quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Numero 259




Fim de ano, tempo de comemorações, festas, centenas de acidentes nas estradas provocados quase sempre pela imprudência e falta de educação dos motoristas, tempo de retrospectivas, etc etc etc...

Também tempo de promessas que provavelmente não serão cumpridas ao longo de 2011, mas tudo bem... haverá outros finais de ano e novas promessas serão feitas...

Encerramos com alguns bons artigos. Luciana Araujo, da Caros Amigos, revela que mais do que uma “guerra ao tráfico”, continuamos a ter a “guerra aos pobres” que desde sempre caracterizou nossa História.

José de Castro volta a analisar os papéis da Wikileaks, mostrando, como nós também o afirmamos aqui anteriormente, que não são fofocas de comadres, mas devem ser encarados com muita seriedade.

Gabriel Perissé e o ministro Fernando Haddad enfatizam a importância e a urgente necessidade de se valorizar o professorado brasileiro.

Bom proveito, e boas festas de fim de ano!

Uma modesta mensagem que recebi hoje e retransmito:


Encerra-se mais um ano em sua vida...
Quando este ano começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em Branco, e nele você podia ter um poema, um
pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.
Podia...
Hoje não pode mais, já não é seu.
É um livro já escrito...
Concluído...
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será
lido, com todos os detalhes, e não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto...
Antes que termine este ano, reflita, tome seu velho livro e folheie
com cuidado...
Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência.
Faça o exercício de ler a você mesmo.
Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
Não...
Não tente arrancá-las.
Seria inútil...
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que será entregue.
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o
instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa
superfície do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o na prateleira
Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras:
Obrigado e Perdão!!!
E, quando o novo ano chegar, lhe será entregue outro livro, novo,
limpo, branco, todo seu, no qual irá escrever o que desejar...

FELIZ LIVRO NOVO!!!




"Guerra ao tráfico" maquia guerra aos pobres
Por Luciana Araujo (do Correio Caros Amigos)
O Brasil tem hoje quase 500 mil presos amontoados em menos de 300 mil vagas. Entre os detentos, 60% são negros, 58% têm entre 18 e 29 anos e 44% ainda aguardam julgamento (são presos provisórios). Quase 58 mil pessoas cumprem pena em delegacias. Somos a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Uma análise do perfil da população carcerária evidencia o que o juiz Juarez Cirino dos Santos qualificou de “encarceramento em massa da pobreza” durante o seminário “Encarceramento em massa: símbolo do Estado penal”. Promovido pelo Tribunal Popular – articulação de entidades defensoras dos direitos humanos. O seminário aconteceu no salão nobre da Faculdade de Direito da USP entre os dais 7 e 9 de dezembro.
Nos últimos dias, a espetacularização das ações policiais no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, fez recrudescer a banalização desta realidade de violência e criminalização contra os pobres. Parcela importante da sociedade novamente esqueceu que cenas como as protagonizadas desde o dia 21 de novembro nas comunidades cariocas são a repetição de outro macabro espetáculo do gênero produzido pela mesma polícia, sob ordens do mesmo governador e do mesmo secretário de Segurança Pública, no mesmo Alemão.
A mega-operação de 2007 que resultou em 19 mortos e 13 feridos num só dia, entre eles um bebê. Ao longo dos meses o número de mortos foi crescendo. E o narcotráfico? Bom, esse continua dominando as comunidades. Financiado por gente que não passa nem perto do morro e corre quase nenhum risco de ser atingido por uma bala disparada a esmo. E amparado pelo poder de seus tentáculos dentro do aparelho do Estado.
Neste ano, a polícia se recusa a divulgar o número de mortos antes do dia 25 de novembro. Outras comunidades vêm sendo ocupadas militarmente sem que isso sequer seja divulgado como parte das operações. Crescem as denúncias de abusos e roubos praticados por agentes do Estado.
As UPPs – prometidas pela presidenta eleita como política nacional de segurança pública – mais uma vez levam às comunidades apenas o braço armado do Estado. Além de estarem projetadas estrategicamente no corredor turístico-cultural do Rio.
Aos defensores dos direitos humanos, parte da classe média e os reacionários de plantão lançam a acusação de que são defensores de “bandidos”. Mas ao que conste, a Constituição brasileira estabelece que ninguém pode ser submetido a tortura ou tratamento humano degradante. A Constituição Federal não costuma valer muito dentro do sistema penal brasileiro, que não tem nenhuma possibilidade de ressocializar os presos, incentiva a corrupção e funciona à margem da legalidade em muitos casos. Tornaram-se parte da nossa realidade o encarceramento em massa, revistas íntimas arbitrárias, inclusive em bebês, e confrontos armados em favelas e periferias.
Na esteira da histeria, mudanças na legislação são aprovadas a toque de caixa, e sempre numa perspectiva de endurecimento das penas. Nenhuma lei sobre a reforma agrária, investimento maciço na geração de empregos, valorização e qualificação dos policiais. Aliás, ao invés de aprovar a PEC que estabelece o piso salarial para policiais militares e bombeiros, os nobres deputados preferiram aprovar um reajuste de 61,83% nos próprios salários. Num país em que o salário mínimo estipulado para 2011 não deve passar a barreira dos 540 reais.
Luciana Araujo é jornalista.


O WIKILEAKS SEGUNDO EL PAIS,
José de Castro

Num artigo anterior, sustentei que os documentos da diplomacia dos Estados Unidos vazados pelo Wikileaks não são apenas conversas de cabeleireiros, como nos querem fazer crer alguns jornalistas. Com muito mais fundamentos do que eu, o diretor de Redação do jornal El País, da Espanha, Javier Moreno, explica a importância dos documentos. El País é o jornal, entre os cinco escolhidos por Julian Assange para a divulgação dos documentos, o que melhor tem aproveitado os informes do Wikileaks.

O artigo de Moreno, traduzido por Geraldo Honório Oliveira Neto, pode ser lido aqui: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/el-pais-o-que-de-verdade-os-governos-ocultam.html.
O original em espanhol foi reproduzido pelo Observatório da Imprensa, com um comentário de Alberto Dines. Para os interessados, o endereço é http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/el-pais-o-que-de-verdade-os-governos-ocultam.html.

Vou fazer um resumo do artigo. Ao longo das duas conversas com Assange, Moreno logo se deu conta da importância de se divulgar os documentos “que revelam, de forma exaustiva, como certamente nunca havia acontecido, até que grau as classes políticas nas democracias ocidentais avançadas estiveram enganando seus cidadãos”.
O diretor de Redação do mais influente diário do mundo em língua espanhola percebeu, ao contrário da maioria dos jornais brasileiros (a maior exceção é a Folha de S. Paulo), as “importantes consequências que derivariam de tudo isto para a maquinaria diplomática dos EUA, para a reputação do seu Governo, a de seus aliados, a de seus adversários, para o futuro do jornalismo e ainda para o debate sobre as liberdades nas democracias ocidentais”.
Três semanas depois que El País, The Guardian, The New York Times, Le Monde eDes Spiegel começaram a publicar as informações que se tornaram manchetes em todo o mundo, uma das conclusões a que chegou Moreno foi que “mais que um agudo estado de crise de segurança supranacional, como antecipou alguns, o que verdadeiramente se instalou entre as elites políticas em Washington e na Europa é uma espessa atmosfera de irritação e de embaraçosa contrariedade que resulta extremamente reveladora do alcance e do significado real dos papéis de Wikileaks”.
Segundo o diretor de El País – um jornal “de centro-esquerda, mas não antiamericano”, conforme Alberto Dines – o que os jornais começaram a revelar certamente confirmaram os “piores pesadelos do Departamento de Estado” norte-americano e motivaram “queixas amargas de diplomatas em todo o mundo. Não só estavam descobertas algumas de suas manobras e ordens menos confessáveis, como também acumulavam-se provas do duplo discurso dos aliados de Washington sobre os mais diversos assuntos – muitos deles em âmbito estritamente nacional –, que viam com estupefação como a publicação dos despachos lhes deixava em evidencia, ora frente a países vizinhos e aliados, ora frente a seus concidadãos, que descobriam, com compreensível irritação, opiniões, declarações ou ações de seus lideres que lhes foram convenientemente ocultadas”.
“Tenho comigo”, acrescenta Moreno, “que o interesse global provocado pelos papéis de Wikileaks explica-se principalmente por uma razão muito simples, mas ao mesmo tempo muito poderosa: revelam, de forma exaustiva, como seguramente jamais aconteceu, até que grau as classes políticas nas democracias avançadas do Ocidente estiveram enganando seus cidadãos”.
Conforme o diretor de El País, “a lista de argúcias que os papéis de Wikileaks deixam descobertas é extensa”. Exemplifica, entre outros, com o Afeganistão, onde soldados arriscam sua vida numa guerra cujos governos consideram impossível de ganhar. “Dezenas de milhares de soldados sustentam com seus esforços um Governo cuja corrupção é conhecida e tolerada por aqueles que lhes enviaram para a luta. Segundo revelam os despachos de Wikileaks, nenhuma das principais potências ocidentais envolvidas crê firmemente na possibilidade de que o país seja viável em médio prazo, para não falar já de seu altamente hipotético ingresso no clube das democracias, objetivo declarado dos combatentes.”
Moreno rebate os que sustentam que os papéis das embaixadas não contêm novidades de envergadura, que os cidadãos estavam já conscientes de todo o exposto, assim como do resto de furos impactantes que inundaram as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo durante duas semanas. “Não vou insistir mais na falácia de tal asseveração. Interessa-me mais assinalar que a publicação dos telegramas secretos revela, ademais, que, coletivamente, a classe política no Ocidente era consciente da situação no Afeganistão, das turvas maquinações do Paquistão ou das ambigüidades dos países árabes aliados de Washington, para limitar-me unicamente aos exemplos antes citados, num exercício de dupla moral sem muitos precedentes conhecidos. Sabiam, mas ocultavam. E os destinatários de semelhante impostura eram seus eleitores, as sociedades com cujo esforço em soldados e em impostos se sustenta a guerra no Afeganistão. Já não me parece exagerada a comparação de agudos observadores, como John Naugthon, quando assinalam que o regime de Karzai resulta igualmente corrupto e incompetente como o do Vietnam do Sul, sustentado pelos Estados Unidos nos anos setenta. E que Washington e a OTAN se afundam em um pântano, o afegão, cada vez mais parecido ao que sofreram os Estados Unidos com o regime de Saigon há quarenta anos.”
Antes de encerrar esse resumo – não vou me alongar, pois defendo que o artigo deve ser lido na íntegra nos endereços citados –, preciso destacar um ponto. Os governos que gostariam de evitar que os documentos chegassem ao conhecimento público poderiam argumentar, conforme Moreno: “Confiem em nós; não tentem desvelar nossos segredos; em contrapartida lhes oferecemos segurança.”
Mas quanta segurança esses políticos oferecem realmente, contra-argumenta o diretor de El País, “em troco de aceitar tamanha chantagem moral? Pouca ou nenhuma, pois se da o triste paradoxo de que se trata da mesma classe política que se mostrou incapaz de supervisionar adequadamente o sistema financeiro internacional, cuja explosão provocou a maior crise desde 1929, arruinou países inteiros ou condenou ao desemprego e à depauperação a milhões de trabalhadores. Os mesmos responsáveis pela deterioração dos níveis de vida e de riqueza de seus concidadãos, pelo incerto destino do euro, pela falta de um projeto europeu de futuro e enfim, pela crise de governança global que aflige o mundo nos últimos anos e à qual não são alheias as elites no poder em Washington e Bruxelas. Não estou seguro de que manter ocultos os segredos das embaixadas nos garanta uma melhor diplomacia ou um desenlace mais benigno às encruzilhadas atuais.”
Certamente, os documentos do Wikileaks não são apenas conversa de cabeleireiros.


