesse contexto adversidade, é entendido como sinal de loucura ou burrice crônica. Que professor não ouviu pelas ruas: Além de professor, você o faz o que mesmo? Ou não se constrangeu com as piadas e zombarias que diminuem, desqualificam e insultam à condição de docência: “Por favor, não me sequestrem. Sou professor”. “Deus que me livre de um filho professor, não quero sustentá-lo a vida inteira”.
A escolha pela carreira de magistério, seja por pressão da circunstâncias, preferência individual ou experiência social positiva, é considerada uma opção dos derrotados, feita por àqueles que não foram o suficiente inteligentes e competentes para conquistar as vagas de engenharia, medicina e direito: “Só medíocres fazem licenciaturas”, pensam alguns setores da sociedade brasileira. O magistério é reconhecido como uma condenação, uma espécie de purgação de pecados pretéritos.
Reforçando essas imagens e práticas de depreciativas e desrespeitosas perdura-se a prática de ouvir-se por último as opiniões dos professores sobre as decisões educacionais. E quando essas são ouvidas, acabam sendo tuteladas, filtradas e inspecionadas pelos especialistas universitários à serviço da tecnocracia educacional.
Essa tecnocracia educacional continua tratando os professores, apesar de toda retórica das legislações educacionais e das orientações metodológicas e curriculares, como meros receptáculos de novas teorias e das reformas educacionais que circulam o mercado pedagógico. Continua promovendo práticas pedagógicas e administrativas que limitam a capacidade de agência dos docentes e esvaziam as suas histórias de vida e da experiências profissionais, ratificando a ideia do professor como “mero piloto de sala de aula”. “Alguns pensam e tem ideias brilhantes, os professores executam” afirmam como muito naturalidade certos “motivadores educacionais e gestores públicos”.
Além disso, as dificuldades de consolidação da gestão democrática na educação brasileira (autonomia, participação, transparência, pluralidade opinião, democracia) e a manutenção da precariedade nas relações trabalhistas (ausência de concursos, flexibilização dos contratos, enfraquecimento da fiscalização sindical, etc.) produzem contextos educacionais insalubres, marcados pelo autoritarismo, ingerência profissional e clientelismo, onde ser bom profissional significa ser simplesmente subserviente, obediente e zelador das normas do sistema do ensino, impulsionando mais desmotivação pessoal e descomprometimento profissional com prejuízos incalculáveis para as atividades escolares.
Frente a esse pequeno quadro aqui desenhado reina, ainda, um certo cinismo da sociedade e do poder público que proclamam a importância da educação e dos educadores para o desenvolvimento social e econômico, mas que elegem-se metas e propostas educacionais que desconsideram(ou minimizam) a opinião dos educadores e a precariedade das suas condições de trabalho e os baixos salários, exigindo que o sacrifício da modernização educacional seja exclusivo desses, fruto de um “desprendimento” e boa vontade” que realmente os afasta de ser gente. O reconhecimento dos professores como gente, que tem direito à vida digna, será a revolução copernicana da educação brasileira, um grandioso passo para a tão sonhada e desejada transformação da educação.
Igor Vitorino da Silva - Historiador e professor de história do Campus Nova Andradina/IFMS.
Os Professores são gente. Essa, talvez, será a grande descoberta do século do XXI no Brasil. Os homens e mulheres que optaram (ou foram jogados pelas circunstâncias) na carreira do magistério são gente. E sendo gente tem o direito comer, beber, sonhar, divertir-se, por fim, de ter uma vida digna. O seu ofício é importante para a sociedade e para o poder público, mas isso não significa que devam aceitar o mundo do sacrifício e da abnegação a que estão submetidos contemporaneamente, que pune a sua saúde mental e física.
