quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Numero 307






Último boletim de 2011. Coincidência ou não, porque esta época do ano a gente recebe muito poucas contribuições, todo mundo está mais preocupado com as festas, e com toda razão. E, coincidência ou não, os artigos da primeira seção versam sobre o mesmo assunto, a corrupção no Brasil. Nos links, uma retrospectiva, a crise na Europa e o Brasil como paraíso para os haitianos desesperados.
No mais,











1. ARTIGOS COMPLETOS

Visão antropológica da corrupção

Antonio de Paiva Moura

No mês de dezembro de 2011, dois episódios fizeram aumentar o interesse de um estudo antropológico do fenômeno corrupção. O primeiro foi o lançamento do livro de Amauri Ribeiro Júnior A privataria tucana, que denuncia a participação do ex-governador de São Paulo, José Serra, além de amigos, sócios e parentes por ocasião do processo de privatização de estatais, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1998 e 2002. A velha e grande mídia tentou encobrir o conteúdo e a importância das denúncias contidas no livro, evitando comentário ou divulgação do livro. Mas um fato inesperado obrigou a mídia, em parte, a quebrar o silêncio. Acontece que em quatro dias foram vendidos 30 mil exemplares e os 40 mil da primeira edição se esgotaram. O autor mandou imprimir mais 70 mil para atender à demanda. O conteúdo do livro virou um estrondoso debate em blogs e redes sociais superando o silêncio da velha imprensa. Ficou clara a parcialidade e a tendência da mídia brasileira que só vê corrupção no primeiro escalão do governo federal. (MARTINS, 2011)
O segundo episódio foi o pedido de apuração da conduta da ministra Eliana Calmon, à frente do Conselho Nacional de Justiça, (CNJ) feito por três associações de magistrados. As referidas associações alegaram que o CNJ quebrou o sigilo de 230 mil pessoas, entre juízes e servidores. Além disso, as três associações obtiveram uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu as investigações do CNJ contra casos de evolução patrimonial incompatível com os salários dos magistrados. Segundo a ministra Eliana Calmon, a reação ás inspeções do CNJ coincide com a investigação patrimonial deflagrada contra membros do Tribunal de Justiça de São Paulo, no qual constatou transações atípicas de 150 juízes e servidores. Baseado em diversas decisões judiciárias contraditórias do STF, nos últimos anos, como anulação de provas contra o banqueiro Daniel Dantas, Maierovitch (dez. 2011) diz que a justiça brasileira tem modelo ideal pra atrasar soluções de conflitos e manter impune os poderosos.
Refletindo sobre a iniqüidade, o mal-estar e o furor em torno do fenômeno corrupção, Márcia Tiburi (dez. 2011) diz que a corrupção aparece como uma nova regra de conduta, uma contraditória “moral imoral”. Temos uma moral vinda com a tradição de razão e comportamento legitimamente correto, isto é, honesto. O seu oposto é a moral imoral que predomina na sociedade contemporânea, onde o “ter” de qualquer forma ou de qualquer meio sobrepõe ao ser. O malando que parte sobre o outro, determinado a extorqui-lo, vai com toda a “moral”, ou “cheio de moral”. A gíria “na moral”, que está na boca do marginal significa uma espécie de legitimidade. Isso significa que a ideologia do “levar vantagem” impera, com aceitação da atitude do malandro. Fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. Mas um luxo de pobre, já que a questão da honestidade não se coloca para os ricos. Honesto é sempre o pobre elevado à condição de cidadão exótico. O pobre honesto é otário porque teria tudo para ser corrupto e não é. Portanto, a moral imoral tem dois pesos e duas medidas: um valor para o rico e outro para o pobre. Ao rico pouco importa a classificação de corrupto ou de desonesto. Ao pobre resta somente o desejo de ocultar sua possível desonestidade. Por tudo isso, é um engano que a polícia, o ministério público e a justiça vão dar conta de combater a corrupção sem a reversão do quadro cultural vigente.

Referências

MAIEROVITCH, Walter Fanganiello. Justiça: sem enxergar suas obrigações. Carta Capital. São Paulo, n. 678, 28 dez. 2011.
MARTINS, Rodrigo. O ruído virtual do silêncio. Carta Capital. São Paulo, n. 677, 21 dez. 2011.
TIBURI, Márcia. O mistério da corrupção. CULT. São Paulo, n. 164, dez. 2011.



Colaboração de Guilherme Souto:

Participação dos grandes grupos de mídia nas privatizações ocorridas no governo FHC

Dica 1 – Por que a mídia está ignorando a Privataria? Porque ela participou do jogo, ativamente.





Hoje, poucas pessoas têm essa lembrança, mas vale destacar alguns dados:

* Grupo Globo – Disputou a privatização da Telesp fixa, Telerj/Telesc Celular e Telesp Celular (perdeu para a Telefônica) e venceu o leilão das celulares Tele Celular Sul (Paraná e Santa Catarina) e Tele Nordeste Celular (CE, RN, PB, PE, PI e AL). O consórcio vencedor tinha o grupo Vicunha, Bradesco e Telecom Italia. Vendeu suas participações para a Telecom Italia. Hoje as operações são da TIM. Foi sócia da Telecom Italia no Globo.com e depois vendeu o controle da Net Serviços para a Embratel, depois de negociar com praticamente todas as empresas de telecomunicações atuantes no Brasil.

* Grupo RBS – Disputou a privatização ao lado da Telefônica e foi vencedor da disputa pelo consórcio que levou a operação da Telesp fixa. Depois acabou saindo porque se sentiu enganada pela tele espanhola, já que o projeto original era levar a Tele Centro Sul (que depois mudou de nome para Brasil telecom e hoje é parte da Oi). Antes de disputar a privatização em 1998, a RBS já havia sido sócia da Telefônica na CRT, a empresa de telecomunicações do Rio Grande do Sul que foi privatizada alguns anos antes. Além disso, a RBS vendeu o Terra para a Telefônica.

* Grupo OESP – Participou do consórcio que levou a operadora de celular competitiva na cidade de São Paulo (banda B) ao lado de empresas como a Bell South e Banco Safra. Posteriormente, não aguentou os investimentos e acabou vendendo sua participação.

* Grupo Folha – Não disputou o leilão da Telebrás. Mas chegou a negociar com alguns investidores a sua entrada no mercado de TV a cabo. Alguns anos após a privatização, tornou-se sócia da Portugal Telecom (acionista da Telesp Celular, hoje Vivo) no portal UOL.

* Band – Entrou no mercado de TV a cabo em 1998 e foi sócia da Telemar e do Opportunity no portal iG.

* Abril – Não disputou a privatização, mas vendeu por cerca de R$ 1 bilhão a operação de TV por assinatura TVA para a Telefônica em 2006. Antes disso, foi sócia da Folha no UOL até a entrada da Portugal telecom, quando as relações azedaram.

* SBT – Entrou no mercado de TV a cabo ao lado da Band e Diários Associados.

* Diários Associados – Entrou no mercado de TV a cabo ao lado de Band e SBT.

Dica 2 – Opportunity Silicon Valley LLC e as ligações Daniel Dantas/Verônica Serra. Pouca gente sabe, mas nos idos tempos da bolha de Internet de 2000, Daniel Dantas e seu Opportunity tentaram ser o Facebook da época. Investiram em várias start-ups e “agrupavam” estes investimentos em uma picaretagem chamada “Opportunity Silicomn Valley LLC”, que nada mais era do que uma empresa destinada a atrair investidores para essas empresinhas. Entre elas estavam a Decidir.com, da Verônica Serra, o iG, Radix, NO. e outras desimportantes
. Quem tiver curiosidade, é só buscar no supre-mencionado web.archives.org o site de www.opportunitysv.com em que tudo isso está registrado, já que o site não existe mais. O link direto é http://web.archive.org/web/20010410175102/http://www.opportunitysv.com/index.html.



2011, o ano em que a mídia demitiu ministros. 2012, o ano da Privataria.

A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.
Maria Inês Nassif (
WWW.cartamaior.com.br)

Em 2005, quando começaram a aparecer resultados da política de compensação de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – a melhoria na distribuição de renda e o avanço do eleitorado “lulista” nas populações mais pobres, antes facilmente capturáveis pelo voto conservador –, eles eram mensuráveis. Renda é renda, voto é voto. Isso permitia a antevisão da mudança que se prenunciava. Tinha o rosto de uma política, de pessoas que ascendiam ao mercado de consumo e da decadência das elites políticas tradicionais em redutos de votos “do atraso”. Um balanço do que foi 2011, pela profusão de caminhos e possibilidades que se abriram, torna menos óbvia a sensação de que o mundo caminha, e o Brasil caminha também, e até melhor. O país está andando com relativa desenvoltura. Não que vá chegar ao que era (no passado) o Primeiro Mundo num passe de mágicas, mas com certeza a algo melhor do que as experiências que acumulou ao longo da sua pobre história.

O perfil político do governo Dilma é mais difuso, mas não se pode negar que tenha estilo próprio, e sorte. As ofensivas da mídia tradicional contra o seu ministério permitirão a ela, no próximo ano, fazer um gabinete como credora de praticamente todos os partidos da coalizão governamental. No início do governo, os partidos tinham teoricamente poder sobre ela, uma presidenta que chegou ao Planalto sem fazer vestibular em outras eleições. Na reforma ministerial, ela passa a ter maior poder de impor nomes do que os partidos aliados, inclusive o PT. Do ponto de vista da eficiência da máquina pública – e este é o perfil da presidenta – ela ganha muito num ano em que os partidos estarão mais ocupados com as questões municipais e em que o governo federal precisa agilidade para recuperar o ritmo de crescimento e fazer as obras para a Copa do Mundo.

Sorte ou arte, o distanciamento de Dilma das denúncias contra os seus ministros, o fato de não segurar ninguém e, especialmente, seu estilo de manter o pé no acelerador das políticas públicas independentemente se o ministro da pasta é o candidato a ser derrubado pela imprensa, não a contaminaram com os malfeitos atribuídos a subalternos. Prova é a popularidade registrada no último mês do ano.

Mais sorte que arte, a reforma ministerial começa no momento em que a grande mídia, que derrubou um a um sete ministros de Dilma, se meteu na enrascada de lidar com muito pouca arte no episódio do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Passou recibo numa denúncia fundamentada e grave. Envolve venda (ou doação) do patrimônio público, lavagem de dinheiro – e, na prática, a arrogância de um projeto político que, fundamentado na ideia de redução do Estado, incorporou como estratégia a “construção” de uma “burguesia moderna”, escolhida a dedo por uma elite iluminada, e tecida especialmente para redimir o país da velha oligarquia, mas em aliança com ela própria. Os beneficiários foram os salvadores liberais, príncipes da nova era. O livro “Cabeças de Planilha”, de Luís Nassif, e o de Amaury, são complementares. O ciclo brasileiro do neoliberalismo tucano é desvendado em dois volumes “malditos” pela grande imprensa e provado por muitas novas fortunas. Na teoria. Na prática, isso é apenas a ponta do iceberg, como disse Ribeiro Jr. no debate de ontem (20), realizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, no Sindicato dos Bancários: se o “Privataria” virar CPI, José Serra, família e amigos serão apenas o começo.