Professor sine qua non
Por Gabriel Perissé em 28/12/2010 (do Observatório da Imprensa)

Chegou o momento de solucionar o problema crônico da desvalorização do professorado brasileiro.
A este respeito, caberá à mídia acompanhar o que for realizado para que a profissão docente ganhe o prestígio social compatível com sua importância no desenvolvimento do país. A valorização do professor é indispensável na luta por uma educação melhor. Precisamos criar o professor sine qua non. O professor sem o qual falar de educação de qualidade será, no mínimo, perda de tempo.

Na revista Época desta semana (nº 658), Ilona Becskeházy, diretora-executiva da Fundação Lemann, enfatiza em seu artigo – "O grande desafio é valorizar os professores" – que esta valorização inclui aumento salarial, treinamento, supervisão e avaliação de desempenho. Em outras palavras, valorizar é investir e, investindo, propor e esperar melhores resultados.

Escrevendo para a edição especial da revista CartaCapital (22/12), o professor Vladimir Safatle diz (clareza maior, impossível) que "o sucesso do processo educacional tem, como condição necessária, a existência de um corpo de professores altamente qualificado e motivado". Essa motivação, que muito ajuda na hora da formação, está vinculada, sim, à questão salarial. Safatle denuncia o cinismo de quem nega essa vinculação:

"[...] outros gostam de falar que o que motiva professores não é necessariamente o salário, mas ‘a grandeza da profissão’, ‘o prazer de ensinar’ e outras pérolas do gênero. Alguém deveria sugerir uma lei para limitar o cinismo desses arautos do altruísmo alheio."
A década da valorização docente
Seria o caso também de denunciar quem cobra altíssimos cachês (há quem mande a conta em euros!) para, em suas palestras e conferências, escamotear a discussão aberta e urgente sobre a remuneração dos professores, associada sempre, devemos lembrar, às exigências decorrentes da função educativa.

Em editorial publicado no domingo (19/12), "Brasil nota 6", a Folha de S.Paulo menciona como ponto fundamental do PNE (Plano Nacional de Educação 2011-2020), enviado ao Congresso este mês, a valorização do professor da rede pública na educação básica. Tal valorização requer a definição de um rendimento médio que leve em conta o tempo de escolaridade necessário para formar um docente.

A permanência de Fernando Haddad no MEC é, em princípio, a garantia de que, para alcançar as metas de uma educação melhor, o tema da valorização docente deixará de ser um tema a mais. Deve tornar-se questão crucial, como dá a entender o próprio ministro:

"Se nós não fizermos da próxima década a década de valorização do professor será muito difícil cumprir as metas de qualidade. As metas exigem que nós tenhamos atenção maior com a formação e a remuneração do docente." (iG Brasília, em 15/12).

O MEC, porém, não é todo-poderoso. Metas não se cumprem magicamente. O diálogo entre governo federal, governos estaduais e municipais deve concentrar-se na busca de caminhos concretos para que essa década de valorização docente comece a contar desde o primeiro mês, janeiro de 2011. E que a sociedade, com a ajuda da mídia, acompanhe esse diálogo com o devido interesse.


Colaboração de Guilherme Souto:

Da Folha
ENTREVISTA FERNANDO HADDAD
Salário e carreira de professores são prioridades
MINISTRO DA EDUCAÇÃO AFIRMA QUE A PASTA TERÁ UMA PARTICIPAÇÃO MAIS ATIVA NA QUESTÃO DOS DOCENTES NO GOVERNO DILMA ROUSSEFF

ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação no governo Dilma Rousseff deverá ter uma participação mais ativa nas questões que envolvem o professor, diz o ministro Fernando Haddad.

Em entrevista à Folha, ele defendeu o MEC da responsabilidade sobre falhas no Enem e disse que o ideal é ter mais de uma prova por ano.
Folha - O que o novo governo terá de novo na educação?
Fernando Haddad - A novidade é o Plano Nacional de Educação [enviado ao Congresso na semana passada], com 20 metas definidas em 170 estratégias. Tem foco acentuado no professor.
Uma das metas é equalizar o salário com os outros profissionais de nível superior [hoje, há diferença de 60%]. Não há experiência internacional bem sucedida quando o professor ganha menos.
Que medidas concretas serão tomadas para isso acontecer?
Já tomamos uma medida ao aumentar o investimento em educação. É preciso também uma interlocução com Estados e municípios para que as carreiras sejam estruturadas nesse sentido. O PNE prevê uma mesa de negociação permanente sobre o piso salarial [de R$ 1.025].
Haverá mudanças no Enem?
Isso depende menos de uma decisão política e mais de uma técnica. Vamos ouvir a gráfica, os Correios e o consórcio que faz a prova para decidir. O ideal é ter mais de uma edição por ano.
As últimas duas edições do exame tiveram problemas. Que autocrítica o sr. faz?
Os problemas mais marcantes tiveram origem no setor privado, não no público.
Uma gráfica pecou [2009] por falta de segurança e a outra por excesso de segurança [2010], porque a conferência de todos os lotes de prova dependia de um manuseio que se tentou evitar ao máximo para que não se repetisse o que houve no ano passado.
Se os problemas foram só do setor privado, é possível deduzir que podem se repetir?
Esses problemas ocorrem em todos os lugares onde há exames desse porte.
Ou bem aproveitamos para aprender com as eventuais falhas sem abdicar de um processo transformador ou essa evolução não vai se dar por um temor que é justificável, mas superável.
O ensino médio é o que avança mais lentamente, em qualidade e quantidade de alunos.
Talvez não na escala desejada, o MEC vem fomentando a integração do ensino médio com a educação profissional.
O discurso dos secretários de Educação está cada vez mais alinhado com isso. É importante diversificar o ensino médio, integrando-o à realidade profissional e a áreas como cultura e esporte.
Haverá mudança na política de educação superior?
Há espaço para inovação acadêmica, discutir currículos mais interessantes e para um ganho de eficiência: podemos atender mais alunos.
O sr. pretende introduzir alguma mudança no MEC?
Sobretudo em relação ao magistério, precisamos reforçar um núcleo interno. Seria uma estrutura voltada à carreira, à valorização do professor, da formação.
Gostaria que o MEC tivesse um protagonismo maior na mesa de negociação do piso. Estamos também prevendo a prova de concurso [concurso nacional para professor].



Histórica a entrevista!
A íntegra de Franklin Martins no É Notícia
by luisnassif
Por Kennedy Alencar Duarte Braga

Caro Nassif, está no ar a íntegra da entrevista com o ministro Franklin Martins.

www.redetv.com.br/enoticia
Dois pontos:
- Franklin aponta que os atuais professores que ficam apontando quem agiu errado ou não na luta contra a ditadura são aqueles que não lutaram contra ela,
- instigado sobre qual o papel dele, Franklin, no processo, ele diz que todos que agiram no momento não importa o papel que fizeram, e sim que estavam lá no combate. Porém, ressalvou que tem uns que se vangloriam - para mim um deles é o Gabeira - de terem feito isso e aquilo, mas não tiveram um papel tão relevante assim.

Tudo sob o olhar de paisagem do entrevistador.



