quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Numero 246

















Esta semana, véspera da eleição, não vou falar do Canadá, fica para o próximo número. Recebi tantos emails interessantes, com artigos ótimos a respeito da campanha, que entendo ser o momento de dedicar mais atenção ao pleito.

Comentei pouco sobre a eleição, concordo, mas foi uma opção. Eu já havia alertado para a podridão que iria aparecer na mídia, principalmente contra a candidatura da Dilma. E não deu outra. Foi tão ou mais sórdido do que a primeira campanha em que o Lula foi candidato. E creio que no ultimo debate, na Globo, as telinhas vão ficar sujas do esgoto criado para tentar chegar ao segundo turno. E se vier, mesmo, um segundo turno Dilma x Serra, prepare-se: a podridão será maior ainda!
Vamos aos artigos, então.



Esta carta me foi enviada por Leila Brito. Foi publicada, originalmente, nos blogs Viomundo, do Azenha e no Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim.

CARTA AO POVO BRASILEIRO

Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.
Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.
Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.
Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.
Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.
Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.
Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.
Como disse Goffredo em sua célebre Carta: Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.
ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio
AIRTON SEELAENDER – Professor da UFSC
ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP
ALEXANDRE DA MAIA – Professor da UFPE
ALYSSON LEANDRO MASCARO – Professor da USP
ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO – Professor Emérito da PUC-SP
CEZAR BRITTO – Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB
CELSO SANCHEZ VILARDI – Advogado
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO – Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF
DALMO DE ABREU DALLARI – Professor Emérito da USP
DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO – Professor da UFRJ
DIOGO R. COUTINHO – Professor da USP
ENZO BELLO – Professor da UFF
FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio
FELIPE SANTA CRUZ – Advogado e Presidente da CAARJ
FERNANDO FACURY SCAFF – Professor da UFPA e da USP
FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP
FRANCISCO GUIMARAENS – Professor da PUC-Rio
GILBERTO BERCOVICI – Professor Titular da USP
GISELE CITTADINO – Professora da PUC-Rio
GUSTAVO FERREIRA SANTOS – Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
GUSTAVO JUST – Professor da UFPE
HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB
HOMERO JUNGER MAFRA – Advogado e Presidente da OAB-ES
IGOR TAMASAUSKAS - Advogado
JARBAS VASCONCELOS – Advogado e Presidente da OAB-PA
JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco
JOÃO MAURÍCIO ADEODATO – Professor Titular da UFPE
JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
JOSÉ DIOGO BASTOS NETO – Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo
JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie
LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS
LUCIANA GRASSANO – Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE
LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP
LUÍS GUILHERME VIEIRA – Advogado
LUIZ ARMANDO BADIN – Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça
LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR
MARCELLO OLIVEIRA – Professor da PUC-Rio
MARCELO CATTONI – Professor da UFMG
MARCELO LABANCA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco
MÁRCIA NINA BERNARDES – Professora da PUC-Rio
MARCIO THOMAZ BASTOS – Advogado
MARCIO VASCONCELLOS DINIZ – Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC
MARCOS CHIAPARINI - Advogado
MARIO DE ANDRADE MACIEIRA – Advogado e Presidente da OAB-MA
MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário
MARTONIO MONT’ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de Fortaleza e Professor da UNIFOR
MILTON JORDÃO – Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR
PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE – Professor da UFC e da UNIFOR
PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP
RAYMUNDO JULIANO FEITOSA – Professor da UFPE
REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio
RICARDO MARCELO FONSECA – Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR
RICARDO PEREIRA LIRA – Professor Emérito da UERJ
ROBERTO CALDAS - Advogado
ROGÉRIO FAVRETO – ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
RONALDO CRAMER – Professor da PUC-Rio
SERGIO RENAULT – Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP
THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio
WADIH NEMER DAMOUS FILHO – Advogado e Presidente da OAB-RJ
WALBER MOURA AGRA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco


A Origem e Consolidação do Racismo no Brasil
Escrito por Mário Maestri
24-Set-2010

1- Constituição e Racionalização da Exploração Escravista na Antiguidade
A desqualificação dos oprimidos é recurso histórico, consciente e inconsciente, dos opressores para racionalizar e consolidar a exploração. Nas formas de produção pré-capitalistas, essa desqualificação centrou-se fortemente na natureza dos explorados. No clássico A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de 1884, Frederico Engels assinalou a dominação da mulher pelo homem, no contexto da primitiva divisão sexual do trabalho, como a primeira forma geral de exploração. "[...] o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino". A opressão da mulher apoiou-se tradicionalmente na defesa de sua inferioridade, fortemente ancorada na sua diversidade fisiológica em relação ao homem. O magnífico Aristóteles apontava como exemplo da inferioridade feminina o fato de que ela teria menos dentes que os homens!
A escravidão patriarcal, base da produção na Grécia homérica, surgiu quando o produtor superou sistematicamente suas necessidades de subsistência, produzindo excedente capaz de ser apropriado pelo explorador. A orientação da produção para o consumo do núcleo familiar da pequena propriedade grega, de uns cinco ou pouco mais hectares [oikos], pôs relativamente travas à exploração do homem e da mulher escravizados. Não havia sentido em produzir acima do consumido pelos proprietários, familiares, dependentes e cativos. No escravismo patriarcal, o proprietário, sua família e dependentes trabalhavam comumente ao lado do cativo, em proximidade que apenas minimizava o caráter despótico daquela relação social de produção.
Com a consolidação da propriedade privada sobre a terra e seus frutos e a expansão do mercado, a escravidão patriarcal desenvolveu-se e superou-se qualitativamente. Ainda que fossem numerosas as pequenas propriedades escravistas de subsistência, nos dois séculos finais da República e nos dois primeiros do Império, dominou social e economicamente a pequena propriedade escravista pequeno-mercantil especializada. Orientada para o mercado, a villa tinha em torno de uns dez a trezentos hectares e trabalhava com algumas poucas dezenas de cativos. A dimensão reativamente restrita e o caráter dos seus produtos, que exigiam comumente trabalho intensivo, especializado e sazonal, impediram tendencialmente a degradação das condições do trabalho servil conhecida séculos mais tarde na escravidão colonial. Era monótona e dura a existência do produtor escravizado nessas propriedades.

Transição Histórica

Por variadas razões, fracassou a evolução da produção pequeno-mercantil em escravismo mercantil, ou seja, em grandes propriedades trabalhadas por dezenas e centenas de cativos, tentada em diversas regiões, com destaque para as propriedades triticultoras da Sicília. Sob a forte pressão dos produtores escravizados, abriram-se então as portas à longa transição ao colonato e, a seguir, à produção feudal. Nesta última, o produtor deixava de ser, como anteriormente, propriedade plena do explorador. Sob a obrigação de pagamento de rendas delimitadas, ele passou a controlar sua família e seus instrumentos de trabalho e a gerir relativamente a gleba à qual era adstrito, em importante evolução histórica que não o emancipou da servidão. A escravidão plena, menos produtiva e mais custosa, manteve-se como relação de dominação subordinada na Europa, em alguns casos, até o século 18.
A violência foi sempre a principal forma de submissão do trabalhador na escravidão patriarcal e pequeno mercantil. Os cativos e cativas tidos como relapsos e desobedientes eram forte e exemplarmente castigados. Os atos de rebelião contra os proprietários, familiares e feitores eram punidos com a tortura e a morte. Não raro, os cativos rebeldes eram queimados vivos. No Império, quando a escravaria urbana dos romanos mais ricos podia superar os cem membros, o receio dos proprietários à resistência do cativo chegou ao paroxismo. Lei romana dos primeiros anos de nossa determinou que, se um pater famílias, ou seja, um proprietário escravista ou seu familiar fosse assassinado, todo cativo que, encontrando-se a uma distância em que pudesse ouvir seu pedido de ajuda, não o socorresse, seria torturado e executado. Nos tempos de Nero, Padânio Secondo, prefeito de Roma, foi justiçado por cativo que lhe pagara e não recebera a manumissão. Todos seus quatrocentos cativos, de ambos os sexos e das mais variadas idades, foram executados, apesar da agitação que a terrível medida causou entre a plebe romana formada em boa parte por libertos.
A escravidão apoiou-se também na submissão ideológica dos cativos. Entre os múltiplos mecanismos utilizados, destacava-se o convencimento do cativo de sua natureza diversa e inferior, proposta que racionalizava e consolidava a ditadura dos escravizadores sobre os escravizados.

Azares da Sorte

Na Grécia homérica, a escravidão era vista como decorrência dos azares da sorte – guerra, captura, dívida etc. A visão platônica expressava uma época em que a escravidão tornara-se instituição importante. Para Platão, a servidão de um indivíduo ou de um povo devia-se à incapacidade de se auto-governar, por falta de discernimento intelectual, cultural ou moral, qualidades exclusivas ao mundo, cultura e homem helênicos. Porém, para ele, era a lei que determinava quem era escravo e senhor. Entretanto, sua teoria da superioridade da alma sobre o corpo consubstanciava já a visão da submissão necessária do súdito ao soberano, da mulher ao homem, do escravizado ao escravizador.
A visão aristotélica da escravidão nasceu em sociedade solidamente escravista. Para Aristóteles, era inaceitável que um homem fosse submetido e mantido na escravidão apenas pela força, sancionada pela lei. O que lhe apontava a força, como forma de emancipação. Ele superou a tese platônica, ao defender raiz natural e, portanto, genético-racial à servidão. Para Aristóteles, a reunião de diversas famílias formava o burgo e a associação de diversos burgos, a cidade, ou seja, a sociedade política. Um processo determinado pela natureza que compelia "os homens a se associarem" na procura do "fim das coisas", a felicidade.
Para Aristóteles, a família "completa", unidade de base da sociedade, forma-se por homens livres e escravizados. Para ele, a natureza criara as coisas diferentes, na procura da especialização, pois o melhor "instrumento" era o que serve para "apenas" um "mister", e não para muitos. Assim, na consecução de fins comuns, seres de essência diversa complementavam-se, cada qual realizando a função para que fora criado pela natureza. Os mais elevados comandavam os menos perfeitos. "A autoridade e a obediência não só são cousas necessárias, mas ainda [...] úteis. Alguns seres, ao nascer, se vêem destinados a obedecer; outros, a mandar".
A natureza determinava que o pai dominasse o filho, o homem a mulher, o senhor o escravo. "[...] a todos os animais é útil viver sob a dependência do homem. Os animais são machos e fêmeas. O macho é mais perfeito e governa; a fêmea o é menos, e obedece. A mesma lei se aplica naturalmente a todos os homens". "Há também, por obra da natureza e para a conservação das espécies, um ser que ordena e um ser que obedece. Porque aquele que possui inteligência capaz de previsão tem naturalmente autoridade e poder de chefe; o que nada mais possui além da força física para executar deve, forçosamente, obedecer e servir – e, pois, o interesse do senhor é o mesmo que o do escravo". Fundando o direito da servidão na inferioridade natural e não na força, consolidava ideologicamente a ordem escravista grega, impugnando a escravização do heleno, por um lado, e a validade do bárbaro de emancipar-se pela força, por outro. Propunha que oprimidos e opressores se associariam na consecução de objetivos comum, pois, sendo a opressão algo próprio da ordem da natureza, não haveria civilização à margem da mesma.