A “Privataria” tem muito a ver com a conjuntura e com o esporte preferido da imprensa este ano, o “ministro no alvo”. Até a edição do livro, a imprensa mantinha o seu poder de agendamento e derrubava ministros por quilo; Dilma fingia indiferença e dava a cabeça do escolhido. A grande mídia exultou de poder: depois de derrubar um presidente, nos anos 90, passou a definir gabinetes, em 2011, sem ter sido eleito e sem participar do governo de coalizão da mandatária do país. A ideologia conservadora segundo a qual a política é intrinsicamente suja, e a democracia uma obra de ignorantes, resolveu o fato de que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizimou a oposição institucional, em 2010, e a criação do PSD jogou as cinzas fora, terceirizando a política: a mídia assumiu, sem constrangimentos, o papel de partido político. No ano de 2011, a única oposição do país foi a mídia tradicional. As pequenas legendas de esquerda sequer fizeram barulho, por falta de condições, inclusive internas (parece que o P-SOL levou do PT apenas uma vocação atávica para dissidências internas; e o PT, ao institucionalizar-se, livrou-se um pouco dela – aliás, nem tanto, vide o último capítulo do livro do Amaury Ribeiro Jr.).

Quando a presidenta Dilma Rousseff começar a escolher seus novos ministros, e se fizer isso logo, a grande mídia ainda estará sob o impacto do contrangimento. Dilma ganhou, sem imaginar, um presente de Papai Noel. A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.

Isso não chega a ser uma crise que a democracia não tenha condições de lidar. Na CPI dos Anões do Orçamento, que atingiu o Congresso, os partidos viveram intensamente a crise e, até por instinto de sobrevivência, cortaram na própria carne (em alguns casos, com a ajuda da imprensa, jogaram fora a água da bacia com alguns inocentes junto). A CPI pode ser uma boa chance de o Brasil fazer um acerto com a história de suas elites.

E, mais do que isso, um debate sério, de fato, sobre um sistema político que mantém no poder elites decadentes e é facilmente capturado por interesses privados. Pode dar uma boa mão para o debate sobre a transparência do Estado e sobre uma verdadeira separação da política e do poder econômico. 2012 pode ser bom para a reforma política, apesar de ter eleições municipais. Pode ser o ano em que o Brasil começará a discutir a corrupção do seu sistema político como gente grande. Cansou essa brincadeira de o tema da corrupção ser usado apenas como slogan eleitoral. O Brasil já está maduro para discutir e resolver esse sério problema estrutural da vida política brasileira.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.




2. VALE A PENA LER

No WWW.outraspalavras.net uma retrospectiva de 2011, com vários artigos:

2011 começou no norte da África
Primavera Árabe derrubou duas ditaduras em cinco semanas. Espalhou-se. Sofreu revezes. Continua viva (e inspiradora) no final do ano

Procura-se uma nova democracia
Maio: Europa descobre-se sob tirania... das finanças. Nas praças, multidões já sabem o que não querem: “nem políticos, nem banqueiros”

Teoria: como construir o pós-capitalismo?
Para superar sistema, não basta ir às ruas. Outras Palavras destacou, também, reflexão de pensadores que buscam caminhos para transformação social

Crise: o rugido da aristocracia financeira
Mudar o mundo não é um passeio: 2011 viveu, também, radicalização do velho: ataque aos direitos e serviços públicos, em nome dos interesses de 1%

O poder dos não-eleitos
“Chamam-na democracia. E não é”, disse alguém. Igualamento dos partidos, vigilância e xenofobia ameaçaram constituir um totalitarismo pós-moderno

Testando os limites do planeta
Conferência de Durban produziu resultados pífios. Brasil pode desmontar seu Código Florestal. Às vésperas da Rio+20, pergunta-se: até onde iremos?

A hora das periferias?
Depois de séculos, eurocentrismo parece abalado. Mas de que servirá avanço dos “emergentes”? Criar novos enredos? Ou apenas trocar atores?

Nós. Aqui. Outra vez
Posta à margem do debate internacional por anos, questão palestina reocupou centro do cenário (a contragosto de Telaviv e Washington...)

Sin perder la ternura jamás
Contraditória, mas sempre intensa, América Latina continua em transe. Depois de superar ditaduras e neoliberalismo, irá além do “desenvolvimento”?

Os donos do saber não sabem ser donos
Músicos, artistas, escritores, blogueiros, cientistas: quem cria quer dialogar e difundir saber. Já quem detém a “propriedade intelectual”...

O que vocês diriam desta vida que não dá mais pé?
No Brasil, rebeldia das praças exigiu direito ao corpo e à cidade. Marchas da liberdade, pós-automóvel. Queremos Copas ou coração?

Quando a arte é onde se inventa o mundo
Outras Palavras também foi ficção, crítica literária e artística. Às vezes, lugar dos novos mundos é bem longe das instituições

Ser rede, mas cultivar a profundidade
Em 2011, largada para grande elenco de colaboradores. Veja quem já está em Outras Palavras e como será possível participar

Outros projetos nos comovem
Entre eles, teia de auto-informação horizontal e circuito de colaboração não-mercantil entre publicações independentes



'Oásis' global, Brasil 'importa' mais e 'exporta' menos trabalhadores
Retomada do crescimento e resistência contra crise global de 2008 e à volta dela em 2011 invertem fluxo de pessoas que cruzam fronteiras do país. Número de brasileiros no exterior cai pela metade e o de imigrantes, sobe 50%. Portugueses e espanhóis em fuga de Europa decadente se destacam. Imigração ilegal também avança.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19277&boletim_id=1085&componente_id=17319


O FMI chegou a Europa
A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990. Os países europeus que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990.
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5373&boletim_id=1085&componente_id=17323

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Número 306







Fim de ano se aproximando velozmente. Mais dez dias e estaremos ingressando em 2012. Vemos agora os dias de festa. Infelizmente o que acontece no mundo hoje não é tão festivo assim. Nas últimas décadas, provavelmente este será o fim de ano mais dramático, em função da crise econômica que explode em todos os cantos do globo. E a saída? Onde está a saída?
A crise está presente neste número em que, apesar de tudo,







Além da crise, outro elemento ainda tomou conta do mundo blogueiro e continuou sendo ignorado olimpicamente pela grande mídia: as

contundentes revelações da Privataria Tucana. Um artigo e vários links para esse tema estão presentes.
Não bastasse isso, a maldição do petróleo volta a frequentar este blog, ainda por intermédio do jornalista José de Castro.
E não deixamos de lado a saída dos americanos do Iraque, deixando um saldo aterrador de sua presença naquele país.
E apesar de não ser mais um fã da Folha de São Paulo, não pude ignorar o excelente editorial que me foi encaminhado pela amiga Vânia, e que é o artigo que abre este número.





1. ARTIGOS COMPLETOS

Enviado por Vânia Facury


Gladiadores (Folha de São Paulo, 19/12/2011)

Proibiram-se, numa lei polêmica, as touradas em Barcelona. Experimentos com animais vivos conhecem, mundialmente, forte oposição. No Brasil, cresce a resistência aos rodeios.


Ainda que, por vezes, atitudes desse tipo se traduzam em intolerância, puritanismo e exagero, não seria equivocado dizer que refletem uma tendência geral no rumo de uma maior sensibilidade diante do sofrimento e da violência.
Das sessões públicas de tortura em criminosos condenados, tidas como normais no século 18, até a repulsa que hoje inspira, em parcelas crescentes da população, o mero consumo de alimentos de origem animal, um caminho civilizacional se fez.

Mesmo no boxe, que também repugna a muitos, tratou-se, por exemplo, de separar os lutadores tão logo se comprova a evidência de um nocaute, evitando a cena ignóbil do vencedor golpeando repetidas vezes o adversário já caído.
Foi precisamente uma cena destas -repetida à saciedade em qualquer horário- o que se viu na recente disputa pelo título de campeão dos pesos-pesados do UFC (Ultimate Fighting Championship).

Não bastasse a extrema violência dessa espécie de vale-tudo, que atrai legiões de entusiastas no Brasil, a narração do espetáculo, transmitido pela TV Globo, ocasionou momentos de paroxismo emocional na voz de Galvão Bueno. "Um, dois, três, quatro", vibrava o locutor, contando os golpes que selaram a sorte do norte-americano que cedia o título de sua categoria a um brasileiro.

Como não ver com estranheza, e até com aversão, um espetáculo que diz mais sobre o Brasil do Bope, da tortura nas delegacias, do tráfico e das milícias do que sobre o Brasil ameno, simpático e charmoso do jogador Neymar ou da modelo Gisele Bündchen?

Há gosto para tudo, bem se sabe. São Paulo candidata-se, por exemplo, a reunir 70 mil pessoas num estádio, no ano que vem, para uma disputa da categoria.
A liberdade de noticiar até justifica que, em horários livres para todas as idades, fossem televisionadas cenas hediondas de uma luta. Mas um mínimo de sensibilidade e autorregulação viria a calhar. São os "gladiadores do século 21", segundo o narrador da Globo.


Sem dúvida: é o século 21 - mas naquilo que tem de mais primitivo e troglodita.