INFORMATIVO DA ANPUH

Concursos

1 VAGA DE PROFESSOR ADJUNTO DE HISTÓRIA GERAL
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC)
Inscrições: até 30/12/2010

1 VAGA DE PROFESSOR ADJUNTO DE HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Inscrições: até 04/01/2011

PROCESSO SELETIVO 2011 - MESTRADO
Instituição: Universidade de Passo Fundo UPF)
Inscrições: até 05/01/2011

ESPECIALISTA EM DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL - 2 VAGAS P/ HISTÓRIA
Instituição: Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos do Estado do Espírito Santo
Inscrições: até 07/01/2011

1 VAGA DE PROFESSOR ADJUNTO DE ENSINO DE HISTÓRIA/ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Inscrições: até 14/01/2011

2 VAGAS DE PROFESSOR ADJUNTO - HISTÓRIA DA ÁFRICA E HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Instituição: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Inscrições: até 28/01/2011

MESTRADO EM HISTÓRIA PODER E PRÁTICAS SOCIAIS
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Marechal Cândido Rondon (UNIOESTE)
Inscrições: até 03/02/2011
PROCESSO SELETIVO 2011 – 20 VAGAS P/ MESTRADO E 15 P/ DOUTORADO
Instituição: Universidade Estadual Paulista - Campus Assis (Unesp/Assis)
Inscrições: de 1º a 11/02/2011

Congressos

IX ENCONTRO NACIONAL DOS PESQUISADORES DO ENSINO DE HISTÓRIA: AMÉRICA LATINA – CULTURAS, MEMÓRIA E SABERES (novo)
Data: 18 a 20 de abril de 2011
Local: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

III ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM (novo)
Data: 03 a 06 de maio de 2011
Local: Universidade Estadual de Londrina (UEL)

V ENCONTRO DE ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NO BRASIL MERIDIONAL (novo)
Data: 11 a 13 de maio de 2011
Local: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

I CONGRESSO FLUMINENSE DE HISTÓRIA ECONÔMICA (novo)
Data: 22 a 26 de junho de 2011
Local: Universidade Federal Fluminense (UFF)

V ENCONTRO NACIONAL DA ABED: DEMOCRACIA, DEFESA E FORÇAS ARMADAS (novo)
Data: 08 a 10 de agosto de 2011
Local: Entre em contato com a organização

XVI CONGRESO INTERNACIONAL DE AHILA
Data: 06 a 09 de setembro de 2011
Local: Universidad de Cádiz (UCA)

CONFERÊNCIA - BRASIL EM PERSPECTIVA GLOBAL (1870-1945) (novo)
Data: 27 a 29 de outubro de 2011
Local: Instituto Latino Americano (LAI) da Freie Universität Berlin


Chamada para artigos

REVISTA HISTÓRICA (novo)
Tema: As experiências das Áfricas no Brasil.
Prazo: 05/01/2011
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/

REVISTA CONTRAPONTO (novo)
Tema: Historiografia.
Prazo: 31/01/2011
http://www.revistacontraponto.com/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=6

REVISTA OUTROS TEMPOS (novo)
Tema: História e Literatura
Prazo: 28/02/2011
http://www.outrostempos.uema.br/

HISTÓRIA, IMAGEM E NARRATIVAS (novo)
Tema: Mitologia.
Prazo: 15/03/2011
http://www.historiaimagem.com.br/

REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA
Tema: Comemorações; com ênfase em pesquisas sobre locais de memória; festas, civismo e movimentos sociais; etnicidade e paisagem
Prazo: 31/03/2011
http://www.anpuh.org/revistabrasileira/public

REVISTA CORDIS: REVISTA ELETRÔNICA DE HISTÓRIA SOCIAL DA CIDADE (novo)
Tema: História, Arte e Cidades.
Prazo: 08/04/2011
Tema: História, Corpo e Saúde.
Prazo: 08/08/2011
http://www.pucsp.br/revistacordis/

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Numero 258



EU PROTESTO!
José de Souza Castro

O salário mínimo teve reajuste de 34% desde abril de 2007. A aposentadoria pelo INSS acompanhou, mal e porcamente, a inflação acumulada do período, de 20%. Mas ontem deputados e senadores se concederam aumento de 61,8%. Suas excelências foram ainda mais generosos – afinal, quem paga a farra somos nós, os contribuintes, não eles! – com o presidente da República (aumento de 133,9%) e com o vice-presidente e os ministros (148,6%).
O coitado do Lula, que ganha apenas R$ 11,4 mil por mês – limpinhos, limpinhos: ele podia ter depositado o total todo mês na poupança, pois vive no palácio com todas as mordomias pagas pelo contribuinte –, não teve a mesma sorte de Dilma Rousseff, que já entra em janeiro ganhando R$ 26,7 mil e, se depender de Lula, com avião novo de R$ 500 milhões, para transportá-la mundo afora.
Dilma, Temer, deputados e senadores vão ganhar o mesmo que os ministros do Supremo, hoje os maiores salários do funcionalismo público da União: R$ 26,7 mil por mês.
Trabalhadores de salário mínimo que ganham 52 vezes menos acham isso um bom salário? Certamente, mas os ministros do Supremo querem mais. E agora ganham novos e importantes aliados para terem um bom reajuste, extensivo aos outros.
A sem-vergonhice de ontem no Congresso Nacional não será corrigida por Lula, pois se trata de um decreto legislativo. Mesmo se o presidente da República pudesse vetar, não o faria, a julgar pelo que ele disse ontem, conforme a Folha de S. Paulo:
"Estou lamentando [...] porque o Congresso acabou de aprovar o aumento para o presidente e para os ministros, mas, para o Lulinha aqui, nada. O Lulinha não recebe porque é só para a próxima legislatura", disse.
E emendou: "Para quem ganhava como torneiro mecânico, o salário de presidente até que ajuda".
Desculpe-me sua excelência, mas não acho graça. Aposentado como eu – não como Lula – costuma ser ranzinza, quando se trata de dinheiro. Não acho graça em Lula, porque sei que ele quer voltar ao cargo daqui a quatro anos e ganha agora novo incentivo. Se não protestarmos agora, daqui a quatro anos suas excelências – que apostam no nosso silêncio, na nossa resignação e, sobretudo, no nosso esquecimento – farão ainda pior.
É hora de protestar. De lembrar o famoso poema do brasileiro Eduardo Alves da Costa, atribuído por engano ao russo Maiakovski:
Na primeira noite eles se aproximam / roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem : / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./ Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não dizemos nada.
Não vamos nos calar e esperar que os políticos protestem por nós. Esse projeto, preparado na surdina há mais de um mês, foi votado ontem a toque de caixa. Na Câmara dos Deputados, um único partido, o PSOL, não apoiou a aberração – o que não vai impedir que seus deputados reeleitos embolsem gostosamente o novo salário, a partir de janeiro. No Senado, também votado na velocidade de um relâmpago, houve apenas críticas protocolares de três senadores: Marina Silva (PV-AC), Álvaro Dias (PSDB-PR) e José Neri (PSOL-PA). "O correto é que tivéssemos reajuste corresponde à inflação, como defende o PSOL", afirmou a senadora que, como Lula, está de olho nas eleições presidenciais de 2014.
O estrago no nosso bolso é incalculável, mas ultrapassa certamente um bilhão de reais por ano, dinheiro que deveria ser empregado, sob a forma de serviços ou obras públicas, em nosso benefício, como contribuintes. Em vez disso, além dos já citados, vão ser beneficiados com o reajuste, por efeito cascata, os 1.059 deputados estaduais e os 52 mil vereadores, pois seus salários estão vinculados, pela Constituição, ao dos congressistas.
Eu protesto!


Chomsky: 10 estratégias de manipulação midiática
Por Noam Chomsky
1. A estratégia da distração.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
2. Criar problemas e depois oferecer soluções.
Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.
3. A estratégia da gradualidade.
Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4. A estratégia de diferir.
Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade.
A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “A e alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico
6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”).
8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9. Reforçar a autoculpabilidade.
Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!
10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

* Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts
** Colaboração do Centro de Estudos Políticos Econômicos e Culturais
CEPEC para o EcoDebate, 07/12/2010
Fonte: http://gonzum.com/?p=1057