Como os Animais Domésticos

Aristóteles foi mais longe, ao propor que a especialização natural, ou seja, a inferioridade e superioridade, se expressasse na própria constituição dos seres. A inferioridade dos "animais domésticos", que serviam com a "força física" ao dono nas "necessidades quotidianas", como o boi, o asno etc., registrava-se nos seus corpos de brutos. O mesmo ocorria entre os homens, pois a "natureza" pareceria "querer dotar de característicos diferentes os corpos dos homens livres e dos escravos". "Há na espécie humana indivíduos tão inferiores a outros como o corpo o é em relação à alma, ou a fera ao homem". Os homens incapazes de outra função que as relacionadas à "força física" eram "destinados à escravidão".
A proposta de registro material da superioridade e inferioridade naturais dos homens constituía elemento central na racionalização aristotélica da exploração escravista, retomada plenamente no mundo romano, e, mais tarde, na Idade Média e Moderna. A força desta proposta encontrava-se no registro, indiscutível, nos corpos, da inferioridade da alma. O que tornava materialmente visível a hierarquização social, com homens superiores, destinados a mandar e serem servidos, e homens inferiores, destinados a obedecer e servir. Porém, tal proposta materializou-se em forma muito limitada no mundo grego, por falta de condições objetivas nas quais pudessem se apoiar as fantasmagorias dos escravizadores.
Mesmo no mundo grego tardio, os cativos provinham sobretudo das províncias e regiões periféricas do mundo helênico. Portanto, havia forte identidade étnica entre amos e cativos. O que dificultou a tentativa permanente de apontar traços somáticos que expressassem as naturezas diferenciais, superiores e inferiores, dos escravizadores e dos escravizados. Inicialmente, a escravidão romana apoiou-se na escravização de povos itálicos, de forte semelhança étnico-somática. Com a extensão da escravidão, foi feitorizada infinidade de povos da bacia do Mediterrâneo e da Europa Ocidental, Central e Oriental. A diversidade étnico-linguística dessa população escravizada impediu, também, o procurado registro fenótipo da pretensa natureza humana inferior do escravizado.
A sociedade romana enfatizou a cultura e a língua como elementos diferenciadores, ainda que os múltiplos traços fenótipos dos cativos fossem apontados como registro de inferioridade. É conhecida a descrição de escravista romano, com propriedade na Magna Grécia – um italiano meridional, nos dias de hoje; dos traços semi-bestializados de seu cativo germânico. Ou seja, um alemão atual. Sequer o renascimento ibérico da escravidão, com a Reconquista, produziu identificação cabal e duradoura entre etnia e escravidão. Tal fenômeno materializar-se-ia quando do renascimento do escravismo, nas Américas, dando origem à desqualificação essencial do africano subsaariano, base das visões racistas anti-negro contemporâneas.
A seguir: 2 - Escravidão e Racionalização de Mouros e Africanos
Mário Maestri, 62, é professor do curso e do programa em Pós-Graduação em História da UPF. É autor, entre outros trabalhos, de O escravismo antigo e O escravismo brasileiro, publicados pela Editora Atual.




Ana Cláudia me enviou este artigo, publicado originalmente no blog Balaio do Kotscho
Ânimos se acalmam a 8 dias das eleições (publicado em 25/09/2010)

Posso estar enganado, claro, mas a impressão que me deu nesta sexta-feira esquisita em São Paulo, faltando apenas oito dias para irmos às urnas eleger o novo presidente da República, é que os ânimos começaram a se acalmar, depois do intenso tiroteio midiático-eleitoral dos últimos dias.
É como se todo mundo tivesse combinado que era melhor dar uma trégua porque a escalada radical estava chegando a um perigoso ponto de combustão. Até as manchetes hoje trataram de outros assuntos e inclusive deixaram escapar algumas notícias boas nas primeiras páginas.
O ar ficou mais respirável. Os programas eleitorais, desde quinta-feira, seguiram na mesma linha, apresentando propostas para melhorar o país, com mais música e gente sorrindo em lugar de denúncias e ameaças.
Certamente deve ter contribuído também para esfriar as cabeças a chuva que voltou a cair na cidade no meio da tarde. Melhor assim. Daqui a pouco, sairá mais um Ibope, amanhã vão às bancas as últimas revistas semanais antes da eleição, faltam poucos programas eleitorais a serem levados ao ar. O jogo está jogado.
Nestas horas é sempre bom saber o que anda refletindo sobre a vida um dos nossos mais brilhantes pensadores, o meu velho amigo Leonardo Boff. Em meio a tantas mensagens, tive a sorte de encontrar um artigo dele comentando a campanha eleitoral e o comportamento da mídia _ nem o teólogo conseguiu escapar do assunto dominante da semana.
Leonardo lembra logo no primeiro parágrafo de um projeto em que trabalhamos juntos, o do livro “Brasil Nunca Mais”, nos tempos em que escrever e editar textos sobre o que estava acontecendo no país implicava em correr risco de vida. Quem faz belos discursos hoje sobre as “ameaças à liberdade de expressão e em defesa da democracia” hoje não viveu aquele tempo de trevas ou não sabe do que está falando. Ou está querendo enganar alguém, achando que todo mundo é bobo e esquecido.
Por isso, acho oportuno reproduzir para os leitores do Balaio o texto de Leonardo Boff distribuído pela Rede de Cristãos, um informativo eletrônico publicado sob a coordenação editorial de Maria Helena Arrochellas. Para quem desejar mais informações: bolrede@terra.com.br

A seguir, a reflexão do grande teólogo que consegue aliar a teoria à prática de uma vida solidária.

A MIDIA COMERCIAL EM GUERRA CONTRA LULA E DILMA
Leonardo Boff*
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida, me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa.
Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública.
São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, em que se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.
Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula.
Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo.
Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceitual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros.
De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa se fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, a melhorar de vida, enfim.
Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome.
Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil.
Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela Veja faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais, não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista? Ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.
*Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.


A revista Carta Capital publicou a matéria falando da empresa da filha do Serra e da irmã do Daniel Dantas, que violou o sigilo fiscal e bancário de mais de 35 MILHÕES de brasileiros. Por uma enorme “coincidência”, a direção da revista recebeu uma intimação de uma subprocuradora exigindo informações. Vale a pena ler o primor de resposta que o Mino Carta endereçou à dita cuja:
Leiam: http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/cartacapital-responde-a-vice-procuradora-do-tre



Enviado por Leila Brito, mas com um reparo meu: Emir Sader não é apenas jornalista. É um conceituado sociólogo!
Protesto de conceituado JORNALISTA brasileiro CONTRA a tentativa de GOLPE DE ESTADO iniciada pela Grande Mídia
Por EMIR SADER (Jornalista)
À NAÇÃO
Em uma democracia nenhum poder é soberano. Soberano é o povo. É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal.
Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff.
Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetidas em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira.
Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como “ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais.Desacostumados com uma sociedade de direitos, confundem-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos. A velha e reacionária UDN reaparece “sob nova direção”.
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão.A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo.
Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta.
Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos. Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade. Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante.
O Brasil passou por uma grande transformação. Retomou o crescimento. Distribuiu renda.
Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa. E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho.Viva o povo brasileiro!


Enviado por Guilherme Souto
www.brasilianas.org
Enviado por luisnassif, qua, 22/09/2010 - 20:37
Por Fernando Trindade
O Prof. Wanderley Guilherme, já em 2008, avaliava bem que a oposição poderia resistir a aceitar a derrota nas eleições de 3 de outubro próximo, conforme pode ser visto no trecho abaixo de artigo publicado no Valor em 11 de julho de 2008
Brigada Ligeira: Na hipótese plausível de acirrada competição e vitória apertada de um candidato petista ou apoiado pelo PT, como reagirão os profetas do apocalipse? Por certo não há limites para a sugestão de teses desesperadas
Das eleições normais às mais polêmicas
Wanderley Guilherme dos Santos (jornal Valor 11/07/2008)
(...)
Para efeitos de análise, estou menos interessado em quem vai vencer do que na atitude posterior dos perdedores. Entre 1945 e 1964, a minoria eleitoral liderada pela UDN foi derrotada em três eleições sucessivas (em 1945, pelo general Eurico Dutra, em 1950, por Getúlio Vargas e, em 1955, por Juscelino Kubitschek) e foi lograda, em 1960, quando seu candidato vitorioso, Jânio Quadros, renunciou ao mandato sete meses depois da posse. O vice-presidente, João Goulart, a substituí-lo, fora eleito pela chapa adversária, da anterior maioria, agora minoria. O fracassado golpe militar, incentivado por civis, para impedir a posse de João Goulart expressava também o inconformismo da minoria histórica em permanecer fora do poder mais uma vez.
Em 1964, finalmente, a derrubada do governo Goulart não trouxe a consagração da minoria udenista, mas a instalação do que Tancredo Neves chamou de o "Estado Novo da UDN", sem a UDN e sem nenhuma das forças políticas até então organizadas.
A estabilidade da democracia depende crucialmente do comportamento dos perdedores, entre outras razões porque, em contabilidade rigorosa, significativa maioria dos governos democráticos é eleita com minoria de votos, transformada em maioria por artefatos institucionais.
No Brasil, a exigência de maioria absoluta dos votos válidos, alcançada mediante coligações, não tem assegurado que o vencedor represente a maioria das opiniões políticas. É importante esclarecer que não há vacina legislativa contra esse fenômeno, ou seja, nenhuma reforma eleitoral é capaz de evitá-lo. No que diz respeito ao Legislativo, aliás, o sistema proporcional é o que reduz ao máximo a distância entre vencedores e perdedores (ver Christopher Anderson e colegas, "Losers' Consent - Elections and Democratic Legitimacy", Oxford University Press, 2005).
Pelo clima em gestação nesta prévia das eleições municipais, temo que a atual oposição resista a aceitar outra derrota em 2010, caso ocorra. A sistemática difusão da tese de que o governo não tem candidato viável e, por isso, a oposição certamente ganhará a próxima eleição presidencial contribui para cristalizar no eleitorado oposicionista o sentimento de que só por artes ilegais ou vícios institucionais o atual governo pode ser ratificado pelo eleitorado. O aparelhamento atual dos órgãos de imprensa pelo partidarismo tucano facilitará, como em oportunidades anteriores, a agitação do arsenal de teses golpistas de que são proprietários. Por essa razão, a reação dos oposicionistas aos resultados das eleições municipais deste ano talvez prefigure o que pretendem fazer em 2010.
O consentimento da oposição a nova vitória petista dependerá, em primeiro lugar, da extensão da derrota. Embora nas duas eleições presidenciais anteriores a decisão tenha exigido um segundo turno, a vitória do presidente Luiz Inácio foi absolutamente indiscutível. As costumeiras dúvidas sobre a lisura do processo não tiveram chance de aparecer. Além disso, a derrota era esperada, tendo em vista as pesquisas sobre a tendência do eleitorado e sobre a avaliação do governo.
Novidade é a enorme distância entre a opinião pública, favorável ao governo, e o crescente otimismo oposicionista, fundado em pesquisas sobre candidaturas hipotéticas. Como os jornais e revistas pensam da mesma forma, seus editorialistas e comentadores imaginam que toda a população pensa como o colega da mesa ao lado, não obstante as pesquisas da primeira página registrarem o contrário. Cria-se um coro de iludidos que transborda para a fatia oposicionista do eleitorado, levando-o à certeza de vitória próxima. Aí mora o perigo.
Na hipótese bastante plausível de acirrada competição e vitória apertada de um eventual candidato petista ou apoiado pelo PT, como reagirão os profetas do apocalipse? Por certo não existem limites para a sugestão de teses desesperadas. Na eleição de Vargas e de Juscelino, por exemplo, os derrotados defenderam a anulação dos resultados porque ambos teriam recebido o voto dos comunistas e o Partido Comunista era ilegal. A exigência de maioria absoluta também foi lembrada como justificativa para o impedimento dos vitoriosos. Agora, quando os comunistas estão na legalidade, com volume de votos legais conhecido, e na vigência do requisito de maioria absoluta, que teses sustentarão os perdedores?
Uma derrota petista não trará ameaças à democracia. O Partido dos Trabalhadores perdeu três eleições presidenciais e o aprendizado de que política se faz a curto e longo prazo não lhe deve ser estranha. Uma derrota da atual facção oposicionista, sobretudo se for por diminuta margem de votos, tem tudo para reativar as inclinações históricas dos conservadores pelas soluções extralegais. Se as regras eleitorais não forem responsabilizadas, ou a apuração eletrônica, resta o eleitorado.
Já embutida nas análises das pesquisas sobre avaliação do governo repete-se a tese de que a consciência dos pobres e miseráveis, largamente representados entre os eleitores, está sendo corrompida por políticas sociais assistencialistas. Pouco importa que não se conheça política social na ausência de assistência aos carentes. A ênfase está posta na índole corruptível do eleitorado pobre, sem atenção para a simétrica possibilidade de que banqueiros e especuladores estejam sendo corrompidos pela taxa de juros e pela política cambial. A proximidade de uma vitória que, ao final, escapou produz prodígios de imaginação.
As eleições municipais deste ano serão muito concorridas, com comparativamente reduzidas taxas de abstenção e votos em branco, e normais. Em 2010, tudo dependerá de qual seja o vencedor, com que vantagem, e da resistência das instituições democráticas.