Infelizmente, em nome da educação, principalmente dos indicadores da qualidade educacional, muitos professores tem deixado de ser gente. Convivem todos os dias com uma mentira, que são obrigados a sustentar, como numa espécie do “Se vira nos trinta” do Domingão do Faustão, de que é possível um processo ensino-aprendizagem eficiente, que leve em consideração as singularidades e potencialidades do educando, numa sala de aula superlotada, que nem mesmo permite que se lembre o nome da maioria dos seus alunos.
Em clima de muita tensão administram conflitos interpessoais e a intensa interatividade dos estudantes (gritos, brincadeiras, agressões, desrespeito). Geralmente, saem da primeira aula esgotado física e mentalmente. Essa situação de estresse intensifica-se, no caso de determinadas escolas públicas brasileiras, com o ambiente das salas de aula com ares sombrios, carteiras quebradas e sujas, ventiladores enferrujados e antigos, piso desgastado com tempo de uso, quadros que nem se deixam mais riscar de giz.
Como no espaço escolar manifestam-se grande parte dos problemas sociais que atingem o país os professores tem que dar conta da ausência do Estado e das políticas públicas, não somente na educação, mas também nas demais áreas sociais. Não é à toa que ouve-se pelos corredores das escolas que os professores de hoje são tudo, menos professores. Não conseguem mais exercitar aquilo que seria o sentido principal da sua profissão: “ensinar, educar, estimular à aprendizagem”. O negócio hoje é colocar todo mundo na escola. Não se discute se ela está preparada para receber todo mundo? Para qual escola todo mundo está sendo enviado? Quais são condições dessa recepção? Tocar nessa discussão é correr risco de ser bombardeado pelo discurso da emergência e do pragmatismo das autoridades públicas e de ser acusado de elitismo, intelectualismo, irresponsabilidade pública e idealismo.
Essa situação dramática que angustia, entristece, magoa e corrói a auto-estima dos docentes, junta-se a questão dos baixos salários, que não permite que eles deem-se “o privilégio” de ter somente um período de trabalho(20h). Como precisam viver e desejam condições de vida melhores, jogam-se na batalha da sobrevivência. Muitas vezes, fazem mais 40 horas por semana de trabalho para melhorarem a renda, fora o tempo de deslocamento até as unidades escolares, que geralmente pode ser uma grande aventura como no caso das localidades distantes das grandes cidades e nas áreas rurais.
Imagine um professor que consiga fazer 60 h de trabalho por semana em instituições que paguem em média 16 R$ h/a, multiplicado pela média de semanas (4,5), ele receberia R$ 4.320,00 R$ bruto. Para essa conquista, esse verdadeiro super-herói brasileiro, afasta-se da família, dos amigos e do lazer, permanece diariamente abarrotado de trabalho e, principalmente, sem tempo para refletir sobre sua prática profissional e (re)qualificar-se, correndo o risco num curto prazo de perder parte dos empregos que possui pela ausência de qualificação. O professor precisa estar atualizado, bem informado e qualificado propagandeia o mercado educacional, entretanto ele esquece-se que para isso é indispensável tempo e dinheiro, seres escassos na vida da maioria dos professores brasileiros.
Um médico recém-formado, muitas vezes, recusa-se em trabalhar num município qualquer por 5.711,60 (40h), pois considera pouco diante da possibilidade de receber em outro lugar R$ 8.450,00 (40h + plantões + flexibilidades de horário) ou o piso salarial, defendido pela Federação Nacional dos Médicos – Fenam, de “R$ 9.188,22(20h) [Disponível em :
Além de viverem esse fosso salarial, que comparado com os salários de advogados e engenheiros e funcionários do poder judiciário aprofunda-se, enfrentam em média por semana quase 45 aulas em salas superlotadas, onde levam quase metade do tempo da aula para conquistar a atenção dos estudantes, sobrando pouco minutos para ministrar o plano de aula. Haja voz e energia para aguentar essa rotina. E desse professor esgotado pelo trabalho cobra-se a participação nas atividades escolares e extra-escolares, o acompanhamento individual do aprendizado dos seus alunos, aulas criativas e sedutoras, bons resultados (alunos com notas boas), sala de aula disciplinada e obediente, diários de classe organizados e conteúdos em dia.