Matéria tirada do Viomundo - O que você não vê na mídia - http://www.viomundo.com.br
Link da matéria: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/em-nome-de-washington-otan-se-expande-para-roubar-papel-da-onu.html
Publicada por Luiz Carlos Azenha em 18 de dezembro de 2010 (17:50) na Você escreve
O maior parasita
The Globalization of Militarism
por ISMAEL HOSSEIN-ZADEH, no Counterpunch
De todos os inimigos da liberdade pública a guerra é talvez a que mais deva ser temida porque engloba e desenvolve os germes de todos os outros (James Madison)
O maior praticante da violência no mundo de hoje — meu próprio governo (Martin Luther King Jr.)
Muitos norte-americanos ainda acreditam que a política externa dos Estados Unidos é desenhada para manter a paz, garantir os direitos humanos e espalhar a democracia no mundo. Seja qual for a definição de seus objetivos, no entanto, essas políticas geralmente levam a resultados opostos: guerra, militarismo e ditadura. As evidências de que as autoridades dos Estados Unidos não sustentam mais os ideais que defendem publicamente é farta.
Aqueles que continuam a ter ilusões sobre as políticas dos Estados Unidos em todo o mundo desprezam o fato de que os Estados Unidos foram tomados por interesses do complexo industrial-militar-de segurança-financeiro cujos representantes estão firmemente estabelecidos tanto na Casa Branca quanto no Congresso. O objetivo final deste grupo, de acordo com seus próprios guias militares, é “domínio de espectro completo” do mundo; e eles estão dispostos a fazer tantas guerras quanto necessário e destruir tantos países quanto necessário e matar tantas pessoas quanto necessário para atingir o objetivo.
As “águias liberais” e os intelectuais que tendem a defender a política externa dos Estados Unidos com base em “direitos humanos” ou “obrigação moral” deveriam prestar atenção (entre outras provas) nos documentos que tem sido vazados pelo WikiLeaks. Os documentos “mostram bem claramente”, como Paul Craig Roberts colocou, que “o governo dos Estados Unidos é uma entidade de duas caras cuja razão principal é o controle de todos os países”. Na essência os documentos mostram que enquanto o governo dos Estados Unidos, como um chefão global da máfia, recompensa as elites locais de estados clientes com armas, ajuda financeira e proteção militar, pune nações cujos líderes se negam a se render às vontades do valentão, cedendo a soberania nacional. As políticas externas dos Estados Unidos, assim como as domésticas, se revelam não como subordinadas ao público ou ao interesse nacional do povo, mas a pod erosos interesses especiais representados pelo capital militar e pelo capital financeiro.
Os arquitetos da política externa dos Estados Unidos são claramente incapazes de reconhecer ou admitir o fato de que povos diferentes e nações diferentes podem ter necessidades e interesses diferentes. Nem são capazes de respeitar as aspirações de soberania nacional de outros povos. Em vez disso, eles tendem a ver outros povos, assim como veem o povo norte-americano, através do prisma de seus interesses estreitos e nefastos. Ao dividir o mundo entre “amigos” e “inimigos”, ou “estados vassalos”, como Zbigniew Brzezinski colocou, os poderosos beneficiários da guerra e do militarismo empurram os dois grupos a embarcar no caminho da militarização, o que leva inevitavelmente a governos militaristas e autoritários.
Embora o militarismo nasça dos militares, os dois são diferentes em caráter. Enquanto os militares são um meio para atingir certos fins, como manter a segurança nacional, o militarismo representa um establishment militar permanente como um fim em si. É um “fenômeno”, como Chalmers Johnson definia, “através do qual os serviços armados de uma nação passam a colocar sua preservação institucional adiante da segurança nacional ou mesmo de um compromisso com a integridade da estrutura governamental da qual fazem parte”. (The Sorrows of Empire, Metropolitan Books, 2004, pp. 423-24).
Isso explica o crescimento canceroso e de natureza parasita do militarismo nos Estados Unidos — canceroso porque está constantemente se expandindo em muitas partes do mundo, parasita porque não apenas suga os recursos de outras nações, também suga os recursos nacionais do Tesouro em defesa dos interesses do complexo industrial-militar-de segurança.
Ao criar medo e instabilidade, embarcando em aventuras militares unilaterais, o militarismo corporativo dos Estados Unidos promove o militarismo em outros lugares. Uma importante estratégia de expansão imperial dos Estados Unidos consiste em promover o militarismo em todo o mundo através da formação de alianças militares internacionais em várias partes do mundo. Elas incluem não apenas a notória OTAN, que é essencialmente uma parte integral da estrutura de comando do Pentágono e que recentemente se expandiu como a polícia do mundo, mas também outros dez comandos militares conjuntos chamados Comandos Unificados Combatentes. Eles incluem o Comando da África (AFRICOM), Comando Central (CENTCOM), Comando Europeu (EUCOM), Comando do Norte (NORTHCOM), Comando Pacífico (PACOM) e Comando Sul (SOUTHCOM).
A área geográfica sob “proteção” de cada um destes Comandos Unificados Combatentes é chamada Área de Responsabilidade (AOR). A área de responsabilidade do AFRICOM inclui “operações militares e relações militares com as 53 nações africanas — uma área de responsabilidade que cobre toda a África com exceção do Egito”. A área de responsabilidade do CENTCOM cobre muitos paises do Oriente Médio, Oriente Próximo, Golfo Pérsico e Ásia Central. Inclui o Iraque, Afeganistão, Paquistão, Kuwait, Bahrain, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Omã, Jordânia, Arábia Saudita, Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.
A área de responsabilidade do EUCOM “cobre 51 países e territórios, inclusive a Europa, Islândia, Groenlândia e Israel”. A área de responsabilidade do NORTHCOM “inclui o ar, terra e mar nas proximidades e nos Estados Unidos, Alasca, Canadá, México e as águas situadas num raio de 500 milhas náuticas (930 quilômetros). Também inclui o Golfo do México, os estreitos da Flórida e porções do Caribe que incluem as Bahamas, Porto Rico e as ilhas Virgens”.
A área de responsabilidade do PACOM “cobre mais de 50% da superfície do mundo — aproximadamente 105 milhões de milhas quadradas (cerca de 272 milhões de km quadrados) — quase 60% da população do mundo, trinta e seis países, vinte territórios e dez territórios e possessões dos Estados Unidos”. A área de responsabilidade do SOUTHCOM “cobre 32 nações (19 na América Central e na América do Sul e 13 no Caribe)… e 14 territórios europeus e norte-americanos… É responsável por planos de contingência e operações nas Américas do Sul e Central e no Caribe (exceto nos territórios, possessões e estados-associados dos Estados Unidos), Cuba e suas águas territoriais”.
Junto com 800 bases militares espalhadas por várias partes do mundo, este colosso militar representa a presença ameaçadora das forças armadas dos Estados Unidos no planeta.
Ao invés de desmantelar a OTAN como um objeto redundante da era da Guerra Fria, ela foi expandida (como representante militar dos Estados Unidos) para incluir muitos outros países da Europa oriental até a fronteira da Rússia. A OTAN não apenas se inseriu em novas relações internacionais e recrutou novos membros e parceiros, também se concedeu muitas tarefas e responsabilidades em arenas sociais, políticas, econômicas, de meio ambiente, transporte e comunicação no mundo.
As novas áreas de “responsabilidade” da OTAN, como refletidas no último Plano Estratégico, incluem “direitos humanos”; dificuldades de recursos e meio ambiente, incluindo riscos para a saúde, mudança climática, escassez de água e as necessidades energéticas crescentes…”; “meios importantes de comunicação, como a internet, e presquisa científica e tecnológica…”; “proliferação de mísseis balísticos, de armas nucleares e outras armas de destruição em massa”; “ameaças de extremismo, terrorismo e atividades ilegais transnacionais como o tráfico de armas, drogas e pessoas”; “comunicação vital, rotas de transporte e trânsito das quais dependem o comércio internacional, a segurança energética e a prosperidade”; a capacidade de “prevenir, detetar e defender (e se recuperar) de ataques cibernéticos; e a necessidade de “assegurar que a aliança estará na dianteira da avaliação do impacto de tecnologias emergentes”.
Questões globais significativas que agora fazem parte da missão expandida da OTAN se enquadram logicamente dentro do campo de instituições civis internacionais como as Nações Unidas. Por que então a plutocracia dos Estados Unidos, usando a OTAN, agora tenta suplantar as Nações Unidas e outras agencias internacionais? A razão é que devido à crescente influência de novos jogadores internacionais, como o Brasil, a África do Sul, a Turquia, o Irã e a Venezuela as Nações Unidas não são mais tão subservientes às ambições globais dos Estados Unidos como antes. Planejando o emprego da máquina militar imperial da OTAN em vez das instituições multilaterais como as Nações Unidas expõe, mais uma vez, a falsidade das alegações dos Estados Unidos de que pretendem espalhar a democracia no mundo.
Além disso, as expandidas “responsabilidades globais” da OTAN dariam à máquina imperial militar dos Estados Unidos novas desculpas para intervenção militar unilateral. Da mesma forma, tais aventuras militares também dariam ao complexo industrial-militar-de segurança dos Estados Unidos argumentos para a contínua expansão do orçamento do Pentágono.
A expansão da OTAN para incluir a maior parte da Europa oriental levou a Rússia, que cortou os gastos militares durante os anos 90, na esperança de que, depois da queda do muro de Berlim, os Estados Unidos fizessem o mesmo, a voltar a expandir os gastos militares. Em resposta à escalada de gastos militares dos Estados Unidos, que quase triplicaram nos últimos dez anos (de 295 bilhões de dólares sob George W. Bush, que chegou à Casa Branca em janeiro de 2001, para o número atual de quase um trilhão de dólares), a Rússia também aumentou drasticamente seus gastos militares no mesmo período (de cerca de 22 bilhões de dólares em 2000 para 61 bilhões de dólares hoje).
Da mesma forma, o cerco militar dos Estados Unidos à China (através de várias alianças e parcerias que vão do Paquistão ao Afeganistão, da Índia ao mar do Sul da China/Sudeste da Ásia, Taiwan, Coréia do Sul, Japão, Camboja, Malásia, Nova Zelândia e mais recentemente Vietnã) levou aquele país a fortalecer ainda mais suas capacidades militares.
Assim como as ambições militares e geopolíticas dos Estados Unidos levaram a Rússia e a China a reforçar suas capacidades militares, também levaram outros países como o Irã, a Venezuela e a Coréia do Norte a fortalecerem suas forças armadas e seu preparo militar.
O militarismo agressivo dos Estados Unidos não só força seus “adversários” a alocar uma parcela grande e desproporcional de recursos preciosos em gastos militares, mas também coage “aliados” a embarcar no caminho da militarização. Assim, países como o Japão e a Alemanha, cujas capacidades militares foram reduzidas para posturas puramente defensivas depois das atrocidades da Segunda Guerra Mundial, mais uma vez estão se remilitarizando sob o ímpeto do que estrategistas militares dos Estados Unidos chamam de “necessidade de dividir o encargo da segurança global”. Assim, enquanto a Alemanha e o Japão ainda operam sob “constituições da paz”, seus gastos militares em escala global agora estão em sexto e sétimo lugares (atrás de Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia).
A militarização do mundo promovida pelos Estados Unidos (tanto diretamente, através da expansão de seu aparato militar no mundo, como indiretamente, ao forçar tanto “amigos” como “inimigos” a se militarizar) tem um número de consequências ameaçadoras para a maioria da população do mundo.
De uma parte, é motivo para que uma grande fatia dos recursos do mundo, redundante e desproporcional, seja aplicada em guerra, militarismo e na produção dos meios de guerra e destruição. Obviamente, este uso ineficiente e em benefício de uma classe de recursos públicos causa acúmulo da dívida nacional, mas também representa riqueza para os que lucram com a guerra, ou seja, os beneficiários do capital militar e do capital financeiro.
De outra parte, para justificar a alocação distorcida da parte do leão dos recursos nacionais em gastos militares, os beneficiários dos dividendos da guerra tendem a criar medo, suspeita e hostilidade entre os povos e nações do mundo, assim plantando as sementes da guerra, dos conflitos internacionais e da instabilidade global.
Em terceiro lugar, da mesma forma que os poderosos beneficiários da guerra e do capital militar-de segurança tendem a promover a suspeita para criar medo e inventar inimigos, tanto em casa quanto fora, eles também solapam os valores democráticos e nutrem o governo autoritário. Quando os interesses militares-industriais-de segurança-financeiros acreditam que as normas democráticas de transparência prejudicam seus objetivos nefastos de enriquecimento, eles criam pretextos para o segredo, a “segurança”, o governo militar e o estado policial. Esconder o assalto ao tesouro público em nome da segurança nacional requer a restrição da informação, a obstrução da transparência e limites à democracia.
Por isso, sob a influência cleptocrática de poderosos interesses investidos nas indústrias militar-de segurança-financeira, o governo dos Estados Unidos se tornou uma ameaçadora força de desestabilização, obstrução, regressão e autoritarismo.
Ismael Hossein-zadeh, autor de The Political Economy of U.S. Militarism (Palgrave-Macmillan 2007), é professor de economia da Drake University, Des Moines, Iowa.
PS do Viomundo: A militarização do combate ao tráfico de drogas, no Brasil, é um pequeno passo que faz vibrar a indústria da segurança. Os fornecedores de uniformes, de blindados, de cassetetes e escudos, de mace e gás pimenta, de câmeras de vigilância e algemas agradecem. Guerra permanente, eterna, contra qualquer inimigo. Para vender coturno, vender farda preta, vender veículos aéreos não tripulados, vender… vender… vender. Faça sua parte: bata palma para o BOPE!


