quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Numero 254



Amigos leitores
Perdoem o mal jeito, mas a pressa com compromissos editoriais me impediu de fazer um Boletim com o mesmo cuidado de sempre.
Mesmo assim, recebi muitas colaborações e o conteúdo está ótimo.
Há 3 videos indicados por leitores. Valem a pena!!!
Bom proveito!



Enviado por Ana Cláudia:

A xenofobia da pauliceia mina os alicerces da República
por Fátima Oliveira, em O Tempo

Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

Adoro batata-doce com leite, que em minha infância a gente só podia comer de vez em quando, tipo uma vez por semana, pois vovó dizia que era uma comida danada de boa, mas faltava só um grau pra veneno. Não entendeu? Nem eu, até hoje! Talvez porque é um daqueles alimentos ditos “fortes”, que dão sustança – que a gente come e se delicia. E, ao terminar, está saciada, sonolenta, meia zen! Juro!

Batata-doce com leite é uma carícia quando a gente está em busca de conforto… Sabe aquela sensação indescritível de querer comer algo que não se sabe o que é? Não é fome propriamente, pois com fome come-se qualquer coisa, como se diz no sertão: “A boca quer coisa boa, mas a barriga quer é ficar cheia”.

Comer batata-doce com leite é dar um “trato” em minha memória alimentar afetiva. É comer e sentir renovar as energias. Desde o dia da twitada xenófoba da acadêmica de direito de Sampa, que incitava matar nordestinos por afogamento, eu sabia que precisava de algo! Só consegui falar sobre o assunto após comer batata-doce com leite! “Puxei pela memória”…

Quando morava em São Paulo, na primeira metade dos anos 1990, uma amiga chegou à minha casa e eu estava comendo batata-doce com leite. Ela indagou o que era aquilo. Depois que respondi, a dita cuja lascou: “Ah, que baianada!”. Não engoli calada e, “olhos nos olhos”, me arretei dizendo-lhe que ela sabia que eu não era baiana e sim maranhense, mas que na Bahia também comiam batata-doce com leite, assim como no Nordeste todo.
Como uma socióloga não percebia que a naturalização e a banalização de vocábulos repletos de nojo e asco, que expressam aversão ao estrangeiro (xenofobia – do grego, “xeno” = estrangeiro + “fobia”=medo), são uma desumanização e desrespeito ao outro? Acrescentei que estava pelo gogó com essa história de que todo nordestino em São Paulo é baiano, termo usado não para indicar quem nasce na Bahia, mas para, depreciativamente, se referir a nordestinos e nortistas: “Essa gente lá de cima (demorei pra entender que se referiam ao mapa do Brasil!), que até coisas estranhas come…”.

Na época recrudescia em São Paulo o nojo a nordestinos, para ferir a prefeita de São Paulo, a paraibana Luiza Erundina, que a elite paulistana jamais engoliu! Ao contrário, perseguiu sem tréguas. Coincidentemente, eu estava às voltas com um xenófobo casal egípcio, radicado em São Paulo há mais de 30 anos, pais de um namorado de uma das minhas filhas, que teve o desplante de ir “tomar satisfações” comigo! Foi uma cena ridiculamente surreal!

O pai chegou arrastado pela sua consorte, que não era nada submissa para afrontar-me. Balbuciava que não era contra o seu “bebê” namorar uma “baiana” (pense no asco!), apenas que eu os respeitasse, não oferecendo carne de porco para ele. E que eu ficasse sabendo que o filho dela se casaria com uma muçulmana. Com baiana, jamais! Disse-lhes que a porta da rua era a serventia da casa e os escorracei!

Entendi ali como a elite paulistana, quatrocentona e xenófoba, consegue impor e perpetuar ideias de superioridade racial (racismo) e a renitente aversão a nordestinos: catequizando até imigrantes de outros países que “essa gente lá de cima” (do mapa) é erva-daninha! Na cidade de São Paulo, que tem suor “dessa gente lá de cima” em cada grão de riqueza, tudo o que alguém faz de errado ou que não presta, para xenófobos nativos caipiras e/ou letrados “sorbonados”, é “baianada”.

Chega, a postura xenófoba dessa gente mina os alicerces da República!
Publicado no Jornal OTEMPO em 16/11/2010


Enviado por Guilherme Souto:

fonte: www.brasilianas.org
A política externa, segundo Bresser
Enviado por luisnassif, dom, 21/11/2010 - 13:33
Folha de S.Paulo - Luiz Carlos Bresses-Pereira: Política externa altiva e ativa
Decisão mais importante da diplomacia do Brasil foi rejeitar a Alca sem entrar em conflito com os EUA


Em entrevista para a Folha (15/11) o ministro Celso Amorim afirmou que o presidente Lula e ele procuraram fazer uma política externa "altiva e ativa". Terão sido bem-sucedidos?

Estou convencido que sim, mas para responder a esta questão é preciso considerar que vivemos na era da globalização na qual os Estados-nação experimentam uma contradição essencial.

Nunca foi tão intensa a competição entre eles, mas, em contrapartida, nunca foi tão necessário que cooperassem e coordenassem suas ações.

Os grandes países não mais se ameaçam com guerras, mas, como os mercados foram abertos e as exportações cresceram mais do que a produção, a competição econômica entre eles aumentou.

E, visando regular essa competição e resolver uma série de problemas globais como o aquecimento global, as máfias das drogas, as epidemias globais, as catástrofes e tsunamis, a cooperação entre as nações é cada vez mais necessária.

Por outro lado, os EUA, a Europa rica e o Japão (o Império) continuaram a dificultar o desenvolvimento econômico dos países que se industrializaram tardiamente.

Suas armas são seus conselhos e pressões.

O mais danoso deles é o de que procurem crescer apoiados na "poupança externa" e, portanto, aumentem seu endividamento externo. Dessa forma os países ricos dão vazão a seu excesso de capital ao mesmo tempo em que nos fragilizam financeiramente e nos tornam dependentes.

As decisões que os países em desenvolvimento precisam tomar para enfrentar essas pressões são internas, mas uma política externa nacionalista e cooperativa pode ajudar nessas tarefas.

A decisão mais importante foi a de rejeitar a Alca -o Acordo de Livre Comércio das Américas- sem entrar em conflito com os EUA.

Quando o Brasil condicionou sua entrada na Alca ao respeito a uma série de princípios de autonomia nacional, os EUA desistiram.

As políticas de fortalecimento do Mercosul, de criação da Unasul, e de solidariedade ativa, mas limitada aos países pobres da América Latina governados por partidos nacionalistas e de centro-esquerda foram também bem-sucedidas.

Na relação com a Bolívia, que precisava renegociar contratos danosos, o Brasil mostrou a diferença entre ser imperial e imperialista.

Os críticos afirmam que ao negociar com países com governos autoritários que não respeitam os direitos humanos o Brasil estaria fortalecendo esses governos.

Não há, entretanto, nenhum governo de grande país que estabeleça essa condição para negociar.

Ela é apenas lembrada para justificar pressão e intervenção em países com governos nacionalistas.

Afirmam também que a política externa fracassou em relação à candidatura ao Conselho de Segurança da ONU.

Em compensação, o Brasil passou a participar do G20, e, depois de sua tentativa de intermediação do problema Irã, tornou-se claro para todos que sua participação nos principais foros internacionais é necessária.

Naturalmente o Império não aceitou a intermediação, mas Brasil e Turquia marcaram um ponto.

Na verdade, nestes oito anos, o Brasil marcou muitos pontos no plano internacional.


Enviado por Leila Brito:


Que ninguém se iluda, a OTAN nada conseguirá no Afeganistão, túmulo dos impérios

20/11/2010, Patrick Cockburn, The Independent, UK em:
Be under no illusion, Nato is in no shape to make progress in this graveyard of empires
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Se o Iraque foi ruim, o Afeganistão será ainda pior. Nada que se diga ou faça na reunião da OTAN em Lisboa, que é, sobretudo, exercício de autoilusão, alterará essa clara evidência.
Não se trata só da guerra, que irá de mal a pior. Trata-se sobretudo de a necessidade da OTAN, de mostrar algum sucesso, já ter levado a movimentos contraproducentes, que só fizeram aprofundar a violência. Dentre essas perigosas iniciativas da OTAN destaca-se a ideia de implantar milícias locais para combater os Talibãs onde o exército afegão é fraco. São quase sempre milícias mercenárias, pagas por senhores-da-guerra locais, que caçam civis afegãos.

A estratégia do exército dos EUA é assassinar comandantes Talibãs de nível médio. Mas estudo recente mostrou que, na maioria dos casos, os assassinados são homens de prestígio em suas respectivas comunidades. E que os assassinatos só fazem enfurecer cada vez mais a população. Nesses grupos indignados, os Talibãs recrutam soldados cada vez com mais facilidade.

Hoje, em Lisboa, o comandante do exército dos EUA no Afeganistão, general David Petraeus, falará aos demais comandantes da OTAN sobre seu plano de começar, em 2011, a transferir ao governo afegão a responsabilidade pela segurança em algumas regiões do país. É mais desejo que projeto. De fato, a única preocupação do general Petraeus é conseguir escapar às acusações de que a OTAN não tem nem ideia de quando ou como sair do atoleiro em que está, no Afeganistão.

Os Talibãs controlam total ou parcialmente, hoje, metade do território afegão. Enquanto os EUA fazem jorrar reforços nas províncias de Helmand e Kandahar, os Talibãs expandem seus enclaves no norte.

Todo o plano de transferir a responsabilidade pela segurança para o exército afegão depende de o exército e a polícia afegãos ser rapidamente expandidos, para 171 mil soldados, o exército; e para 134 mil guardas, a polícia. São novos recrutas que, além de ainda terem de ser treinados, terão de ser recrutados nas comunidades tadjique, uzbeque e hazara, de tendência anti-Talibã. Os pashtuns, 42% dos afegãos, e grupo onde os Talibãs têm raízes históricas, sentir-se-ão cada vez mais agredidos.

As diferenças entre a guerrilha no Iraque e no Afeganistão mostram que a guerrilha afegã é muito mais ameaçadora para as forças de ocupação. No Iraque, os guerrilheiros anti-EUA eram árabes sunitas, comunidade à qual pertence apenas um de cada cinco iraquianos. O governo pós-Saddam em Bagdá foi apoiado pelos curdos e pelos xiitas, quase quatro quintos da população. Os afegãos são mais xenofóbicos que os iraquianos. "Desconfiar de estrangeiros está no DNA de todos os afegãos", disse em Cabul um diplomata ocidental.

Os comandantes da OTAN reunidos em Lisboa talvez se interessem por conhecer dois outros detalhes, que fazem do Afeganistão país muito mais perigoso para as forças de ocupação. O governo afegão é muito mais fraco que o governo em Baddá, onde há tradição de controle central e o petróleo rende ao governo 60 bilhões de dólares. Em termos militares, o exército soviético não foi derrotado no Afeganistão pelo poderio das forças afegãs, mas pelos 2.500 km de fronteira com o Paquistão. Enquanto essa longa fronteira permanecer aberta, porosa, e os guerrilheiros encontrarem paraísos seguros no Paquistão, nem a OTAN nem o governo afegão derrotarão a resistência.
http://redecastorphoto.blogspot.com/2010/11/que-ninguem-se-iluda-otan-nada.html





A História da Austeridade
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários. Por toda a parte, os cidadãos vão são sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios compartilhados. O que não é dito é mque a crise foi provocada por um sistema financeiro desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17188&boletim_id=790&componente_id=13126




Mídia, golpes e tortura
No Brasil a Casa Grande não descansa. E a principal voz da Casa Grande no Brasil é a mídia hegemônica, aquele grupo de poucas famílias que se pretende o intérprete da realidade brasileira, apesar de há muito ter deixado de sê-lo. A um jornalismo sério, que tivesse compromisso com a história, a um jornalismo que tivesse alguma ligação, tênue que fosse, com a idéia de democracia, que se preocupasse com a educação das novas gerações, caberia discutir a monstruosidade da tortura, mostrar o que ela tem de lesa-humanidade. Mostrar que qualquer processo que envolva tortura não merece qualquer crédito. Mas esse não é o jornalismo brasileiro. O artigo é de Emiliano José.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17202&boletim_id=793&componente_id=13170




Cuba, mudanças a caminho
Após uma longa espera, o Partido Comunista de Cuba convocou seu VI congresso que será realizado em abril de 2011. O congresso anterior ocorreu em 1997, há mais de treze anos. Presidente Raúl Castro lança documento distribuído à população com as propostas de mudanças na política econômica e social do país. Entre elas, destacam-se a descentralização da economia por meio da autonomia empresarial, a demissão de 500 mil funcionários públicos e a supressão de subsídios. O artigo é de Leonaro Padura Fuentes.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17205&boletim_id=793&componente_id=13168



Enviado por Rosa Varella:

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história

Esse vídeo é rápido e muito bom!
Espero que voces assistam....

part I - http://www.youtube.com/watch?v=O6mbjTEsD58

part II - http://www.youtube.com/watch?v=SZuJ5O0p1Nc



Enviado por Beth Queijo:

Aprenda o que é terrorismo:
Excelente vídeo. É uma aula de consciência:
http://www.youtube.com/watch?v=eYKBoiPZoCM





O Departamento de História da UFOP realizará um concurso para professor Adjunto para a área de História do Brasil República.
AREA: HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA.
Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Telefone: (31) 3557-9430 (31) 3557-9430 . E-mail: dirichs@ichs.ufop.br
PROGRAMA
1- Crise da monarquia escravista e construção da ordem republicana.
2- Trabalhismo e populismo.
3- Projetos de modernização
4- Modernismos e nacionalismo na cultura.
5- História da historiografia brasileira no século XX.
6- Autoritarismo e democracia.
7- Sociedade civil e resistência política.
8- Dilemas políticos e sociedade no Brasil pós-1985.
9- História do tempo presente: questões teóricas e metodológicas.