Não bastasse o desestímulo das condições de trabalho e dos baixos salários vive-se, também, continuamente a experiência da desconsideração social. Ser um professor feliz e que goste de lecionar, mesmo nesse contexto adversidade, é entendido como sinal de loucura ou burrice crônica. Que professor não ouviu pelas ruas: Além de professor, você o faz o que mesmo? Ou não se constrangeu com as piadas e zombarias que diminuem, desqualificam e insultam à condição de docência: “Por favor, não me sequestrem. Sou professor”. “Deus que me livre de um filho professor, não quero sustentá-lo a vida inteira”.
A escolha pela carreira de magistério, seja por pressão da circunstâncias, preferência individual ou experiência social positiva, é considerada uma opção dos derrotados, feita por àqueles que não foram o suficiente inteligentes e competentes para conquistar as vagas de engenharia, medicina e direito: “Só medíocres fazem licenciaturas”, pensam alguns setores da sociedade brasileira. O magistério é reconhecido como uma condenação, uma espécie de purgação de pecados pretéritos.
Reforçando essas imagens e práticas de depreciativas e desrespeitosas perdura-se a prática de ouvir-se por último as opiniões dos professores sobre as decisões educacionais. E quando essas são ouvidas, acabam sendo tuteladas, filtradas e inspecionadas pelos especialistas universitários à serviço da tecnocracia educacional.
Essa tecnocracia educacional continua tratando os professores, apesar de toda retórica das legislações educacionais e das orientações metodológicas e curriculares, como meros receptáculos de novas teorias e das reformas educacionais que circulam o mercado pedagógico. Continua promovendo práticas pedagógicas e administrativas que limitam a capacidade de agência dos docentes e esvaziam as suas histórias de vida e da experiências profissionais, ratificando a ideia do professor como “mero piloto de sala de aula”. “Alguns pensam e tem ideias brilhantes, os professores executam” afirmam como muito naturalidade certos “motivadores educacionais e gestores públicos”.
Além disso, as dificuldades de consolidação da gestão democrática na educação brasileira (autonomia, participação, transparência, pluralidade opinião, democracia) e a manutenção da precariedade nas relações trabalhistas (ausência de concursos, flexibilização dos contratos, enfraquecimento da fiscalização sindical, etc.) produzem contextos educacionais insalubres, marcados pelo autoritarismo, ingerência profissional e clientelismo, onde ser bom profissional significa ser simplesmente subserviente, obediente e zelador das normas do sistema do ensino, impulsionando mais desmotivação pessoal e descomprometimento profissional com prejuízos incalculáveis para as atividades escolares.
Frente a esse pequeno quadro aqui desenhado reina, ainda, um certo cinismo da sociedade e do poder público que proclamam a importância da educação e dos educadores para o desenvolvimento social e econômico, mas que elegem-se metas e propostas educacionais que desconsideram(ou minimizam) a opinião dos educadores e a precariedade das suas condições de trabalho e os baixos salários, exigindo que o sacrifício da modernização educacional seja exclusivo desses, fruto de um “desprendimento” e boa vontade” que realmente os afasta de ser gente. O reconhecimento dos professores como gente, que tem direito à vida digna, será a revolução copernicana da educação brasileira, um grandioso passo para a tão sonhada e desejada transformação da educação.
O Fórum Social Mundial 2011 em Dacar: um balanço
Entre outros temas, o FSM 2011 discutiu a crise estrutural do capitalismo global e seus efeitos catastróficos para o meio ambiente. Essa agenda alternativa passa pela realização do Fórum Social Temático em Porto Alegre, em janeiro de 2012, que já conta com o apoio do governo do Rio Grande do Sul e das prefeituras da capital e da região metropolitana.