Enviado por Guilherme Souto

Uma guerra oficialmente declarada morta

Sáb, 17 de Dezembro de 2011 08:30
Pepe Escobar (de Bagdá), Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/ML17Ak02.html
Traduzido pela Vila Vudu
(Atenção: Essa reportagem conta o fim do filme. Pode estragar o suspense criado em editoriais do New York Times.)
BAGDÁ – Na 5ª-feira, o Pentágono declarou oficialmente morta sua “guerra ao terror” de US$3 trilhões (e aumentando) – com invasão, ocupação e destruição da nação iraquiana, com o país preparado para guerra civil (“guerra de baixa intensidade”) entre sunitas e xiitas e com o mundo muçulmano cofiando as barbas, sem entender que fim levou o Oriente Médio Ampliado [orig. Greater Middle East] do governo George W Bush.
Num bunker de concreto sem o telhado, no antigo aeroporto de Bagdá convertido em base militar, o chefe do Pentágono, Leon Panetta, elogiou os mais de um milhão de norte-americanos e norte-americanas, em uniforme militar ou com os uniformes das empresas de mercenários, pelo “notável avanço” em termos de morte e destruição que os EUA alcançaram nos últimos nove anos, mas reconheceu os graves desafios que o país, praticamente destruído, enfrentará.
“Permitam-me ser bem claro: o Iraque será testado, daqui em diante – pela al-Qaeda na Terra dos Dois Rios;[1] pela al-Qaeda no Maghreb; pela al-Qaeda na Península Arábica; pelos Talibã; pelo Irã; pelo Hezbollah; pela ditadura de Assad na Síria, pela China, pela Rússia, por Occupy Wall Street.
“Desafios ainda há, mas os EUA lá estarão, ao lado do povo iraquiano, com a quantidade necessária de mísseis Hellfire, para que os iraquianos surfem sobre todos esses desafios e construam um paraíso seguro e lucrativo para o neoliberalismo e as empresas norte-americanas.”
A cerimônia muda e para poucos contrastou fortemente com o espetacular “choque e pavor” de 2003, quando os EUA em transe, cegos pelas mentiras e mais mentiras publicadas na primeira página do New York Times, enviaram colunas e mais colunas de tanques do norte do Kuwait, e iluminaram os céus “como Natal”, nas palavras da CNN, para fazer a “troca de regime” e tirar do governo o ditador-do-mal Saddam Hussein.
Contadas as mortes até 6ª-feira passada, a guerra do Iraque custou a vida de 4.487 norte-americanos, com mais 32.226 norte-americanos feridos e aleijados em ação, segundo as estatísticas do Pentágono. Sobre vítimas iraquianas: o Pentágono não conta cadáveres não norte-americanos.
O clima geral da cerimônia de adeus, uma hora de duração, solene, emocional – oficialmente chamada de “Adeus, cabeças de toalhas”, mais parecia um toque de adeus, num clarim vacilante, gago, a guerra inventada para livrar o mundo de armas de destruição em massa que jamais existiram. E que termina sem o capítulo iraquiano do Império de Bases que o Pentágono tanto quis ter –, sobretudo porque os militares norte-americanos foram postos porta a fora pelo mal agradecido primeiro-ministro Nuri al-Maliki, do Iraque.
Apesar de a cerimônia solene na 5ª-feira ter marcado o fim oficial da guerra, o Pentágono, por via das dúvidas, ainda mantém duas bases no Iraque, com apenas 4.000 soldados, várias centenas dos quais estavam presentes à cerimônia. No auge da guerra, em 2007, durante a avançada do general David Petraeus, os EUA invasores e ocupantes tinham implantas no Iraque 505 bases, e mais de 170 mil soldados e soldadas.
Segundo os militares, os duros-de-matar que lá permanecerão são alvo, diariamente, de provas incontestes do perene amor que o povo iraquiano lhes dedica, amor que se manifesta, todos os dias, sobretudo por objetos explosivos improvisados, lançados contra comboios que viajam rumo sul, atravessando o Iraque, tentando chegar às bases no Kuwait.
Depois de as duas últimas bases serem fechadas, até 31 de dezembro, e de os últimos soldados dos EUA tomarem o rumo de casa, onde serão recebidos por desemprego amplo, geral e irrestrito, as regras de um obscuro acordo firmado com o governo de Bagdá asseguram que algumas centenas de soldados, temperadas com colheradas de espiões e mercenários, permanecerão no Iraque, trabalhando no prédio da nova embaixada dos EUA (maior que o Vaticano), como parte de um Serviço de Cooperação para Segurança, para dar assessoramento comercial em negócios extremamente lucrativos de venda de armas.
Mas, ano que vem, as negociações serão retomadas, para tentar que mais soldados, espiões e mercenários norte-americanos consigam voltar ao Iraque, para ampliar os lucros da ação.
Altos oficiais do Pentágono não economizaram palavras ao informar que, sim, o Pentágono sentirá muita falta, tanto do petróleo quanto do controle que os EUA não conseguiram assegurar para eles mesmos, até agora. E há também o caso daqueles jatos F-16s que Bagdá está sendo forçada a comprar; os F-16s têm de ser usados e bem usados, e não se admite que sejam largados lá, para fritar ao sol do deserto al-Anbar.
“Do ponto de vista de conseguirem defender-se de um traiçoeiro terrorista-de-bomba-na-cueca da al-Qaeda, os iraquianos terão capacidade entre limitada e mínima, falando francamente” – disse o general Lloyd J Austin III, comandante norte-americano em retirada do Iraque, em entrevista, enquanto mastigava um Big Mac.
A tênue cortina de segurança no Iraque aparecia aos olhos de todos, que viam um flotilha de aviões armados que sobrevoava a cerimônia, escaneando a superfície local à caça de agentes operadores da al-Qaeda infiltrados. Embora haja hoje muito menos violência no Iraque do que no auge da guerra sectária que os EUA construíram e promoveram em 2006 e 2007, muita gente ainda é morta diariamente, e os norte-americanos são alvos preferenciais dos seguidores do incendiário e popularíssimo clérigo xiita Muqtada al-Sadr.
Panetta reconheceu que “o custo foi alto – em sangue e dinheiro dos EUA, e também para o povo iraquiano. Mas aquelas vidas não foram ceifadas em vão – deram origem a um regime cliente dividido, segregado, absolutamente traumatizado. Só falta saber se será regime fantoche dos EUA, ou do Irã.”
Em abril de 2003, houve euforia entre alguns iraquianos, ante o sucesso da invasão norte-americana. Mas o apoio logo degenerou, depois de os Marines porem-se a atirar contra civis desarmados, cada vez mais imbuídos da convicção de que ali estavam em ação de ocupação hardcore – que fez recrudescer todas as rivalidades sectárias e religiosas locais.
Depois que os escândalos na prisão de Abu Ghraib mostraram o quanto os EUA faziam a festa e o bolo e curtiam muito, e envoltos todos no nevoeiro da guerra, sunitas e xiitas, simultaneamente, decidiram lutar contra a ocupação (os curdos pouco se incomodaram); e um grupo ligado à al-Qaeda encontrou a brecha de que precisava e pôs-se a explorá-la no seio da população sunita minoritária.
Apesar de, naquele momento, o grupo terrorista ter sido neutralizado, mediante várias missões de punição das Forças de Operações Especiais que incineraram vários líderes da al-Qaeda e de muitos sacos de dinheiro distribuídos entre as tribos sunitas, especialistas da inteligência dos EUA temem que, hoje, a al-Qaeda esteja ressurgindo no Iraque.
A ocupação norte-americana no Iraque também criou dificuldades extras, que minaram a capacidade dos EUA para fabricarem uma narrativa convincente do apoio dos EUA aos levantes da Primavera Árabe no início de 2011 – que surgiram em momento em que os EUA dormiam ao volante e pegaram-nos de calças curtas.
No final, o Pentágono foi chutado, esperneando e aos gritos, para fora das bases em território iraquiano, pelo governo iraquiano. Por todo o país, o fechamento daqueles preciosos postos, no que deveria ser um sempre crescente Império das Bases dos EUA, foi assinado num encontro a portas fechadas, sem alarido, durante o qual militares dos EUA e do Iraque assinaram documentos que dão ao Iraque o controle legal sobre as bases; em seguida, apertaram-se as mãos como ordena o protocolo e separaram-se rapidamente, sem que qualquer dos lados conseguisse disfarçar completamente o desprezo que todos sentiam, uns pelos os outros.
O Chefe do Comando do Estado-Maior dos EUA, General Martin E. Dempsey, do exército, foi duas vezes comandante da forças norte-americanas no Iraque desde a invasão, em 2003. Durante a cerimônia, Dempsey observou que só voltará ao Iraque, quando for convidado.
Contatados para esse artigo, iraquianos que queimavam bandeiras dos EUA em Fallujah – cidade que foi destruída pelos EUA no final de 2004, na operação para “salvá-la” – disseram, sem que nada lhes fosse perguntado, que Dempsey que espere sentado, para não cansar.

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[1] “Terra dos Dois Rios” (ar. Ardulfurataini Watan], foi o título do hino nacional do Iraque, desde 1981 até 2003. Depois da derrubada de Saddan, o governo iraquiano implantou outro hino nacional, Mawtini [NTs, com informações de http://en.wikipedia.org/wiki/Ardulfurataini_Watan].


O livro e a imprensa, um ponto de ruptura
Por Luciano Martins Costa em 15/12/2011 na edição 672 do Observatório da Imprensa

Esta semana marca um ponto de ruptura da imprensa brasileira tradicional, aquela chamada de circulação nacional. O fato de os principais jornais do país haverem ignorado o tópico mais divulgado na internet – o livro que denuncia atividades criminosas atribuídas a familiares e pessoas próximas do ex-governador José Serra – representa uma declaração pública de que a imprensa tradicional não considera relevante o ambiente midiático representado por blogs, sites independentes de empresas de mídia e grupos de discussões nas redes sociais.

A fidelidade canina das grandes empresas de comunicação ao político Serra é um caso a ser investigado por jornalistas e analisado por cientistas políticos. Na medida em que essa fidelidade chega ao ponto de levar as bravas redações – sempre animadas para publicizar toda espécie de malfeitoria envolvendo protagonistas do poder – a fingir que não tem qualquer relevância o fenômeno editorial intitulado A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., cria-se um precedente cujas consequências não se pode ainda avaliar.

Por iniciativa da imprensa tradicional, aprofunda-se o fosso que a separa da mídia alternativa.

Debate aberto

Não que tenha arrefecido o ímpeto dos jornais por dar repercussão a todo tipo de denúncia: estão nas primeiras páginas, nas edições de quinta-feira (15/12), o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e o publicitário Marcos Valério.
Cada um desses personagens tem uma história a explicar para a sociedade, mas a imprensa, ao proceder com tão escancarado desequilíbrio nos critérios de edição, se desqualifica como meio legítimo para mediar a questão com a sociedade.

Não se pode escapar à evidência de que a imprensa realiza um esforço corporativo para apresentar ao seu público um cardápio restrito de escândalos, quando o prato mais apetitoso vende milhares de exemplares de livros, produz um mercado paralelo de cópias piratas e manifesta o desejo do público de saber mais.

O silêncio da imprensa prejudica as chances do ex-governador José Serra de contestar as acusações apresentadas no livro contra sua filha, seu genro, o coordenador de suas campanhas eleitorais e outros personagens ligados ao seu núcleo de ação política.
Paralelamente, amplia o raio de conflitos entre as empresas de comunicação e a categoria profissional dos jornalistas, muitos dos quais são ativos participantes nos debates sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr.

Fugindo da boa história

A origem do esquema investigado pelo autor de A Privataria Tucana se confunde com o ponto em que a imprensa tradicional perdeu o interesse pelo caso do Banestado – provavelmente a matriz de todos os crimes financeiros revelados ou semiocultos no Brasil nos últimos quinze anos. Por essa razão, aumenta a curiosidade geral em torno da recusa da imprensa em reabrir esse caso através da janela criada com o livro de Ribeiro Jr.

A partir deste ponto, torna-se legítima qualquer desconfiança sobre o real interesse da chamada grande imprensa em ver desvendadas as denúncias de corrupção que ela própria divulga. Não há mais dúvida razoável de que essas denúncias são publicadas de maneira seletiva.

O mapa aberto pelo livro de Ribeiro Jr., pelo que já se deu a conhecer, complementa reportagens já publicadas sobre crimes financeiros em geral, mas principalmente sobre aqueles que têm como vítima o patrimônio público. Em geral, as reportagens sobre aquilo que agora é chamado de malfeito esmaecem quando o caso se transforma em processo formal na Justiça.

Estranhamente, quando surge a possibilidade de oferecer ao público o acompanhamento das conclusões, a imprensa sai de campo. Observe-se, por exemplo, que o chamado caso “mensalão” está para ser prescrito e há um hiato no noticiário entre a aceitação da denúncia e a prescrição.
No caso Banestado, assim como no livro-reportagem de Amaury Ribeiro Jr., o mais importante é a revelação do esquema de lavagem de dinheiro, com o mapa dos caminhos que o dinheiro sujo realiza por paraísos fiscais e contas suspeitas. Trata-se do mesmo esquema utilizado pelos financiadores ocultos do narcotráfico, pelos corruptos e corruptores e por cidadãos acima de qualquer suspeita.