3.3.1 As inscrições serão realizadas exclusivamente pela "internet" no endereço www.concurso.ufop.br. das 09 (nove) horas do dia 24/11/2010 até às 23 horas e 59 minutos do dia 04/01/2011.

Informações em:
www.concurso.ufop.br/images/stories/ed_efe__165_2010__vrias_reas_23_adjunto_e_14_assistente.pdf





Confira o que você encontra hoje no Café História:

MISCLEÂNEA

História da Educação Paulista

Novo site do Arquivo Público de São Paulo oferece documentos valiosos para a pesquisa histórica e que ajudam a contar a trajetória da educação no estado

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Arqueólogos mapeiam cavernas históricas de Nottingham

FÓRUNS EM DESTAQUE

Quais as referências bbliográficas mais importantes na discussão da história da sexualidade?

Participe:
http://cafehistoria.ning.com/group/ahistriadosexo/forum/topics/quais-as-referencias


O fundamentalismo religioso está substituíndo as ideologias políticas?

Participe:

http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/o-fundamentalismo-religioso


GRUPOS SUGERIDOS

Paul Ricoer

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/mariadosocorrosilva

História da Filosofia

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/histriadafilosofia

VÍDEOS HISTÓRICOS

A Criação do Frevo

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/a-criacao-do-frevo-parte-1

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network



Leia no www.outraspalavras.net


Moralismo, ignorância e... depressão!
Espantoso declínio: no “primeiro mundo”, mescla de conservadorismo e ideias econômicas simplórias joga sociedade contra si mesma e aprofunda crise. Por Paul Krugman

Potências à deriva
Depois de governarem o mundo por cinco séculos, Europa e EUA parecem sem rumo, desalentados e entregues a tendências ultra-conservadoras. Por Roberto Savio

Wikileaks: vida dura, num mundo sem hippies
A estratégia do Pentágono para esconder as misérias da guerra é atacar Julian Assange, o jornalista que coordena as revelações

França: a razão dos protestos
Os números demonstram: aumento da riqueza nacional é mais que suficiente para manter e ampliar aposentadoria e direitos sociais. Por Mike Weisbrot

Ei: mas o sertão não é mais de vidas secas?
Crônica de uma sequência de viagens aos rincões do Nordeste -- onde surgem, em meio à pobreza, sinais de superação do atraso e de muita vitalidade social. Por Ibirá Machado

Boff e as encruzilhadas do novo governo
Teólogo elogia erradicação da miséria como prioridade; mas lembra que é preciso rever o conceito de desenvolvimento. Por Marilza de Mello Foucher


A Europa em marcha-à-ré
Quebra da Irlanda confirma: “resposta” europeia à crise é a pior possível. Mas retrocesso continua, porque faltam alternativas e há um ganhador oculto: a poderosa máquina de exportação da Alemanha

Na greve, um Portugal menos europeu
Trabalhadores cruzam os braços hoje, para que o país não seja a "bola da vez" na crise financeira. Importante: há propostas concretas para evitar desmanche social

Estados Desunidos da América?
Novo censo revela país menos rico e mais polarizado -- social e politicamente. E o Congresso recém-eleito, a direita mais irresponsável terá força

Um veneno chamado vaidade
Empenhado em associar sua imagem a "realizações", Obama achou-se capaz de seduzir adversários, montou estratégia errática, desgastou-se. Como reerguer-se agora? Por David Bromwich

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Numero 253




Hoje faço os últimos comentários sobre a minha estadia no Canadá, abordando uma casa-museu em Toronto e uma pequena linda cidade, Niagara On the Lake.















Niagara on the Lake é uma encantadora cidade às margens do Lago Ontário. Pequena, toda florida, com uma população que curte as tradições. Tivemos oportunidade de ir duas vezes lá. Na primeira, era só de passagem para Niagara Falls (que, de bonito, só tem a catarata mesmo, a cidade é um horror, cheia de monstros norte-americanos nas lojas, um barulho ensurdecedor...bem...deixa pra lá) e vimos dezenas de pessoas vestidas com uniformes antigos, moças e senhoras vestidas como se no século XIX estivessem.

















Niagara Falls...é só o que vale a pena ver...

Um batalhão do século XIX em 2010...

Infelizmente não vimos a festa. Na segunda vez era a Festa do Pêssego. A avenida principal da cidade estava fechada ao trânsito, para que expositores pudessem mostrar tudo o que se pode fazer com pêssegos. E com outros produtos da agricultura também. Uma festa de um domingo inteiro.
Recomendo. Se for ao Canadá, não deixe de ir a Niagara on the Lake.


A casa Loma, em Toronto, é um espetáculo à parte. Trata-se da residência de Sir Henry Pellatt. É um verdadeiro castelo medieval. 300 trabalhadores a construíram, num espaço de 3 anos. Ela ficou pronta em 1914.
Hoje é um museu pessoal. Administrada pelo Clube Kiwanis, a Casa pertence à cidade.


Sir Henry lutou nas duas guerras mundiais e a casa está cheia das lembranças desse seu passado militar. Foi ele também que criou a companhia que forneceu energia elétrica para Toronto. Era também acionista da Companhia de Estradas de Ferro. Acumulou uma grande fortuna, portanto. A construção da casa ficou em aproximadamente 3 milhões de dólares.
Casa Loma significa “casa no topo da colina”.
A biblioteca é um local para leitor nenhum botar defeito. Enorme, com liv
ros principalmente de jardinagem e de história militar.
Vai a Toronto? Não deixe de visitar!!!
















Medalhas e condecorações de guerra. Ao lado, Sir Henry
















Bem, temos hoje um artigo produzido pelo jornalista José de Souza Castro a respeito do problema prisional em Minas Gerais. E o ENEM volta com dois artigos que refletem aquilo que eu disse no numero passado: a quem interessa o fracasso do ENEM?
Bom proveito!








Penitenciárias privadas – o avanço para trás do governo de Minas
José de Souza Castro

O leitor de “The Moonstone”, um clássico da literatura policial escrito em meados do século 19 por Wilkie Collins, se surpreende quando Lady Verinder contrata o Sargento Kuff, da Scotland Yard, às suas próprias custas, para que ele investigue quem furtou uma valiosa pedra preciosa. E o despediu, quando achou que o resultado da investigação poderia comprometer a honra de sua nobre família. Parece que, na época, a polícia agia desse modo. Séculos antes, já eram privadas as prisões inglesas. Nada muito diferente do que o governo estadual pretende fazer agora em Minas Gerais, em tempos de choque de gestão.

O grande capital, que num ponto da História foi sendo controlado na Inglaterra, onde o governo assumiu os presídios e fez com que a polícia não fosse apenas a polícia dos ricos, para proteger seu patrimônio, nunca teve tanta liberdade de ação como hoje em Minas.

E nossa polícia vai sendo aos poucos ultrapassada, em número de homens e poder de fogo, pelos vigilantes e guardas privados. Empresas de vigilância e segurança lucram com esse sistema e as que pagam por seus serviços repassam os custos para os consumidores. O próximo passo do capital é lucrar com a construção e administração de presídios. Entre todos os estados brasileiros, Minas – a do “choque de gestão” – quer sair na frente nesse quesito. De volta ao passado.

O “choque de gestão” começou prejudicando os funcionários públicos, sobretudo no momento em que se aposentam. Pois eles estarão condenados, como os que os precederam, a verem ano a ano suas aposentadorias perderem poder de compra, sem reajuste para compensar a inflação. Prepara-se agora para prejudicar os presos. E não são poucos.

O Conselho Nacional de Justiça informou que até setembro deste ano o número de presos em Minas passava de 49 mil, dos quais 65% estavam espremidos em carceragens superlotadas de delegacias de polícia, aguardando julgamento para, se condenados, serem encaminhados às penitenciárias para cumprir pena. Feitas as contas, há mais de 17 mil condenados em penitenciárias no Estado.

Esse número – que pode crescer indefinidamente – já representa grande negócio para as empresas participantes da PPP (Parceria Púbico-Privada) do sistema penitenciário. Ela foi lançada pelo governador Aécio Neves e tem no atual governador um entusiasta. O edital dessa PPP estabelece que o vencedor da concorrência não poderá cobrar mais de R$2.100,00 (dois mil e cem reais) por mês, por preso.

Nada mal, quando se sabe que um trabalhador de salário-minimo tem que se manter – e a família – com pouco mais de ¼ desse valor.
Se todos os presos em penitenciárias forem privatizados, nós, os contribuintes, vamos gastar mensalmente mais de R$ 35 milhões, para mantê-los nesses lugares de ócio – que se imagina, pelo preço cobrado, serão bem confortáveis, ou pelo menos muito mais que a casa de um trabalhador de salário mínimo.

O avanço em nosso bolso será lento, gradual e seguro. Vai começar com a privatização de 3.040 vagas, num presídio a ser construído em Ribeirão das Neves. O governo de Minas já firmou convênio com cinco empresas para construir e administrar o novo complexo penitenciário, que tem como modelo os presídios privados de Ashfields e Lowdhanm, na Inglaterra de Margareth Thatcher.

Segundo a Frente Antiprisional das Brigadas Populares, formada há dois anos para lutar contra a ideia de transformar presos em mercadoria, o sistema que o governo de Minas e as empresas querem montar “consiste em enormes unidades (o que contraria a legislação vigente no estado que estabelece um teto de 170 presos por nova unidade construída) associadas a oficinas de trabalho, ou indústrias de alta demanda de mão de obra”.

Ah, bom. Então eles não ficarão ociosos. Vão engrossar o imenso contingente brasileiro de mão-de-obra barata para os espertos... mas não para nós, os otários contribuintes.

É um negócio promissor. Segundo a Fundação João Pinheiro, já temos 301 presos para cada 100 mil habitantes, uma taxa em rápida expansão. Quando começar a dar lucro para valer, o céu é o limite. Ninguém no governo parece preocupado em saber se é inteligente ou não ampliar a oferta de vagas nas penitenciárias como forma de combater a criminalidade. Isso não interessa. O que importa é o lucro, imbecil! Se for preciso, como fizeram nos Estados Unidos, onde muitos presídios foram privatizados, aumenta-se o número de encarcerados, evita-se a todo custo que eles sejam reabilitados – garantindo assim sua volta ao presídio pouco depois da libertação no fim da pena – diminuem-se os custos (à custa do bem-estar dos presos) e aumenta-se a lucratividade do novo negócio.

É com esse espírito, certamente, que vão se reunir no próximo dia 29 os membros do Copom (Conselho Estadual de Política Ambiental) para examinar a construção do presídio em Ribeirão das Neves em área de preservação permanente. Não pretendo antecipar o que será decidido, mas sou pessimista, tendo em vista os precedentes. E não estou sozinho. O advogado criminalista Virgílio de Mattos afirma, em artigo encaminhado pelo vigário da Paróquia do Carmo, Frei Gilvander Moreira, que os grandes donos do grande capital não têm o menor pudor quando se trata de terem lucro. “Não importando o que se tenha que moer: floresta, minério ou gente.”