Eduardo Mancuso (www.cartamaior.com.br)
Entre outros temas, o FSM 2011 discutiu a crise estrutural do capitalismo global e seus efeitos catastróficos para o meio ambiente. Essa agenda alternativa passa pela realização do Fórum Social Temático em Porto Alegre, em janeiro de 2012, que já conta com o apoio do governo do Rio Grande do Sul e das prefeituras da capital e da região metropolitana.
Eduardo Mancuso (www.cartamaior.com.br)
“Aqueles que pregavam o “fim da história” assistem hoje o movimento inevitável dessa história que acreditavam morta. É o que se vê na América do Sul, na África, mas sobretudo nas ruas de Túnis e do Cairo e de tantas outras cidades africanas onde renasce a esperança de um mundo novo.” (Lula, 7 de fevereiro, FSM 2011 -Dacar)
Assim como a alvorada do novo século surgiu em Porto Alegre (resgatando as lutas de Chiapas e Seattle) em janeiro de 2001, com o Fórum Social Mundial, a segunda década do século começa com o terremoto político e social produzido pelo levante das massas árabes por democracia, liberdade e melhores condições de vida na África do Norte e no Oriente Médio. A volta do FSM em 2011 ao continente africano, em Dacar, Senegal, reuniu mais de 50 mil ativistas de 120 países e foi do início ao fim – da Marcha de Abertura com dezenas de milhares de participantes na tarde do dia 6 de fevereiro, até a Assembléia das Assembléias encerrando as atividades no dia 11 com o relato das mais de trinta assembléias autogestionárias – uma grande celebração pela derrubada do ditador tunisiano Bem Ali, e pelo anúncio da queda do “faraó” egípcio Mubarak, aliado estratégico dos EUA e de Israel.
A convergência entre as revoluções populares na região, a dinâmica política das forças progressistas e dos movimentos sociais esteve presente desde a abertura do FSM 2011 em Dacar. Um momento emblemático ocorreu após a chegada da marcha de abertura na Universidade do Senegal (onde foi montada a Casa Brasil, espaço que permitiu intercâmbio entre a grande delegação brasileira e os demais participantes no FSM) , quando o presidente boliviano Evo Morales e o ministro Gilberto Carvalho, representante oficial da presidenta Dilma Roussef, saudaram os ativistas e movimentos presentes. Outro exemplo se deu no segundo dia, com o debate que reuniu Lula e o presidente Wade, quando as justas vaias ao dirigente senegalês que governa o país há mais de dez anos foram seguidas pela aclamação ao presidente de honra do Partido dos Trabalhadores.
Uma das principais características do FSM foi a de sempre estar marcado pela tensão política, democrática e muito produtiva, entre “a dinâmica global e a local, entre ONGs e movimentos sociais, entre institucionalização e autogestão”. Dacar 2011 mostrou a todos e todas que é exatamente essa relação dialética que pode apontar para uma estratégia comum, inovadora e potente, para enfrentarmos a crise estrutural da globalização capitalista. Como escreveu acertadamente Emir Sader: “o Fórum de Dacar foi um avanço na superação das barreiras artificiais entre forças sociais e forças políticas, entre resistência e construção de alternativas.”
Mesmo a desorganização do evento, agravada pela manutenção das aulas na Universidade (a nova direção da instituição não honrou os acordos anteriores com o comitê organizador do FSM), não impediu que centenas de redes, organizações e movimentos sociais realizassem dezenas de encontros e assembléias autogestionárias muito valiosas politicamente, no espaço do FSM ou fora, em hotéis de Dacar e até na histórica e tristemente famosa Ilha de Gorée (de onde partiram milhões de africanos escravizados para as Américas). Da periferia de Dacar, onde o prefeito socialista de Pikine recebeu mais de 1000 autoridades locais do Senegal e de todo o mundo articulada pela Rede de Cidades de Periferias (FAL-P); ou na própria capital, onde o igualmente socialista prefeito Khalifa Sall foi o anfitrião do Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social e pela Democracia Participativa, surgido junto com o primeiro FSM de Porto Alegre, que contou com a presença de prefeitos petistas e com a sempre lúcida contribuição de Boaventura de Sousa Santos (além de obrigar o presidente do país a se fazer presente na cerimônia de abertura, que já tinha confirmada a participação de ministros do governo do Brasil); e também da segunda assembléia da Plataforma Internacional de Orçamentos Participativos, que reuniu as redes africanas com as do Brasil e da Colômbia, do México, da República Dominicana, da Espanha, de Portugal e da Itália, que contabilizam atualmente 1400 processos de OP no mundo.