Panorama dos direitos humanos no Brasil

Relatório aponta que país ainda está longe de garantir direitos básicos como educação e acesso à terra. Situação é agravada com casos de tortura, trabalho escravo e violência às mulheres. 15/12/2010
Raquel Júnia (www.brasildefato.com.br)


EPSJV/Fiocruz

Às vésperas do Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi lançado o relatório Direitos Humanos no Brasil 2010, no último dia sete de dezembro. O documento revela o quanto o país precisa avançar na garantia de direitos às populações. Em 26 artigos e 216 páginas, o relatório denuncia, por exemplo, que em todo o sistema prisional em junho de 2009 havia 111 pedagogos e 329 professores, para um total de mais de 75 mil servidores penitenciários, o que demonstra o descaso com a educação e a supervalorização do controle. Ou que metade das denúncias de trabalho escravo não produziu fiscalização; ou ainda que uma série de manobras jurídicas tem sido usada contra trabalhadores que insistem em fazer uso do direito de greve, previsto na Constituição, o que tem resultado em multas para os sindicatos e demissão de trabalhadores.
O relatório é produzido pela Rede de Justiça e Direitos Humanos há 11 anos, durante os quais mais de 120 instituições públicas, movimentos sociais, organizações não governamentais, sindicatos e grupos de pesquisa contribuíram. Nesta 11ª edição, colaboraram mais de 20 organizações. "Algumas demandas centrais e históricas não foram atingidas e permanecem nesse relatório. Principalmente em relação à questão da terra, tanto da reforma agrária, quanto da demarcação de terras indígenas e quilombolas, avaliamos que esse tema poderia ter avançado, mas é uma questão que o governo Lula não deu conta de atender. Então, houve um consenso em incluir a questão rural, que permanece um problema no Brasil", sintetiza a coordenadora da Rede de Justiça e Direitos Humanos e uma das organizadoras do relatório, Maria Luisa Mendonça.
Ela explica que, além da questão agrária, há temas recorrentes no relatório em todos esses anos, como o trabalho escravo, a violência urbana, o direito à educação. Além disso, de acordo com a conjuntura vivida, outros temas são incluídos - é o caso do debate sobre os direitos reprodutivos e a violência contra a mulher, intensificados este ano diante da despolitização do processo eleitoral sobre o tema. O tema da segurança pública também foi potencializado. "O relatório trata da violência urbana e como isso tem sido banalizado. Nós vimos claramente isso agora com a situação no Rio de Janeiro, a violência policial sendo aplaudida pela população. Percebemos que, apesar dos avanços que conseguimos colocando essa agenda dos direitos humanos para a sociedade, ainda permanecem resquícios da ideia reacionária de que direitos humanos é defesa de bandido. Então, temos que continuar fazendo este debate", afirma Maria Luisa.

Educação nas prisões
Por meio de um artigo dos pesquisadores Mariângela Graciano e Sergio Haddad, da ONG Ação Educativa, a publicação aborda o descaso com a educação dentro dos presídios. Os autores relatam as várias barreiras que os educadores encontram dentro dos presídios para exercerem seu trabalho e o quanto são em número reduzido. "Um dos aspectos da educação no Brasil em que a violação de direitos é uma das mais graves é o que ocorre nas prisões. Esquecida por muitos anos, não reconhecida como um direito, ofertada para poucos, com baixa qualidade, são apenas algumas das características da educação prisional", explicam.
Os dados apresentados no artigo mostram que 65,7% da população carcerária brasileira não concluiu o ensino fundamental.A grande maioria dessa população é masculina, mais de 56% tem menos de 29 anos e é negra. "A Lei de Execução Penal determina que a assistência ao preso e ao internado seja dever do Estado - objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade - e que essa assistência seja material, incluindo os campos da saúde, assistência jurídica e formação educacional, social e religiosa", salientam os autores. Para eles, entretanto, os indicadores fornecidos pelo próprio Ministério da Justiça revelam que essa assistência no campo educacional não é colocada em prática, já que em junho de 2009 apenas 8,4% da população carcerária freqüentava atividades de educação escolar.
O baixo número de profissionais ligados à educação também mostram que o tema não é considerado de relevância dentro do sistema penitenciário, os professores e pedagogos correspondem a 0,4% e a 0,1% dos servidores penitenciários. "Depoimentos de professores vinculados a redes públicas de ensino, e também de educadores de ONGs que atuam nas prisões, demonstram que estes profissionais enfrentam dificuldades para a realização de seu trabalho, sendo constantemente constrangidos pelas regras, muitas vezes arbitrárias, de segurança. Não há instâncias para acolher as violações sofridas e presenciadas por educadoras/es, e relatos indicam que a educação é subordinada à área de segurança", relatam os pesquisadores. De acordo com eles, muitas vezes as aulas são suspensas sem justificativas concretas.
Mariângela e Sergio também apontam que as normas que regem o tema não são claras quanto ao dever do Estado de garantir a educação escolar nas prisões. Apesar disso, eles consideram um avanço a aprovação recente pelo Conselho Nacional de Educação das Diretrizes Curriculares para Educação nas Prisões, mas ressalvam: "a implementação de tais diretrizes depende da vontade política e, principalmente, da mobilização da sociedade civil nos estados. É preciso a união de esforços das organizações do campo da educação e dos direitos humanos para evitar que o sistema carcerário se adapte a mais essa norma".

Greves reprimidas
Maria Luisa Mendonça explica que o tema do trabalho é sempre recorrente no relatório e que neste ano, além das denúncias de que há muito o que fiscalizar em relação a trabalho escravo no Brasil, outra análise também foi feita - a do direito dos trabalhadores em se organizar para pressionar por melhores condições de trabalho. "Por um lado houve um aumento do emprego no Brasil e inclusive o aumento das greves, porque o aumento do emprego propicia também que o movimento sindical se organize, organize greves e reivindique seus direitos. Mas por outro lado, permanece uma criminalização das greves, que são tratadas como se fossem um problema para a população. O judiciário aplica multas enormes a sindicatos. Na prática, não existe direito a greve no Brasil. Apesar de ser reconhecido, na prática ele não é cumprido", destaca a pesquisadora.
No artigo As novas formas de repressão a greves, Ricardo Gebrim e Thiago Barison, destacam que os artigos 522 e 543 da CLT, que tratam da estabilidade dos dirigentes sindicais foram sendo reabilitados pelo poder judiciário, apesar de revogados com a Constituição de 1988. Os autores explicam qual a consequência disso para os trabalhadores: "por tais dispositivos, coerentes com um regime jurídico de atrelamento dos sindicatos ao Estado, somente um máximo de sete diretores e mais três membros do conselho fiscal são protegidos contra a dispensa sem justa causa. Além de ser um número que não guarda relação alguma com o tamanho da categoria e sua dispersão espacial, restaram excluídos dessa proteção os delegados de base. Vale dizer, qualquer outro trabalhador que se empenhe mais ativamente na organização do movimento grevista corre o risco da dispensa. Em categorias volumosas, esse obstáculo pode inviabilizar, na prática, a organização de uma greve", criticam.
Os autores citam também várias outras afrontas ao direito dos trabalhadores a se organizarem, casos de quantias volumosas que os sindicatos foram condenados a pagar por dias parados, proibições diversas e o fato do Supremo Tribunal Federal ter considerado constitucional a Lei de Greve e estendê-la a servidores públicos civis. "O Ministério Público e o Judiciário passaram a impor às greves com capacidade de causar transtornos - as únicas efetivas - a exigência de retorno ao trabalho para 80% da categoria e, em algumas atividades ou horários, para 100%, sob pena de multa diária de R$ 100 mil4 ao sindicato, tal como o experimentaram os petroleiros. O verniz benfazejo e democrático é pincelado à multa ao destiná-la a instituições filantrópicas, universidades e hospitais", relatam.
Para os pesquisadores, só é possível que os trabalhadores se contraponham a esta lógica se estiverem unidos. "Isoladamente, nenhuma categoria tem condições de enfrentar essa blindagem jurídica. Mas o seu surgimento claro no cenário político não é senão o primeiro passo para sua superação, rumo a um regime jurídico da greve e das lutas sociais mais democrático e capaz de nos conduzir aos objetivos que outrora esses mesmos trabalhadores contribuíram para inscrever na Carta Magna", concluem.