Boletim de atualização de Outras Palavras e Biblioteca Diplô - Nº 15 - 22/9/2010


A águia pousará no México?
A pretexto de “enfrentar o narcotráfico”, Hillary Clinton sugere ação militar e evidencia interferência norte-americana no país vizinho

Mapuches, os chilenos de que não falamos
Por defenderem seu território, resistindo a transnacionais, foram julgados pelas leis de Pinochet e presos. Agora, fazem greve de fome

O país invisível
Obcecada em fazer coro com oposição venezuelana, mídia internacional não tem olhos para avanços econômicos e sociais dos últimos anos

Em parte da elite, saudades de 1964
Depois de José Serra, é a vez do Instituto Millenium bater às portas do Clube Militar

Como o Datafolha manipulará a próxima pesquisa
Perguntas tendenciosas embutidas na sondagem, para influenciar o entrevistado

A polícia invade a UFRJ
Em nome da propriedade intelectual, atentado à autonomia universitária e ao direito à Educação. A universidade reage
Leia estes artigos aqui: www.outraspalavras.net

No Café Historia:

MISCELÂNEA
Brasil Memória das Artes
Projeto da Fundação Nacional das Artes democratiza acesso a fotos, arquivos sonoros, textos e documentos que fazem parte de uma vasta coleção da memória cultura brasileira

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS
Divulgadas imagens raras de ataque nazista na Inglaterra
Caçador de nazistas, Simon Wiesenthal trabalhava para o Mossad

SUGESTÃO DE LEITURA
Dez dias para o Dia D - Cidadãos e Soldados na Véspera da Invasão

CINE-HISTÓRIA
"Orgulho e Preconceito" - um olhar sobre a Inglaterra Vitoriana.

GRUPO NOVOS
Reconquista Ibérica
Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/reconquistaiberica




Coleção de bolso “Entenda o Mundo” da FGV lança livro sobre a China

O Centro de Relações Internacionais CPDOC/FGV e a Editora FGV lançam “O que a China quer?”, novo livro da série de Relações Internacionais “Entenda o Mundo” da coleção FGV de Bolso. O livro foi organizado por Matias Spektor e Dani Nedal e conta com artigos de John Ikenberry, Jeffrey Legro, Rosemary Foot e Shaun Breslin. Mais informações em http://www.editora.fgv.br/?sub=produto&id=393





Body and Mind in the History of Medicine and Health

European Association for the History of Medicine and Health (EAHMH)
2011 Biennial Conference
Utrecht, The Netherlands
1-4 September 2011

Co-organized by the Descartes Centre for the History and Philosophy of
Sciences and the Humanities and by the University Medical Centre
Utrecht.

Keynote speakers: Floris Cohen, Jacalyn Duffin, Annemaire Mol and Roger Smith

Deadline for proposals: 1 December 2010

Call for Papers

The EAHMH welcomes submissions for its biennial meeting, to be held in
Utrecht, The Netherlands from 1-4 September 2011. In the city whose
name is closely linked to Rene Descartes, the Association welcomes
abstracts on the general theme 'Body and Mind in the History of
Medicine and Health'. This theme encompasses research in any area
where body and mind (and their interaction) were pivotal subjects in
the creation of concepts, practices and institutions in the lived
experience of health and disease. Papers addressing recent debates
concerning historiography and/or methodology are especially welcomed.
Papers dealing with the teaching of medical history in a concrete way,
as well as incorporating personal experiences, are also invited. It
is hoped that a special session may be organized on the teaching of
medical history. Submissions relating to all historical periods and
all regions are welcome, as are submissions from non-members.

Abstracts should not exceed one page and should include information
concerning the scientific question examined, the sources and approach
used and the (preliminary) results. Abstracts should contain a title
and the speaker's contact information (name, affiliation, address and
email address). In addition to single paper proposals, proposals for
sessions including three or four papers are also invited. All papers
in pre-arranged sessions will be judged according to their individual
merits. The Scientific Board of the EAHMH reserves the right to
rearrange sessions in the light of proposals received. Individual
paper presentations will be limited to 20 minutes, allowing for 10
minutes of discussion. Please submit all proposals for papers and
sessions to EAHMHconference2011@umcutrecht.nl no later than 1 December
2010.

For further information, please see our website, http://www.eahmh.net

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Numero 245















Espero não estar enchendo muito a paciência dos leitores com os comentários sobre o Canadá. Prometo que serão apenas o de hoje e o da próxima semana!
Hoje vou falar de 3 coisas.
1. O sistema bancário de lá é bem diferente do nosso, também. Primeiro que, de segunda a sexta o horário dos bancos é de 8 às 17. Segundo, que todos abrem aos sábados e alguns até nos domingos. Claro, há cidadãos que não podem dispor de tempo, devido ao trabalho, para ir aos bancos nos dias de semana. Então, os bancos os aguardam nos finais de semana... Os salários pagos aos bancários não são lá essas coisas, nisso eles se parecem muito com os nossos bancos... Espantoso também é verificar que na maioria dos shoppings há uma agência bancária, que fica logo na entrada, sem portas. Eu disse sem portas? Sim, eu disse Sem portas!!!! Você entra no shopping e já dá de cara com.... os caixas!!! Que estão ali, sem proteção de vidros, é só um balcão onde você chega como se fosse fazer um pagamento numa loja qualquer. Interessante, não? Claro...as câmeras estão por toda parte...
2. Em que lugar do mundo você pode ver um edifício de 50 andares sendo construído no formato das curvas de Marilyn Monroe? Errou quem disse Estados Unidos. Está lá, em Mississauga. É algo muito interessante de se ver!
3. As livrarias e as bancas de jornais estão em toda parte. Livros são baratos. Comprei um sobre Art Nouveau, em papel couchê, todo ilustrado, alta qualidade de impressão. Sabe quanto? 5 dólares canadenses, o que dá mais ou menos uns 9 reais. Claro, era uma promoção (sempre existem promoções por lá, e são espantosas!!!). Mas comprei um outro, Battles that changed history, 448 paginas, em formato grande, papel couchê, 4 cores, fartamente ilustrado, por 19 dólares. E este é o preço normal do livro. Com certeza, aqui ele custaria mais de 100 reais, lá eu paguei o equivalente a uns 35 reais. Vários jornais, nacionais e regionais estão à disposição em bancas, supermercados. E lá temos um hebdomadário chamado GLOBE, que traz magníficas bobagens, como essas duas capas reproduzidas aqui. Numa delas, eles afirmam que Obama nasceu na África e, portanto, deve receber o impeachment, já que as leis americanas não permitem a naturalizados assumirem a presidência. Na outra, ficamos sabendo que Clinton só tem seis meses de vida (na verdade, agora são só cinco, porque a revista é do mês passado). Com esses factóides, o GLOBE de lá se parece bem com o GLOBO daqui, não? Será que é mal do nome????

Entulho neoliberal
(editorial do Jornal Brasil de Fato, 15/09/2010)
O atual cenário eleitoral, a prevalecer o indicativo das pesquisas de opinião pública, está praticamente definido. A candidata petista, segundo todos os prognósticos, vencerá a eleição. E, como é de se esperar, as forças de oposição conservadoras tentarão seus truques para reverter a iminente derrota.

É grave que o atual pleito, que deveria ser um espaço político para apresentar projetos para o país e elevar a consciência política da população, está despolitizado. Mas também é grave a tentativa do candidato presidencial conservador, José Serra, de transformar em escândalo eleitoral a mal explicada quebra de sigilo fiscal de sua filha, a empresária Verônica Serra, e de alguns dirigentes tucanos.