Outro exemplo estimulante foi a Assembléia Mundial dos Habitantes, que reuniu representantes de movimentos de 70 países, na luta contra os despejos e pela construção de políticas habitacionais dignas para a população ameaçada pela especulação imobiliária. Assim como o Seminário “A busca de paradigmas de civilização e a agenda de transformação social”, organizado pelo GRAP (Grupo de Reflexão e Apoio ao Processo FSM), patrocinado pela Petrobrás, que reuniu vários integrantes do Conselho Internacional e se debruçou na sessão final sobre o “Mapa das próximas lutas: COP 17, Rio+20 e subseqüentes...”. Discutiu-se a agenda dos processos em curso diante da crise sistêmica e estrutural do capitalismo global e seus efeitos catastróficos para o meio-ambiente, assim como a construção de coalizões em torno da definição de novos horizontes para a cidadania planetária em resposta às propostas da Cúpula do Rio de Janeiro marcada para maio de 2012. Essa agenda alternativa passa pela realização do Fórum Social Temático em Porto Alegre, em janeiro próximo, que já conta com o apoio do governo do Estado do Rio Grande do Sul e das prefeituras da capital e da região metropolitana, preparando as propostas e a intervenção dos movimentos e das redes na Conferência Rio+20 em maio do ano que vem.
O encerramento do FSM 2011 de Dacar foi marcado pela Assembléia das Assembléias celebrando a vitória popular no Egito, após a renúncia de Mubarak, confirmada durante a atividade, e permitiu às várias plenárias autogestionárias relatarem suas agendas, propostas e iniciativas. O calendário de lutas destaca as mobilizações contra o G-20 na França em maio; a data de 20 de março como dia mundial de solidariedade ao levante do povo árabe e africano; a Jornada Global sobre a Palestina também no final de março; o Fórum Social na Tunísia; as ações do movimento ambientalista em paralelo à Cúpula Rio+20; a Conferência Internacional sobre o impacto da invasão norte-americana no Iraque em outubro, entre muitas outras atividades.
O debate sobre o FSM 2013 foi aberto na reunião do Conselho Mundial que sucedeu o FSM de Dacar. Foram apresentadas as candidaturas de Montreal pelas centrais sindicais canadenses, e de Porto Alegre pelo comitê gaúcho que organizou em 2010 o FSM 10 anos Grande Porto Alegre, com forte apoio institucional (do governo do Estado do Rio Grande do Sul, da Assembléia Legislativa, da Prefeitura e da Câmara de Vereadores da capital e de prefeituras do PT da região metropolitana). Também foi apresentada proposta de realizar pela primeira vez o FSM na Europa, mas ainda sem uma cidade ou região definida. A decisão sobre 2013 ficou para ser tomada na reunião do Conselho Internacional em Paris, no final de maio.
Membro da Rede do Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social e a Democracia.