Para concluir, um trecho do artigo de Virgílio de Mattos, membro do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade, do Fórum Mineiro de Saúde Mental e Autor de Crime e Psiquiatria – Preliminares para a Desconstrução das Medidas de Segurança, dentre outros:

“Na origem perdida no século XV, XVI, como estou convencido, o cárcere era privado e visando lucro a qualquer preço, portanto, não apresentem essa forma como “novidade”. Sejam incautos, sejam mal-intencionados, tenhamos um pouco de respeito, quando nada, à verdade histórica.”

A íntegra do artigo pode ser lida aqui
: http://antiprisional.blogspot.com/


Enviado por Leila Brito:

Nicolelis: Só no Brasil educação é discutida por comentarista esportivo
por Conceição Lemes



Desde o último final de semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Ministério da Educação (MEC) estão sob bombardeio midiático.
Estavam inscritos 4,6 milhões estudantes, e 3,4 milhões submeteram-se às provas. O exame foi aplicado em 1.698 cidades, 11.646 locais e 128.200 salas. Foram impressos 5 milhões de provas para o sábado e outros 5 milhões para o domingo. Ou seja, o total de inscritos mais de 10% de reserva técnica.
No teste do sábado, ocorreram dois erros distintos. Um foi assumido pela gráfica encarregada da impressão. Na montagem, algumas provas do caderno de cor amarela tiveram questões repetidas, ou numeradas incorretamente ou que faltaram. Cálculos preliminares do MEC indicavam que essa falha tivesse afetado cerca de 2 mil alunos. Mas o balanço diário tem demonstrado, até agora, que são bem menos: aproximadamente 200.
O outro erro, de responsabilidade do Inep, foi no cabeçalho do cartão-resposta. Por falta de revisão adequada, inverteram-se os títulos. O de Ciências da Natureza apareceu no lugar de Ciências Humanas e vice-versa. Os fiscais de sala foram orientados a pedir aos alunos que preenchessem o cartão, de acordo com a numeração de cada questão, independentemente do cabeçalho. Inep é o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão do MEC encarregado de realizar o Enem.
“Nenhum aluno será prejudicado. Aqueles que tiveram problemas poderão fazer a prova em outra data”, tem garantido desde o início o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Isso é possível porque o Enem aplica a teoria da resposta ao item (TRI), que permite que exames feitos em ocasiões diferentes tenham o mesmo grau de dificuldade.”
Interesses poderosos, porém, amplificaram ENORMEMENTE os erros para destruir a credibilidade do Enem. Afinal, a nota no exame é um dos componentes utilizados em várias universidades públicas do país para aprovação de candidatos, além de servir de avaliação para bolsa do PRO-UNI.
“Só os donos de cursinhos e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem”, afirma, indignado, ao Viomundo o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte.
“Eu vi a entrevista do ministro Fernando Haddad ao Bom Dia Brasil, TV Globo. Que loucura! Como jornalistas que num dia falam de incêndio, no outro, de escola de samba, no outro, ainda, de esporte, podem se arvorar em discutir um assunto tão delicado como sistema educacional? Pior é que ainda se acham entendedores. Só no Brasil educação é discutida por comentarista esportivo!
Nicolelis é um dos maiores neurocientistas do mundo. Vive há 20 anos nos Estados Unidos, onde há décadas existe o SAT (Standart Admissions Test), que é muito parecido com o Enem. Tem três filhos. Os três já passaram pelo Enem americano.

Entrevista:


Viomundo — De um total de 3,4 milhões de provas aplicadas no sábado, houve problema incontornável em menos de 2 mil. Tem sentido detonar o Enem, como a mídia brasileira tem feito? E dizer que o Enem fracassou, como um ex-ministro da Educação anda alardeando?

Miguel Nicolelis — Sinceramente, de jeito algum — nem um nem outro. O Enem é equivalente ao SAT, dos Estados Unidos. A metodologia usada nas provas é a mesma: a teoria de resposta ao item, ou TRI, que é uma tecnologia de fazer exames. Ela foi criada há 100 anos e está em uso desde a década de 50. Curiosamente, em outubro de 2005, entre as milhões de provas impressas, algumas tinham problema na barra de códigos onde o teste vai ser lido. A entidade que faz o exame não conseguiu controlar, porque esses erros podem acontecer.

Viomundo — A Universidade de Duke utiliza o SAT?
Miguel Nicolelis — Não só a Duke, mas todas as grandes universidades americanas reconhecem o SAT. É quase um consenso nos Estados Unidos. Apenas uma minoria é contra. E o Enem, insisto, é uma adaptação do SAT, que é uma das melhores maneiras de avaliação de conhecimento do mundo. O teste é a melhor forma de avaliar uniformemente alunos submetidos a diferentes metodologias de ensino. É a saída para homogeneizar a avaliação de estudantes provenientes de um sistema federativo de educação, como o americano e o brasileiro, onde os graus de informação, os métodos, as formas como se dão, são diferentes.

Viomundo — Qual a periodicidade do SAT?
Miguel Nicolelis – Aqui, o exame é aplicado sete vezes por ano. O aluno, se quiser, pode fazer três, quatro, cinco, até sete, desde que, claro, pague as provas. No final, apenas a melhor é computada. Vários estudos feitos aqui já demonstraram que o SAT é altamente correlacionado à capacidade mental geral da pessoa.
Todo ano as provas têm uma parte experimental. São questões que não contam nota para a prova. Servem apenas para testar o grau de dificuldade. Outro peculiaridade do sistema americano é a forma de corrigir a prova. É desencorajado o chute.



Viomundo — Explique melhor.
Miguel Nicolelis — Resposta errada perde ponto, resposta em branco, não. Por isso, o aluno pensa muito antes de chutar, pois a probabilidade de ele errar é grande. Então se ele não sabe é preferível não responder do que correr o risco de responder errado.

Viomundo – Interessante …
Miguel Nicolelis – Na verdade, o SAT é a maneira mais honesta, mais democrática de avaliar pessoas de lugares diferentes, com sistemas educacionais diferentes, para tentar padronizar a forma de ingressar na universidade. Aqui, nos EUA, a molecada faz o exame e manda para as faculdades que quer frequentar. E as escolas decidem quem entra, quem não entra. O SAT é um dos componentes para essa avaliação. Dela fazem parte, notas ao longo da vida acadêmica, redação, entrevista…

Viomundo — Nos EUA, tem cursinho para entrar na faculdade?
Miguel Nicolelis — Tem para as pessoas aprenderem a fazer o exame, mas não é aquela loucura da minha época. Era cheio de cursinho para todo lugar no Brasil. Cursinho é uma máquina de fazer dinheiro. Não serve para nada a não ser para fazer o exame. Por isso ouso dizer: só os donos de cursinho e aqueles que não querem democratizar o acesso à universidade podem ter algo contra o Enem.



Viomundo –Mas o fato de a prova ter erros é ruim.
Miguel Nicolelis — Concordo. Mas os erros vão acontecer. Em 1978, quando fiz a Fuvest (vestibular unificado no Estado de São Paulo), teve pergunta eliminada, pois não tinha resposta. Isso acontece desde o tempo em que havia exame para admissão [ao primeiro ginasial, atualmente 5ª série do ensino fundamental) na época das cavernas (risos). Você não tem exame 100% correto o tempo inteiro.
Então, algumas pessoas estão confundindo uma metodologia bem estudada, bastante conhecida e aceita há décadas, com problemas operacionais que acontecem em qualquer processo de impressão de milhões de documentos. Na dimensão que aconteceu no Brasil está dentro das probabilidade de fatalidades.

Viomundo -- Em 2009, também houve problema, lembra-se?
Miguel Nicolelis -- No ano passado foi um furto, foi um crime. O MEC não pode ser condenado por causa de um assalto, que é uma contingência e nada tem a ver com a metodologia do teste.
Só que, infelizmente, gerou problemas operacionais para algumas universidades, que não consideraram a nota do Enem nos seus vestibulares. Isso não quer dizer que elas não entendam ou não aceitam o teste. As provas do Enem são muito mais democráticas, mais racionais e mais bem-feitas do que os vestibulares de qualquer universidade brasileira.
Eu fiz a Fuvest. Naquela época, era um lixo na época em que eu fiz. Não media nada. E, ainda assim, a gente teve de se sujeitar àquilo, para entrar na faculdade a qualquer custo.

Viomundo -- Fez cursinho?
Miguel Nicolelis -- Não. Eu tive o privilégio de estudar numa escola privada boa. Mas muitas pessoas que não tinham educação de alto nível eram obrigadas a recorrer ao cursinho para competir em condições de igualdade.
Mas o cursinho não melhora o aprendizado de ninguém. Cursinho é uma técnica de aprender a maximizar a feitura do exame. É quase um efeito colateral do sistema educacional absurdo que até recentemente tínhamos no Brasil. É um arremedo. É um aborto do sistema educacional que não funciona.

Viomundo -- Qual a sua avaliação do Enem?
Miguel Nicolelis -- É um avanço tremendo. Você retira o estresse do vestibular. Na minha época, e isso acontece muito ainda hoje, o jovem passava os três anos esperando aquele "monstro". De tal sorte, o vestibular transformava o colegial numa câmara de tortura. Uma pressão insuportável. Um inferno tanto para os meninos e meninas quanto para as famílias. Além disso, um sistema humilhante, porque as pessoas que podiam frequentar um colégio privado de alto nível sofriam com o complexo de não poder competir em pé de igualdade. Por isso os cursinhos floresceram e fizeram a riqueza de tanta gente, que agora está metendo o pau no Enem. Evidentemente vários interesses estão sendo contrariados devido ao êxito do Enem.

Viomundo -- Tem muita gente pixando, mesmo.
Miguel Nicolelis -- Todo esse pessoal que pixa acha que sabe do que está falando. Só que não sabe de nada. Exame educacional não é jogo de futebol. Tem metodologia, dados, história. E olha que eu adoro futebol. Sempre que estou no Brasil, vou ao estádio para assistir aos jogos do Palmeiras [Ninguém é perfeito (rs)!] O Brasil fez muito bem em entrar no Enem. É o único jeito de acabar com esse escárnio, com essa ferida que é o vestibular.

Viomundo — Nos EUA, não há vestibular para a universidade. O senhor acha que o Brasil seguirá essa tendência?
Miguel Nicolelis -- Acho que sim. O importante é o seguinte. O Brasil está tentando iniciar esse processo. Quando você inicia um processo dessa magnitude, com milhões fazendo exame, é normal ter problemas operacionais de percurso, problemas operacionais. Isso faz parte do processo.
Nós estamos caminhando para o Enem ser a moeda de troca da inclusão educacional. As crianças vão aprender que não é porque elas fazem cursinho famoso da Avenida Paulista que elas vão ter mais chance de entrar na universidade. Elas vão entrar na universidade pelo que elas acumularam de conhecimento ao longo da vida acadêmica delas. Elas vão poder demonstrar esse conhecimento sem estresse, sem medo, sem complexo de inferioridade. De uma maneira democrática.E, num futuro próximo, tanto as crianças de escolas privadas quanto as de escolas públicas vão começar a entrar nesse jogo em pé de igualdade. Aí, sim vai virar jogo de futebol.
Futebol é uma das poucas coisas no Brasil em que o mérito é implacável. Joga quem sabe jogar. Perna de pau não joga. Não tem espaço. O talento se impõe instantaneamente.
Educação tem de ser a mesma coisa. O talento e a capacidade têm de aflorar naturalmente e todas as pessoas têm de ter a chance de sentar na prova com as mesmas possibilidades.

http://www.viomundo.com.br/entrevistas/nicolelis-so-no-brasil-educacao-e-discutida-por-comentarista-esportivo.html



Rudá Ricci: Enem sofre ofensiva de interesses ligados à indústria do vestibular

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofre uma ofensiva de interesses, segundo o sociólogo e consultor na área de educação Rudá Ricci. Ele enumera grupos e setores do que chama de “indústria do vestibular”, de cursos preparatórios a docentes encarregados de formular as provas. Para ele, há uma disputa de política educacional em curso, e é necessário preservar uma avaliação de caráter nacional.

“Uma prova nacional permite que o país trace objetivos de política educacional”, esclarece. Um vestibular nacional do ponto de vista da aplicação e do conteúdo promove um impacto no ensino médio, de modo a reverter problemas dessa faixa da educação.