Nesse sentido, receberam um contra-golpe. A divulgação de informação sobre uma mega quebra de sigilo, ocorrida em 2001, por iniciativa do sítio Decidir.com. Em reportagem assinada por Leandro Fortes, a revista Carta Capital revela que a filha de Serra é sócia desta empresa. A outra sócia é a empresária Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, proprietário do Banco Opportunity, um dos maiores beneficiados pelas privatizações promovidas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, pelo menos 60 milhões de contribuintes tiveram seus dados bancários abertos à consulta pública pelo sítio Decidir.com. Ou seja, estamos falando de uma quebra sistemática, generalizada do sigilo bancário e fiscal. Mais grave: uma operação ilegal totalmente vinculada à mais nefasta alienação e internacionalização de patrimônio público jamais registrada na história do país.

Então, é muito curioso que Serra seja protagonista de acusações lançadas contra Dilma. E sem qualquer prova que explique porque uma candidata que está com enorme possibilidade de vencer as eleições em primeiro turno iria se utilizar de expedientes desta natureza. Aliás, sem que qualquer informação bancária ou fiscal da empresária supostamente vítima tenha sido utilizada em qualquer tempo durante a campanha.

Mas algumas conclusões podem ser tiradas do episódio. Primeiro, o vazamento de informações no sistema tributário do país não ocorre apenas em épocas eleitorais. O próprio Serra lamentou, durante reportagem feita pelo SBT em 2009, que houvesse essas quebras de sigilo. Mas, naquela oportunidade, quando a emissora informou que também o presidente Lula e seu filho tiveram, junto com o então governador paulista, os seus respectivos sigilos quebrados, Serra não culpou o PT, nem mostrou qualquer indignação. Ainda não era campanha eleitoral.

E todos sabemos também que são passíveis de fraudes, adulterações e manipulações os sistemas bancário e tributário, o painel do Senado, as urnas eletrônicas, a produção farmacêutica, o orçamento, as informações da Previdência, o sistema de licitações, os concursos públicos, o Enem... Basta lembrar que Nelson Jobim, então presidente do Supremo Tribunal Federal, declarou à nação que a Constituição tinha sido fraudada em quatro de seus artigos. E nada ocorreu. Pelo contrário, ele virou ministro da Defesa de Lula. Mas, nunca informou, nem foi obrigado a dizer, quais são os quatro artigos fraudados.

Além disso, está claro que a sociedade entre a filha de Serra e a irmã de Dantas tem relação direta com a privatização. E é exatamente a nefasta privatização o maior dos crimes de lesa-pátria que permanece sem qualquer investigação. O livro “Os porões da privatização”, de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Jr., resultado de investigação encomendada pela alta direção do jornal O Estado de Minas, de estreita identificação editorial e política com o ex-governador mineiro, Aécio Neves, talvez venha à luz muito tardiamente para desmascarar por completo a manipulação eleitoral midiática da candidatura conservadora desesperada pela possibilidade de perder no primeiro turno.

De todo modo, fica claro o prejuízo causado à transparência e à verdadeira democracia a não apuração de todo o dano causado pelo “entulho neoliberal” com o qual o povo brasileiro ainda não pode fazer um imprescindível ajuste de contas. Para exemplificar, vale citar a pressão que as telecomunicações privatizadas vêm fazendo contra a Telebrás e contra o Plano Nacional de Banda Larga. A pressão que as transnacionais vêm fazendo contra o processo de renacionalização da Petrobras. A pressão das transnacionais midiáticas para a desnacionalização da TV por assinatura, por meio do PL-29, em tramitação no Congresso.

Não ter apurado a fundo, investigado e responsabilizado os que promoveram esta terrível privatização é o que dá fôlego aos seus promotores, como Serra. E, apesar de tudo, ele ainda pretende não ser apontado como responsável da privatização neoliberal. Assim, ainda é tempo para se investigar e, inclusive, responsabilizar os que negligenciaram as solicitações de investigação feitas pelo então presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer à direção do Banco Central, que, tudo indica, participou, junto com a mídia, da operação abafa.

Que se investiguem todos os vazamentos de informações, de antes e agora. Mas, sobretudo, que finalmente se jogue luz sobre este “entulho neoliberal”, herança privatista que fez o Brasil recuar em sua capacidade de formular e organizar um projeto de nação soberana
.




Neste país prevalece a hipocrisia e o cinismo político
Escrito por Waldemar Rossi (Correio da Cidadania)
16-Set-2010

O caso da "Quebra de sigilo" da Receita Federal, envolvendo o tucanato, em especial a filha do José Serra, candidato à Presidência do país, revela o grau do cinismo e a hipocrisia que marcam a vida política brasileira.

Se não, vejamos: Nesta terra "abençoada por Deus", é proibido revelar as falcatruas que cidadãos cometem contra o dinheiro público. Sua revelação é tida como crime. Já sonegar impostos (*), pela lei, passa a não ser crime. Ou, se é, não pode ser levado ao conhecimento do povo, porque irá colocar em xeque a honradez de políticos e ricaços (**). De maneira especial, não se pode quebrar o sigilo da Receita Federal quando tal sigilo acoberta falcatruas de políticos eminentes, tipo Serra, Lula, FHC, Sarney, Collor de Mello e tantos outros "homens de bem" deste país.

A imprensa vem explorando o caso para, aparentemente, prejudicar a candidatura de Dilma Roussef (***), segundo a visão petista. Na verdade, a imprensa (ou seus donos) teme pelo pior: se seus donos se calarem, poderão ter suas declarações de renda e o recolhimento do devido imposto revelados ao público, e aí a máscara da "democracia" que defendem cairá por terra, porque não há puros entre eles. São habituados às barganhas e falcatruas com os poderes públicos. São bilhões de Reais sonegados a cada ano pelas grandes empresas.

Entretanto, nenhum desses meios de comunicação social publicou, até agora, o conteúdo dessa tal quebra de sigilo. Fala-se da quebra de sigilo, mas não se diz aos eleitores o que estaria oculto nesse sigilo. Por que será? Temem afundar, ainda mais, a candidatura Serra, atingir o Geraldo e tantos outros tucanos? Creio que, mais que isso, estão protegendo a si próprios.

Chama atenção matéria publicada pela "Carta Capital" sobre envolvimento da filha de Serra em operações escandalosas, reveladas a partir de 30 de janeiro de 2001. Naquela ocasião, dados fiscais de 60 milhões de brasileiros ficaram expostos ao sabor de quem quisesse acessá-los. Muita sujeira rolou, segundo a matéria, mas tudo foi acobertado. E a imprensa praticamente se calou. Qual a diferença?

A sujeira envolvia gente que estava próxima, muito próxima, dos que ocupavam o poder, os tucanos. Segundo os interesses do capital, os que estavam no poder tinham tudo para prolongar, por maior tempo, o controle da política nacional, favorecendo o entreguismo das estatais ao capital privado. Os tucanos deveriam, então, continuar na gerência dos interesses do capital internacional. Deveriam continuar no governo brasileiro. Mas a grande imprensa se cala quanto a isso tudo, não revela o crime que deu razão à quebra do sigilo. Puro sensacionalismo para enganar trouxas, para que o povo não pense em Política e aceite a politicalha.

Segundo os dados, o "vazamento" atual começou em 2009. Mas só veio à tona agora. Porque é momento eleitoral, em que os interesses eleitoreiros quebram com os pactos de acobertamento de crimes contra os interesses do povo. Depois, vença quem vencer as eleições, tudo irá para as gavetas, fechadas a sete chaves para que o povo não tenha acesso. Quem sabe daqui a quatro anos!

A pergunta que todos os brasileiros deveriam se fazer é a seguinte: qual o crime verdadeiro: sonegar ou revelar a sonegação, revelar quem roubou? Outra pergunta: como pode uma lei federal impedir que o povo - em nome do qual todo poder deve ser exercido – tome conhecimento da pilhagem que desonestos e antiéticos praticam em cima do dinheiro público?

Que democracia é essa? Por que a Receita Federal não criminaliza os ladrões? É a democracia das elites exploradoras e da canalha que infestam o país e roubam o povo, sobretudo o povo trabalhador, aquele que de fato paga TODOS os impostos.

Tantas incoerências e picaretagens não nos deixam outra saída se não negar o apoio aos que o capital nos oferece como candidatos, e que nos são servidos pela imprensa como pratos cheios, mas com muita hipocrisia, com cinismo e com muita mentira.

(*) Sonegar: no caso, deixar de repassar para a Receita Federal os impostos recolhidos sobre os produtos negociados, impostos que foram colocados no preço da mercadoria ou serviço vendidos. É desse dinheiro que são compostos os Orçamentos Federal, Estadual e Municipal e que deveriam ser aplicados na educação, na saúde, no saneamento básico, na reforma agrária...
(**) Ricaços são os que juntam riquezas com a exploração sobre o trabalho alheio.
(***) Não sou e não serei eleitor da Dilma ou do Serra. Meu voto é para quem é honrado e tem toda uma vida (80 anos) marcada pela coerência e pela retida: Plínio Sampaio.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.





O Brasil traçado pela trajetória da bola
Livro de historiador conta a história do futebol brasileiro em meio aos acontecimentos políticos
“Futebol, uma janela para o Brasil”
Autor: Felipe Dias Carrilho
Editora: Nova Espiral (www.novaespiral.com.br)
Preço: R$ 23

Brasil vem dando exemplo ao mundo, diz James Galbraith
“A desigualdade social no Brasil está sendo reduzida nos últimos anos porque o país gasta menos dinheiro para ajudar o setor financeiro e mais dinheiro para ajudar o próprio Brasil”, disse o economista norte-americano James Galbraith no seminário internacional sobre governança global promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Para Galbraith, Brasil atravessa um período de “estado de bem-estar democrático” que revela aos países mais desenvolvidos um caminho diferente daquele proposto pelos dogmas neoliberais.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16971&boletim_id=760&componente_id=12617



O crescimento da xenofobia na Europa
O primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, mostrou seu apoio ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, em sua política de deportações de romenos e búlgaros de origem cigana. Durante uma reunião com senadores, Sarkozy manifestou que “não haveria nenhum” problema se os luxemburgueses quisessem acolher os ciganos. O presidente respondia assim às críticas da comissária de Justiça, Viviane Reding, que é de Luxemburgo, e que comparou as deportações com os fatos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Um alto funcionários dos Estados Unidos disse que “é preciso convidar a França e outros países a respeitar os direitos dos romenos”.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16967&boletim_id=760&componente_id=12620



A quem interessa tornar a Carta Capital invisível?
Vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo. O artigo é de Leandro Fortes.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16966&boletim_id=760&componente_id=12623



"Brasil ficará mais forte se trabalhar com Rússia, Índia e China"
"O Brasil ficará muito mais forte se trabalhar com a Rússia, China e Índia na construção de uma alternativa para o Banco Mundial e para o FMI. É preciso criar sua própria estratégia de desenvolvimento para ficar livre da estratégia neoliberal que falhou. Juntos, vocês podem criar uma alternativa e preservar suas riquezas em vez de deixar que seja explorada pelo Norte", diz o economista Michael Hudson, em entrevista à Carta Maior. "Brasil deve agir na defesa de seus interesses. Essa é a única forma de ter influencia", acrescenta.
HTTP://www.cartamaior.com.br