Brasil quer levar a ONU sua experiência de combate à fome
José Graziano da Silva pode ser o próximo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Na bagagem, experiência como ex-ministro de Segurança Alimentar e o combate à fome no Brasil. "O que aprendemos no governo Lula é que ninguém sai da miséria sozinho. É preciso um grande esforço de organização e de participação social. O Fome Zero não foi um programa de governo, mas de uma sociedade que tinha decidido acabar com a fome", diz Graziano em entrevista a Deutsche Welle.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17467&boletim_id=837&componente_id=13729
Assim como a alvorada do novo século surgiu em Porto Alegre (resgatando as lutas de Chiapas e Seattle) em janeiro de 2001, com o Fórum Social Mundial, a segunda década do século começa com o terremoto político e social produzido pelo levante das massas árabes por democracia, liberdade e melhores condições de vida na África do Norte e no Oriente Médio. A volta do FSM em 2011 ao continente africano, em Dacar, Senegal, reuniu mais de 50 mil ativistas de 120 países e foi do início ao fim – da Marcha de Abertura com dezenas de milhares de participantes na tarde do dia 6 de fevereiro, até a Assembléia das Assembléias encerrando as atividades no dia 11 com o relato das mais de trinta assembléias autogestionárias – uma grande celebração pela derrubada do ditador tunisiano Bem Ali, e pelo anúncio da queda do “faraó” egípcio Mubarak, aliado estratégico dos EUA e de Israel.
A convergência entre as revoluções populares na região, a dinâmica política das forças progressistas e dos movimentos sociais esteve presente desde a abertura do FSM 2011 em Dacar. Um momento emblemático ocorreu após a chegada da marcha de abertura na Universidade do Senegal (onde foi montada a Casa Brasil, espaço que permitiu intercâmbio entre a grande delegação brasileira e os demais participantes no FSM) , quando o presidente boliviano Evo Morales e o ministro Gilberto Carvalho, representante oficial da presidenta Dilma Roussef, saudaram os ativistas e movimentos presentes. Outro exemplo se deu no segundo dia, com o debate que reuniu Lula e o presidente Wade, quando as justas vaias ao dirigente senegalês que governa o país há mais de dez anos foram seguidas pela aclamação ao presidente de honra do Partido dos Trabalhadores.
Uma das principais características do FSM foi a de sempre estar marcado pela tensão política, democrática e muito produtiva, entre “a dinâmica global e a local, entre ONGs e movimentos sociais, entre institucionalização e autogestão”. Dacar 2011 mostrou a todos e todas que é exatamente essa relação dialética que pode apontar para uma estratégia comum, inovadora e potente, para enfrentarmos a crise estrutural da globalização capitalista. Como escreveu acertadamente Emir Sader: “o Fórum de Dacar foi um avanço na superação das barreiras artificiais entre forças sociais e forças políticas, entre resistência e construção de alternativas.”
Mesmo a desorganização do evento, agravada pela manutenção das aulas na Universidade (a nova direção da instituição não honrou os acordos anteriores com o comitê organizador do FSM), não impediu que centenas de redes, organizações e movimentos sociais realizassem dezenas de encontros e assembléias autogestionárias muito valiosas politicamente, no espaço do FSM ou fora, em hotéis de Dacar e até na histórica e tristemente famosa Ilha de Gorée (de onde partiram milhões de africanos escravizados para as Américas). Da periferia de Dacar, onde o prefeito socialista de Pikine recebeu mais de 1000 autoridades locais do Senegal e de todo o mundo articulada pela Rede de Cidades de Periferias (FAL-P); ou na própria capital, onde o igualmente socialista prefeito Khalifa Sall foi o anfitrião do Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social e pela Democracia Participativa, surgido junto com o primeiro FSM de Porto Alegre, que contou com a presença de prefeitos petistas e com a sempre lúcida contribuição de Boaventura de Sousa Santos (além de obrigar o presidente do país a se fazer presente na cerimônia de abertura, que já tinha confirmada a participação de ministros do governo do Brasil); e também da segunda assembléia da Plataforma Internacional de Orçamentos Participativos, que reuniu as redes africanas com as do Brasil e da Colômbia, do México, da República Dominicana, da Espanha, de Portugal e da Itália, que contabilizam atualmente 1400 processos de OP no mundo.