Para ele, os vestibulares descentralizados, feitos por cada universidade, provocam danos à educação, já que o ensino médio e mesmo o fundamental direcionam-se às provas, e não à formação em sentido mais amplo. “O ensino médio é o maior problema da educação no Brasil, é o primeiro da lista, com mais evasão, em uma profunda falência”, sustenta.

“O Enem faz questões interdisciplinares, é absolutamente técnico, é super sofisticado”, elogia. Os méritos estariam em privilegiar o raciocínio à memorização de conteúdos. Isso permitiria que o ensino aplicado nas escolas fosse além do preparo para enfrentar provas de uma ou outra universidade.

O Enem traz uma “profunda revolução”, na visão de Rudá, “ao combater profundamente a concepção pedagógica e política de vestibulares por universidade”. Ao se aproximar dessa concepção nacional – fato que aconteceu apenas nos últimos anos –, interesses de grupos educacionais foram colocados em xeque, o que desperta ações contrárias.

Entre os setores interessados economicamente, segundo ele, estão as próprias universidades, que arrecadam em matrículas, os professores que produzem questões fechadas e abertas, e os cursos preparatórios para o vestibular.

Controle social

Ricci critica a postura do ex-ministro da Educação, Paulo Renato, e da ex-secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro. O sociólogo taxa os comentários feitos pelos especialistas ligados ao PSDB como “oportunismo”. Isso porque, segundo ele, o uso da prova como seleção e seu caráter nacional, hoje criticados pelos tucanos, foram objetivos perseguidos durante a gestão de Renato na pasta, de 1995 a 2002.

O que ele considera como mudança de postura é resultado da disputa política, que faz com que os estudantes passem a rejeitar o exame. “Os jovens não querem mais essa bagunça. E têm razão”, pontua.

“Existe uma movimentação para politizar esse tema; vamos ter o avanço de uma oposição organizada, que junta as forças políticas que perderam a eleição nacional com escolas particulares, cursinhos que têm muito interesse na manutenção do sistema de vestibular”, avalia.

O sociólogo defende o modelo de exame nacional, mas acredita que a fórmula possa ser aprimorada, seja com mais dias de provas, seja com provas aplicadas a cada ano do ensino médio. Ele aponta ainda que houve um desvirtuamento da proposta interdisciplinar e sofisticada, empregada originalmente, em função da necessidade de expandir a prova. Em 2010, foram 4,6 milhões de inscritos.

Ele acredita que a postura de críticas deve-se às diferenças partidárias. “Estão politizando o Enem, politizando o ingresso na universidade e o conteúdo da prova”, lamenta. “Seria interessante ter um órgão que execute o exame sob controle social, não de governo, nem de empresas”, sugere.

“A solução é nós discutirmos nacionalmente esse gerenciamento em um modelo como o americano para o vestibular nacional”, defende. O SAT, usado como método de seleção nos Estados Unidos, é aplicado por agentes privados de modo controlado pelo departamento de educação federal. Além de poder ser aplicado em dias diferentes, cartas de recomendação de professores e outros instrumentos também são considerados na seleção por parte de universidades.

De: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ruda-ricci-enem-sofre-ofensiva-de-interesses-ligados-a-industria-do-vestibular.html


Sátira mostra que na Comunidade Europeia a situação é parecida com a do Brasil de Gilmar Daniel Dantas Mendes
Veja o vídeo em: http://blogdomello.blogspot.com/2010/11/satira-mostra-que-na-comunidade.html



A História da Austeridade
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários. Por toda a parte, os cidadãos vão são sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios compartilhados. O que não é dito é mque a crise foi provocada por um sistema financeiro desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17188&boletim_id=789&componente_id=13107





O Portal da Fundação Maurício Grabois, através do seu Centro de Documentação e Memória (CDM), está disponibilizando aos pesquisadores e militantes interessados na história do comunismo no Brasil um precioso acervo documental. Trata-se da coleção do jornal A Classe Operária que abarca o período que vai de 1967 até 1983, anos de ditadura militar. No total foram 155 edições que o público poderá ter acesso.
A Classe Operária, relançada em 1962, jogou um importante papel no processo de reorganização do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Era, fundamentalmente, através dela que o partido expressava suas opiniões e buscava organizar sua militância dispersa em diversos estados.
http://www.fmauriciograbois.org.br/portal/cdm/revistas.capa.php?id_sessao=51


Recado da Editora Contexto:
Novembro é um mês importante para a história do Brasil. Dia 15 comemora-se a Proclamação da República e dia 20 é o Dia da Consciência Negra.
Para comemorar essas datas com nossos leitores, a Editora Contexto está realizando uma promoção imperdível. A partir de hoje, até domingo (dia 21/11), todo nosso catálogo de História pode ser comprado com 30% de desconto
Faça seu pedido pelo site http://www.editoracontexto.com.br/



Divulgamos uma nova chamada de artigos para a Revista do Centro de Documentação e História (CDHIS), da Universidade Federal de Uberlândia.
A nova edição trará um dossiê sobre ciência e meio ambiente, além de também selecionar trabalhos com temática livre.
Maiores detalhes poderão ser encontrados em http://www.seer.ufu.br/index.php/cdhis


II Encontro Paulista Memória, Saúde e Sociedade

Segundo evento realizado pela RedeHiss - Rede Interdisciplinar de
Pesquisa em História da Medicina e Saúde - São Paulo. Pretende
intensificar o encontro entre os pesquisadores atuantes em História da
Medicina e da Saúde e áreas afins, afim de discutir condições de
organização, acesso e pesquisas.
Informações e inscrições de posters: Museu Histórico FMUSP: (11)
3061-7249 ou mhistorico@museu.fm.usp.br


Data - 1 e 2 de Dezembro de 2010
Local dia 01/12 - Teatro da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP) - Av. Dr. Arnaldo, 455 ? Cerqueira César
Local dia 02/12 - Anfiteatro de História - Universidade de São Paulo ?
Av. Prof. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária



Veja no Café História:



MISCELÂNEA

Ao Führer, com carinho

As relações entre Hitler e os alemães são objeto de uma exposição em cartaz em Berlim. Por Igor Gak, historiador, diretamente de Berlim para o Café História.

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Em Ouro Preto, Laurentino Gomes diz não escrever para historiadores

SUGESTÃO DE LEITURA

"Hitler - Um Perfil do Poder", do respeitado historiador Ian Kershaw.

FÓRUNS EM DESTAQUE

O novo currículo de História do Estado de São Paulo foi um retrocesso na maneira de ensinar Historia?

Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/o-novo-curriculo-de-historia

NOVOS GRUPOS

Holocausto - Centro de Altos Estudos Históricos
Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/holocaustocentrodealtosestudoshistricos

História da Cidade do Porto
Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/historiadoporto

VÍDEOS HISTÓRICOS

Um papo sobre a relação entre a fotografia e a história: Entrevista com MAURICIO LISSOVSKY.

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/mauricio-lissovsky-forum-de


Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Numero 252





Conforme pedidos, vamos voltar a falar do Canadá.
E, aproveitando a deixa de um artigo que vem em seguida, que mostra que nos Estados Unidos o Bolsa-Familia deles atende quase 50 milhões de pessoas, quero lembrar que no Canadá o governo tem um projeto de ajuda aos pobres. É uma ajuda ínfima, irrisória, apenas 800 a 1000 dólares mensais!!! Coisa de país atrasado, não é mesmo? Em vez de dar os 200 reais que o nosso Bolsa-Familia concede, ou seja, algo em torno de 100 dólares, eles oferecem de 8 a 10 vezes mais. São uns aparecidinhos... Será que é por isso que a gente não encontra mendigos nas ruas de lá? Nem crianças vendendo balas nos semáforos?
Mas os canadenses são uns neuróticos, como diria o Obelix. Imagina que a licença maternidade é de 12 meses (sic) e o governo ainda paga 1.500 dólares por mês para a mãe durante esse ano de licença... Eu não sei como a economia deles ainda não se arrebentou todinha...
Outra neurose. Olhem a placa. Traduzo: POR F
AVOR, PISE NA GRAMA. E olha que gramado maravilhoso, na ilha de Toronto, local freqüentado pelas famílias de canadenses e de imigrantes, que fazem piqueniques, se divertem nos fins de semana e feriados.

E a ocupação do solo? Uma empresa faz um loteamento, constrói as casas em menos de um ano (todas as casas do loteamento, mais de uma centena!!!). Em pouco tempo, em área próxima, surgem os estabelecimentos comerciais, escolas, igrejas, tudo que é necessário para uma vida digna. Nada de arranha-céus. Casas de dois andares, como essas da fotografia, e lojas, supermercados da mesma altura.
Bem, acabei deixando para o próximo numero o comentário sobre uma casa e uma cidade muito especiais . Aguardem!



A eleição acabou, mas as seqüelas dela permanecem e ainda prometem muito, infelizmente. Eu não sei se foram os partidos ou os marqueteiros, ou ambos, mas o fato é que os instintos mais primitivos das pessoas foram incentivados a dar as caras. Todo o preconceito, especialmente contra os nordestinos, aflorou. Não adiantou se provar por a + b que Dilma ganhou com os votos do Sudeste, que, mesmo que os nordestinos não tivessem votado nela, ela ainda superaria Serra. Foram os estados de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo que deram a votação expressiva para a candidata vitoriosa. Será que o Serra é tão ingênuo a ponto de pensar que depois de fazer tudo o que fez contra o Aécio, iria receber apoio incondicional dele?
Acabou-se a era Serra. Com certeza, em 2014, a chapa tucana será Aécio e Alkmin, ou Aécio e Richa.

Ainda mais que, na França, mandaram Serra calar a boca, quando ele falava mal do governo Lula... ¿ Porqué non te calas? Engraçado... quando o rei da Espanha disse isso ao Chavez, foi noticia no mundo inteiro por semanas... por que será que no Brasil ninguém disse nada à frase do mexicano contra o Serra?



Mas... há algo de novo no ar, além dos aviões de carreira, diria o Aparício Torelli. Alguns sinais muito perigosos estão tomando visibilidade. Já haviam se iniciado na campanha. O discurso de Guerra Fria anos 60 estava no ar. Militares da reserva, ou seja, aqueles que estavam na ativa nos anos 60, receberam visitas que lhes falaram de “república sindicalista” e quejandos. Ou seja, tentava-se voltar àquela época de triste memória.
O comportamento de diretores e editores do jornalismo global é espantoso. Desde Ali Kamel que, após o ultimo debate, fez questão de tirar retrato com Dilma (e sua esposa e filha também), até as mesuras do Bonner na entrevista com a presidenta eleita. Parecia que ele estava entrevistando a rainha da Inglaterra, de tão cordato!

Suspeito...muito suspeito tudo isso...
Alguns artigos tratam dessa questão. Leiam e comentem.



Finalmente, o Enem. Estive conversando com duas colegas, desde domingo. Uma delas, inclusive, me encaminhou o email abaixo, falando dos problemas que a filha dela enfrentou na hora do exame. No mínimo, um escândalo.
Como é possível que um órgão como o INEP, sabidamente competente, demonstre tal incompetência para realizar o ENEM? Não foi um probleminha qualquer, tanto é que um juiz já decretou que ele tem de ser anulado. E não foi a primeira vez. Ano passado também tivemos um problema da mesma magnitude, que levou à realização de novas provas.
Está na hora de se pensar que essas “falhas” talvez não sejam simples falhas. Parece mais uma sabotagem muito bem articulada. A quem interessa o esvaziamento do ENEM?
“Elementar, meu caro Watson”, diria Sherlock Holmes. Que tal começar a pensar sobre isso, ministro Haddad?



Recebi de Maricell Zanirato

Calem a boca, Nordestinos!
Por José Barbosa Junior

As eleições de 2010 trouxeram à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.
Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!


Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…
E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
Ah! Nordestinos…
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura. E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros à força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país. Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!

Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!





Enviado por Claudia Machado:

Sobre eleições, nordestinos e afins.
Por Ricardo Moraleida Publicado: 1 de novembro de 2010

Este texto foi escrito para uma amiga querida, que eu não vejo há tempos. Eleitora da Marina no primeiro turno e de Serra no segundo, fez alguns comentários irritados sobre os nordestinos hoje, ao que eu respondi perguntando se ela acreditava mesmo que a crítica era justa e indicando o eterno artigo da Maria Rita Kehl. Infelizmente ela me disse que não queria continuar a discussão, então não tive como responder à sua crítica e ao seu desapontamento por eu usar um discurso de “intelectual de esquerda” e a “mentalidade de encher os pobres de benefícios”.