Contradições
Se houve avanços nos dois mandatos do presidente Lula com relação aos direitos humanos, este período de oito anos também foi marcado por contradições. Para Maria Luisa, muitas das análises contidas no relatório mostram isso. "Nesse próprio debate do Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH 3), vimos que há setores no governo que são aliados nossos e que fazem esforços para avançar nesses temas. E o PNDH 3 foi muito simbólico em relação a essa proposta de abertura dos arquivos da ditadura, o tema dos direitos reprodutivos, trazia algumas propostas de avanço. Mas ao mesmo tempo houve também um recuo, um ataque da direita que fez o governo recuar em vários temas. Então, é um processo marcado por grandes contradições, que continuamente temos que tentar superar, mas permanece como um desafio", avalia.
A pesquisadora acredita que é preciso intensificar a disputa pelo conceito de direitos humanos e que, apesar de as pessoas já o compreenderem, em vários momentos há retrocessos. "Tentamos mostrar que os direitos humanos são parte do nosso dia a dia, o direito ao trabalho, à educação, à saúde, à moradia. Os direitos humanos tem que ser visto a partir dessa ideia mais ampla. Mas vira e mexe volta esse discurso reacionário, como vimos no Rio de Janeiro, da repressão e violência como necessárias. É uma batalha constante que temos que fazer", afirma.
Para Maria Luisa, apesar de o Brasil ter em vários aspectos uma legislação adequada, isso não é suficiente para a garantia dos direitos. "A concretude da batalha jurídica depende muito mais da capacidade de organização da sociedade. O relatório é um instrumento de informação, de educação, mas na verdade, este é um processo que demanda organização em torno desses temas e correlação de forças políticas", conclui.



Estou divulgando criação da ACADEMIA FERROVIÁRIA DE LETRAS, cuja Assembléia Geral de Constituição foi realizada no dia 11 de dezembro corrente, no Auditório Barão de Mauá / Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro - RJ. O endereço da Academia é Rua Cosme Velho, 513 - Parte, no Bairro do Cosme Velho – Rio de Janeiro – Estado do Rio de Janeiro – CEP. 22241-090


A AFL tem por finalidade preservar, valorizar e difundir a cultura ferroviária, com ênfase especial nos seus componentes literários, organizando, promovendo e apoiando as seguintes ações, entre outras:
I. congregar autores de obras literárias com temática ferroviária;
II. estruturar, organizar, desenvolver e apoiar programas projetos e atividades
culturais e educacionais no campo da literatura ferroviária;
III. fomentar, apoiar e desenvolver projetos de pesquisa e estudos bibliográficos;
IV. promover e apoiar conferências, palestras, seminários, simpósios, congressos, encontros técnicos, feiras literárias, cursos e atividades análogas;
V. fomentar, apoiar, editar e difundir publicações temáticas ferroviárias;
VI. incentivar e apoiar a criação de centros culturais, museus, bibliotecas,
videotecas, centros de documentação, bancos de dados e outros espaços
culturais;
VII. articular ações com universidades, instituições educacionais e culturais em
geral, prefeituras municipais, empresas e órgãos públicos, fundações,
autarquias, empresas privadas e entidades de preservação do patrimônio
histórico, nacionais, regionais, estaduais ou locais, para o desenvolvimento de
parcerias e projetos em conjunto;
VIII. promover e apoiar programas, projetos e atividades de intercâmbio e difusão de literatura em prosa e verso, com temática ferroviária;
IX. elaborar e encaminhar, como proponente, projetos para enquadramento nas
leis federal, estaduais e municipais de incentivo à cultura;
X. captar recursos para patrocínios, doações ou apoio a programas, projetos e
atividades culturais;
XI. editar e divulgar informativos eletrônicos e impressos;
XII. realizar outras atividades correlatas.





A Associação Brasileira de Ensino de História (ABEH) e a Comissão Organizadora do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH) têm o prazer de convidar - pesquisadores, professores, estudantes -, para participar desse encontro intitulado América Latina em perspectiva: culturas, memórias e saberes, que acontecerá no campus da Universidade Federal de Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, nos dias 18, 19 e 20 de abril de 2011.
O IX ENPEH pretende dar continuidade aos encontros que se realizam no Brasil desde 1993, que se firmaram sobre a discussão dos fundamentos teóricos e metodológicos das pesquisas realizadas sobre Ensino de História, na interface com a Educação e a História. Como resultado desse movimento e do significativo acúmulo de conhecimentos produzidos sobre o ensino de História nos cursos de pós-graduação, constata-se a crescente definição de objetos, fontes, metodologias e diálogos interdisciplinares.
Este evento tem por objetivos principais:
- dar continuidade ao debate teórico e metodológico existente em âmbito nacional;
- estimular, na perspectiva interdisciplinar, os espaços de discussão sobre as pesquisas no ensino de História nas Américas;
- assegurar a produção e difusão do conhecimento sobre Educação, História e o seu ensino, nos âmbitos nacional, latino-americano e internacional;
- criar espaços privilegiados para o diálogo entre os diversos Grupos de Pesquisa(GPs).
Nesse sentido, entendemos que as relações existentes entre a educação e a história são híbridas e, como tais, complexas. Sua complexidade advém das dimensões de nosso campo investigativo, que abrange dados empíricos e teóricos provenientes de áreas distintas, com especificidades próprias. Portanto, o nosso objetivo com a criação do espaço destinado ao diálogo entre grupos de pesquisa é ampliar esse campo investigativo.
América Latina em Perspectiva: culturas, memórias e saberes articula-se às temáticas presentes sobre o ensino de História no Brasil, e na confiança do estreitamento das relações entre os pesquisadores latino-americanos. No âmbito das preocupações educacionais, inspiramo-nos nos princípios de integração, solidariedade e múltiplas identidades das nações latino-americanas, que, temos certeza, têm no conhecimento e no respeito mútuo um dos seus mais importantes pilares

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Numero 257




Wikileaks continua sendo o assunto do dia. À medida em que novos telegramas passam ao conhecimento dos leitores de alguns jornais e de blogs, confirma-se o que sugeri na semana atrasada aqui: que não eram apenas “fofocas”, pelo contrário, temos uma gama muito interessante de assuntos que dizem respeito ao mundo inteiro e, inclusive, ao Brasil. Um artigo do nosso colaborador José de Souza Castro elucida mais alguns pontos. E ficamos sabendo, inclusive, dos planos que o Serra tinha para o pré-sal, todos de total apoio dos EUA, claro. Indico mais um punhado de links para você, leitor(a) poder entender as razões da prisão do responsável pelo Wikileaks.
Há, ainda, neste Boletim, um artigo do Rudá Ricci sobre as diretrizes do Mec para o ensino fundamental e um da Anita Leocádia Prestes sobre os historiadores comprometidos com as lutas populares.




Wikeleaks é mais que conversa de cabeleireiras
José de Souza Castro

Estamos em plena temporada de caça ao Wikileaks. Os blogs que se cuidem, poderá sobrar chumbo também para eles. Por enquanto, duas coisas estão certas: o fundador do Wikileaks, Julian Assange, está preso na Inglaterra e poderá ser deportado para a Suécia, onde foi denunciado pela cubana Ana Ardin. Segundo o jornalista Renato Pompeu, em Caros Amigos, a moça trabalhou para a ONG anticastrista Miscelánia Cubana, financiada pela CIA.
O crime atribuído a Assange: em meio a uma sessão de sexo consensual com uma mulher, durante o ato a camisinha foi retirada, o que na Suécia é equivalente ao estupro, e dá dois anos de prisão.
Parece ridículo, mas nem tanto. A caçada é coisa de gente grande. Começa pela desmoralização de Assange e prossegue com a ridicularização do próprio vazamento dos cerca de 250 mil telegramas diplomáticos – está certo, não são mais telegramas, mas o nome dado aos despachos não mudou.
Esse é um trabalho reservado a jornalistas. (E essa é a segunda coisa certa, de que falei no primeiro parágrafo.) Ninguém melhor para a tarefa do que o jornalista português João Pereira Coutinho, colunista da “Folha de S. Paulo” e do “Correio da Manhã”, de Lisboa. Ele arregaçou as mangas, e no dia 7 de dezembro o jornalão paulista publicou artigo intitulado “Conversa de cabeleireiras”, logo reproduzido pelo colunista da “Veja” Augusto Nunes em seu blog e por muitos outros simpatizantes do Tio Sam. Apesar do Coutinho afirmar, em seu sítio (que é como os portugueses chamam o “site”), com um ar de menosprezo, que não lê blogs. Bem ao contrário dos homens da CIA que levam os blogs a sério.
Trecho do artigo de Coutinho:
“Desilusão. Indigestão. A WikiLeaks soltou mais de 250 mil telegramas do Departamento de Estado norte-americano, e a comida é rançosa. Eu esperava um complô de Washington para dominar o mundo. O império do mal é o império do mal.
Encontro conversa de cabeleireiras. Cristina Kirchner é mentalmente instável (bocejo). Chávez é louco (idem). Berlusconi gosta de orgias (abençoado homem). Gaddafi é “hipocondríaco” (bem-vindo ao clube) e gosta de viajar acompanhado por uma “voluptuosa” enfermeira ucraniana (partilha, irmão, partilha). Sarkozy é “irritadiço” e “autoritário” (é sério?). Putin e Medvedev são o “Batman” e o “Robin” da política internacional (mas que gay!).
Quero o meu dinheiro de volta. Se os segredos da diplomacia americana se resumem a isso, eu começo a temer pelo futuro do império do mal. Ou será do bem?
Aliás, não temo apenas pelo futuro da América. Temo pelo futuro do próprio jornalismo. Tempos houve em que os jornalistas tinham a nobre função de vigiar e criticar o poder. Uma tarefa necessária, solitária, tantas vezes perigosa, que implicava “pesquisa”, “filtragem”, “interpretação”. Uma fonte era uma fonte. O início do processo, não o seu fim preguiçoso.
Com a WikiLeaks, o jornalismo transformou-se no latão de lixo de um delinquente cibernético. Não existe “pesquisa”, “filtragem” ou “interpretação” alguma. Os jornalistas foram cúmplices da pirataria e da espionagem de um foragido. De Watergate para a WikiLeaks: o meu reino não é mais deste mundo.”
Fim da citação, e hora de apontar as principais falhas de raciocínio do português. Para isso, nada melhor que esses esclarecimentos de Renato Pompeu:
“A opinião pública em geral tende a imaginar que estão ao alcance de qualquer pessoa 250 mil cabogramas de diplomatas americanos em todos os países enviados ao Departamento de Estado em Washington. Mas a verdade é que só uma pequena parte disso está à disposição de qualquer pessoa na Internet. Da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, por exemplo, na primeira semana só estavam disponíveis na primeira semana uns poucos cabogramas, menos de dez. E mais, nem sempre é possível acessar o site, porque são frequentes as vezes em que ele não está no ar.
Mesmo se estivesse tudo no ar, à disposição de toda e qualquer pessoa, a importância ainda seria relativa. A revista “Carta Capital” informou que o WikiLeaks teve acesso à rede internética do Departamento de Estado, disponível normalmente para 2,5 milhões de pessoas no mundo inteiro, e não às redes dos órgãos de segurança nacional dos EUA, disponíveis normalmente para 850 mil pessoas no mundo todo. As informações cruciais, evidentemente, nunca entram no formato eletrônico.
Além dos cabogramas revelados no site, o WikiLeaks também disponibiliza pequenas cotas exclusivas a jornais, revistas e sites do mundo inteiro. A “Folha de S. Paulo”, por exemplo, recebeu uma cota de 53 cabogramas, que só ela pode divulgar, pelo menos no Brasil. Em suma, 53 dos alardeados 1.800 cabogramas emanados da Embaixada dos EUA em Brasília.”
Portanto, digo eu, não é possível que Coutinho tenha tomado conhecimento dos mais de 250 mil telegramas, a ponto de ter indigestão. Supondo que ele tenha lido todos os já publicados, ele teria percebido – se não estivesse a fim de anunciar o fim do jornalismo, começando por si mesmo – que nada foi publicado pela imprensa sem passar por “pesquisa”, “filtragem” ou “interpretação”.
Quando se quer distorcer um fato, o céu é o limite.
É preciso esperar bastante tempo ainda para saber se alguns daqueles 250 mil telegramas são mais sérios do que “conversa de cabeleireiras”. Pessoalmente, acho que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ainda não deu explicações razoáveis para as conversas que teve com o embaixador dos Estados Unidos relacionadas com seu colega no ministério e com o presidente boliviano. Mas, como ninguém cobra dele explicações, essa, certamente, entra no rol das conversas de cabeleireira.
Enquanto isso, eu continuo curioso sobre o conteúdo daqueles cabogramas, datados desde 1966. Como escreveu Renato Pompeu: “Eu estou particularmente interessado em saber o que a Embaixada americana informou a Washington sobre as torturas a presos políticos durante o regime militar brasileiro e os assassínios e ‘desaparecimentos’ de oposicionistas.”