Grande mídia planeja a "Venezuelização" do Brasil
Alguns dos principais jornais do país estão, há algumas semanas, trabalhando diariamente para imputar ao Presidente Lula a pecha de “ditador” e qualificar a eventual vitoria de Dilma como uma ameaça à democracia. Foi o próprio Serra quem retomou o termo “República Sindicalista”, em reunião com militares no Rio de Janeiro. Agora, o remake de uma antiga propaganda de um periódico de São Paulo insinua comparações entre Lula e Hitler (sic), numa ignóbil peça publicitária que insulta a inteligência dos brasileiros. Cabe lembrar que, no sombrio despertar das ditaduras latino-americanas, golpistas jamais aplicam "golpes". Na pior das hipóteses adotam "medidas extremas para salvar a democracia". O artigo é de Vinicus Wu.
HTTP://www.cartamaior.com.br




Informação enviada por Leila Brito:
Um belo site para quem curte cinema e história. Filmes comentados e, mais do que isso, reproduzidos integralmente para você assistir ou ver de novo. Cada preciosidade!!!
http://peliculas-historicas.blogspot.com/

"El cine que genera conciencia"


Boletim de atualização de Outras Palavras e Biblioteca Diplô - Nº 14 - 15/9/2010

A Europa vai às ruas
Mobilizações em defesa dos direitos sociais se espalham e convergem para jornada internacional de protestos, dia 29. Elas têm mais a ver com o resto do mundo — e o Brasil — do que se pensa
Ricos, decadentes e malvados
Por que as elites europeias atacam direitos sociais e serviços públicos. Como estas ações estão despertando a resistência dos trabalhadores

E mais: Veja, país por país, nossos relatos sobre medidas adotadas pelos governos e as reações da sociedade: Alemanha Espanha França Itália Irlanda Portugal Grécia

A batalha da Venezuela
Desiludidas no Brasil, forças conservadoras internacionais lançam campanha de mentiras, para tentar controlar Legislativo e frear reformas em Caracas (Por Ignácio Ramonet)

Contradições na esquerda latino-americana
Uma novidade, no Equador, alimenta o debate entre governos e movimentos indígenas, sobre o caráter do “desenvolvimento”. (Por Immanuel Wallerstein)

Em debate, o futuro de Cuba
Entrevistas surpreendentes de Fidel convidam a examinar, em profundidade, um tema que não pode ser tabu

Leia estes artigos em www.outraspalavras.net ou em www.diplo.org.br





Quais as doenças que afligiam índios e europeus nos primeiros séculos do Brasil? Como os nativos se defendiam de males até então desconhecidos por eles, como gripe e sarampo? A pesquisadora e médica Cristina Gurgel nos mostra um capítulo importante da História do Brasil, o encontro (e desencontro) de duas culturas sob a ótica das doenças e dos males que afetaram seus habitantes.
Repleto de imagens e boxes explicativos, Doenças e curas é imperdível para quem quer conhecer melhor o início – doloroso – da nossa História.
192 p, 33 reais



Estão abertas as inscrições para o "IV Simpósio de Política e Cultura: Diálogos e Interfaces" do Programa de Mestrado em História da Universidade Severino Sombra que se realizará nos dias 01, 02 e 03 de dezembro de 2010 na USS – Vassouras – RJ.
Os Simpósios de Política e Cultura, promovidos pelo Programa de Mestrado em História Social da USS, em parceria com outros centros de pesquisa e ensino, vêm, desde o ano de 2005, procurando garantir um espaço de reflexão, de discussão e de intercâmbio com outras instituições.
Há duas modalidades de participação no evento: inscrição para apresentação de trabalho (comunicação) ou inscrição como ouvinte. Podem se inscrever para apresentar trabalhos pesquisadores e/ou estudantes de pós-graduação em História ou áreas afins. Também se admite a inscrição para apresentação de trabalhos de estudantes de graduação vinculados em algum projeto de pesquisa sob orientação de um pesquisador doutor.
As inscrições podem ser feitas pelo site:
http://www.uss.br/web/page/simposiopol.asp

Em sua quarta edição, o evento está estruturado a partir de 7 minisimpósios, coordenados por professores da USS e professores convidados de outras instituições. Abaixo, estão relacionados os minisimpósios (as ementas estão disponíveis no site) com os respectivos coordenadores:

1. Cinema e História: discussões de linguagens historiográficas
Coordenação:
Katia Peixoto dos Santos (PUC-SP)
Rosangela de Oliveira Dias (USS)
Ana Maria Dietrich (UFABC/USS)

2. Militares, política e sociedade:
Coordenação:
Renato Luís do Couto Neto e Lemos (UFRJ/LEMP)
Adriana Barreto (UFRRJ)
Fernando da Silva Rodrigues (USS)

3.História e interdisciplinariedade:
Coordenação:
José D’Assunção Barros (UFRRJ)
José Jorge Siqueira (USS)

4.Religião e relações de poder
Coordenação:
Anderson José Machado de Oliveira (UNIRIO)
Célia Maia Borges (UFJF) Cláudia Rodrigues (UNIRIO)
William de Souza Martins (UFRJ)

5.Culturas políticas
Coordenação
Surama Conde Sá Pinto (UFRRJ)
Cláudio Antonio Monteiro (USS)

6. Movimentos sociais e Imprensa.
Coordenação:
Marcelo Badaró (UFF)
Cláudia Regina Andrade dos Santos (USS)
Nancy Cardoso (USS)

7.Fronteiras e História
Coordenação:
Heloisa Jochims Reichel (UNISINOS)
Ney Lared Reynaldo (UFMT)
Ana Maria Moura (USS)
Eduardo Scheidt (USS)



Departamento de História
Programa de Pós-Graduação em História UNESP/Franca
Campus Novo
Local: Anfiteatro da Biblioteca
Conferências
Profa. Dra. Kátia Gerab Baggio (UFMG)
"Iberismo, hispanismo e latino-americanismo no pensamento de Gilberto Freyre: ensaios e impressões de viagens".
Profa. Dra. Samantha Viz Quadrat (UFF)
"Juventudes e política no Chile de Allende"
Dia 27 de setembro de 2010
17h30min




MISCELÂNEA

A Escola vai ao Café História

Projeto “Tecnologia do Conhecimento”, desenvolvido dentro do Café História por alunos e professora de uma escola rede pública do Espírito Santo, mostra como é possível utilizar a internet para dinamizar aulas e melhorar o processo de ensino-aprendizagem em gera.
PROMOÇÃO CULTURAL
O que acha de ganhar um exemplar do livro "História da Sexualidade", de Peter N.Strearns, da Editora Contexto?
Saiba como:
http://cafehistoria.ning.com/page/historia-da-sexualidade

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

USP vai analisar barco de 300 anos achado em Porto Feliz, SP

GRUPOS EM DESTAQUE

História da Filosofia

Participe
: http://cafehistoria.ning.com/group/histriadafilosofia


História da Moeda

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/moeda

Pensando em história

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/pensandoemhistria

VÍDEOS EM DESTAQUE

Trio de Ouro e Grande Otelo - "Adeus Mangueira" (1958)

Assista:
http://cafehistoria.ning.com/video/trio-de-ouro-e-grande-otela

FOTO HISTÓRICA

O Túmulo do estadista Olegário Maciel

Veja:
http://cafehistoria.ning.com/photo/tumulo-do-estadista-olegario?context=latest

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network




Peço a vocês o favor dar ampla divulgação (quanto possível) do link para edital do Concurso em História (Coltec) publicado hoje, 15/09/2010:
http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=15/09/2010&jornal=3&pagina=65&totalArquivos=192 especialmente paginas 62 a 64.


Acesse esse link e entre direto no site da Decidir. Conhecerá como funcionava a empresa que vendia informações sobre o extrato bancário MEU, SEU e de 35 MILHÕES DE BRASILEIROS.
O próprio objetivo empresarial diz TUDO: Serviço de Verificação de Identidade, ou seja, de DADOS PESSOAIS


http://web.archive.org/web/20040212163504/www.decidir.com.br/servicios/svi.asp


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Numero 244



Continuando com as impressões sobre o Canadá, hoje vou abordar a questão do trânsito, em que, infelizmente, estamos a anos-luz de distância dos canadenses.
Vamos por tópicos:

1. Onde existe uma placa STOP, os motoristas não diminuem a marcha, eles PARAM, porque a placa está mandando PARAR e não DIMINUIR.
2. Pedestres são respeitados. Em qualquer local que você queira atravessar, se não houver sinal luminoso, os motoristas param e esperam você atravessar.
3. Nas cidades grandes que visitei (Mississauga e Toronto) não existem moto-boys. Explica-se: como em alguns meses do ano há neve, e muita neve, não é recomendável que se usem motocicletas. Quando observei isso, me lembrei na mesma hora dos motoqueiros em BH e em Sampa, e dos lambretistas em Roma, que infernizam o trânsito... Só vi motos aos fins de semana, em cidades pequenas, os fãs da Harley- Davidson que aproveitam o domingo para passear pelas excelentes estradas de lá.

4. Velocidade máxima nas ruas das cidades: 60km. Pasmem, leitores! Os motoristas respeitam!!! Claro que, de vez em quando algum engraçadinho ultrapassa a velocidade. Não chega ao fim do caminho: de repente, como se brotassem do asfalto, surgem os policiais que o param e o multam, seja ele quem for. E ai do infeliz se estiver com cheiro de álcool: vai preso e o carro é rebocado.
5. Menores de 21 anos: tolerância zero em termos de bebida alcoólica. Não podem nem cheirar uma cerveja se estiverem dirigindo. Se parados, basta a suspeita de que ingeriram alguma coisa e SÃO OBRIGADOS a usar o bafômetro (sem essa de não poder produzir provas contra si mesmo).





6. Estradas: todas as que percorremos são excelentes. Geralmente duas ou três pistas de rolamento em cada direção. Canteiros separam totalmente quem está vindo de quem está indo. Acostamentos nas duas laterais. Sem radares, mas com câmeras, como, aliás, em quase todos os lugares. (Essa questão das câmeras de vigilância é uma faca de dois legumes... claro)

7. Observem essa fotografia, tirada do apartamento em que meu filho mora. Há uma rua larga e uma perpendicular. Nesse cruzamento há sinais de STOP nas três direções, apesar de não ser uma esquina movimentada. Na primeira noite que passei lá, meio sem sono, estava na varanda observando. As 3:30 (fiz questão de olhar no relógio), com um silêncio total, sem movimento algum, surgiu um carro, onde está esse carro preto, à direita. Ele parou (porque a placa mandava parar), observou atentamente todos os lados, para, só depois disso, virar à direita e prosseguir seu caminho. Também foi inevitável lembrar que nas nossas grandes cidades, depois das 23 horas ninguém para nem quando existem sinais luminosos vermelhos...