Aqui vai, amiga, espero que você me entenda melhor depois disso:

É muito ruim ver gente que eu gosto muito entrando nessa onda de desqualificar o voto dos pobres, dos nordestinos, dos beneficiados por programas sociais que efetivamente melhoraram as condições de vida deles.

É muito triste você achar que o nosso voto deveria valer mais que o deles porque nós estudamos, tivemos acesso ao conforto e à vida digna. Me desculpe a comparação, mas propor separar o nordeste à força é mais ou menos como propor criar uma nova Angola lá, pelo bem de criar uma nova Suíça aqui, é realmente isso que você quer? É esse o conceito de justiça social que você defende?

Eu fiz campanha, nesses últimos meses, com convicção de qual era o futuro que eu quero pro meu país.
E vou continuar fazendo política de agora em diante, no meu papel intransferível de cobrar do novo governo tudo que ele prometeu, com todos os problemas que ele tem e que ele com certeza terá.

Não foram os nordestinos que elegeram a Dilma.
Fui eu, foram 60% dos habitantes do Rio de Janeiro, foram 45% dos habitantes de São Paulo, foram os meus amigos da classe média, foram os novos universitários do país inteiro, 55 milhões de pessoas. Aliás, se o Nordeste inteiro não tivesse votado, ainda assim Dilma teria 1,8 milhões de votos a mais.

Mas eu gosto muito de você, e gostaria muito, muito, de pensar que os seus últimos comentários foram só a força emotiva de o seu candidato não ter ganhado, gostaria muito de saber que você não pensa exatamente assim. E gostaria muito que você me acompanhasse na fiscalização séria e respeitosa ao governo que foi democraticamente eleito.

Não sou intelectual, nem mesmo um acadêmico. Sou um micro-empresário, um cara que preza o capitalismo e a possibilidade de trabalhar duro e melhorar de vida que ele me dá. Sou um cara extremamente grato à minha família por ter me dado todas as condições pra que eu pudesse estudar, trabalhar e viver por meus próprios esforços. E sou um cara correto, que pago os meus impostos em dia e registro minhas notas fiscais com a mesma diligência que leio as notícias e cobro soluções dos candidatos eleitos. Que faço campanha com a mesma militância que, ao perceber que minha escolha nessas eleições foi errada, irei às urnas em 4 anos exigir a mudança necessária, ou, se o improvável apocalipse acontecer, irei às ruas exigir a deposição da mandatária.

Mas nós somos privilegiados. Somos as frutos de uma sociedade extremamente desigual que se valeu e ainda se vale dos seus oprimidos para garantir os nossos privilégios. A prova máxima do nosso privilégio é que tem muita gente que trabalha tão duro quanto nós, e mais duro ainda, e ainda assim não consegue nosso padrão de vida. É esse o problema que a política atual tenta solucionar.

Eu e você não precisamos do governo simplesmente porque a carga tributária pode continuar subindo e ainda assim vamos conseguir manter o nosso padrão de vida – ou vamos tranquilamente tirar nossos vistos e nos mandar pra um país desenvolvido qualquer. Os mais pobres não, e enquanto nós não tivermos uma sociedade igualitária, o governo não pode deixar que o capitalismo de mercado seja livre pra engolir a quem bem entender – nem depois, os EUA estão sofrendo as consequências disso até hoje. Mas fique feliz, BH e algumas outras capitais caminham para atingir esse ano o nível de emprego pleno, ou menos de 6% de desemprego – estamos no caminho certo.

Eu acho que você é uma pessoa bem informada, você sabe os valores pagos pelos programas que você chama de assistencialistas e as condições que são colocadas pra que as pessoas se tornem beneficiadas tão bem quanto sabe o valor da bolsa da Capes que recebeu durante o seu mestrado em uma Universidade Pública de conceito 7, paga com impostos de pobres e ricos desigualmente. Você sabe que é impossível uma família viver só de Bolsa-família ou de Pronasci assim como sabe como é difícil para nós viver só de bolsa. Você sabe que 4,8% da nossa população ainda vive com menos de 2 dólares por dia – e que eles eram 12% até 2003 e ainda são 9,6 milhões de pessoas. E eu não acredito que você quer competir ‘em igualdade de condições’ com alguém cuja renda é de R$ 306 por mês.

Eu sei que você enxerga que para eles, o teto do bolsa-família representa 65% a mais na renda mensal – e ainda não é suficiente para chegar ao salário mínimo. Eu espero que você imagine o tanto que é preciso ser pobre pra isso. Eu sei que você, como uma boa admiradora de coxinhas, sabe que eles precisam estudar e trabalhar, mas que a fome que eles sentem todos os dias e a preocupação em não deixar suas mães, filhos e netos comerem papelão ou aceitarem trabalho análogo à escravidão não é exatamente uma boa companheira de jornada.

É verdade, os programas assistenciais do governo dificultam a vida da classe média. Não é mais possível contratar uma empregada por menos do que um salário mínimo, e fica mais difícil a cada aumento anual acima da inflação. Não é mais possível pagar menos do que R$ 30 por dia pra uma diarista – nas regiões mais ricas, não é mais possível pagar menos de R$ 80! No meu apartamento no Rio, pago R$ 105 por um dia de faxina*. E fico feliz que as filhas da minha faxineira não vão precisar limpar a casa de ninguém pra viver, fico feliz que elas conheçam hoje o computador que eu conheci em 1997. Elas até poderão escolher viver como diaristas um dia, mas que seja por um salário que lhes garanta uma vida digna.

Fico feliz que os meus filhos tenham que competir com os filhos da minha faxineira, porque isso vai exigir deles que não fiquem sentados sobre os privilégios que eu herdei e eles herdarão de mim, espero ser capaz de passar para eles a hombridade necessária pra que reconheçam que o dinheiro que nós temos é igual ao que os outros têm, e muitas vezes vem muito mais facilmente para nós do que para eles.

Mas se pra isso for necessário que esses pobres TAMBÉM “mamem nas tetas do governo” por algum tempo, so be it – nós, os 10% mais ricos do país, já fazemos isso há muito tempo com o nosso sistema tributário injusto, com nossas bolsas de estudos no exterior, com os descontos no Imposto de Renda porque escolhemos pagar por escolas particulares e com a sonegação recorde, pura e simples.

Enquanto isso, cidades inteiras estão saindo da miséria porque o governo resolveu que era preciso partir o bolo pra que ele crescesse, resolveu entender que a lógica perversa da exclusão precisava ser resolvida de imediato, e resolveu que pra isso bastaria injetar uma parte do que eu pago de impostos na economia deles, resolveu que não ia cobrar dos lavradores do inteiror pra instalar os postes de luz que eu não paguei pra ter na cidade, resolveu que não ia dar vale-quentinha porque pobre tem que comer mas também tem que vestir, tem que ter lazer, tem que ter transporte e tem que ter a dignidade que só o controle sobre o próprio dinheiro nos dá.

Apoiar essa política não é ser intelectual, mas é ser de esquerda. E ser de esquerda é, antes de qualquer coisa, ser partidário da igualdade social.

Ao invés de me indignar com os beneficiários dos R$22 a R$200 mensais que alimentam, vestem e compram materiais escolares para famílias inteiras, com os beneficiários do microcrédito da Caixa, que montam as empresas que vão competir com a minha, prefiro direcionar o meu rancor à parcela dos 10 milhões de concurseiros de classe média e ricos, ávidos por uma boquinha nessas mesmas tetas, caçando vagas com salários de R$ 2 a R$ 15 mil com o objetivo único de garantir os próprios privilégios pagos, estes sim, com a riqueza que eu gero com o meu negócio honesto.

Vivemos num país capitalista, mas isso não significa que precisamos viver num capitalismo individualista, egoísta, em que cada um protege o seu e fecha os vidros com insulfilm pra não ver a miséria na rua. Morar em cidades grandes, como diz o Alex, nos dá uma carcaça grossa e insensível. É por isso que precisamos nos esforçar pra lutar por uma realidade diferente. É o que o Brasil está fazendo em escalas jamais vistas, dando a oportunidade de os seus cidadãos terem o mínimo necessário de dignidade para viver.

Foi por isso que eu e mais 55 milhões de brasileiros – somente 18,3 milhões no Nordeste – elegemos ontem a nossa 1ª presidenta.

* Eu pagava R$100 para a faxineira. Até o dia que ela me contou que se pegasse o trem chegaria 1h mais rápido no trabalho e 1h mais rápido em casa. Com R$ 5 reais ela ganhou duas horas úteis a mais no dia – o dinheiro é consumido igual, ela continua ganhando o mesmo, mas o que você daria para ter mais 2 horas por dia?


O NINHO DA SERPENTE

Raul Longo

Distribui, tal como a recebi, a publicação britânica da notícia sobre as manifestações de racismo contra nordestinos pelos eleitores de José Serra. Foi um erro, pois não percebi que no campo assunto quem me enviou escreveu ou manteve o que originalmente foi escrito:

“O ODIENDO PRECONCEITO PAULISTA NA WEB/BRASIL JÁ BATEU EM LONDRES (SERÁ QUE A EDITORA ABRIL A CONTRATARÁ PARA POSAR NUA NA PLAYBOY?)”

É sintomático isso de cogitar a contratação pela Playboy da estudante que primeiro descarregou a frustração da derrota de seu candidato nos nordestinos, apesar de que o escrutínio regional demonstre que Serra perderia mesmo sem os votos do nordeste. E, também, que teve eleitores no nordeste. Mas ainda sem perceber a existência dessa frase no campo assunto, inscrevi a guisa de cabeçalho, sintetizando o conteúdo da matéria para os que não leiam em inglês: Para pensar (trata-se do sucesso internacional dos eleitores de José Serra divulgando a imagem do Brasil para o mundo)

Mas, racistas pensam? Muitos, por certo, sequer imaginaram os prejuízos para nossa imagem no exterior, talvez até orgulhosos de demonstrarmos sermos hoje, igualzinho ao que foram no passado. Já em outros, a reação foi imediata.

Alguns me mandaram argumentos diversos de própria e alheia lavra, procurando provar que nem todos os paulistas e nem todos os eleitores de José Serra são racistas, reafirmando aquilo que todos sabemos: talvez sejamos o povo mais racista do mundo, embora os mais eloquentes em negar o que os demais assumem.

E racistas não são apenas os paulistas (daí meu erro em manter o inscrito no campo assunto). À exceção da região norte, vivi em todas as demais do Brasil e me foi impossível definir onde se é mais ou menos racista. Portanto não creio que se trate de localizar o ninho da serpente do racismo geograficamente, mas é preciso localizá-lo para evitar que envenene as futuras gerações provocando atrofias ao passado do qual já se libertaram tantos europeus, norte-americanos e boêres sul africanos.

Sabemos que do passado é o ovo dessa serpente, mas não interessa agora retrocedermos na história e, sim, destruirmos esses ninhos no presente para que a peçonha não se prolifere, como nas tantas mensagens de twitter em apoio ao fascismo da estudante – pasmem – de Direito.

Fosse ela única, não seria o caso de dedicar tempo à manifestação doentia, mas foram tantas (não contei, mas no mínimo umas 20 mensagens em apoio à futura advogada, numa exposição que também me enviaram) que tomo aqui emprestado os contra argumentos com os quais, mais uma vez, tentam esconder o ninho destas serpentes que amiúde se entrelaçam entre as mentes brasileiras.
Dizem que as serpentes se reconhece pela cabeça e vamos logo a uma delas, reproduzindo o comentário de um desses meus correspondentes: “O simples fato dessa desvairada ser paulista não significa que ela é o protótipo do eleitor de Serra, pois bem sabemos existir entre os eleitores de Dilma desvairados desse matiz e outros tão ou mais desprezíveis, como os mensaleiros e outros "artistas" menos citados.”

Vejam só! Aí está meu erro em não ter reparado na errônea indicação de regionalização do preconceito no campo assunto da mensagem repassada. Portanto, não posso nem devo culpar o correspondente por ter entendido que tenha relacionado os eleitores de Serra aos paulistas, mas na verdade, não foi minha intenção. Até porque muitos paulistas votaram em Serra e, na região sudeste onde aquele estado se infere, se não me falha a memória Dilma Rousseff foi a mais votada. Além disso, eleitores de José Serra há em todas as regiões, não há sentido especificá-los regionalmente. Mas aqui o correspondente já nos oferece uma excelente pista, se referindo ao “protótipo do eleitor de Serra”.