fonte: www.viomundo.com.br
13 de dezembro de 2010 às 8:41
Serra prometeu a petroleira americana mudar regras do pré-sal se vencesse eleição
Petroleiras americanas eram contra novas regras para pré-sal
por JULIANA ROCHA, Folha.com
DE BRASÍLIA
As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009 obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.
“Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.
O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem “senso de urgência”. Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: “Vocês vão e voltam”.
A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho “A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?”.
O governo alterou o modelo de exploração — que desde 1997 era baseado em concessões –, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos. A regra foi aprovada na Câmara este mês.
A Folha teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.
Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como “operadora chefe” também é relatado com preocupação.
O consultado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam “turbinar” a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
O consulado cita que o Brasil se tornará um “player” importante no mercado de energia internacional.
Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque “o PMDB precisa de uma companhia”.
Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA, na época da descoberta do pré-sal, causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.



WikiLeaks mostrou ao mundo helicóptero americano assassinando civis no Iraque
Posted: 09 Dec 2010 05:42 AM PST
As imagens são fortes. Mas para os pilotos parece apenas mais um videogame. Por isso eu separei em dois vídeos: o primeiro, editado por mim. O segundo, mais completo, onde se vê crianças sendo metralhadas pelo helicóptero americano Apache, em 2007, Bagdá, Iraque. O vídeo foi divulgado pelo WikiLeaks em abril deste ano, e horrorizou o mundo.
Leia e veja em
http://blogdomello.blogspot.com/2010/12/wikileaks-mostrou-ao-mundo-helicoptero.html



Dissemine WikiLeaks. Seu futuro está em jogo.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1749

Por que o mundo precisa do WikiLeaks
Asssista entrevista com o criador Julian Assange.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1754


O bom combate
Chico Villela
O que está em jogo é a liberdade de expressão na Internet.
http://novae.inf.br/blog/?p=891


O 1º preso político global da internet e a Intifada eletrônica
Idelber Avelar - Julian Assange é o primeiro geek caçado globalmente: pela superpotência militar, por seus estados satélite e pelas principais polícias do mundo. É um australiano cuja atividade na internet catupultou-o de volta à vida real com outra cidadania, a de uma espécie de palestino sem passaporte ou entrada em nenhum lugar.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1753


Piratas vingadores e espiões em diligência
O caso WikiLeaks tem uma dupla leitura. Por um lado, revela-se um escândalo aparente, um escândalo que só escandaliza por causa da hipocrisia que rege as relações entre os Estados, os cidadãos e a Comunicação Social. Por outro, anuncia profundas alterações a nível internacional e prefigura um futuro dominado pela recessão.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1752


A verdade ganhará sempre
A WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. Por Julian Assange, publicado no The Australian. Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor de The News de Adelaide, escreveu: “na corrida entre segredo e verdade, parece inevitável que a verdade ganhe sempre”.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1751


Uma revolução começou — e será digitalizada
A diplomacia sempre incluiu jantares com as elites dominantes, acertos de bastidores e encontros clandestinos. Agora, na era digital, os relatos de todas estas festas e diálogos aristocráticos pode ser reunido numa enorme base de dados. Uma vez recolhidos em formato digital, é muito fácil compartilhá-los.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1750


O que a mídia ainda não viu em WikiLeaks
[Por David Brook] Começo por sugerir que políticos e jornalistas a pedir a cabeça de Julian Assange numa bandeja são como brincadeira de criança para ele. Enquanto todos os olhos rastreiam o misterioso albino internacional, a infraestrutura humana e física de um movimento muito maior e mais amplo, mais difuso, continua a crescer e a consolidar-se bem longe dos holofotes. Se Assange for assassinado amanhã, se todos os servidores de WikiLeaks forem desligados por algumas horas, ou dias, ou para sempre, nada de fundamental de fato mudará.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1748


EUA e a “Estratégia dos 5 Pilares”, do Mossad, para o Irã
[Por Farhang Jahanpour] O mais alarmante, no pacote de arquivos recentemente vazados por WikiLeaks, é o quanto os políticos norte-americanos e seus aliados israelenses vivem obcecados com o Irã. Ninguém fala das colônias israelenses na Cisjordânia, na invasão israelense ao Líbano, dos crimes de guerra em Gaza, do ataque à Flotilha da Paz, do arsenal de centenas de ogivas atômicas que se acumulam em Israel. Todos só falam sobre e pensam em e preocupam-se com o enriquecimento de urânio no Irã. É como se o único problema fosse decidir quem – Israel ou os EUA – atacará primeiro o Irã.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1747


Wikileaks e os arquivos secretos da guerra afegã
[Antonio Martins] Como uma ferramenta colaborativa da internet revelou o desastre militar que Washington tenta ocultar — e está perturbando poderes econômicos e políticos, ao tornar públicos seus segredos.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1551



Enviado por Guilherme Souto:

www.brasilianas.org
A educação brasileira no Le Monde
Enviado por luisnassif, qua, 08/12/2010 - 14:17
Da BBC Brasil
Desigualdade na educação 'é calcanhar de Aquiles do Brasil', diz jornal
Uma análise publicada nesta quarta-feira pelo jornal francês Le Monde afirma que as desigualdades no sistema educacional são o "calcanhar de Aquiles do Brasil".
Intitulado "As desigualdades da educação, calcanhar de Aquiles do Brasil", o artigo repercute o resultado de um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coloca o nível educacional do Brasil no mesmo nível de Trinidad e Tobago.
"Elogiado por seus inúmeros progressos nos campos econômico e social, o Brasil permanece estagnado em uma área crucial: a educação", diz o texto.
A análise nota que o país conseguiu "praticamente vencer" o analfabetismo entre os mais jovens, mas "continua a castigar um em cada dez brasileiros de 15 a 17 anos". "Na prática, a escolarização não é universal."
Para o jornal francês, "o marasmo brasileiro é resultado em parte da democratização do ensino promovida nos anos 1990. O afluxo de milhões de novas crianças levou a uma queda no nível de ensino, acentuada pela rejeição a expulsar os piores estudantes de das escolas".
"A mediocridade do ensino público está no centro do problema", diz o texto, segundo o qual "os professores são mal formados e mal pagos". "Muitos têm pouca bagagem escolar e experiência", afirma o Monde.
Além disso, "a estrutura federal do Brasil – em três escalões – agrava esses fenômenos" ao criar mais burocracia e abrir espaço para a corrupção no setor.
"Assim se perpetua, com algumas exceções, um ensino de base em dois níveis: público, gratuito, muitas vezes em estado de calamidade, para as crianças das famílias pobres; privado, pago, de bom nível, para os filhos das famílias abastadas, mais bem preparados para o vestibular e gozar do terceiro ciclo e dos centros de pesquisa financiados com dinheiro público", descreve o vespertino francês.
O jornal avalia que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ensaiou algumas ações, "reais, embora tardias e insuficientes". Exemplo disso é o orçamento da saúde, que "tem crescido, mas permanece muito longe, em termos per capita, dos níveis do Chile ou a Argentina", lista o artigo.
"O Brasil tomou consciência do seu calcanhar de Aquiles diante de uma dupla urgência, econômica e social. De um lado, seu forte crescimento obriga à formação da mão-de-obra qualificada que lhe falta, sob pena de perder competitividade. De outro, uma classe média em plena ascensão reivindica seu direito ao conhecimento, chave de um futuro melhor", avalia o vespertino francês.
"Esta dupla necessidade deveria incitar a presidente eleita, Dilma Rousseff, a prolongar o ciclo virtuoso que mal começou a ser esboçado sob o governo de seu predecessor."