Se desse curso às pistas levantadas no livro de Ribeiro Jr., a imprensa poderia construir histórias muito interessantes – por exemplo, ao identificar consultores jurídicos especializados em lavagem de dinheiro que costumam frequentar páginas mais nobres dos jornais.
A omissão da imprensa em relação ao fenômeno editorial do ano é também a renúncia ao bom jornalismo .

(Leia mais sobre A privataria tucana nos links da seção VALE A PENA LER, abaixo)



Barão de Itararé promove o debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia” em São Paulo
O livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr, será tema do debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia”, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, nesta quarta (21), no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Além do autor, também estarão presentes Paulo Henrique Amorim, jornalista e blogueiro, e Protógenes Queiroz, deputado autor do pedido da instalação da CPI da Privataria. Até a última sexta, 45 mil exemplares já tinham sido vendidos. Uma nova edição, com 70 mil exemplares, está sendo preparada.


A maldição do petróleo revisitada
Texto de José de Souza Castro, publicado inicialmente no Blog da KikaCastro.

Paulo Silva, em comentário ao meu artigo anterior num blog, recomendou a leitura de uma entrevista de Wladmir Coelho, pesquisador da Fundação Brasileira de Direito Econômico (FBDE), para aprofundar o debate sobre o Pré-Sal. A entrevista pode ser lida AQUI.( http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6596:manchete071211&catid=34:manchete) “O modelo de exploração do petróleo brasileiro, infelizmente, segue a nossa terrível tradição colonial”, afirma o entrevistado.
Nem sempre foi assim, é óbvio. O professor Washington Albino, um dos 17 fundadores da FBDE, em 1972, e que faleceu em junho passado, foi um dos batalhadores para que o petróleo do Brasil fosse dos brasileiros, ao participar no início da década de 1950 da campanha “O Petróleo é nosso”. Uma campanha vitoriosa, que deu origem à Petrobras e ao monopólio estatal, quebrado na década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso, e aprofundado na década seguinte, no governo Lula, com a legislação do Pré-Sal.
O que não mudou, infelizmente, foi o comportamento da imprensa brasileira em relação à exploração petrolífera. Nos anos 50, o mais ouvido programa noticioso no rádio e na televisão era o Repórter Esso. Ele ignorou aquela campanha e, sempre que pôde, caluniou os defensores da Petrobras, como afirma Wladmir Coelho, que se apresenta também como historiador, mestre em Direito e colunista do Diário Liberdade.
“O modelo Repórter Esso continua”, lamenta Wladmir Coelho, referindo-se à relutância de nossa imprensa em entrar no caso do derramamento de petróleo na área do Pré-Sal sob exploração da Chevron e de se aprofundar no assunto. A imprensa fez ainda pior, como reconhece o entrevistado: “O acidente aconteceu em um campo cuja operação de perfuração encontra-se sob responsabilidade da Chevron e os jornais ainda encontram meios de responsabilizar a Petrobras. Isso não é sério.”
Nada indica, também, um rompimento de nossa tradição colonial, e deveremos continuar sendo um país explorado. Raciocina Wladmir:
“A exploração predatória do Pré-Sal assume hoje um papel pouco debatido diante da crise financeira mundial. Trata-se da destinação dos eventuais recursos decorrentes da exploração, pagos ao Estado, à formação de um fundo para compra de títulos (públicos e privados), contribuindo deste modo para a retirada de circulação dos famosos ativos tóxicos encalhados nos cofres dos banqueiros.”
Estamos à mercê da chamada maldição do petróleo, como apontamos num artigo comemorativo da 300ª edição do Boletim de História. Maldição também lembrada por Wladmir Coelho neste artigo
.( http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=12307:a-maldicao-do-petroleo&catid=312:petroleo-e-politica&Itemid=21)
De fato, o governo se rendeu à indústria petrolífera mundial e, entre elas, à mais funesta: Chevron, uma empresa com valor de mercado de 187 bilhões de dólares, apesar do desastre que provocou no Equador (no Golfo do México, a BP contratou a mesma Transocean, empresa de perfuração que também atuou no Campo de Frade). Aqui, ela foi multada em pouco mais de 200 milhões de reais pelo governo federal. No Equador, “esta empresa envenenou a água da população amazônica derramando, conscientemente, refugo em rios”, diz Wladmir, naquela entrevista. “Ao ser denunciada, adulterou dados, subornou juízes e, sendo condenada, falsificou uma limpeza. Até hoje a multa de US$ 18 bilhões não foi paga.”
No Brasil, há também juízes subornáveis, e nada indica que a multinacional americana vai pagar as multas que lhe foram aplicadas pelo desastre na área do Pré-Sal, muito embora elas sejam irrisórias, tendo em vista o prejuízo causado e o valor de mercado da empresa. A Chevron fará qualquer coisa para não pagar, pois ela é orientada unicamente pelo lucro. E o governo Dilma pouco fará para receber, pois ele também se orienta, como os dois que o precederam, na máxima do fundamentalismo liberal de mínima regulação e na crença da autofiscalização e da gestão responsável das empresas.
E temos que nos dar por satisfeitos, se ficarmos apenas no prejuízo econômico e ambiental. Na África, nos anos 1990, como recorda Wladmir Coelho, a Chevron teria promovido um massacre de camponeses nigerianos que protestavam contra a morte do gado envenenado por derramamento de petróleo. “A Chevron contratou a polícia para matar os camponeses”, informa o historiador e mestre em Direito.
Por coincidência, terminei ontem a leitura de “O Dia da Caça”, escrito em 2008 por James Petterson. O escritor, um patriota americano que já vendeu 230 milhões de livros em mais de 100 países, segundo sua editora no Brasil (a Arqueiro), descreve o massacre de nigerianos e sudaneses, sob o olhar complacente da CIA e de multinacionais americanas, inglesas, holandesas, entre outros países colonizadores, mas não cita a Chevron. Os vilões da história são dois agentes vendidos da CIA e empresas petrolíferas da... China!



2. VALE A PENA LER

O que o caixa de campanha de Serra e FHC e Fernandinho Beira-Mar tinham em comum
Posted: 15 Dec 2011 03:30 AM PST
Reportagem de Amaury Ribeiro Jr (autor da Privataria Tucana), publicada em 12 de fevereiro de 2003 pela revista Isto É, mostra duas coisas.
Primeira: Amaury pesquisa e escreve sobre a privataria tucana há muito tempo. O material para o livro é fruto de seu trabalho como jornalista investigativo há pelo menos dez anos. Falar em dossiê de campanha, como diria certo candidato, é trololó.
Segunda: Pelo menos uma coisa havia em comum entre o esquema do caixa das campanhas de FHC e Serra, Ricardo Sergio de Oliveira, e o mega-traficante Fernandinho Beira-Mar: o doleiro Alberto Youssef.
Leia a matéria completa aqui: http://blogdomello.blogspot.com/2011/12/o-que-o-caixa-de-campanha-de-serra-e.html







A mídia não sabe o que fazer com "A privataria tucana"
Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5354&boletim_id=1076&componente_id=17211


Pedido de CPI e discursos quebram silêncio sobre Privataria Tucana
Deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) tenta criar CPI com foco nas privatizações. Cúpula do PT ainda analisa como se posicionar, mas, diante de 'fatos gravíssimos', líderes na Câmara e Senado mostram disposição para guerra com PSDB. Deputado-delegado tucano acha livro 'importante' mas, para líderes, denúncia é 'requentada'. Serrista, presidente do PPS exalta-se ao ser questionado.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19205&boletim_id=1076&componente_id=17194


Stéphane Hessel: 'Os bancos estão contra a democracia'
Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas, "Indignem-se", que teve eco global. Em entrevista ao Página/12 ele fala sobre sua obra e critica o ultra liberalismo predador, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta e a ocupação israelense da Palestina.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19241&boletim_id=1081&componente_id=17268


´O mundo já ingressou na segunda fase da crise´
Direita retomou a ofensiva. Finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. A análise é do economista francês Gérard Duménil, em entrevista ao Jornal da Unicamp.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19246&boletim_id=1081&componente_id=17265


Leia no WWW.outraspalavras.net

Os Estados Unidos contra todos
Immanuel Wallerstein sustenta: giro estratégico de Washington rumo à Ásia parece precocemente comprometido. País coleciona série impressionante de fracassos diplomáticos
Da educação-mercadoria à certificação vazia

A universidade brasileira tornou-se menos elitista.
Mas popularização reforça modelo de ensino baseado em instituições privadas, onde pesquisa e reflexão não são benvindas. Por Andrea Harada Souza, no Le Monde Diplomatique

As doenças que mais venderão em 2012
"Se há um remédio disponívei, deve haver consumidores". Veja o que as corporações farmacêuticas querem que você consuma agora. Por Martha Rosenberg

Guerras sem vencedor, EUA sem força imperial
Fantasma nas relações internacionais norte-americanas, conflito no Iraque provou que força militar já não é sinônimo de vitória política. Por Patrick Cockburn

Cinema dentro da História
Leni Riefenstahl ajudou a propagandear o nazismo com seus filmes—mas deve ser responsabilizada pelos crimes cometidos em nome de Hitler?. Por Arlindenor Pedro

Liberadas fotografias de vítimas dos “vôos da morte”
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos entregou à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios. Para a justiça argentina, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte. O artigo é de Francisco Luque, direto de Buenos Aires.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19220&boletim_id=1078&componente_id=17230

O legado dos EUA no Iraque, oito anos depois da invasão
Passaram-se oito anos e os Estados Unidos fecharam a porta do Iraque deixando um desastre atrás dela. Durante o conflito, morreram mais de 100 mil civis, 4.800 soldados da coalizão perderam a vida (4 .500 dos EUA), junto com 20 mil soldados iraquianos. Para os iraquianos, o legado da invasão é morte, dezenas de milhares de mutilados, insegurança, desemprego, falta de água potável e eletricidade. A democracia exportada com bombas ultramodernas não mudou o curso das coisas. O artigo é de Eduardo Febbro.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19233&boletim_id=1079&componente_id=17241



3. INFORMAÇÕES








Enviado por Helena Campos
Prezados/as,
No Brasil, já vimos o filme anunciado abaixo (agora em versão lusitana, parece). Inclusive em sessões extras de trechos que também estavam sendo recuperados, ou até em construção, e que foram desativados. Será que a mensagem abaixo já reflete o início do novo governo português, que quer "cortar custos" - prejudicando muitos, quase sempre a maioria da população, mas beneficiando alguns, como empresas de transporte rodoviário e, em última análise, os megaempresários, principalmente banqueiros, que criaram a crise no Hemisfério Norte e querem que a população pague por ela?...
AAMF
Avisos CP
R. da Fig. Foz e Linha do Leste - Supressão Serviço 01/01/12
A CP informa que, na sequência da decisão de suspensão do processo de reactivação da Linha do Leste e do Ramal Ferroviário da Figueira da Foz, a partir de 1 de Janeiro de 2012, será suprimido na mesma data, o serviço Rodoviário alternativo que esta empresa tem assegurado nos últimos anos.
Comprova-se que a solução rodoviária é seguramente a solução de mobilidade mais adequada à baixa procura existente, quer do ponto de vista da sustentabilidade económica quer do ponto de vista ambiental, pelo que terá continuidade, passando a ser assegurada pelos operadores rodoviários locais.