Pequenas diferenças, não acham?






Bem, vamos aos temas de hoje. Recebi várias colaborações, aliás, tantas que não foi possível utilizar todas. A primeira é uma análise que tenta compreender o que é e o que poderá ser o PSDB caso se concretize o que as pesquisas estão “falando”. Eu particularmente não estou acreditando que a Dilma leve no primeiro turno. Nestas duas semanas que antecedem as eleições a mídia tucana tentará impedir isso, criando escândalos, como já o fizeram contra o Lula em 1989 e em 2005. Infelizmente isso era previsto. Lembro que falei sobre isso num dos primeiros boletins deste ano, ou num dos últimos do ano passado. Essa campanha está sendo a mais sórdida de todos os tempos. E creio que vai piorar ainda mais nos dias que antecedem as eleições.
Temos, em seguida, um artigo muito interessante, que busca entender esse interesse grande que se observa com relação ao espiritismo nos dias de hoje.
No terceiro artigo, Renato Janine Ribeiro nos faz considerações sobre o significado da quebra de sigilo na Receita. E, a propósito desse tema, não deixe de ler o link para a reportagem da Carta Capital, que revela a quebra de sigilo de mais de 50 MILHÕES DE BRASILEIROS, perpetrada pela filha de José Serra, que, por sinal, é sócia do Daniel Dantas, aquele amigo dos ministros do STF.
Bom proveito!




Beth Queijo me enviou o artigo abaixo. A análise é bem interessante.

Adeus PSDB?

As pesquisas de setembro indicam Serra com 21% e Dilma com 51%. Isso significa que em trinta anos Lula inverteu a política brasileira? Quando o PT começou sua trajetória, o partido passou vários anos sem ultrapassar a margem de 30% da preferência eleitoral. Alguns políticos que foram para o PSDB, então no PMDB, ganhavam todas. Agora, é o inverso. O que concluímos?
O eleitorado brasileiro foi mais para a esquerda nesses últimos trinta anos? Nem um centímetro! Vamos refrescar a memória e entender o que ocorreu com o PSDB, agora que parece que ele chega um ponto crítico na sua história.
Franco Montoro inaugurou no Brasil a social-democracia, com olhos voltados para a democracia liberal, antes mesmo de fundar o PSDB. Ele assim fez quando em 1982 se elegeu governador do Estado de São Paulo pelo PMDB. Brizola ainda mantinha o PDT como o partido filiado internacionalmente à social-democracia, mas ele sabia que na sua cola vinha o PMDB. O PMDB tinha a verdadeira cara de social-democrata, ao menos para o gosto do brasileiro.
Quando a transição para a democracia atingiu seu cume, com a entrada de Trancredo Neves e José Sarney para a Presidência da República em 1985, pelo PMDB, Brizola tinha certeza que ele viria a ser, logo depois, o primeiro presidente eleito do Brasil. Ele achava Tancredo conservador demais em termos econômicos – e estava certo nisso –, de modo que bastaria esperar e se colocar como o principal homem da oposição para abocanhar a Presidência, quando acabasse o primeiro mandato presidencial após o ciclo de presidentes militares. Ele estava convencido que só um programa social-democrata agradaria o brasileiro e que seu concorrente, o PMDB, com Tancredo, não agiria segundo tal programa.
As coisas se complicaram para Brizola, porque Tancredo faleceu e Sarney, em seu lugar, deu poder não ao sobrinho de Tancredo, Dornelles (PFL), visivelmente conservador e que teria sido o ministro forte do tio, e sim ao núcleo progressista do PMDB. Esse núcleo colocou no comando do projeto reformista Dílson Funaro, João Sayad e Amir Pazzianoto. Esses três homens tinham em mente uma nítida política social-democrata. Ainda que o Plano Cruzado comandado por eles tenha feito água, o êxito inicial deu votos para o PMDB e o transformou em um grande partido. Por mais que o PMDB pudesse se tornar conservador, ficou sua marca como partido popular não mais só por combate à ditadura, mas por ter tentado uma reforma que visava a melhoria real da vida da população. Isso realmente atrapalhou os planos de Brizola. Nublou sua liderança para além do que ele esperava que pudesse ocorrer. Sua oposição ao Plano Cruzado lhe deu mais desgastes que ganhos. Isso continuou a valer mesmo quando todo o Cruzado já havia virado pó no governo Sarney.
No final da década de oitenta, veio finalmente a eleição direta para Presidente da República e Collor, aproveitando-se da espiral inflacionária do último ano de Sarney, se elegeu fácil. Batendo todos os líderes à esquerda, Covas, Lula e o próprio Brizola, Collor pareceu, por um momento, que enterraria de vez o projeto social-democrata no Brasil. Mas, sua vitória, quando olhamos mais de perto e recordamos como ocorreu, não foi assim tão tranqüila. Sua vitória não significou a derrota da social democracia. Pois mesmo Collor, com seu ideário privatizante e sem qualquer programa social, no meio da campanha do segundo turno teve de soltar slogans de que ele era social-democrata e não um neoliberal, e isso não para garantir sua vitória que, enfim, já estava certa, mas para tentar acalmar a imprensa – era um sinal de que o ideário social democrata, embora em baixa, não havia morrido.
Daí em diante, o ideário social-democrata começou a voltar com força no mundo e no Brasil. As pessoas que haviam dito que todo funcionalismo público deveria acabar, logo se pegaram sonhando, novamente, com o emprego público. Nunca o Brasil esteve tão pronto para um partido como o PSDB como em meados dos anos noventa. Mas, mesmo assim, FHC não se elegeria se não fosse pelo Plano Real. Tal plano, em seu recorte inicial, não era uma plataforma neoliberal e, sim, um programa de estabilização da moeda que poderia dar esteio para uma política social democrata mais tarde. Mas não deu, ao menos não para os esforços do próprio PSDB. O fato de FHC ter sido sonolento e não ter tido entusiasmo para empreender tal política deixou, então, tudo nas mãos de Lula.
Lula nunca havia se pronunciado socialista e muito menos comunista. Quando perguntado sobre “o que era”, sempre se saia bem dizendo uma verdade: “sou torneiro mecânico”. Aprendeu com Ulisses Guimarães que só governaria um grande partido e, enfim, o Brasil, se não se definisse ideologicamente em termos de velhos rótulos. Deu certo. Lula foi agregando todas as forças social-democratas que podia. Pegou o PMDB e o PDT e segurou o discurso mais à esquerda do PT para se ajustar ao discurso dos novos aliados. Nisso, o brilhantismo do discurso de Zé Dirceu, interna e externamente, fez história. Ele deu para Lula um grande conglomerado de forças que insistia não em socialismo, mas em colocar o capitalismo “no eixo”, ou seja, ampliar o mercado interno sob o clima de estabilização da moeda conseguido por FHC. Essa foi a realização de Lula, ou seja, ele fez vingar a nossa social-democracia possível.
O que é, hoje, essa social-democracia de Lula? Nada além do aquecimento da economia em que o Estado volta a ser investidor e, ao mesmo tempo, num sabor ainda populista, mas com características institucionais não desprezíveis, a criação de uma série de programas sociais, alguns com bons resultados e outros com promessas que podem vingar. E uma sábia medida: nenhuma agressividade contra os banqueiros. Junto dessa política, um Lula de barba branca se apresenta à nação como uma espécie de “tiozão”, quase como Mitterrand, na França, no seu último mandato, quando ele já não era um “líder vermelho” e, sim, um “protetor da nação”.
Nessa trajetória toda, o eleitor brasileiro, em sua maioria, não foi um centímetro à esquerda. Ficou exatamente onde estava quando da eleição de Tancredo e Sarney. O que o brasileiro queria e quer é pouco, é exatamente o que Lula deu e que Dilma promete continuar: emprego com carteira assinada e poder de compra – mínimo! Talvez, com Dilma, queira mais um pouco: uma escola melhor, um hospital que funcione e o financiamento de um automóvel usado para o filho mais velho. Mas, diante de Serra e do PSDB, tudo isso é muito. Pois os políticos que restaram no PSDB nunca conseguiram fazer do partido uma agremiação popular. Nunca entenderam o que é que o brasileiro pede. Por isso, o PSDB chegou finalmente, agora que diz que vai ser “refundado”, no lugar que Ulisses Guimarães disse que ele chegaria: ao fracasso.
Hoje o PSDB representa exatamente aquilo que o lacerdismo representava: um grupo de conservadores. Ataca o projeto popular de Lula como o lacerdismo atacava o de Vargas, apontando corrupção e desvios relativos à democracia, mas sem legitimidade para tal. Pois, tanto quanto o lacerdismo, o PSDB tem telhado de vidro em se tratando de cuidar das liberdades democráticas e de colocar fim na corrupção. Então, na soma de prós e contras, a população agrega pontos negativos mais para o PSDB que, enfim, não consegue nunca ter um projeto para fazer o que FHC disse que seria necessário o partido fazer, “governar para os pobres”.
Ou seja: o nosso partido social-democrata no nome é o único, entre os grandes partidos, que não tem uma ação social-democrata. Nesses termos, o PSDB chegou ao fim de sua trajetória nessa eleição, se as pesquisas confirmarem Dilma vencedora já no primeiro turno. Pode não passar pelo que ocorreu com o PFL, que mudou até de nome, gerando o Democratas, mas que terá de se transformar inteiramente, isso terá, ou então, sem dúvida, aparecerá em 2011 como uma agremiação disforme, meio udenista-lacerdista, mas sem chances – felizmente – de chamar os militares para um golpe. E com chances cada vez mais diminutas no jogo eleitoral em que é necessário governar com alguma política popular e social real, e não com as inaugurações de maquetes de José Serra.
Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ



A presença dos espíritos no imaginário da sociedade brasileira.
Entrevista com Faustino Teixeira (extraído de http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&cod=50791&lang=PT)