O historiador comprometido com as lutas populares perante a história oficial
Aos intelectuais comprometidos cabe a missão de contribuir para a formação tanto de militantes combativos quanto de lideranças
03/12/2010
Anita Leocádia Prestes http://www.brasildefato.com.br/node/5205

Não existe História neutra ou História que seja uma mera reprodução dos fatos ocorridos em determinado momento histórico. O fato histórico é sempre uma escolha do historiador, um recorte feito por ele e que reflete sua subjetividade, seu posicionamento diante do mundo e daquela realidade que está sendo por ele descrita. Não há duas narrativas de um mesmo acontecimento que sejam iguais ou coincidentes. A História é uma construção, construção esta que pode ter maior ou menor compromisso com a evidência, mas na qual existe sempre uma carga indiscutível de subjetividade.
Numa sociedade atravessada, e movida, por conflitos sociais, ou seja, numa sociedade onde há explorados e exploradores, onde há, portanto, classes antagônicas, a História é sempre uma construção que reflete os interesses dos grupos sociais dominantes, que controlam os meios de comunicação. Em outras palavras, a História é uma construção das classes sociais que detém o poder e os meios de comunicação. E isso é verdade, mesmo quando tal situação é mascarada, não estando explicitada, quando não é evidente.
Por isso mesmo, o historiador, aquele que se propõe a compreender e explicar os fenômenos que têm lugar nas sociedades humanas, precisa ser um questionador, uma vez que ele, sendo um personagem do seu tempo, inserido em determinada sociedade de uma determinada época, não é nem pode ser neutro. No máximo, conseguirá manter uma neutralidade aparente.
Nos dias de hoje, a luta ideológica é a principal forma da luta de classes, que não deixará de existir enquanto perdurarem o capitalismo e a exploração do homem pelo homem. As classes dominantes buscam a hegemonia através do consenso. Mas, quando necessário, apelam para a coerção.
Eis a razão por que a elaboração da História Oficial adquire uma importância crescente nas sociedades contemporâneas. Trata-se de proclamar e difundir as vitórias e os sucessos alcançados pelos donos do poder, de hoje e do passado, nos permanentes conflitos sociais presentes na história mundial. Trata-se de consagrar o capitalismo. Em contrapartida, os ideais e as lutas dos setores, que não obtiveram êxito em seus propósitos revolucionários e transformadores e, muitas vezes, sofreram duras derrotas, são, segundo a lógica da História Oficial, esquecidos, silenciados, deturpados e combatidos. Em nossas sociedades contemporâneas, são os intelectuais comprometidos com a burguesia que cumprem a função de produzir tal História Oficial. Dessa forma, são consagradas inúmeras deformações históricas, inúmeras inverdades históricas e silenciados numerosos acontecimentos que não são do interesse dos setores dominantes que sejam do conhecimento da grande maioria das pessoas e, em particular, das novas gerações.
Entretanto, a hegemonia das classes dominantes nunca é absoluta, pois a exploração capitalista e o agravamento dos conflitos sociais levam ao surgimento de intelectuais comprometidos com os interesses dos trabalhadores, dos explorados e dos oprimidos. Observação fundamental para quem, como nós, quer contribuir para a construção de uma outra História, uma História comprometida com a evidência, uma História que possa, portanto, ajudar na elaboração de propostas libertadoras e de emancipação da grande maioria dos homens e mulheres explorados, oprimidos e subordinados na sociedade capitalista em que vivemos. O historiador comprometido com tal proposta – e também o professor de História, responsável pela formação das novas gerações – poderá transformar-se num intelectual a serviço dos interesses populares, dos interesses da maioria do povo brasileiro, se estiver atento para a postura militante que deve assumir diante da História Oficial, produzida pelos intelectuais comprometidos com a burguesia.
Nesse esforço, parece-me importante resgatar a memória daqueles que lutaram por justiça social, mas não conseguiram alcançar a vitória, deixando, entretanto um legado importante para as gerações subsequentes. A respeito, gostaria de citar dois autores – o poeta francês e resistente durante a ocupação nazista da França, Paul Eluard e o intelectual inglês do final do séc. 19, William Morris :
Paul Eluard: “Ainda que não tivesse tido, em toda minha vida, mais do que um único momento de esperança, teria travado este combate. Inclusive, se hei de perdê-lo, outros o ganharão. Todos os outros.”
William Morris: “A Comuna de Paris não é senão um elo na luta que teve lugar ao longo da história dos oprimidos contra os opressores; e, sem todas as derrotas do passado, não teríamos a esperança de uma vitória final.”
Finalmente, gostaria de destacar o papel dos intelectuais – e, em particular, dos historiadores e professores de História - junto aos movimentos populares, mas principalmente nas escolas, nas salas de aula e no trabalho de pesquisa histórica, no sentido de formar jovens questionadores, cidadãos que não aceitem o consenso dominante, que estejam dispostos a se contrapor à hegemonia dos setores dominantes. Aos intelectuais comprometidos com as lutas populares cabe a missão de contribuir para a formação tanto de militantes combativos quanto de lideranças orientadas para uma perspectiva de elaboração de uma alternativa de emancipação social para nosso povo, perspectiva que, a meu ver, só poderá ser socialista. Mas um socialismo que não seja “nem cópia nem decalque, mas sim criação heroica” do nosso povo, nas palavras de um grande revolucionário latino-americano - José Carlos Mariátegui.
Anita Leocádia Prestes é professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada de UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.



Fonte: www.rudaricci.blogspot.com

MEC define diretrizes para o Ensino Fundamental de 9 anos
O Ministério da Educação (MEC) homologou as diretrizes para o Ensino Fundamental de nove anos, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), tornando-se resolução número 7 de 2010. O texto deverá servir de base para a elaboração do currículo em todas as escolas do País já no início de 2011. O ponto central é a definição dos três primeiros anos do Esino Fundamental como um único ciclo, que não tenha reprovação, mas que não tenha aprovação automática. Trata-se de um imenso avanço, algo que venho propagandeando neste blog.

Sobre os Princípios:

Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito e discriminação.


Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos ambientais; de busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e outros benefícios; de exigência de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades; de redução da pobreza e das desigualdades sociais e regionais.


Estéticos: de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade; de enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade; de valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente as da cultura brasileira; de construção de identidades plurais e solidárias.

Objetivos

Propiciar o desenvolvimento do educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para que ele possa progredir no trabalho e em estudos posteriores, segundo o artigo 22 da Lei nº 9.394/96 (LDB), bem como os objetivos específicos dessa etapa da escolarização (artigo 32 da LDB), devem convergir para os princípios mais amplos que norteiam a Nação brasileira.

A peculiaridade desta etapa de desenvolvimento

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a criança desenvolve a capacidade de
representação, indispensável para a aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos e para a compreensão da realidade que a cerca, conhecimentos que se postulam para esse período da escolarização. O desenvolvimento da linguagem permite a ela reconstruir pela memória as suas ações e descrevê-las, bem como planejá-las, habilidades também necessárias às aprendizagens previstas para esse estágio. A aquisição da leitura e da escrita na escola, fortemente relacionada aos usos sociais da escrita nos ambientes familiares de onde veem as crianças, pode demandar tempos e esforços diferenciados entre os alunos da mesma faixa etária. A criança nessa fase tem maior interação nos espaços públicos, entre os quais se destaca a escola. Esse é, pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem das normas da conduta social, com ênfase no desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de aprendizagem.

Currículo

O acesso ao conhecimento escolar tem, portanto, dupla função: desenvolver habilidades intelectuais e criar atitudes e comportamentos necessários para a vida em sociedade. O aluno precisa aprender não apenas os conteúdos escolares, mas também saber se movimentar na instituição pelo conhecimento que adquire de seus valores, rituais e normas, ou seja, pela familiaridade com a cultura da escola.
O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger obrigatoriamente, conforme o artigo 26 da LDB, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso.

Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento:
I – Linguagens:
a) Língua Portuguesa
b) Língua materna, para populações indígenas
c) Língua Estrangeira moderna
d) Arte
e) Educação Física
II – Matemática
III – Ciências da Natureza
IV – Ciências Humanas:
a) História
b) Geografia
V - Ensino Religioso

O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua portuguesa, mas às
comunidades indígenas é assegurada também “a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (Constituição Federal, art. 210, §2º, e art. 32, §3º da LDB).



Alguns motivos para visitar o Café História:

MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

História da África para Download
Coleção “História Geral da África” ganha edição em língua portuguesa e pode ser baixado por qualquer pessoa através do site da Unesco. São mais de seis mil páginas que prometem melhorar ainda mais o ensino de história nas escolas brasileiras

História no volume Máximo
Registros textuais, imagens e até mesmo registros sonoros na íntegra. Saiba como a pesquisa histórica está sendo beneficiada por sites que disponibilizam importantes acervos

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Escolas vão receber material sobre as vítimas da ditadura
MPF pede que Arquivo Nacional facilite acesso a documentos da ditadura
Flamengo terá memorial em homenagem a Stuart Angel, morto durante a ditadura

VÍDEO EM DESTAQUE

Os 100 Anos da Revelta da Chibata
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/os-100-anos-da-revolta-da

Entrevista com o Historiador Carlos Guilherme Mota - Roda Viva
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/entrevista-com-o-historiador-2

Historiador José Murilo de Carvalho fala sobre a onda de violência no Rio de Janeiro
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/historiador-jose-murilo-de

Entrevista com Mark Zuckerberg, fundador do Facebook
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/entrevista-com-mark-zuckerberg

FÓRUNS EM DISCUSSÃO
Tortura: grupos militares criam obstáculos a investigação da justiça?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/tortura-grupos-militares-criam


Por que a Arqueologia é tão ignorada no Brasil?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/por-que-a-arqueologia-e-tao

Houve a presença de visigodos ou celtas nas Américas ?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/houve-a-presenca-de-visigodos

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