A Acta Scientiarum. Human and Social Sciences
foi publicada. Acesse e leia os artigos em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/issue/current/showToc
Estamos abertos às contribuições, críticas e sugestões. A revista é semestral e está aberta a novas submissões. Para submeter acesse: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/about/submissions#onlineSubmissions (leia as Diretrizes para autores).


4. CAFÉ HISTORIA

MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

Dossiê Revistas Acadêmicas de História

O Café História preparou neste fim de ano um dossiê especial sobre periódicos acadêmicos na área de história. Confira algumas das principais revistas especializadas que disponibilizam seu acervo, na íntegra e gratuitamente, na internet.

Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-dossie-revistas-de-historia

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Topoi e Revista Brasileira de História escolhidas para financiamento da CAPES

No último mês de outubro, a Capes decidiu apoiar financeiramente dois periódicos por área ao longo de cinco anos com o propósito de convertê-los em "padrões de referência", tornando-os equivalentes aos melhores periódicos estrangeiros. O CTC, órgão deliberativo daquela agência, definiu que cada coordenador de área indicará seus dois periódicos na reunião que teve lugar no dia 12 de dezembro de 2011.

Confira que revistas foram agraciadas: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

MURAL DO HISTORIADOR

Parceria entre Café História e NIEJ

Café História acaba de selar uma parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ, o NIEJ. O acordo prevê a troca de banners e a divulgação da nova revista do núcleo, que chega ao quinto número com um projeto gráfico totalmente repaginado. O NIEJ, aliás, acaba de relançar também uma nova página na internet.
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

Patrimônio e Memória

Classificada como Qualis A1 em letras e B1 em História, a revista "Patrimônio e Memória" acaba de chegar a um novo número. Trata-se do volume 7, número 2. A nova edição - já disponível para download - chega ao público leitor com dois "dois “dossiês” que abordam assuntos de amplo interesse, além das sessões “artigos”, “comunicação de pesquisa” e “resenhas”.
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

DOCUMENTO HISTÓRICO

Ata de Eleição 31/10/1881 do distrito de Itabira do Campo, no município de Ouro Preto.
Confira a imagem: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

CONTEÚDO EM DESTAQUE

Filme (cinejornal) mostra a posse do então presidente, Juscelino Kubitschek, além do seu vice, João Goulart, em 1956.
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/1956-posse-de-juscelino-kubitschek

FÓRUM EM DESTAQUE

Como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) atuou durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985)?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/como-a-ordem-dos-advogados-do-brasil-oab-atuou-durante-a-ditadura

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Numero 305






Estou antecipando em um dia a publicação do Boletim porque amanhã desde muito cedo estarei no Hospital Felicio Rocho para mover uma ação de despejo contra uma ousada pedra que ousou se alojar em minha vesícula e está, pelo visto, querendo requerer o direito ao usucapião.
Tenho de chamar a atenção para um artigo e um link presentes neste número: eles tratam do livro tão falado e finalmente publicado, “A privataria tucana”. Se nós, blogueiros, não falarmos sobre ele... a grande imprensa não vai falar! Portanto, leia e compre o livro também.
Um abraço!




1. ARTIGOS COMPLETOS

Obama e a nova guerra fria

Texto de José de Souza Castro
Enquanto discutimos se Dilma Rousseff demite ou não o ministro Fernando Pimentel, coisas mais graves surgem neste momento no mundo. Estamos caminhando para uma nova guerra fria, agora entre Estados Unidos e China, e rumo ao desastre ambiental irreversível, impulsionado pela exploração do pré-sal no Brasil e de novas regiões petrolíferas no Canadá.
Dei-me conta disso ao ler hoje um artigo de Michael T. Klare, professor de estudos sobre paz e segurança mundial no Hamphire College, de Massachusetts, disponível AQUI.
(http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=4619)
O maior perigo de um desastre, porém, está na disposição manifestada pelo presidente Obama, num discurso feito dia 17 de novembro passado, no parlamento australiano, de concentrar os poderes dos Estados Unidos na Ásia e no Pacífico. Para o autor, ficou claro que a partir de agora o foco principal da nova política americana é conter a expansão chinesa.
“Em nossos planos e pressupostos para o futuro”, declarou Obama, “vamos assegurar os recursos necessários para manter nossa forte presença militar na região”. Para Klare, é previsível nova corrida armamentista, nos moldes da guerra fria, agora protagonizada pela China, cuja dependência de fornecimento externo tende a crescer muito. Suas importações de petróleo, que somaram 1,7 milhão de barris por dia em 2001, subiram para 3,8 milhões em 2008 e deverão chegar a 11,6 milhões em 2035. Para assegurar esse abastecimento, terá que aumentar muito seu poderio militar no mar. Para dizer o mínimo.
Vou parar por aqui. Quem quiser se informar melhor pode ler o artigo de Klare, que tem o nome sugestivo de “Brincando com fogo. Obama ameaça a China.” E a todos nós, de cambulhada. Pois, como conclui o autor (em tradução livre): “Uma nova guerra fria na Ásia e uma política energética hemisférica que poderia pôr em perigo o planeta: é esta uma mistura fatal que se deve reconsiderar antes que ocorra o confronto e nos resvalemos para um desastre ambiental irreversível. Não é preciso ser adivinho para saber que esta não é a definição do que significa ser um bom estadista.”
Na verdade, é uma marcha para a loucura.


A PRIVATARIA TUCANA
O escândalo do século
Por Luciano Martins Costa em 12/12/2011 na edição 671 (do Observatório da Imprensa)

O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, intitulado A privataria tucana, publicado pela Geração Editorial na coleção “História Agora”, está produzindo um estranho fenômeno na imprensa brasileira: provoca um dos mais intensos debates nas redes sociais, mobilizando um número espantoso de jornalistas, e não parece sensibilizar a chamada grande imprensa.
O autor promete, na capa, entregar os documentos sobre o que chama de “o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Anuncia ainda relatar “a fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas”. E promete revelar a história “de como o PT sabotou o PT na campanha de Dilma Rousseff”.
Ex-repórter do Globo, originalmente dedicado ao tema dos direitos humanos, Ribeiro Jr. ganhou notoriedade no ano passado ao ser acusado de violar o sigilo da comunicação de personagens da política ao investigar as fonte de um suposto esquema de espionagem que teria como alvo o então governador mineiro Aécio Neves. Trabalhava, então, no jornal Estado de Minas, que apoiava claramente as pretensões de Neves de vir a disputar a candidatura do PSDB à Presidência da República em 2010.
Os bastidores dessa história apontam para o ex-governador paulista José Serra como suposto mandante da espionagem contra Aécio Neves, seu adversário até o último momento na disputa interna para decidir quem enfrentaria Dilma Rousseff nas urnas.
“Outro ninho”
Informações que transitaram pelas redes sociais no domingo (11/12) dão conta de que Serra tentou comprar todo o estoque de A privataria tucana colocado à venda na Livraria Cultura, em São Paulo, e que teria disparado telefonemas para as redações das principais empresas de comunicação do país.
Intervindo em um grupo de conversações formado basicamente por jornalistas, o editor Luiz Fernando Emediato, sócio da Geração Editorial, afirmou que foram vendidos 15 mil exemplares em apenas um dia, no lançamento ocorrido na sexta-feira (9). Outros 15 mil exemplares estavam a caminho, impressos em plantão especial para serem entregues às livrarias na segunda, dia 12, juntamente com o lançamento da versão digital.
Aos seus amigos do PSDB, Emediato recomendou cautela e a leitura cuidadosa da obra, afirmando que o trabalho de Amaury Ribeiro Jr. não é “dossiê de aloprado, não é vingança, não é denúncia vazia, não é sensacionalismo. É jornalismo”.
O editor indicou ainda aos leitores que procurassem informações no blog do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), no qual, segundo ele, estariam as pistas de “outro ninho offshore na rua Bernardino de Campos, no bairro do Paraíso, em São Paulo. A investigação agora chega na família do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos ver onde isso vai parar”, concluiu.
O Titanic da política
A julgar pelo volume e a densidade das denúncias, pode-se afirmar que, sendo verdadeira a história contada por Amaury Ribeiro Jr, trata-se do mais espetacular trabalho de investigação jornalística produzido no Brasil nas últimas décadas. Foram doze anos de apuração e depurações. A se confirmar a autenticidade dos documentos apresentados, pode-se apostar nessa como a obra de uma vida. A hipótese de completa insanidade do autor e do editor seria a única possibilidade de se tratar de uma falsificação.
Confirmado seu conteúdo, o livro representa o epitáfio na carreira política do ex-governador José Serra e um desafio para o futuro de seus aliados até agora incondicionais na chamada grande imprensa.
O editor garante que são 334 páginas de teor explosivo, escancarando o que teria sido a articulação de uma quadrilha altamente especializada em torno do processo das privatizações levadas a efeito durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Os documentos envolvem o banqueiro Daniel Dantas, a família de José Serra e alguns personagens de sua confiança.
Não apenas pelo que contém, mas também pelos movimentos iniciais que lhe deram origem, o livro representa uma fratura sem remédio na cúpula do PSDB e deve causar mudanças profundas no jogo político-partidário.
“Privataria”, a expressão tomada emprestada do termo que o colunista Elio Gaspari costuma aplicar para os chamados malfeitos nas operações de venda do patrimônio público, ganha agora um sentido muito mais claro – e chocante.
Os sites dos principais jornais do país praticamente ignoraram o assunto. Mas portais importantes como o Terra Magazine entrevistaram o autor. O tema é capa da revista Carta Capital, e não há como os jornais considerados de circulação nacional deixarem a história na gaveta. Mesmo que seus editores demonstrem eventuais falhas na apuração de Amaury Ribeiro Jr., o fenômeno da mobilização nas redes sociais exige um posicionamento das principais redações.
Se a carreira de Serra parece ter se chocado contra o iceberg do jornalismo investigativo, a imprensa precisa correr imediatamente para um bote salva-vidas. Ou vai afundar junto com ele
.