Há um protótipo do eleitor de Serra? Interessante! E qual é esse protótipo? Bom... Se há o protótipo, também há aquele eleitor do José Serra que não é assim tão típico, tão padrão. Ou, talvez, há os eleitores de Serra que embora eleitores, não sejam tão puros, não dignos, tão genuínos.

O que é o “protótipo do eleitor” de José Serra? Talvez seja aquela mulher que nunca tenha cometido aborto nem matado as criancinhas imoladas pela Dilma Rousseff conforme denuncia de Mônica Serra incluindo a opositora do marido entre os indignos de Deus da Igreja e dos Cristãos.

Ou será que o protótipo do eleitor de José Serra é aquele que comete harakiri ou qualquer autoimolação quando um seu funcionário de confiança se torna suspeito de prevaricação?

O depoimento das ex-alunas de Mônica Serra e o episódio do Paulo Preto, comprovam que apesar da grande capacidade mimética das serpentes, de fato de se tentou desenvolver um prototípico eleitoral do candidato. Mas poderemos aceitar protótipos de eleitores do José Serra sem cair naquele mesmo caso dos cristãos que consideravam natural escravizar, matar ou torturar índios e negros, porque não teriam alma?

E de se considerar. Reparem que o correspondente admite que entre escravistas ou torturadores seiscentistas se incluam desvairados “desse matiz e outros tão ou mais desprezíveis, como os mensaleiros e outros "artistas" menos citados.”

Muito interessante isso de “tão ou mais desprezíveis” Também seria admissível o inverso? Por exemplo, haver entre os correligionários de José Serra, mensaleiros mais desprezíveis do que entre os acusados pelo Roberto Jefferson. Talvez o próprio Roberto Jefferson mesmo, que confessou ter roubado o partido a que pertencia e acusou outros de terem feito o mesmo para, ao menos, ter companhia na montagem da ópera bufa?

Esses outros ainda não foram julgados pelo Poder Judiciário, francamente opositor do Poder Executivo deste governo Lula, mas o mesmo Judiciário já concluiu, em conformidade com as investigações, que não havia qualquer relação entre os pagamentos do caixa 2 montado por Delúbio Soares, com as votações parlamentares. Até porque as datas desses pagamentos em nenhuma ocasião coincidiram com as reuniões parlamentares para aprovação de projetos do Executivo.

Roberto Jefferson inclusive foi penalizado pelo executivo por este falso testemunho. Alguns anos atrás não o seria. Pelo contrário, seria motivo de orgulho tal o que fazia Sérgio Motta, ministro de FHC, jactar-se à imprensa por ter comprado os votos que aprovaram a emenda constitucional que permitiu a reeleição daquele governo.

Mas, vá lá que nos conceitos do correspondente isso seja menos desprezível do que pagamento de dívidas de campanha, mas seria interessante saber em que conceito enquadra os mesmos valores e agentes quando movimentados para o pagamento da campanha de Eduardo Azeredo ao estado de Minas Gerais? Será que ao correspondente o que se difere é o fato de Azeredo ter operado em função de um único estado, enquanto os acusados por Jefferson o fizeram em função de diversos municípios de todo o país? Ou porque Azeredo foi condenado por não ter honrado os empréstimos, ao contrário do PT que não só vinha pagando regularmente, já sob a tesouraria de Delúbio, como quitou a dívida sem necessidade de se recorrer a justiça?

Serpenteantes meandros que dificultam a compreensão das referências do correspondente, ainda mais quando não define quais ou quem serão os outros desprezíveis artistas. Mais artísticos ou mais desprezíveis do que Geraldo Brindeiro, o internacionalmente conhecido Engavetador Geral da República do Brasil que no Guiness mereceria destaque por ter arquivado nada menos do que 600 processos contra o governo tucano? Grande mago o Geraldo! Digno daqueles números de engolir cobra!

No entanto, a imprensa brasileira escamoteia ou omite tais fatos e é aí onde realmente poderemos encontrar a trilha que vai ao ninho da serpente, detectada por Jean Paul Sartre quando acusava na origem do racismo uma inveja dos brancos em certas particularidades vantajosas no biótipo do negro, e vice-versa. Mas não concordo totalmente com Sartre. Não no que se refere a se prezar mais as ancas das negras em relação às das brancas, que mais se realçam é no imagético de origem caucasiana. Tampouco no imitar os cabelos lisos das brancas que mais se valorizam na suspeita atração a tudo que de si difere, como ocorre nas mulheres negras.

Mas o de mais belo nas mulheres é mesmo esse reinventar-se, essa possibilidade de se aproximar a todos os estilos, sejam éticos, culturais ou sociais; mantendo sempre a si quando não necrosada pelos preconceitos da moça estudante, coitada, tão jovem e até bonita, mas já caquética e mentalmente em decomposição.

De forma que embora reconheça diferenças de proporções tanto em ancas e cabelos, quanto em ilícitos de grupos políticos, percebo um soar de guizos quando escuto expressões como “quão ou mais desprezíveis”. Algo parecendo com “por pior que seja minha facção, a sua ainda é mais”. Nessa fricção de mantras facciosos podemos reconhecer os guizos que denunciam o ninho construído, ou amoldado.

Não pelo correspondente ou pelos eleitores de Serra, claro! Natural que eleitores busquem construir argumentos que justifiquem suas preferências por este ou aquele candidato, este ou aquele partido. Mas quando as forças partidárias ou as que compõem um modelo político começam a juntar elementos estranhos à questão política, tais como religião, aborto, documentos falsos, montagens, responsabilização dos contrários por atos de própria responsabilidade, evocações vazias à ética, emprego de moralismos, etc., aí cuidado!

E lembre-se: não há mais falsa coral do que aquela coral que se diz “do bem”. Pois está incluso no dizer “eu sou do bem” o dizer “o outro é do mal”, e aí já se começa a destilar o veneno do faccioso. Daquele que nada tem a apresentar além do agitar dos guizos a camuflar as presas.

Constata-se ter sido exatamente ocorrido na campanha de José Serra, ao longo da qual o candidato em momento algum o candidato apresentou programa de governo. Promessas muitas, mas programa: nada! Governaria sabe Deus como!

Promessas até que são naturais a todos os candidatos, mas transcorrer dois turnos sem apresentar qualquer documento que oficialize e abalize uma plataforma, uma proposta de governo, resulta nisso que aí se vê e se verá sempre que um “Il Duce” ou “Der Führer” pretender criar um protótipo para condicionar seus eleitores a preconceitos sobre cristãos e anticristãos, escolhidos e não escolhidos, os do bem e os do mal, entre outros maniqueísmos pouco artísticos para os de mais bom gosto.

No entanto, este correspondente agregou um texto interessante de José Barbosa Junior, onde o autor elenca diversos nomes de talentos nordestinos que, em diversas áreas, contribuíram decisivamente para o país como um todo e a São Paulo em particular. Acabou esquecendo-se de muitos exemplos extremamente significativos, principalmente nas ciências, mas seria impossível relacionar todas as contribuições de personalidades masculinas ou femininas do nordeste do Brasil, sem cometer tais deslizes. A se lamentar mesmo é que ao final de seu texto José Barbosa se permitiu, se deixou atrair pelo poder hipnótico das serpentes. E então a desenvolver comparações entre as qualidades nordestinas com baixas expressões de outras regiões.

Reporta ali a um tal de sertanejo universitário (que nem imagino o que seja) do centro oeste, a torpeza musical dos bailes funks do Rio de Janeiro e a falta de criatividade e talento dos pagodes dos condomínios da periferia paulistana. Cuidado! Muito cuidado! É preciso lembrar a natureza vampiresca da serpente.

Na mitologia, o malefício sofrido pelas vítimas dos vampiros é o de se tornarem igualmente vampiros! Convém notar, como exemplo, a similaridade entre os atos e métodos empregados contra os palestinos pelos sionistas e os empregados contra os judeus nos tempos do nazismo.

Assim como tivemos e temos grandes brasileiros no nordeste, também os temos e tivemos em todas as demais regiões desse país. Não pense José Barbosa que não haja interesses comerciais que transformam a tão rica cultura nordestina em horríveis axés e outros subprodutos massificados aos jovens de lá. Os meios de comunicação voltados ao condicionamento de massas é um ninho de serpentes que se distribui por cada estado brasileiro e não especificamente nesta ou naquela região.

Já no que se refere à política, basta lembrar que Sérgio Guerra, Efraim Moraes, Agripino Maia e outros que tanto sibilaram contra o tal mensalão de Roberto Jefferson que ainda comove o correspondente, estão todos sob investigação de corrupção. E são nordestinos. Isso, para não lembrar a desfaçatez de um dos mais corruptos políticos da história do Brasil que sempre transferiu este título para os adversários, e era baiano.

Por falar em desfaçatez, também muito interessante é o envio de outra correspondente, de dois textos de um jornalista que ainda não vou revelar quem seja, para não perder a graça. No primeiro texto o jornalista reproduz a imagem de um portal intitulado “Blog da Dilma” e sob a reprodução da página já inicia seu texto com este parágrafo: “Esse blog nunca foi admitido como parte da rede oficial pró-Dilma, mas existe desde que Lula deixou claro que ela seria a candidata. Tinha até uma janela destinada à arrecadação de recursos. Não contasse, no mínimo, com o assentimento da campanha, teria saído do ar.”

Eu soube que o comitê de Dilma andou entrando na justiça para recolher algumas peças de campanha, tanto da internet como por outros veículos, que utilizaram seu nome indevidamente e nitidamente com o intuito de promover anti propaganda. Não sei se o citado, mas houve, sim, uma acusação, pelo próprio, de arrecadação não autorizada.

Só para citar um exemplo, em Campinas, interior de São Paulo, foram fotografados automóveis com adesivos onde se lia “DILMA45”.

Afora estes e muitos outros fatos, já desde quando se anunciou que Dilma seria candidata à sucessão de Lula, surgiram inúmeros registros de domínios da web com o nome de Dilma. Alguns até bastante sugestivos e que geraram reclamações dos que lamentaram terem de exercitar a criatividade para desenvolver algum título de domínio com o nome de Dilma, que já não houvessem registrado. Se pesquisou e se detectou de onde partira a iniciativa dos registros que nitidamente visavam estorvar o empenho da militância pró Dilma.

Não vou aqui perder tempo tentando detectar se este é comportamento característico dos ofídicos, até porque mais exemplar é a cabal decisão do dito jornalista (aguardem que vão morrer de rir!) ao reconhecer que “nunca foi admitido como parte da rede oficial pró-Dilma, mas é”.

Por que é? Se crio um blog com o nome: “Filhos de Dilma”, que poder Dilma terá para retirar meu blog do ar? Por usar a foto de sua figura que é pública?

Como são dissimuladas as serpentes, não? Não é a toa que entraram para a história do pecado original.

Se tem coisa que eu gosto é de um pecado original, mas o assunto no momento não vem ao caso, pois o mais interessante vem agora. Preparem-se! Avaliem o título encabeçando a página do blog da Dilma que Dilma não reconhece como dela, mas o jornalista decidiu que é: “ZÉ PEDÁGIO PENSA QUE NORDESTINOS SÃO BESTAS COMO PAULISTAS”.

Não perceberam? Passaram em cima do ninho da cobra e não o perceberam! Gente! Vamos ter mais atenção e pensar um pouco: qual o maior colégio eleitoral do Brasil? Por que um portal de um candidato haverá de chamar de besta o maior colégio eleitoral do país, às vésperas de uma eleição?

Dhããããããããããã....

Se continuarem tão desatentos e incapazes de perceber os movimentos das cobras, não haverá soro antiofídico que dê pro gasto! Terão de andar com um Butantã às costas!

Curiosos para saber qual foi a sagaz serpente que deu esse bote que inoculou minha tão distraída correspondente? Vou dar uma dica, para ver se matam a charada: lembram das capas de um dos maiores serpentários do país: a Revista Veja, identificando - inclusive pela foto de uma pessoa negra - o perfil tipicamente nordestino de quem elegeria o presidente em próximo sufrágio universal?

Pois leiam essa frase recolhida entre outros sibilos da língua bigúmea: “Não há nada mais atrasado, estúpido, ridículo mesmo, do que esse confronto entre regiões ou estados.”