Entender o cenário da presença das religiões, hoje, no Brasil é o intuito de Faustino Teixeira na entrevista concedida à IHU On-Line, por email.
O teólogo busca compreender a presença e a aceitação do espiritismo no Brasil e traz elementos para entendemos a aproximação desta religião ao catolicismo. "O Brasil foi sempre reconhecido como o país do sincretismo religioso, pela rica capacidade de ressemantização das identidades religiosas, mediante processos de relações e aprendizados com os diferentes. Nas últimas décadas temos verificado, com preocupação, expressões crescentes de exclusivismo religioso, com toques de ‘beligerância iconoclasta’", conta ele.
Faustino Teixeira é graduado em Ciência das Religiões e Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Fez mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado, na mesma área, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de onde recebeu o título de pós-doutor. Atualmente, é professor na Universidade Federal de Juiz de Fora. Entre seus diversos livros publicados, destacamos: Ecumenismo e Diálogo Interreligioso (Aparecida do Norte: Santuário, 2008) e Teologia das Religiões: uma visão panorâmica (São Paulo: Paulinas, 1995). Faustino Teixeira seleciona, organiza e edita as Orações inter-religiosas, publicadas semanalmente, sempre às quintas-feiras, no blog do IHU.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Como explicar a presença e a aceitação do espiritismo num país de marcada presença católica?
Faustino Teixeira - O campo religioso brasileiro vem sofrendo mudanças substantivas nas últimas décadas. O catolicismo vai perdendo aos poucos sua tranquila hegemonia, tendo que conviver com uma dinâmica religiosa marcada pela presença crescente dos pentecostais e dos "sem religião". Um fenômeno recorrente a partir dos anos de 1980 é o "trânsito religioso". Pesquisas realizadas por Ronaldo de Almeida [1], indicam que uma em quatro pessoas mudou de religião no Brasil nos anos de 1990 e uma em cada três na Grande São Paulo, nos anos 2000.
Outra pesquisa realizada em 1994, desenvolvida pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), sobre a presença dos evangélicos, apontou que "cerca de 70% dos evangélicos do Grande Rio não nasceram, nem foram criados num lar evangélico. Entraram na igreja por adesão voluntária, rompendo com a religião dos pais". A pesquisa constatou que a maior parte desses evangélicos veio do catolicismo (61%), que é o maior "doador" de fiéis, e em seguida aparece a umbanda ou candomblé (16%) e o espiritismo kardecista (6%).
Os dados do último Censo IBGE (2000) indicam que o catolicismo ainda responde por 73,8% da declaração de crença. Trata-se, porém, de um catolicismo marcadamente plural. Como assinala Carlos Brandão [2], o nosso catolicismo é uma religião que abraça a diversidade e que possibilita diversas alternativas de viver a crença e a fé. Uma religião "em que Deus pode ter muitos rostos". Pierre Sanchis [3] vai ainda mais longe, ao afirmar que "há religiões demais nesta religião". A plasticidade é uma marca característica da religião no Brasil. Como diz o personagem Riobaldo Tartarana [4], no Grande Sertão: Veredas,
"Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio… Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo; e aceito as preces do compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. Mas, quando posso, vou no Mindubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca."
Estudiosos e observadores do campo religioso no Brasil destacam a presença de uma "impregnação espírita", ou "querela dos espíritos" na sociedade brasileira que escapam à percepção do Censo. O Censo de 2000 indicou que a declaração de crença espírita envolve cerca de 1,4% da população, em torno de 2.337.432 adeptos. Mas não há dúvida de que o "imaginário espírita" tem uma abrangência muito maior. Em entrevista concedida à IHU On-Line (nº 169 - dezembro de 2005), Bernardo Lewgoy [5] sublinhou a "alta ressonância social" das crenças espíritas no Brasil, que escapa de sua vinculação exclusiva aos centros espíritas. Para ele "o kardecismo é um caso de importância qualitativa muito superior à quantitativa".
Vale também lembrar que o povo brasileiro tem uma familiaridade particular com os "espíritos". Como assinala com razão o antropólogo José Jorge de Carvalho [6], "são dezenas de milhões de brasileiros que entram em transe regularmente, recebem entidades ou estabelecem relações personalizadas (de perturbação ou apoio) com a mais variada gama de espíritos". E deixar-se habitar pelos "espíritos" é também fator de afirmação de uma dignidade singular, de intensificação da qualidade do ser sujeito, como mostrou Roger Bastide [7] em sua bela reflexão sobre a dança dos deuses:
"Não são mais costureirinhas, cozinheiras, lavadeira que rodopiam ao som dos tambores nas noites baianas; eis Omolu recoberto de palha, Xangô vestido de vermelho e branco, Iemanjá pentenando seus cabelos de algas. Os rostos metamorfosearam-se em máscaras, perderam as rugas do trabalho cotidiano, desaparecidos os estigmas desta vida de todos os dias, feita de preocupação e de miséria; Ogum guerreiro brilha no fogo da cólera, Oxum é toda feita de volúpia carnal. Por um momento, confundiram-se África e Brasil; aboliu-se o oceano, apagou-se o tempo da escravidão (…). Não existem mais fronteiras entre natural e sobrenatural; o êxtase realizou a comunhão desejada."
A forma de viver a religiosidade no Brasil é bem mais alargada do que aquela declarada no Censo. Há no Brasil o fenômeno recorrente da dupla pertença. Em pesquisa realizada por Luiz Eduardo Soares [8] e Leandro Piquet Carneiro [9], em 1990, por solicitação e patrocínio do Centro João XXIII (Ibrades), com base nos dados do Gallup, constatou-se que 46% dos católicos praticantes acreditam na reencarnação. Dado também confirmado por outra pesquisa realizada no mesmo ano na Arquidiocese de Belo Horizonte. Em levantamento feito com paroquianos de frequência regular nas missas da Arquidiocese, com aplicação de 270.000 fichas, verificou-se que 54,8% dos entrevistados declararam acreditar na reencarnação.
IHU On-Line - Há ainda outros elementos que ajudam a compreender essa aproximação?
Faustino Teixeira - Não há como tratar dessa familiaridade que aproxima a tradição espírita do catolicismo, bem como da receptividade peculiar que a tradição kardecista vem alcançando no Brasil, sem assinalar a sua interface com o catolicismo. Como mostrou José Jorge de Carvalho, "o espiritismo é também cristão ou neocristão, na medida em que reintroduz, revaloriza noções cristãs tais como a de caridade. Ele não só ressemantiza aspectos do cristianismo como introduz o mundo dos espíritos de uma forma agora muito mais ampla, complementando a doutrina equivalente praticada pelas tradições esotéricas e pelas religiões afro-brasileiras".
Alguns pesquisadores que se dedicam ao estudo do espiritismo no Brasil, como Bernardo Lewgoy e Sandra Stoll [10], falam de um "ethos católico do espiritismo brasileiro". O exemplo mais claro disso é a presença de Chico Xavier [11]. Em seu livro sobre o espiritismo à brasileira (2003), Sandra Stoll assinala que "esse modo católico de ser espírita, concretizado por Chico Xavier através do exemplo de vida, parece ser responsável, em larga medida, pela transformação dessa que era uma doutrina estrangeira em religião integrante do ethos nacional. Da moda de salão, da atividade de cunho terapêutico, o Espiritismo passou a integrar o imaginário brasileiro".
Esse imaginário vem reforçado por uma impressionante literatura espírita e sua presença nos meios de comunicação social, particularmente nas telenovelas de caráter espírita. Só Chico Xavier contribui com mais de 400 livros psicografados, em 70 anos de produção. Para Sandra Stoll, "num momento em que a inserção na mídia, em especial a televisão, se destaca como fator de divulgação doutrinária, constituindo um novo campo de disputa no espaço público, o espiritismo vem alargando sua inserção social, especialmente entre os segmentos de classe media, por meio de investimento no campo literário". Vale também ressaltar o sucesso de bilheteria de filmes como Chico Xavier e o mais recente, Nosso lar.
IHU On-Line - O que o senhor pode nos falar sobre as perseguições que os cultos de origem africana sofreram a partir da Proclamação da República, cuja inspiração positivista os via como motivo de atraso e, por isso, tentou proibi-los, inclusive pela força da lei?
Faustino Teixeira - Em clássico artigo publicado na revista Religião e Sociedade, de março de 1986, a antropóloga Yvonne Maggie [12] aborda a questão da repressão sofrida pelas religiões mediúnicas no Brasil, e o faz por intermédio de pesquisa realizada nos arquivos de processos judiciais instaurados para julgar acusados de práticas ilegais de medicina, curandeirismo e magia. Serve-se em particular do decreto 847 da Código Penal de 1890, o primeiro grande conjunto de leis a reger a nova ordem jurídica associada ao nascente regime republicano.
O artigo 157 prescreve prisão e multa para aquele que "praticar o espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismãs e cartomancias, para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade pública". Estava, assim, configurado um "medo do feitiço". Esse tema foi também objeto da dissertação de mestrado de Emerson Giumbelli [13], depois publicada em livro: O cuidado dos mortos. Uma história da condenação e legitimação do Espiritismo"(1995). Em seu trabalho, Giumbelli destacou que as ações policiais e os processos judiciais contra grupos filiados à doutrina de Kardec antecedem ao Código Penal de 1890, e indica referências a isso já em 1881.
IHU On-Line - Por que o espiritismo, antes tão condenado pela Igreja Católica, agora passou a ser perseguido pelas núcleos neopentecostais?
Faustino Teixeira - O Brasil foi sempre reconhecido como o país do sincretismo religioso, pela rica capacidade de ressemantização das identidades religiosas, mediante processos de relações e aprendizados com os diferentes. Nas últimas décadas temos verificado, com preocupação, expressões crescentes de exclusivismo religioso, com toques de "beligerância iconoclasta". Em 1995 teve o triste episódio, conhecido como "chute na santa". Mais recentemente atearam fogo na imagem de Santo Expedito, no interior de São Paulo (Ourinhos).
Exercícios de intolerância religiosa ocorrem em templos neopentecostais e mesmo em circuitos da renovação carismática católica. No livro do bispo Macedo [14], Orixás, caboclos e guias, com inúmeras edições, busca-se identificar o empoderamento do demônio com a participação direta ou indireta nos centros espíritas ou com os trabalhos realizados pelas tradições religiosas afro-brasileiras. Não muito distante, temos também a linguagem etnocêntrica e excludente do padre Jonas Abib [15], da Canção Nova, em seu livro Sim, sim! Não, não!, com mais de 400 mil exemplares vendidos, e que provocou intensa reação na Bahia. Sobretudo, algumas igrejas pentecostais que se firmam a partir década de 1970, dando ênfase ao tema da libertação e do exorcismo, os adversários simbólicos são bem definidos: sobretudo as religiões afro-brasileiras, e de forma mais ampla, as crenças que compõem o repertório católico-afro-kardecista, povoado por santos, energias, espíritos, promessas, trabalhos, feitiços etc.
Na já mencionada pesquisa realizada pelo ISER em 1994, sobre os evangélicos no Grande Rio, verificou-se que eles "se percebem como militantes de um grande confronto espiritual. 89% acreditam na existência de religiões demoníacas". Nas respostas dos evangélicos entrevistados, 95% atribuem este caráter à umbanda e ao candomblé; 83% ao espiritismo kardecista; 52% ao ateísmo e 30% ao catolicismo. A demonização é palavra corrente nos livros doutrinais, nos cultos e rituais desses núcleos neopentecostais e, em especial, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Mas curiosamente, como mostrou Ronaldo de Almeida, em trabalho sobre a guerra das possessões, a IURD acaba elaborando uma "antropofagia da fé inimiga". Por mecanismos singulares de "fagocitose religiosa", ela acaba assimilando traços essenciais das crenças que são combatidas.
Notas:
[1] Ronaldo de Almeida é graduado em Ciências Sociais e mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas. Na Universidade de São Paulo, ele realizou doutorado em Ciências Sociais, com ênfase em antropologia social. É pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e, atualmente, é professor da Unicamp. Concedeu a entrevista "Quem são os demônios da Igreja Universal?" à IHU On-Line em 21-11-2009.
[2] Carlos Brandão é graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília e doutor em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor na Universidade Estadual de Montes Claros, na PUC-SP, na Universidade Federal de Uberlândia e na Unicamp.
[3] Pierre Sanchis, cientista da religião e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais.
[4] Riobaldo Tartarana é uma criação de Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas. No desenrolar dos acontecimentos, apaixona-se por Diadorim. O grande problema é que há um segredo oculto, tanto a Riobaldo quanto ao leitor. Diadorim, embora sendo um dos companheiros do bando de cangaceiros dele, é uma mulher disfarçada de homem.
[5] Bernardo Lewgoy é filosofo e antropólogo. Atualmente, é professor na UFRGS. Concedeu entrevista à edição 169 da IHU On-Line.
[6] José Jorge de Carvalho é graduado em Composição e Regência pela Universidade de Brasília. É mestre e doutor em Antropologia Social pela The Queen's University Of Belfast. Recebeu o título de pós-doutor pela University of Florida.
[7] Roger Bastide foi um sociólogo francês. Em 1938 integrou a missão de professores europeus à recém-criada Universidade de São Paulo, para ocupar a cátedra de sociologia. No Brasil, estudou durante muitos anos as religiões afro-brasileiras, tornando-se um iniciado no candomblé da Bahia. Morreu em 1974.
[8] Luiz Eduardo Soares é antropólogo e cientista político. Atualmente, coordena o curso de especialização em Segurança Pública pela Universidade Estácio de Sá e é idealizador das propostas para segurança pública candidata à presidência Marina Silva. Concedeu à IHU On-Line, em 16-07-2008, a entrevista 'Com a polícia que temos a sociedade não está segura'.
[9] Leandro Piquet Carneiro é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É especialista em Métodos Quantitativos de Pesquisa Social e Política pela University Of Michigan. É mestre e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Pela Universidade de São Paulo recebeu o título de pós-doutor. Atualmente, é membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional e professor da USP.
[10] Sandra Stoll é graduada em História pela Universidade de São Paulo. Fez mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado, na mesma área, pela USP, onde recebeu o título de pós-doutora. Atualmente, é professora na Universidade Federal do Paraná.
[11] Francisco Cândido Xavier notabilizou-se como médium e divulgador do espiritismo no Brasil.
[12] Yvonne Maggie é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É mestre e doutorada em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atualmente é professora.
[13] Emerson Giumbelli é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina. É mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
[14] Edir Macedo Bezerra é empresário e religioso, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e proprietário da Rede Record de Televisão.
[15] Jonas Abib é um sacerdote católico brasileiro. Sua vida também é marcada pela música. Em 1978, Jonas Abib, junto com um pequeno grupo de jovens, fundou a comunidade Canção Nova, que tem a missão de espalhar a doutrina católica pelos meios de comunicação social.
* Instituto Humanitas Unisinos