2. VALE A PENA LER

Reportagem da IstoÉ de março de 2002 do autor da Privataria Tucana destroi argumento de que livro é dossiê do ano passado
A seguir reproduzo a reportagem Caixa Explosivo, escrita pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr (três Prêmios Esso e quatro Prêmios Vladimir Herzog), publicada no número 1695 da revista IstoÉ, em março de 2002.
Isso derruba o principal argumento tucano de que o livro de Amaury "A Privataria Tucana" seria produto de um dossiê ilegal montado na campanha do ano passado.
Contestem o livro e seus documentos - se o puderem -, mas com outros argumentos, porque o do suposto dossiê fica desmoralizado com a reportagem escrita por Amaury há quase dez anos.
Leia a matéria completa aqui:
http://blogdomello.blogspot.com/2011/12/reportagem-da-istoe-de-marco-de-2002-do.html


A morte de uma cidade
por FÁBIO VIANA RIBEIRO
Um dos episódios mais assombrosos e ao mesmo tempo menos conhecidos da Segunda Guerra Mundial foi o bombardeio da cidade alemã de Dresden. As explicações que poderiam explicar este assombro e desconhecimento convivem, até hoje, com as razões que levaram americanos e ingleses a destruir uma cidade e as vidas de dezenas de milhares de pessoas inocentes... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/12/07/a-morte-de-uma-cidade/

Leia no WWW.outraspalavras.net
Os negócios da China
Se houvesse eleições, ganhariam os comunistas. País cresce muito, mas tem graves problemas. Novo governo conseguirá implementar mudanças? Por Roberto Savio

Morte aos que pedem paz
Movimento pelo fim da guerra ao narcotráfico no México passa a ser afetado pelo mesmo mal que lhe originou—a violência. Por Tadeu Breda

O vazamento da Chevron e a Quarta Frota
Brechas ainda presentes na legislação despertam a cobiça de petroleiras, omissão de informações e atos ilegais. Congresso permanece omisso. Por Sérgio Ferolla

A sombra das democraduras
Que virá quando os europeus constatarem que seus sacrifícios são vãos? Uma aliança entre os poderes econômico, midiático e militar? Por Ignacio Ramonet

América Latina: o regresso do Estado
Cepal critica cortes de investimento em épocas de baixo crescimento e garante: poderíamos universalizar pensões para idosos sem estourar contas. Por Tadeu Breda

Xiitas e sunitas revisitados
Para entender o Irã contemporâneo, Ocidente deve ouvir as vozes profundas e históricas do próprio xiismo—mais que os interesses americano. Por Por Malise Ruthven


Ajudar ou não ajudar a Europa, eis a questão (chinesa)
A União Europeia (UE) é o principal sócio comercial chinês, destino de 23% de suas exportações e fonte de um crescente superávit comercial que passou de 55 bilhões de euros em 2001 para 180 bilhões este ano. Mas, mais do que se aventurar nas areias movediças do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira no qual a UE tenta ancorar o euro, a China está utilizando diversos canais para promover uma estratégia alternativa que consolide seus próprios interesses econômicos e diplomáticos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19173&boletim_id=1071&componente_id=17149


Odiado até por seus irmãos de armas
O cerco do silêncio no Chile foi novamente rompido por um ex-militar que participou de assassinatos na ditadura e que denunciou o brigadeiro Miguel Krassnoff. Carlos Herrera Jiménez, ex-integrante da Central Nacional de Inteligência (CNI), a polícia secreta de Pinochet, criticou a homenagem a Krassnoff – condenado a mais de 147 anos de prisão por crimes contra a humanidade -, e confirmou que, efetivamente, esse oficial foi responsável por vários assassinatos. A reportagem é de Christian Palma.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19178&boletim_id=1071&componente_id=17151


3. INFORMAÇÕES




A professora Anna Flávia Arruda Lanna Barreto , do Centro Universitário UNA, convida para o lançamento do livro “Movimento Feminino pela Anistia: a esperança de retorno à democracia”.
Dia 17 de dezembro de 2011, a partir de 11:00, na Casa UNA, Rua Aimorés, 1451, Lourdes - Belo Horizonte, M.G.
O livro trata da atuação do Movimento Feminino pela Anistia em Minas Gerais no período de 1975 a 1980. São abordados temas como: anistia, liberdade, partidos políticos. O trabalho dar ênfase à relação entre os movimentos da sociedade civil e do poder instituído. As principais fontes utilizadas foram jornais da grande imprensa, jornais da imprensa alternativa, documentação do movimento feminino pela anistia, entrevistas de história oral.


A edição 127 da REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO (REA), dezembro de 2011, foi publicada.
Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Numero 304






Começamos com a informação de que o texto publicado na semana passada, ao que tudo indica, é do Ricardo Kotscho, eis que foi enviado daqui:
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2011/11/22/nepotismo-e-privilegios-ameacam-judiciario/
Grato, Ana Cláudia, pela informação!

Nos artigos completos, uma resenha de um livro novo do Eric Hobsbawm, enviado pela Vânia Facury. Guilherme Souto e Ana Karenina enviaram o mesmo texto, sobre a troca de apresentadoras do Jornal Nacional. Simples ou complexa? Não deixem de ler!
Pinochet mandou matar Neruda e EUA/OTAN contra os BRICS são os dois outros textos.
Links para vários outros artigos e muitas informações completam o boletim desta semana.




1. Artigos completos

Colaboração de Vania Facury
Hobsbawm investiga o marxismo e encara crise

(Folha de São Paulo, 30.11.2011)
Historiador esbanja erudição e clareza nas páginas de "Como Mudar o Mundo - Marx e o Marxismo, 1840-2011"
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

"A grande crise econômica que começou em 2008, como uma espécie de equivalente de direita à queda do Muro de Berlim, trouxe uma compreensão imediata de que o Estado era essencial para uma economia em dificuldades, do mesmo modo como fora essencial para o triunfo do neoliberalismo quando os governos lançaram suas bases por meio de privatizações e desregulações sistemáticas."
Com essa análise, Eric Hobsbawm chega ao final de seu novo livro, "Como Mudar o Mundo - Marx e o Marxismo, 1840-2011".
Ao contrário do que o título pode sugerir, não se trata de um manual ligeiro para revolucionários afoitos. É um mergulho profundo na história do marxismo, mostrando como a trajetória desse pensamento se entrelaçou com as lutas sociais e políticas.
Aos 94 anos, o autor do extraordinário "Era dos Extremos" (1995) esbanja erudição e clareza. Transita entre clássicos da filosofia, da política, da economia e das artes.
Avalia as obras e os seus críticos dentro das tensões da história. Vasculha como o marxismo chegou a abarcar um terço da humanidade e como se despedaçou com o fim da URSS. E como reaparece agora, na busca de explicações para a crise.
Hobsbawm esmiúça a gênese da produção de Karl Marx (1818-1883), que recebeu influências do socialismo francês, da filosofia alemã e da economia-política britânica.
Para além da discussão acadêmica, mostra como o marxismo, diferentemente de outras correntes de pensamento, empurrou gerações para a ação, estimuladas pela célebre frase: "Os filósofos têm apenas interpretado o mundo; a questão, porém, é transformá-lo".
No desenvolvimento dos movimentos sociais, dos partidos e governos criados sob inspiração marxista, Hobsbawm disseca distorções, simplificações e determinismos que não encontram base nos escritos originais.
Nada na obra de Marx, por exemplo, sustenta a inevitabilidade da sequência de modos de produção -escravismo/feudalismo/capitalismo, argumenta.
"Marx e Engels deixaram para seus sucessores um pensamento político com vários espaços vazios ou preenchidos de modo ambíguo", escreve o historiador. "Eles rejeitaram as dicotomias simples daqueles que se dispunham a sociedade ruim pela boa, a desrazão pela razão, o preto pelo branco", enfatiza.
Hobsbawm lembra de algumas desses áreas cinzentas, como os conceitos da ditadura do proletariado, do nacionalismo e da autodeterminação. Navega com o marxismo pelas guerras mundiais, pela luta contra o fascismo, pelas universidades.
Presta uma homenagem a Antonio Gramsci (1891-1937), o teórico e militante para quem "o marxismo não era determinismo histórico. Não bastava esperar que a história de alguma forma levasse automaticamente os trabalhadores ao poder".
Para Hobsbawn, o auge da "maré intelectual" do marxismo foi nos anos 1970. Depois houve a derrocada rápida, com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991). Marx passou a ser mostrado "como o inspirador do terror e do gulag". Agora, a crise trouxe Marx de volta.
Avaliando o momento, Hobsbawm nota que "os socialistas não sabem o que fazer, pois não podem apontar exemplos de regimes comunistas ou social-democratas imunes à crise nem têm propostas realistas para uma mudança socialista".
Fala dos protestos "de intensa insatisfação social sem perspectiva", teme "o risco de uma guinada brusca da política para uma direita radical" e não descarta "a possibilidade de uma desintegração, até mesmo de um colapso, do sistema existente. Nenhum dos dois lados sabe o que aconteceria nesse caso".
Não é um guia nem tem as respostas para a crise. Mas ajuda a pensar. Para o historiador marxista, quem quiser soluções para o século 21 "deverá fazer as perguntas de Marx, mesmo que não queira aceitar as respostas dadas por seus vários discípulos".
COMO MUDAR O MUNDO
AUTOR Eric Hobsbawm - EDITORA Companhia das Letras - TRADUÇÃO Donaldson M. Garschagen - QUANTO R$ 57 (424 págs.) - AVALIAÇÃO ótimo


Colaboração de Guilherme Souto e de Ana Karenina
O significado da troca de apresentadoras