Outro exemplo estimulante foi a Assembléia Mundial dos Habitantes, que reuniu representantes de movimentos de 70 países, na luta contra os despejos e pela construção de políticas habitacionais dignas para a população ameaçada pela especulação imobiliária. Assim como o Seminário “A busca de paradigmas de civilização e a agenda de transformação social”, organizado pelo GRAP (Grupo de Reflexão e Apoio ao Processo FSM), patrocinado pela Petrobrás, que reuniu vários integrantes do Conselho Internacional e se debruçou na sessão final sobre o “Mapa das próximas lutas: COP 17, Rio+20 e subseqüentes...”. Discutiu-se a agenda dos processos em curso diante da crise sistêmica e estrutural do capitalismo global e seus efeitos catastróficos para o meio-ambiente, assim como a construção de coalizões em torno da definição de novos horizontes para a cidadania planetária em resposta às propostas da Cúpula do Rio de Janeiro marcada para maio de 2012. Essa agenda alternativa passa pela realização do Fórum Social Temático em Porto Alegre, em janeiro próximo, que já conta com o apoio do governo do Estado do Rio Grande do Sul e das prefeituras da capital e da região metropolitana, preparando as propostas e a intervenção dos movimentos e das redes na Conferência Rio+20 em maio do ano que vem.
O encerramento do FSM 2011 de Dacar foi marcado pela Assembléia das Assembléias celebrando a vitória popular no Egito, após a renúncia de Mubarak, confirmada durante a atividade, e permitiu às várias plenárias autogestionárias relatarem suas agendas, propostas e iniciativas. O calendário de lutas destaca as mobilizações contra o G-20 na França em maio; a data de 20 de março como dia mundial de solidariedade ao levante do povo árabe e africano; a Jornada Global sobre a Palestina também no final de março; o Fórum Social na Tunísia; as ações do movimento ambientalista em paralelo à Cúpula Rio+20; a Conferência Internacional sobre o impacto da invasão norte-americana no Iraque em outubro, entre muitas outras atividades.
O debate sobre o FSM 2013 foi aberto na reunião do Conselho Mundial que sucedeu o FSM de Dacar. Foram apresentadas as candidaturas de Montreal pelas centrais sindicais canadenses, e de Porto Alegre pelo comitê gaúcho que organizou em 2010 o FSM 10 anos Grande Porto Alegre, com forte apoio institucional (do governo do Estado do Rio Grande do Sul, da Assembléia Legislativa, da Prefeitura e da Câmara de Vereadores da capital e de prefeituras do PT da região metropolitana). Também foi apresentada proposta de realizar pela primeira vez o FSM na Europa, mas ainda sem uma cidade ou região definida. A decisão sobre 2013 ficou para ser tomada na reunião do Conselho Internacional em Paris, no final de maio.
Membro da Rede do Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social e a Democracia.
Brasil quer levar a ONU sua experiência de combate à fome
José Graziano da Silva pode ser o próximo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Na bagagem, experiência como ex-ministro de Segurança Alimentar e o combate à fome no Brasil. "O que aprendemos no governo Lula é que ninguém sai da miséria sozinho. É preciso um grande esforço de organização e de participação social. O Fome Zero não foi um programa de governo, mas de uma sociedade que tinha decidido acabar com a fome", diz Graziano em entrevista a Deutsche Welle.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17467&boletim_id=837&componente_id=13729
Wall Street contra os pobres e a classe média
O novo orçamento de Obama é uma continuação da guerra de classe da Wall Street contra os pobres e as camadas médias. As oligarquias dominantes atacaram novamente, desta vez através do orçamento federal. O governo dos EUA tem um enorme orçamento militar e de segurança. Ele é tão grande quanto os orçamentos do resto do mundo somados. Os orçamentos do Pentágono, da CIA e da Segurança Interna representam US$1,1 trilhão do déficit federal que a administração Obama prevê para o ano fiscal de 2012. O artigo é de Paul Craig Roberts.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17466&boletim_id=837&componente_id=13730
Um vídeo tem se espalhado pela internet ultimamente. Postado no Youtube, mostra um ex-combatente norte-americano que esteve no Iraque e que anda, agora, denunciando o que viu.