Colaboração de Ana Cláudia:

O caso da Receita, por Janine Ribeiro
Enviado por luisnassif, qua, 08/09/2010 - 10:56
Por Renato Janine Ribeiro


Como meu texto excedeu o tamanho solicitado pela Folha, acredito que seria bom incluir aqui o texto inteiro:

Sem exageros.
"Cortem-lhe a cabeça! disse a rainha. Mas sem processo? perguntou Alice. Primeiro a condenação e depois o processo, explicou a rainha. No meu país é o contrário, retrucou Alice, primeiro o processo e depois a sentença. Aqui não, concluiu a rainha."

Lembro essa cena de Alice no país das maravilhas, quando leio o inflacionado debate sobre algo que é erradíssimo - a violação do sigilo de cinco nomes do PSDB, de centenas de outras pessoas na agencia Mauá da Receita e de centenas de milhares de declarações de renda vendidas na 25 de março, inclusive, talvez, a minha e a de vocês. Mas a exploração política do caso é exagerada. O senhor que retirou a declaração de Veronica Serra não é respeitado nem pelos jornalistas, que dizem que ele teria pedido dinheiro e que eles não teriam pago. Nada nele demonstra estilo petista, embora tenha aderido ao PT logo após a vitória de Lula - uma adesão que, pelo visto, não levou a nada. Mas os jornalistas creem numa única afirmação dele: de que o episódio visaria a prejudicar Serra. Por que essa seleção do que merece e não merece crédito em suas palavras? ainda mais levando em conta que, se alguém pode ser prejudicado pela história, é Dilma.

Na verdade, afora o fato de que nossas declarações de renda são vendidas na rua há anos e está na hora de parar com isso ou de pararmos de preenchê-las, o que me preocupa de imediato são duas coisas. A primeira é que a imprensa abriu mão de cobrir, a sério, as eleições. O Paraná vive um pleito complexo, com irmãos em lados opostos, com inimigos históricos que se tornam aliados e os jornais apenas repetem essa descrição, sem explicar como uma sociedade rica tem uma política pobre. Esse é um exemplo entre muitos. A cobertura eleitoral hoje é função dos quatro institutos de pesquisa, dos escândalos que surjam e, bem pouco, do trabalho de repórter. Isso augura mal para o futuro de uma profissão que um dia quis exercer.

O outro ponto é que, sem provas de ligação entre o detestável delito de violação de declarações e a candidatura Dilma, o candidato que está atrás nas pesquisas quer anular na Justiça os votos dela. Se isso for jogo de cena para levar a um segundo turno, não é bonito, mas vá lá. Mas, se for uma tentativa de anular, fechadas as urnas, 60% dos votos válidos e dar posse a um presidente votado por 25% dos eleitores, será um golpe fatal na democracia brasileira. Melhor seria a oposição e a imprensa que a apoia aceitarem que nas eleições se perde e se ganha, que elas não são uma guerra em que se mata o inimigo mas uma competição em que o povo escolhe o preferido para cada cargo. E o povo não merece que se destrua a democracia, que a discussão politica se reduza a uma crônica policial ou que os vários lados fiquem de birra um com o outro - como muito bem tem dito a candidata Marina Silva. Teremos, todos nós, que construir este país, pelo resto de nossas vidas. Melhor evitar paixões e atos que tornem, depois, difícil a colaboração, pelo menos entre quem gosta do Brasil.


Carta Capital: filha de Serra expôs sigilo de 60 milhões de brasileiros
A revista CartaCapital que está nas bancas nesta semana traz reportagem de Leandro Fortes que coloca em apuros o tucano José Serra. Segundo a reportagem, baseada em documentos oficiais, por 15 dias no ano de 2001, no governo FHC/Serra a empresa Decidir.com abriu o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros. A Decidir.com é o resultado da sociedade, em Miami, da filha de Serra, Verônica Serra, com a irmã de Daniel Dantas. Por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros ficaram expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. Verônica Serra é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16954&boletim_id=757&componente_id=12589


Setembro se chama Allende
O Chile vive nestes dias três datas especiais e dois dramas profundamente entrelaçados. Este mês comemora-se o 40° aniversário da histórica vitória de Salvador Allende e da Unidade Popular nas eleições presidenciais. Naquele 4 de setembro de 1970, o povo chileno abriu as portas da história e empreendeu um profundo processo de transformações econômicas, sociais, culturais e políticas. A “via chilena para o socialismo” só foi derrotada pelo golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 - que este ano completa 37 anos – protagonizado pelas Forças Armadas, mas estimulado pela direita, pela Democracia Cristã, pela burguesia e por Washington. O artigo é de Mario Amorós.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16951&boletim_id=757&componente_id=12590




O Reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no uso de suas atribuições e considerando a Portaria MP nº 124 publicada no DOU de 16/03/2010, a Portaria MEC nº 324 publicada no DOU de 22/03/2010, a Portaria MEC nº 343 publicada no DOU de 26/03/2010 e o disposto no Decreto 6.944, publicado no DOU de 21/08/2009, torna publica a abertura das inscrições para Concurso Público, regido pelo presente Edital, destinado ao provimento de cargos da carreira técnica-administrativa dessa Universidade, conforme consta no Anexo I, de acordo com as Leis nº 8.112, de 11/12/1990, nº 11.091 de 12/01/2005 e nº 11.233, de 22/12/2005, e demais regulamentações pertinentes.
Inscrições à partir do dia 20/09/2010


1. Antes de efetuar a inscrição, o candidato deverá ler atentamente o edital do concurso e certificar-se de que preenche todos os requisitos exigidos para a investidura no cargo para o qual pretende concorrer.
2. O candidato só poderá concorrer a um único cargo, conforme quadro de vagas previstas no item 1.1 do Edital 148/2010.
3. Após a realização da inscrição não será aceita em hipótese alguma alteração de CARGO para o qual o candidato se inscreveu.
4. Em nenhuma hipótese haverá devolução da quantia paga a título de inscrição, salvo em caso de cancelamento do concurso por conveniência da UFVJM.
5. Para efetuar o pagamento da inscrição, é necessária a impressão de GRU, a ser pago até a data do vencimento, estabelecida no mesmo, preferencialmente nas agências do Banco do Brasil S/A. Caso você não disponha de uma impressora no momento da inscrição, poderá imprimir o boleto posteriormente.
6. O Comprovante Definitivo de Inscrição – CDI não será enviado pelo correio. Para imprimi-lo, o candidato, utilizando o número do seu CPF, deverá acessar o site www.ufvjm.edu.br
a partir do dia 29 de outubro de 2010.
7. Os dados fornecidos no preenchimento do formulário de inscrição são de inteira responsabilidade do candidato.
8. Caso haja divergência de dados, entrar em contato, imediatamente, pelo telefone (38) 3531-3965 (38) 3531-3965



No Cafe Historia:

MISCELÂNEA

Um banco de artigos científicos para chamar de seu

Bancos de artigos científicos na internet são cada vez mais usados por estudantes e pesquisadores na elaboração do conhecimento. Confira os melhores serviços segundo o Café História

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Seis décadas após Holocausto, judaísmo floresce na Alemanha

Cineasta francês Claude Chabrol morre aos 80 anos

VÍDEOS EM DESTAQUE

Geraldo Vandré canta "Aroeira" - 1967

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/geraldo-vandre-canta-aroeira

BLOG DO PARTICIPANTE

O voto é um direito ou dever?

Leia e comente: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/blog-do-emir-1

CINEMA E HISTÓRIA

Nem policial, nem bandido. "5 X Favela, agora por nós mesmos" está nos cinemas brasileiros e mostra a favela do ponto de vista dos moradores.
Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network