A Globo confirma a saída de Fátima Bernardes do “JN”. No lugar dela deve entrar Patrícia Poeta – atual apresentadora do “Fantástico”.
Fiz hoje pela manhã – no twitter e no facebook – algumas observações sobre a troca; observações que agora procurarei consolidar nesse post.
Vejo que há leitores absolutamente céticos: “ah, essa troca não quer dizer nada”. Até um colunista de TV do UOL, aparentemente mal infomado, disse o mesmo. Discordo.
Primeiro ponto: a Patrícia Poeta é mulher de Amauri Soares. Nem todo mundo sabe, mas Amauri foi diretor da Globo/São Paulo nos anos 90. Em parceria com Evandro Carlos de Andrade (então diretor geral de jornalismo), comandou a tentativa de renovação do jornalismo global.
Acompanhei isso de perto, trabalhei sob comando de Amauri. A Globo precisava se livrar do estigma (merecido) de manipulação – que vinha da ditadura, da tentativa de derrubar Brizola em 82, da cobertura lamentável das Diretas-Já em 84 (comício em São Paulo foi noticiado no “JN” como “festa pelo aniversário da cidade”), da manipulação do debate Collor-Lula em 89.
Amauri fez um trabalho muito bom. Havia liberdade pra trabalhar. Sou testemunha disso. Com a morte de Evandro, um rapaz que viera do jornal “O Globo”, chamado Ali Kamel, ganhou poder na TV. Em pouco tempo, derrubou Amauri da praça São Paulo.
Patrícia Poeta no “JN” significa que Kamel está (um pouco) mais fraco. E que Amauri recupera espaço. Se Amauri voltar a mandar pra valer na Globo, Kamel talvez consiga um bom emprego no escritório da Globo na Sibéria, ou pode escrever sobre racismo, instalado em Veneza ao lado do amigo (dele) Diogo Mainardi.
Conheço detalhes de uma conversa entre Amauri e Kamel, ocorrida em 2002, e que revelo agora em primeira mão. Amauri ligou a Kamel (chefe no Rio), pra reclamar que matérias de denúncias contra o governo, produzidas em São Paulo, não entravam no “JN”. Kamel respondeu: “a Globo está fragilizada economicamente, Amauri; não é hora de comprar briga com ninguém”. Amauri respondeu: “mas eu tenho um cartaz, com uma frase do Evandro aqui na minha sala, que diz – Não temos amigos pra proteger, nem inimigos para perseguir”. Sabem qual foi a resposta de Kamel? “Amaury, o Evandro está morto”.
Era a senha. Algumas semanas depois, Amauri foi derrubado.
Kamel foi o ideólogo da “retomada conservadora” na Globo durante os anos Lula. Amauri foi “exilado” num cargo em Nova Yorque. Patrícia Poeta partiu com ele. Os dois aproveitaram a fase de “baixa” pra fazer “do limão uma limonada”. Sobre isso, o Marco Aurélio escreveu, no “Doladodelá”.
Alguns anos depois, Amauri voltou ao Brasil para coordenar projetos especiais; Patrícia Poeta foi encaixada no “Fantástico”. Só que Amauri e Kamel não se falavam. Tenho informação segura de que, ainda hoje, quando se cruzam nos corredores do Jardim Botânico, os dois se ignoram. Quando são obrigados a sentar na mesma mesa, em almoços da direção, não dirigem a palavra um ao outro. Amauri sabe como Kamel tramou para derrubá-lo.
Pois bem. Já há alguns meses, logo depois da eleição de 2010, recebemos a informação de que Ali Kamel estava perdendo poder. Claro, manteria o cargo e o status de diretor, até porque prestou serviços à família Marinho – que pode ser acusada de muita coisa, mas não de ingratidão.
Otavio Florisbal, diretor geral da Globo, deu uma entrevista ao UOL no primeiro semestre de 2011 dizendo que a Globo não falava direito para a classe C (o Brasil do lulismo). Por isso, trocou apresentadores tidos como “elitistas” (Renato Machado saiu pra dar lugar ao ótimo Chico Pinheiro – aliás, também amigo de Amauri). A Globo do Kamel não serve mais.
Lembremos que, desde o começo do governo Lula, a Globo de Kamel implicava com o “Bolsa-Família”. Kamel é um ideólogo conservador. Por isso, nós o chamávamos de “Ratzinger” na Globo. É contra quotas nas universidades, acha que racismo não existe no Brasil. Botou a Globo na oposição raivosa, promoveu a manipulação de 2006 na reeleição de Lula (por não concordar com isso, eu e mais três ou quatro colegas fomos expurgados da Globo em 2006/2007). E promoveu a inesquecível cobertura da “bolinha de papel” em 2010 – botando o perito Molina no “JN”. Nas reuniões internas do “comitê” global, ao lado de Merval Pereira, tentava convencer os irmãos Marinho dos “perigos” do lulismo.
Lula sabe o que Kamel aprontou. Tanto que no debate do segundo turno, em 2006, nem cumprimentou Kamel quando o viu no estúdio da Globo. Isso me contou uma amiga que estava lá.
Os irmãos Marinho parecem ter percebido que Kamel os enganou. O lulismo, em vez de perigo, mudou o Brasil pra melhor. Mais que isso: a Globo agora precisa de Dilma para enfrentar as teles, que chegam com muito dinheiro e apetite para disputar o mercado de comunicação. Kamel já não serve para os novos tempos. Assim como os “pitbulls” Diogo Mainardi e Mario Sabino não servem para a “Veja”.
Dilma buscou os donos da mídia, passada a eleição, e propôs a “normalização” de relações. O governo seguiu apanhando, na área “ética” – é verdade. O que não atrapalha a imagem de Dilma. Há quem veja na tal “faxina” um jogo combinado entre a presidenta e os donos da mídia. Será? Dilma tiraria as “denúncias” de letra (o custo ficaria para Lula e os aliados). Do outro lado, os “pitbulls” perderiam terreno na mídia. É a tal “normalização”. Considero um erro estratégico de Dilma. Mas quem sou eu pra achar alguma coisa. O fato é que a estratégia hoje é essa!
Patricia Poeta no “JN” parece indicar que a “normalização” passa por Ali Kamel longe do dia-a-dia na Globo (ele ainda tenta manobrar aqui e ali, mas já sem a mesma desenvoltura). Isso pode ser bom para o Brasil.
Não é coincidência que a Globo tenha permitido, há poucos dias, aquela entrevista do Boni admitindo manipulação do debate de 89. A entrevista (feita pelo excelente jornalista Geneton de Moraes Neto) foi ao ar na “Globo News”. Alguém acha que iria ao ar sem conhecimento da família Marinho? Isso não acontece na Globo!
Durante os anos de poder total de Kamel, a Globo tentou “reescrever” o passado – em vez de reconhecer os erros. Kamel chegou a escrever artigo hilário, tentando negar que a Globo tenha manipulado a cobertura das Diretas. Virou piada. Até o repórter que fez a “reportagem” em 84 contou pros colegas na redação (eu estava lá, e ouvi) – “o Ali é louco de tentar negar isso; todo mundo viu no ar”.
Ali Kamel nega o racismo, nega a manipulação, nega a realidade. Freud explica.
Agora, Boni reconhece que a Globo manipulou em 89. Isso faz parte do movimento de “normalização”. O enfraquecimento de Kamel também faz. Tudo isso está nos bastidores da troca de apresentadores do “JN”. Mas claro que há mais. Há a estratégia televisiva, pura e simples. Fátima Bernardes deve comandar um programa matutino na Globo. As manhãs são hoje o principal calcanhar de aquiles da emissora carioca. A Record ganha ou empata todos os dias. Com o “Fala Brasil”, e com o “Hoje em Dia”. Ana Maria Braga não dá mais conta da briga – apesar de ainda trazer muita grana e patrocinadores.
Fátima deve ter um novo programa nas manhãs. Ana Maria será mantida. Até porque na Globo as mudanças são sempre lentas – como no Comitê Central do PC da China. A Globo é um transatlântico que se manobra lentamente.
Se a Fátima emplacar, pode virar uma nova Ana Maria. O programa dela deve contar com outras estrelas globais (Pedro Bial, quem sabe?).
A mudança de apresentadores tem esse duplo sentido: enfraquecimento de Kamel (que continuará a ter seu camarote no transatlântico global, mas talvez já não frequente tanto a cabine de comando); e estratégia pra recuperar audiência nas manhãs.
A conferir.
http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/bastidores-da-troca-no-jn.html#more-10754


Outra contribuição do Guilherme Souto:

Pinochet mandou matar Neruda, diz ex-ajudante
Enviado por luisnassif, sex, 02/12/2011 - 08:16
Por wilson yoshio.blogspot

Pablo Neruda foi assassinado a mando de Pinochet, denuncia antigo ajudante
Nos documentos oficiais do regime do ditador Augusto Pinochet, o poeta chileno Pablo Neruda teria morrido por complicações decorrentes de um câncer de próstata. Não é o que diz Manuel Araya, motorista, ajudante e amigo pessoal de Neruda: para ele, não restam dúvidas de que o poeta foi assassinado. Em declarações a duas emissoras locais de rádio (Cooperativa e Bío Bío de Chile), Araya garante que Neruda foi envenenado com uma injeção fatal na Clínica Santa María, onde estava internado. Segundo a testemunha, o Prêmio Nobel de Literatura (1971) não foi internado lá por estar mal de saúde, e sim como uma medida de segurança. “Pensávamos que na clínica estaria mais seguro. Nunca pensamos que lhe iam dar uma injeção e ele ia morrer”, garante Manuel Araya.
O ajudante de Pablo Neruda conta ter recebido uma ligação do próprio poeta, dizendo que tinham injetado algo em seu estômago e se sentia fraco e com febre. Araya foi então até a clínica, onde um médico pediu que saísse para comprar um determinado remédio. “Eu lhe disse que nós estamos pagando e o medicamento deve ser fornecido por eles”, assegura Araya, que acabou concordando em ir à farmácia comprar o remédio – sendo detido por oficiais da ditadura chilena na rua, horas antes da morte de Pablo Neruda. “Ele estava doente de câncer, mas resistia muito bem. Ele não estava mal, não tinha por que ter morrido”, enfatiza a testemunha, lembrando que Neruda se preparava para viajar ao México – viagem que, insinua Manuel Araya, era indesejável para a ditadura de Pinochet. O Partido Comunista chileno, na figura de seu presidente Guillermo Teillier, já manifestou-se dizendo que é “um dever moral” da sigla exigir uma investigação sobre o assunto. Pablo Neruda também era militante comunista e teve papel político destacado durante o governo de Salvador Allende (1970-1973).



'É Pentágono/OTAN versus BRICS'
A decisão dos BRICS sobre o Oriente Médio é um terremoto geopolítico. A diplomacia russa coordenou, com os outros países BRICS, um murro tectônico na mesa: não admitiremos qualquer tipo de nova intervenção dos EUA – seja “humanitária” ou a que for – no Oriente Médio. Agora, é Pentágono/OTAN versus os BRICS. Brasil, Índia e China estão acompanhando tão de perto quanto a Rússia, os movimentos de França e Turquia que estariam incentivando a eclosão de uma guerra civil na Síria. O artigo é de Pepe Escobar.
Pepe Escobar - Al-Jazeera

Poucos prestaram atenção, quando, semana passada, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland anunciou, em linguagem cifrada, que Washington “deixará de atender a alguns dos dispositivos do Tratado das Forças Militares Convencionais na Europa, no que tenha a ver com Rússia”.

Tradução: Washington deixará de informar a Rússia sobre deslocamentos de sua armada global. A estratégia de “reposicionamento” planetário do Pentágono virou segredo.

É preciso atualizar algumas informações de fundo. Esse tratado, CFE, foi assinado nos anos 1990 – quando o Pacto de Varsóvia ainda era vigente, e cabia à OTAN defender o ocidente “livre” contra o que então estava sendo pintado como um muito ameaçador Exército Vermelho.

Na Parte I, esse Tratado CFE estabelecia significativa redução no número de tanques, artilharia pesadíssima, jatos e helicópteros de guerra, e dizia também, aos dois lados, que todos teriam de nunca parar de falar do Tratado CFE.

A Parte II do Tratado CFE foi assinada em 1999, no mundo pós-URSS. A Rússia transferiu grande parte de seu arsenal para trás dos Montes Urais, e a OTAN nunca parou de avançar diretamente contra as fronteiras russas –movimento que aberta e descaradamente descumpria a promessa que George Bush-Pai fizera, pessoalmente, a Mikhail Gorbachev.

Em 2007, entra Vladimir Putin, que decide suspender a participação da Rússia no Tratado CFE, até que EUA e OTAN ratifiquem a Parte II do CFE. Washington nada fez, nada de nada; e passou quatro anos pensando sobre o que fazer. Agora, decidiu que nem falar falará (“Washington deixará de atender”, etc. etc.).

"Não se metam na Síria"
Moscou sempre soube, há anos, o que o Pentágono quer: Polônia, República Checa, Hungria, Lituânia. Mas o sonho da OTAN é completamente diferente: já delineado num encontro em Lisboa há um ano, o sonho da OTAN é converter o Mediterrâneo em “um lago da OTAN”.

Em Bruxelas, diplomatas da União Europeia confirmam, off the record, que a OTAN discutirá, numa reunião chave no início de dezembro, o que fazer para fixar uma cabeça-de-praia muito próxima da fronteira sul da Rússia, para dali turbinar a desestabilização da Síria.

Para a Rússia, qualquer intervenção ocidental na Síria é caso resolvido de "não-e-não-e-não" absoluto. A única base naval russa em todo o Mediterrâneo Ocidental está instalada no porto (sírio) de Tartus.

Não por acaso, a Rússia instalou seu sistema de mísseis de defesa aérea S-300 – dos melhores do mundo, comparável ao Patriot, dos EUA – em Tartus. E é iminente a atualização para sistema ainda mais sofisticado, o S-400.

Mais importante: pelo menos 20% do complexo industrial militar russo enfrentaria crise profunda, no caso de perder seus assíduos clientes sírios.