Assista aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=JFOmnAjk1EQ&feature=PlayList&p=5E876630D2BF32
No portal IG, vários artigos compõem um painel do ensino médio no Brasil, concluindo que ele afasta o aluno da escola. Confira aqui:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/ensino+medio+afasta+aluno+da+escola/n1238085086879.html
Prezados colegas,
Estamos organizando uma edição especial de História, Ciências, Saúde – Manguinhos sobre Saúde no contexto da escravidão e pós-emancipação. Especialistas em história da escravidão e estudiosos da história da saúde vêm contribuindo para o fortalecimento dessa área, daí a importância de veicularmos resultados de pesquisas com diferentes abordagens. Os estudos concernentes à saúde de escravos e ex-escravos compreendem vasto espectro de objetos como circulação de doenças; tráfico e suas relações com mortalidade e morbidade; discursos médicos; artes de curar e assistência em zonas urbanas e nas senzalas e plantations; alimentação; manuais médicos e escravidão; amamentação e parto entre escravos.
O prazo para submissão de artigos é julho de 2011.
História, Ciências, Saúde — Manguinhos é publicada pela Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. Trimestral, tem versão impressa e eletrônica, esta disponível na SciELO (www.scielo.br/hcsm) e em www.coc.fiocruz.br/hscience.
Veicula textos inéditos em português, inglês e espanhol, uma vez aprovados pelo Conselho Editorial e por pareceristas ad hoc. Tem seções dedicadas a artigos e ensaios originais, notas de pesquisa, documentos relevantes para estudos históricos, imagens, entrevistas, debates e resenhas de livros e filmes. Classificada como A1, na área de história no Sistema Qualis/Capes, que avalia cursos de pós-graduação e revistas científicas, é indexada em bases de dados no Brasil e no exterior.
Stefan Cunha Ujvari, homem de ciência reconhecido, médico infectologista e autor de A história da humanidade contada pelos vírus, lança Pandemias: a humanidade em risco.
E ninguém melhor do que o conhecido médico e escritor Dráuzio Varella para comentar sobre o livro, em texto para a quarta capa:
“Comecei a ler este livro e não consegui parar. Já li e havia gostado dos anteriores de Stefan Cunha, sempre interessado na história das doenças infecciosas que nos afligem desde os primórdios da civilização, mas este mostra o escritor na maturidade.
Em linguagem claríssima e objetiva, Stefan faz uma análise criteriosa dos germes que poderão causar as futuras epidemias, num estilo que combina a precisão científica do infectologista competente com a do contador de histórias que volta e meia mergulha no passado em busca de acontecimentos que sirvam de lição para o futuro.
Quando terminei a leitura fiquei com a sensação de que havia entendido melhor a história do homem na Terra.”
O livro já está em pré-venda. Aproveite!
Fotografias da coleção pessoal de D. Pedro II
Trata-se da coleção de fotos de D. Pedro II que retrata não só sua família, mas como também o mundo do séc. XIX. Trata-se da Collecção D. Thereza Christina Maria que foi doada em testamento, tratando-se da maior doação já recebida pela Biblioteca Nacional em toda sua história. É registrado pela UNESCO no Programa Memória do Mundo, como patrimônio da humanidade e com certeza vale uma visita.
Como resultado, estão disponíveis as fotografias digitalizadas, acompanhadas por pesquisa histórica e descrição bibliográfica completa, possibilitando aos pesquisadores uma visão abrangente e pormenorizada desta preciosa coleção.Desta forma a Biblioteca Nacional, cumpre sua missão de garantir a disseminação do conhecimento divulgando seu vasto acervo e contribuindo para a preservação da memória nacional.
Boa navegação pela nossa história!!!
http://bndigital.bn.br/projetos/terezacristina/galeria.htm
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