Apesar dos inúmeros processos por difamação movidos contra a Revista Veja e seus colaboradores (alguns com condenação já expedida) a correspondente insistiu em me enviar outro texto do mesmo jornalista, onde chega a afirmar em seu estilo tão típico e característico: “E, como todos sabem, defendo as leis.”, mas o mais divertido (vocês vão cair na gargalhada quando revelar de quem se trata) é o histérico esforço, parágrafo a parágrafo, para provar que a tal estudante racista não é sua criatura nem responsabilidade. O homem chega a espumar para provar que não é racista. Pode se admitir hidrófobo, mas, racista jamais!

Ainda assim não se o pode acusar de negligência ou abandono de incapaz, pois para defender a cria, num determinado momento chega até a comparar “afogar nordestino em favor de São Paulo”, com “os loiros de olhos azuis” que construíram a crise mundial.

Bem... Vai aí alguma lógica, pois se por um lado não foram negros de cabelo pixaim os responsáveis pela crise financeira internacional, sem dúvida São Paulo foi mesmo construída pelos nordestinos. Mas afora essa mixórdia, essa quimérica mistureba sem pé nem cabeça como as cobras cegas, não há coisa alguma haver com outra e nem Lula incitou ninguém ao crime por afirmar o óbvio que, de tão óbvio, nem mesmo os loiros de azuis se incomodaram, afinal não houve na afirmação nenhuma conotação mais pejorativa do que as imagens que se refletem nos espelhos dos plutocratas mundiais. Certo?

Errado. Errado porque ainda não revelei quem é o autor da matéria, depois que o fizer vão compreender direitinho. Mas antes tenho de fazer uma ressalva onde ele tem razão, numa reprodução que faz de uma resposta da ex Ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, em entrevista à BBC Brasil.

Sei que é difícil reconhecer onde começa e onde termina uma serpente enroscada em si mesma e todos também sabemos quanto são ávidas e experientes em recortar e remontar declarações, compondo insídias com as quais envolvem os incautos desde Adão e Eva. Mas caso desta vez não o tenha feito e a ex Ministra tenha de fato exposto as razões do racismo do negro contra o negro como ali se transcreve, cometeu grave deslize em dizer que o encara como natural.

Embora o seja, não há dúvida, pois qualquer ser espancado se alimentará ódio ao seu espancador. A única vez que minha cadela, mordeu alguém, foi um senhor de boné. Aquilo me indignou e espantou, até me lembrar de que diariamente era molestada por um garoto sempre de boné. Mas mesmo sendo natural enquanto reação animal ou humana, os capacitados de discernimento e raciocínio não podem considerar como natural que os nordestinos venham a ter preconceitos dos paulistas. Não podemos nem devemos nos permitir a isso. Mas não pelas superficiais razões apresentadas pelo tal jornalista que, ao longo de sua lamentável carreira, tem primado pelo contrário do que afirma; e sim porque o preconceito do negro contra o branco ou do nordestino contra o sulista, todos são resultados da inoculação do mesmo veneno.

É preciso deixar claro que o negro não seria racista, se não houvesse sofrido racismo. O nordestino não seria racista, se não o condenassem ao afogamento em nome da cidade que ele construiu em todas suas extensões verticais e horizontais. Mas também é preciso repetir à exaustão o ensinamento de Agostinho Neto, embora tão óbvio: “Não importa a cor e a origem do opressor. Todo opressor é o mesmo opressor, seja branco ou negro”. Seja paulista, nordestino, gaúcho ou mato-grossense, a serpente é a serpente.

Faz até lembrar a anedota do garoto negro que querendo entender porque os brancos são racistas, se encheu de alvaiade. A mãe chegou e deu bronca: “- Mas que porcaria menino! Pra quê isso?” “- É que eu quis ficar branco pra...” A mãe não deixou nem explicar: “- O quê? Tá negando a raça seu moleque?” – e tome um cocorote. Nisso chegou o pai, a mãe indignada explicou o acontecido, e o pai, revoltado com o filho: tome mais cascudo. Choramingando o menino saiu pra rua onde encontrou um coleguinha que perguntou: “- E aí? Descobriu por que branco é racista?” “- Acho que sim. Fiquei branco só por dez minutos e já tô com raiva de dois pretos.”

Mas a piada maior mesmo, para quem ainda se lembra quem seja, é o nome do autor dos dois últimos textos comentados: Reinaldo Azevedo.

Podem rir a vontade, mas quem não sabe distinguir uma muçurana de uma urutu-cruzeiro não se meta a criar cobra achando que vão se comer entre si.

Esse negócio de querer ver cobra comendo cobra é perigoso! Não alimentem!



No sábado à noite, minha amiga e professora Katia me enviou um email falando a respeito do desespero da filha que fazia o ENEM em São Paulo:

Ahnem, me poupe tanta desorganização, que se repete anualmente, no Enem.

Hoje, pela manhã, consegui conversar com a N... ao telefone.
Ela está envolvida na maratona de resistência física e psicológica, exigida pelo Enem.
Ela estava decepcionada, nervosa e exausta.
Um dos boicotes do Enem 2010, foi o uso do lápis e relógio. A alegação do Inep (orgão do MEC, responsável pelo Exame) foi que o aluno perderia tempo ao usar o lápis e depois a caneta, no momento de transcrever o gabarito.
Já está subentendido que o objetivo de avaliar competências e habilidades dos candidatos, inclui também, o fator tempo.
Nas questões onde se exigia a realização de cálculos com fórmulas, N... me relatou que teve dificuldade. Rabiscou muito e o espaço delimitado nas questões ficou confuso, por tantos borrões. Sentiu falta do lápis. E na sala onde estava, essa proibição não foi respeitada por vários candidatos: usaram o lápis e relógio no pulso. Os três fiscais presentes nada disseram.
Ahnem!!!!!
N..., com voz estarrecida, me conta o absurdo maior - entre outros - ocorrido na sala. O celular de uma candidata começa a tocar, e a mesma atende e começa um diálogo em alto tom de voz:
- O que? A chave? Está no mesmo lugar.....
N... não possibilitou a continuidade da conversa: dirigiu-se ao fiscal (nesse momento, só havia um na sala) e perguntou:
- "Isso é permitido"???
O fiscal solicitou à candidata que se retirasse da sala e continuasse a conversa ao celular nos corredores.
Pasme!!!!!
Quando os outros dois fiscais retornaram, a candidata ainda estava fora da sala e de papo ao celular.
Decidiram que ela seria desclassificada do exame. Porém, ela voltou à sala, transcreveu no gabarito as questões que havia feito, entregou a prova e permaneceu até que chegasse o horário mínimo determinado para saída dos candidatos.
Ahnem!!!!!!
Mais um ocorrido: proibição do relógio. Até procede tal atitude se os candidatos tivessem acesso, através dos fiscais ou com o clássico relógio desenhado no quadro, onde a cada trinta minutos, apagam-se os ponteiros e desenham-se outros.
Não houve nada disso, o tempo cronológico percorria no psicológico dos candidatos. O tempo objetivo da pressão, onde quem obedeceu o 'exigido' pelo Mec, não soube se faltava muito ou pouco para o término.
Um comunicado foi feito: faltam cinco minutos para terminar e entregar provas e gabarito.
Sem levar em questão que os cabeçalhos dos gabaritos não coincidiam com os cabeçalhos dos cadernos de provas, (mais um absurdo, uma incompetência) as mãos de minha filha começaram a tremer.
Ela continuou a transcrever as respostas para o gabarito, porém as cinco questões finais foram para o 'chute'.
E assim caminha a educação...
Caminha?



Favelização das cidades
O aumento generalizado da favelização é gritante no mundo, e mais intenso nos países em desenvolvimento onde o crescimento urbano vem ocorrendo de forma descontrolada. Os favelados compõem 6,0 % da população urbana nos países desenvolvidos e chega a 78,2% nos países menos desenvolvidos.
Ari de Oliveira Zenha (www.cartamaior.com.br)

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.”
Manuel Bandeira

O capitalismo tem transformado sistematicamente as cidades em mega cidades e mais ainda, em hipercidades, com população superior a 20/30 milhões de habitantes.

Os assentamentos urbanos têm evoluído urbanisticamente trazendo consigo grandes núcleos urbanos que vão, na medida em que crescem, transformando estes – núcleos urbanos – numa fusão e apropriação em seu entorno das regiões rurais. Já é comum andarmos quilômetros e quilômetros dentro deste complexo de imbricamento, não sabendo aonde termina a região urbana e começa a rural, é o que os urbanistas chamam de hibridação rural/urbana.

Na cidade de São Paulo as favelas, em 1970, eram de 1,2% de sua população, passando em 1993 para 19,8%, crescimento vertiginoso e explosivo de uma média anual de 16,4% ao ano na década de 1990.

O aumento generalizado da favelização é gritante no mundo, e mais intenso nos países em desenvolvimento e nos países do Terceiro Mundo onde o crescimento urbano vem ocorrendo de forma alarmante, descontrolada e miserabilista. Os favelados compõem 6,0 % da população urbana nos países desenvolvidos e chega a 78,2% nos países menos desenvolvidos.

Num levantamento realizado em 2003 pela UN-Habitat coloca o Brasil com 36,6% de sua população urbana vivendo em favelas e cortiços, representando quase 52 milhões de pessoas. A maior favela do mundo encontra-se na cidade do México, com quatro milhões de habitantes. Na cidade do Rio de Janeiro 23 favelas encontram-se dentro desta e 77 são periféricas.

Na cidade de São Paulo a pesquisadora Suzana Taschner diz o seguinte: “(...) o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), a partir de 1989, tentou regularizar e melhorar a ‘imensa cidade ilegal’ dos pobres. Embora as reformas do PT tenham produzido alguns resultados admiráveis, infelizmente, com as melhorias o submercado imobiliário se consolida na favela. Terrenos e casas tornam-se bens de consumo e o preço dispara”. Os resultados do empreendimento do PT foram os surgimentos da “favela dentro da favela”, onde surgem os cortiços, onde se alugam quartos aos mais pobres dentre os pobres, como diz Mike Davis.

Nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, devido à falta de espaço urbano (terra), aparece a procura crescente por aluguel de cômodos. Segundo Suzana Taschner com a verticalização das favelas mais antigas surgem prédios de quatro a seis andares, em geral para serem alugados.

Ao mercantilizar a terra urbana dos favelados, o sistema capitalista mundializado, de forma imperativa e implacável os considera como lixo humano, pois para o capitalismo a existência do ser humano não passa de mais uma mercadoria a ser comercializada no grande mercado globalizado.

Diante disso o primeiro e mais famoso empreendimento de condomínios fechados (arquitetura do medo) construído no Brasil chamado Alphaville é uma verdadeira cidade na periferia, “cercada e americanizada na grande São Paulo”. Segundo Mike Davis, citando a brasileira Teresa Caldeira, diz o seguinte: (...) “a segurança é um dos principais elementos da publicidade e obsessão de todos os envolvidos”.

Outro exemplo está na cidade do Rio de Janeiro onde um condomínio fechado (vertical) encravado no bairro nobre da Barra da Tijuca é todo cercado por muros altos e cercas eletrificadas, ocupa bem dizer todo um quarteirão e seus proprietários vivem em uma verdadeira concha apartada do mundo real. Este condomínio tem campo de golfe, pista de Cooper, piscinas, restaurante, lojas de conveniência, heliporto, sauna, academia de ginástica, cercas eletrificadas, segurança 24 horas, garagem para quatro carros, na sua grande maioria importado e blindado. Nos fins de semana o heliporto chega a ficar congestionado, pois helicópteros descem e sobem levando seus moradores para suas mansões cinematográficas em Angra dos Reis (RJ). Tudo é vigiado 24 horas por câmeras e seguranças. Só para ilustrar, quando se vai utilizar a parte de piscinas, restaurante, academias, etc., o trabalhador que controla a entrada nesses recintos, está vestido com roupas que fazem lembrar os serviçais da nobreza inglesa.

As trabalhadoras que servem aos usuários das piscinas vestidas todas de branco dos pés à cabeça, estão impecáveis para os requisitos e deleite de luxo e limpeza de seus moradores burgueses e da alta classe media.