Em resumo, seria suicídio, para a OTAN – para nem falar em Israel – tentar atacar a Síria por mar. A inteligência russa trabalha hoje sobre a hipótese de o ataque vir via Arábia Saudita. E vários outros países também sabem, com riqueza de detalhes, dessa estratégia de “Líbia remix”, da OTAN.

Vejam o caso, por exemplo, da reunião da semana passada, em Moscou, dos vice-ministros de Relações Exteriores dos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Os BRICS não poderiam ter sido mais claros: esqueçam qualquer tipo de intervenção externa na Síria; disseram, exatamente que “não se deverá considerar qualquer interferência externa nos negócios da Síria, que não esteja perfeitamente conforme o que determina a Carta das Nações Unidas”. Os BRICS também condenam as sanções extras contra o Irã (são “contraproducentes”) e qualquer possibilidade de algum ataque. A única solução – para os dois casos, Síria e Irã – é negociações e diálogo. Esqueçam a conversa de um voto da Liga Árabe levar a nova resolução, do Conselho de Segurança da ONU, de “responsabilidade de proteger” (responsibility to protect - R2P). Esqueçam.

O que temos aí é um terremoto geopolítico. A diplomacia russa coordenou, com outros países BRICS, um murro tectônico na mesa: não admitiremos qualquer tipo de nova intervenção dos EUA – seja “humanitária” ou a que for – no Oriente Médio. Agora, é Pentágono/OTAN versus os BRICS.

Brasil, Índia e China estão acompanhando tão de perto quanto a Rússia, o que a França – sob o comando do neonapolêonico Libertador da Líbia, Nicolas Sarkozy – e a Turquia, os dois países membros da OTAN, estão empenhados e fazer hoje, sem qualquer limite ou contenção, contrabandeando armas e apostando em uma guerra civil na Síria, ao mesmo tempo em que tudo fazem para impedir qualquer tipo de diálogo entre o governo de Assad e a oposição síria, essa, em frangalhos.

Alerta máximo nos gargalos
Tampouco é segredo dos BRICS que a estratégia de “reposicionamento” do Pentágono implica mal disfarçada tentativa de impor, no longo prazo, uma “negativa de acesso” à marinha chinesa expedicionária [capaz de operar em alto mar], em acelerada expansão.

Agora, o “reposicionamento” na África e na Ásia tem a ver, diretamente, com os gargalos. Não surpreende que três dos gargalos mais cruciais do mapa do mundo é questão de alta segurança nacional para a China, em termos do fluxo do suprimento de petróleo.

O Estreito de Ormuz é gargalo global crucial (por ali passam 16 milhões de barris de petróleo por dia, 17% de todo o petróleo negociado no planeta, mais de 75% do petróleo exportado para a Ásia).

O Estreito de Malacca é elo crucial entre o Oceano Índico e o Mar do Sul da China e o Oceano Pacífico, a rota mais curta entre o Golfo Persa e a Ásia, com fluxo de cerca de 14 milhões de barris de petróleo/dia.

E o Bab el-Mandab, entre o Chifre da África e o Oriente Médio, passagem estratégica entre o Mediterrâneo e o Oceano Índico, com fluxo de cerca de 4 milhões de barris/dia.

Thomas Donilon, conselheiro de segurança nacional do governo Obama tem repetido, insistentemente, que os EUA têm de “reequilibrar” a ênfase estratégica – do Oriente Médio, para a Ásia.

Assim se explica boa parte do movimento de Obama, de mandar Marines para Darwin, no norte da Austrália, movimento já analisado em outro artigo para Al Jazeera. Darwin é cidade bem próxima de outro gargalo – Jolo/Sulu, sudoeste das Filipinas.

O primeiro secretário-geral da OTAN, Lord “Pug” Ismay, cunhou o famoso mantra segundo o qual a aliança Atlântica deveria “manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães abaixo.” Hoje, o mantra da OTAN parece ser “manter os chineses fora e os russos abaixo”.

Mas o que os movimentos do Pentágono/OTAN – todos inscritos na doutrina da Dominação de Pleno Espectro [Full Spectrum Dominance] – estão realmente fazendo é manter Rússia e China cada vez mais próximas –não apenas dentro dos BRICS mas, sobretudo, dentro da Organização de Cooperação de Xangai expandida , que rapidamente se vai convertendo, não só em bloco econômico mas, também, em bloco militar.

A doutrina da Dominação de Pleno Espectro implica centenas de bases militares e agora também de sistemas de mísseis de defesa (ainda não testados). O que também implica, crucialmente, a ameaça mãe de todas as ameaças: capacidade para lançar o primeiro ataque.

Pequim, pelo menos por hora, não tomou a expansão do Comando dos EUA na África, Africom, como ataque aos seus interesses comerciais, nem tomou o posicionamento de Marines na Austrália como ato de guerra.

Mas a Rússia – tanto no caso da expansão dos mísseis de defesa posicionados contra Europa e Turquia, como na atitude de “sem conversas” sobre o Tratado CFE, e posicionada já contra os planos da OTAN para a Síria – está-se tornando bem mais incisiva.

Esqueçam a conversa de Rússia e China, “competidores estratégicos” dos EUA, serem tímidos na defesa da própria soberania, ou dados a pôr em risco a própria segurança nacional. Alguém aí tem de avisar aqueles generais no Pentágono: Rússia e China não são, não, de modo algum, Iraque e Líbia.

Tradução: Vila Vudu
Fonte: Al- Jazeera

Para suavizar um pouco, ai está a magnífica cúpula da Catedral de Florença, obra grandiosa de Brunelleschi, com 100 metros de altura e 41 metros de diâmetro (foto RMF).


2. Vale a pena ler

“Escola da desordem”
RAYMUNDO DE LIMA
Embora o filme seja resultado do contexto sócio-cultural dos Estados Unidos da década de 1980, tem pontos em comum com o sistema educacional do Brasil. No início de 2010, causou constrangimento na Secretaria de Educação do Paraná a denuncia de um pai sobre a alteração da nota do filho pela escola; o fato gerou debates na TV Globo... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/11/30/escola-da-desordem/


Leia no WWW.outraspalavras.net

Esperança e realidade no Occupy Wall Street
Reportagem analisa dia-a-dia do movimento e revela seus desafios em lidar com autoridades, clima, sindicatos, imprensa—e, principalmente, consigo mesmo. Por Michael Greenberg

A miséria do “novo desenvolvimentismo”
José Luís Fiori polemiza: em busca de mais uma “terceira via”, corrente busca composições impossíveis e abandona debate sobre poder, classes e nações

Para repensar Ciência e Política
Vinte anos após seu lançamento, Mindwalk parece mais atual que nunca, ao questionar uma sociedade agora em crise aberta. Por Arlindenor Pedro

Brasil e aids: quem te viu, quem te vê
No momento em que surgem novas drogas e tratamentos contra doença, país parece perder capacidade de enfrentá-la com políticas pioneiras. Por Veriano Terto Jr. e Renata Reis

Iêmen: a revolução ignorada
ONU não se importou com assassinatos num país sem reservas petrolíferas e cujo ditador apoiava a “guerra contra o terror”. Por Monica Prieto

A nova etapa dos movimentos globais
Immanuel Wallerstein analisa: primeira fase teve êxito fantástico; diante da surdez do sistema, outra onda está se desenhando


A crise vem brava
A crise do euro começou nos países de menor importância econômica: Irlanda, Portugal e Grécia e agora atinge economias maiores como Espanha e Itália, já apontando a França como a nova bola da vez. Sobraria como país importante só a Alemanha, que ainda pensa que está imune à crise. Fato é que sua sorte depende fundamentalmente da saúde desses países em recessão no seu intercâmbio comercial e nos reflexos que poderão vir do colapso do sistema financeiro de algum desses países. O artigo é de Amir Khair.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19118&boletim_id=1067&componente_id=17063


Mudança climática: o futuro é agora
A mudança climática no Brasil ou no mundo ainda é tratada como uma questão de ambientalistas contra setores da economia em expansão, ou contra os tradicionais emissores de gases estufa, como as petrolíferas, montadoras, siderúrgicas. No país mais poderoso do mundo, ainda hoje elas controlam o debate. Levando em consideração apenas eventos extremos recentes, a partir de 2009, o inventário de tragédias no mundo é muito grande, impressionante, e não reflete a preocupação das lideranças em definir medidas para enfrentar a situação. O artigo é de Najar Tubino.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19135&boletim_id=1068&componente_id=17091



3. Informações

SEMINÁRIOS

VII Seminário Nacional do Centro de Memória "Memória, Cidade e Educaçâo das Sensibilidades" Será realizado nos dias 13, 14 e 15 de fevereiro de 2012, na UNICAMP.
todas as informações podem ser acessadas no site www.cmu.unicamp.br/viiseminário

Já se encontra no ar o site do IV Encontro Internacional de História Colonial.
http://www.ufpa.br/cma/eihc_belem/
A partir do dia 5 de dezembro (até o dia 20/12), um formulário on-line estará disponível para envio de propostas de Simpósios Temáticos, Mesas Redondas e Mini-cursos.

EDITAL CONCURSO UNILA –

5 VAGAS PARA HISTÓRIA - A Universidade Federal da Integração Latino-americana - UNILA, informa que estão abertas as inscrições para o Concurso Público de Provas e Títulos destinado a selecionar candidatos para o cargo de Professor.
São várias disciplinas e para a História são para as seguintes áreas e números de vagas:
História Pré-Colonial e Grupos Étnicos na História da América - Doutorado em História – 02 vagas
História da América e da Europa - Doutorado em História - 02 vagas
História da África e da Ásia Contemporâneas - Doutorado em História – 01 vaga
A inscrição será efetuada exclusivamente no endereço eletrônico: http://www.unila.edu.br , do dia 17 de novembro às 23h59min do dia 16 de dezembro de 2011.
Maiores informações em http://www.unila.edu.br/sites/default/files/edital_de_abertura_portugues.pdf

CHAMADA DE ARTIGOS

PERSEU: HISTÓRIA, MEMÓRIA E POLÍTICA abriu edital de chamada de artigos para seu oitavo número, que terá como dossiê “Verdade e Memória na História da Esquerda” e para o qual pedimos a atenção dos colegas bem como a sua divulgação.
Para a visualização do edital, acesse:
http://www.fpabramo.org.br/blog/revista-perseu-abre-chamada-de-artigos-para-sua-oitava-edicao

PUBLICAÇÕES

O NOVO NÚMERO DA “FÊNIX – REVISTA DE HISTÓRIA E ESTUDOS CULTURAIS” ESTÁ DISPONÍVEL NO SITE www.revistafenix.pro.br


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Para participar da Consulta basta clicar neste link http://www.dezporcentoja.com.br/ e votar. Repasse para seus colegas, familiares, amigos, etc. Mas não se esqueça: a coleta de votos não terminou! Diga para esses mesmos colegas, amigos e familiares que a votação nas urnas também é fundamental para fortalecer a campanha!
SINDFAFEID - Sindicato dos Docentes.
Filiado ao ANDES/SN.
Rua da Gloria nº 187. Bairro Centro. Diamantina - MG
CEP 39100-000
Fone:(38) 3532-6000 - RAMAL (6103)

Entrevista à TV Assembléia - MG, sobre transporte e patrimônio ferroviário, que contou com a participação da ONGTrem:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=640908 1º Bloco
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=640924 2º Bloco