O servilismo dos trabalhadores deste condomínio é constrangedor, pois eles se colocam em uma posição de inferioridade, de submissão e de serventia aos desejos e caprichos de seus moradores, chegando com isso, às raias do absurdo a que um ser humano pode se sujeitar. Em várias mesas a língua falada é o inglês. Os salões de festa são todos com ar condicionado, ou seja, enquanto seus moradores fazem suas festas (durante o dia) a uma temperatura de 20 a 23 graus, do lado de fora a temperatura está próxima aos 40 graus. Mas, por ironia a vista que se tem ao se alcançar os fundos deste condomínio é contrastante, ao longe, nas encostas, nos morros, está a maior favela do Rio de Janeiro e do Brasil, a favela da Rocinha, como querendo dizer: olhem, estamos aqui!



WSJ: 42.389.619 de americanos dependem do Bolsa Família para comer
November 4, 2010, 2:47 PM ET
In U.S., 14% Rely on Food Stamps

By Sara Murray, naquele jornal comunista, o Wall Street Journal

Um grande número de domicílios americanos ainda depende da assistência do governo para comprar comida, no momento em que a recessão continua a castigar famílias.
O número dos que recebem o cupom de comida [food stamps, a versão americana do Bolsa Família] cresceu em agosto, as crianças tiveram acesso a milhões de almoços gratuitos e quase cinco milhões de mães de baixa renda pediram ajuda ao programa de nutrição governamental para mulheres e crianças.
Foram 42.389.619 os americanos que receberam food stamps em agosto, um aumento de 17% em relação a um ano atrás, de acordo com o Departamento de Agricultura, que acompanha as estatísticas. O número cresceu 58,5% desde agosto de 2007, antes do início da recessão.
Em números proporcionais, Washington DC [a capital dos Estados Unidos] tem o maior número de residentes recebendo food stamps: mais de um quinto, 21,1%, coletaram assistência em agosto. Washington foi seguida pelo Mississipi, onde 20,1% dos moradores receberam food stamps, e pelo Tennessee, onde 20% dos residentes buscaram ajuda do programa de nutrição.
Idaho teve o maior aumento no número de recipientes no ano passado. O número de pessoas que receberam food stamps no estado subiu 38,8%, mas o número absoluto ainda é pequeno. Apenas 211.883 residentes de Idaho coletaram os cupons em agosto.
O benefício nacional médio por pessoa foi de 133 dólares e 90 centavos em agosto. Por domicílio, foi de 287 dólares e 82 centavos.
Os cupons se tornaram um refúgio para os trabalhadores que perderam emprego, particularmente entre os estadunidenses que já exauriram os benefícios do seguro-desemprego. Filas nos supermercados à meia-noite do primeiro dia do mês demonstram que, em muitos casos, o benefício não está cobrindo a necessidade das famílias e elas correm antes da chegada do próximo cheque.
Mesmo durante as férias de verão as crianças retornaram às escolas para tirar proveito da merenda, onde ela estava disponível. Cerca de 195 milhões de almoços foram servidos em agosto e 58,9% deles foram de graça. Outros 8,4% foram a preço reduzido. Este número vai aumentar quando os dados do outono forem divulgados já que as crianças estarão de volta às escolas. Em setembro passado, por exemplo, mais de 590 milhões de almoços foram servidos, quase 64% de graça ou com preço reduzido.
Crianças cujas famílias tem renda igual ou até 130% acima da linha da pobreza — 28 mil e 665 dólares por ano para uma família de quatro pessoas — podem ter acesso a almoços gratuitos. As famílias que tem renda entre 130% a 185% acima da linha da pobreza — 40 mil e 793 dólares para uma família de quatro — podem receber refeições a preço reduzido, não mais que 40 centavos de dólar de desconto.
Ps do Viomundo: Texto dedicado àqueles que acham chique os programas sociais na França, na Alemanha e nos Estados Unidos, mas tem “horror!” dos programas sociais brasileiros.



Apropriação indébita: como os ricos estão tomando nossa herança comum
Hoje 95% do milho plantado nos EUA é de uma única variedade, com desaparecimento da diversidade genética. O livre acesso às composições de Heitor Villalobos será a partir de 2034. Isto está ajudando a criatividade de quem? Patentes de 20 anos há meio século atrás podiam parecer razoáveis, mas com o ritmo de inovação atual, que sentido fazem? Já são 25 milhões de pessoas que morreram de Aids, e as empresas farmacêuticas proibem os países afetados de produzir o coquetel. Há um imenso enriquecimento no topo da pirâmide, baseado não no que estas pessoas aportaram, mas no fato de se apropriarem de um acúmulo historicamente construído durante sucessivas gerações. O artigo é de Ladislau Dowbor.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17163&boletim_id=786&componente_id=13060




Combatendo os bárbaros
Tzvetan Todorov é um humanista à moda antiga, interessado no amplo espectro do conhecimento humano entendido como um caminho para a integridade e o saber. Linguista, filósofo, historiador, crítico literário, interessado tanto na semiótica como nas fraturas do século XX, este homem nascido na Bulgária e emigrado a Paris aos 24 anos, autor de livros fundamentais em praticamente todos os terrenos pelos quais incursionou, é um impenitente devoto da clareza do pensamento como arma contra a intolerância, a incompreensão e o totalitarismo em todas as suas formas. De passagem por Buenos Aires, convidado pela Fundação Osde para fazer algumas palestras, Todorov concedeu entrevista a Martín Granovsky, do Página/12. Na conversa, entre outras coisas, aponta as raízes fundamentalistas do ultraliberalismo e do populismo conservador que vem crescendo na Europa e nos EUA.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17169&boletim_id=787&componente_id=13093



Leia em www.outraspalavras.net



Brasil à la Roussef
As garras do país sombrio recolheram-se, mas voltarão. Como Lula, primeiro operário a chegar à presidência, Dilma, a primeira mulher, não pode errar
Por Elisabeth Carvalho

Obama após o desastre
Derrotado por uma oposição primitiva e por sua tendência à conciliação infinita, presidente está numa encruzilhada. Terá disposição para mudar?
Por David Corn, em Mother Jones

Kirchner: o presidente que mudou o paradigma
Ideias, batalhas e personalidade de um político que recriou, a partir da quase-obscuridade, a agenda política argentina. O papel de Cristina e o futuro
Por Mario Wainfeld, no Pagina12

Equador: do golpe à autocrítica
Rafael Correa enfrentou e venceu a direita. Mas a vitória não deveria adiar a correção de problemas graves em seu governo
Por Tadeu Breda, em Latitude Sul

Por que os beduínos não se submetem
Acossados pela brutalidade do exército egípcio, numa área próxima à Palestina, os nômades do Sinai rebelam-se, contra-atacam e reivindicam
Por Adam Morrow e Khaled Moussa al-Omrani, da Agência IPS


ESPECIAL: DOSSIÊ GLOBOGATE -- TERCEIRO TEXTO
Como tutelar o seu leitor
Num caso antológico de partidarismo, Folha e Jornal Nacional triaram as denúncias relacionadas à quebra de sigilos fiscais. Alardearam o que interessava a Serra e esconderam o que o comprometia
Por Antonio Martins




a Revista Espaço Acadêmico, edição nº 114, novembro de 2010, foi publicada. Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current

Leia nesta edição o DOSSIÊ 100 ANOS DA REVOLUÇÃO MEXICANA, organizado pelo professor Cleverson Rodrigues da Silva.




Leia no Café Historia (link ao final)
MISCELÂNEA
As Aventuras de Tintim
A famosa obra do cartunista belga Hergé chega em breve aos cinemas e promove mais uma vez os debates sobre uma das histórias em quadrinhos mais bem sucedidas da história
CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIA
Historiador se demite em protesto contra sigilo de acervos da ditadura no período eleitoral
Ministério alemão do Exterior construiu imagem para esconder passado nazista, diz historiador
VÍDEOS EM DESTAQUE
Historiadora fala sobre violência no Rio de Janeiro
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/historiadora-fala-sobre
BLOG DO CAFEÍNO
Games Históricos: História para jogar, de Michel Goulart
Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/games-historicos-historia-para

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network



Concurso para Educação em Química – UFJF

O Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora informa
que no período de 08 a 16 de novembro de 2010 (2º. período de inscrição),
estarão abertas as inscrições para concurso público de provas e títulos
visando o provimento de 1 (uma) vaga para professor do magistério superior
na área de Educação em Química.
- O concurso será realizado entre os dias 07 e 09 de dezembro de 2010.

Habilitação exigida: Graduação em Química ou áreas afins com Doutorado em
Química, ou em Ciências, ou em Educação, ou em Ensino de Ciências, ou em
Ensino de Química, ou em História das Ciências.

Maiores informações (edital, pontos, datas e documentação necessária para
inscrição
etc.): Depto. Química / ICE / UFJF - tel: 32- 2102-3310 32- 2102-3310 .
http://www.ufjf.br/quimica/
- O programa do concurso está disponível no link abaixo, como concurso
179.

http://siga.ufjf.br/index.php?module=concurso&action=main:docente:programas&edital=04020101


- O edital completo do concurso está disponível no link abaixo, como
edital 040/2010.
http://www.ufjf.br/concurso/concursos-em-andamento/editais/edital-0402010/



A Coleção Primeiros Passos é um sucesso editorial da Editora Brasiliense, com centenas de volumes sobre os mais diversos assuntos, no link abaixo você encontra uma coletânea de todas as edições existentes na internet para download gratuito!
http://ebooksgratis.com.br/tag/colecao-primeiros-passos/



INFORME ANPUH

Revista Brasileira de História.
Revista Brasileira de História Volume 30, Edição 59: História e Historiadores.
Esta edição já está disponível em nosso site. Acesse-a pelo site da Anpuh.
Conforme decisão em Assembléia, a partir desta edição, número 59, a Revista Brasileira de História não terá uma versão impressa. O acesso a esta e todas as outras edições da RBH é ilimitado e gratuito. Nossa previsão é que em novembro a RBH 59 estará disponível também em inglês.

Concursos (para mais informações acessem o site da Anpuh)
PROFESSOR ASSISTENTE DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA
Instituição: Universidade Federal de Goiás - Campus Jataí (UFG)
Inscrições: até 17/11/2010

PROFESSOR DE ENSINO DE HISTÓRIA - ADJUNTO E ASSISTENTE
Instituição: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Inscrições: até 18/11/2010

PROFESSOR ASSISTENTE DE TEORIA E HISTORIOGRAFIA – 1 VAGA
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ)
Inscrições: de 03/11/2010 até 22/12/2010

MESTRADO EM HISTÓRIA PODER E PRÁTICAS SOCIAIS
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Marechal Cândido Rondon (UNIOESTE)
Inscrições: até 03/02/2011


Eventos (para maiores informações acessem o site da Anpuh)


12º SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA E 7º CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Data: 12 a 15 de novembro de 2010
Local: Universidade Federal da Bahia (UFBA)

II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIRO: CULTURAS E SOCIABILIDADES: POLÍTICAS, DIVERSIDADES, IDENTIDADES E PRÁTICAS EDUCATIVAS
Data: 14 a 18 de novembro de 2010
Local: Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

IV COLÓQUIO DE HISTÓRIA: ABORDAGENS INTERDISCIPLINARES SOBRE HISTÓRIA DA SEXUALIDADE
Data: 16 a 19 de novembro de 2010
Local: Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)

II JORNADAS INTERNACIONALES DE PROBLEMAS LATINOAMERICANOS - MOVIMIENTOS SOCIALES, PROCESOS POLÍTICOS Y CONFLICTO SOCIAL: ESCENARIOS DE DISPUTA
Data: 18 a 20 de novembro de 2010
Local: Universidad Nacional de Córdoba (UNC)

III SEMINÁRIO NACIONAL DE PÓS-GRADUANDOS EM HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES
Data: 22 a 26 de novembro de 2010
Local: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

III SEMINÁRIO DIMENSÕES DA POLÍTICA NA HISTÓRIA: CULTURAS POLÍTICAS, RELAÇÕES SOCIAIS E REDES DE PODER (novo)
Data: 30 de novembro a 02 de dezembro de 2010
Local: Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

VI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE: HISTÓRIA DA ARTE E SUAS FRONTEIRAS (novo)
Data: 30 de novembro a 03 de dezembro de 2010
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

V SIMPÓSIO DE POLÍTICA E CULTURA: DIÁLOGOS E INTERFACES
Data: 01 a 03 de dezembro de 2010
Local: Universidade Severino Sombra - Campus Vassouras (USS)

XVI CONGRESO INTERNACIONAL DE AHILA (novo)
Data: 06 a 09 de setembro de 2011
Local: Universidad de Cádiz (UCA)