quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Numero 254



Amigos leitores
Perdoem o mal jeito, mas a pressa com compromissos editoriais me impediu de fazer um Boletim com o mesmo cuidado de sempre.
Mesmo assim, recebi muitas colaborações e o conteúdo está ótimo.
Há 3 videos indicados por leitores. Valem a pena!!!
Bom proveito!



Enviado por Ana Cláudia:

A xenofobia da pauliceia mina os alicerces da República
por Fátima Oliveira, em O Tempo

Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

Adoro batata-doce com leite, que em minha infância a gente só podia comer de vez em quando, tipo uma vez por semana, pois vovó dizia que era uma comida danada de boa, mas faltava só um grau pra veneno. Não entendeu? Nem eu, até hoje! Talvez porque é um daqueles alimentos ditos “fortes”, que dão sustança – que a gente come e se delicia. E, ao terminar, está saciada, sonolenta, meia zen! Juro!

Batata-doce com leite é uma carícia quando a gente está em busca de conforto… Sabe aquela sensação indescritível de querer comer algo que não se sabe o que é? Não é fome propriamente, pois com fome come-se qualquer coisa, como se diz no sertão: “A boca quer coisa boa, mas a barriga quer é ficar cheia”.

Comer batata-doce com leite é dar um “trato” em minha memória alimentar afetiva. É comer e sentir renovar as energias. Desde o dia da twitada xenófoba da acadêmica de direito de Sampa, que incitava matar nordestinos por afogamento, eu sabia que precisava de algo! Só consegui falar sobre o assunto após comer batata-doce com leite! “Puxei pela memória”…

Quando morava em São Paulo, na primeira metade dos anos 1990, uma amiga chegou à minha casa e eu estava comendo batata-doce com leite. Ela indagou o que era aquilo. Depois que respondi, a dita cuja lascou: “Ah, que baianada!”. Não engoli calada e, “olhos nos olhos”, me arretei dizendo-lhe que ela sabia que eu não era baiana e sim maranhense, mas que na Bahia também comiam batata-doce com leite, assim como no Nordeste todo.
Como uma socióloga não percebia que a naturalização e a banalização de vocábulos repletos de nojo e asco, que expressam aversão ao estrangeiro (xenofobia – do grego, “xeno” = estrangeiro + “fobia”=medo), são uma desumanização e desrespeito ao outro? Acrescentei que estava pelo gogó com essa história de que todo nordestino em São Paulo é baiano, termo usado não para indicar quem nasce na Bahia, mas para, depreciativamente, se referir a nordestinos e nortistas: “Essa gente lá de cima (demorei pra entender que se referiam ao mapa do Brasil!), que até coisas estranhas come…”.

Na época recrudescia em São Paulo o nojo a nordestinos, para ferir a prefeita de São Paulo, a paraibana Luiza Erundina, que a elite paulistana jamais engoliu! Ao contrário, perseguiu sem tréguas. Coincidentemente, eu estava às voltas com um xenófobo casal egípcio, radicado em São Paulo há mais de 30 anos, pais de um namorado de uma das minhas filhas, que teve o desplante de ir “tomar satisfações” comigo! Foi uma cena ridiculamente surreal!

O pai chegou arrastado pela sua consorte, que não era nada submissa para afrontar-me. Balbuciava que não era contra o seu “bebê” namorar uma “baiana” (pense no asco!), apenas que eu os respeitasse, não oferecendo carne de porco para ele. E que eu ficasse sabendo que o filho dela se casaria com uma muçulmana. Com baiana, jamais! Disse-lhes que a porta da rua era a serventia da casa e os escorracei!

Entendi ali como a elite paulistana, quatrocentona e xenófoba, consegue impor e perpetuar ideias de superioridade racial (racismo) e a renitente aversão a nordestinos: catequizando até imigrantes de outros países que “essa gente lá de cima” (do mapa) é erva-daninha! Na cidade de São Paulo, que tem suor “dessa gente lá de cima” em cada grão de riqueza, tudo o que alguém faz de errado ou que não presta, para xenófobos nativos caipiras e/ou letrados “sorbonados”, é “baianada”.

Chega, a postura xenófoba dessa gente mina os alicerces da República!
Publicado no Jornal OTEMPO em 16/11/2010


Enviado por Guilherme Souto:

fonte: www.brasilianas.org
A política externa, segundo Bresser
Enviado por luisnassif, dom, 21/11/2010 - 13:33
Folha de S.Paulo - Luiz Carlos Bresses-Pereira: Política externa altiva e ativa
Decisão mais importante da diplomacia do Brasil foi rejeitar a Alca sem entrar em conflito com os EUA


Em entrevista para a Folha (15/11) o ministro Celso Amorim afirmou que o presidente Lula e ele procuraram fazer uma política externa "altiva e ativa". Terão sido bem-sucedidos?

Estou convencido que sim, mas para responder a esta questão é preciso considerar que vivemos na era da globalização na qual os Estados-nação experimentam uma contradição essencial.

Nunca foi tão intensa a competição entre eles, mas, em contrapartida, nunca foi tão necessário que cooperassem e coordenassem suas ações.

Os grandes países não mais se ameaçam com guerras, mas, como os mercados foram abertos e as exportações cresceram mais do que a produção, a competição econômica entre eles aumentou.

E, visando regular essa competição e resolver uma série de problemas globais como o aquecimento global, as máfias das drogas, as epidemias globais, as catástrofes e tsunamis, a cooperação entre as nações é cada vez mais necessária.

Por outro lado, os EUA, a Europa rica e o Japão (o Império) continuaram a dificultar o desenvolvimento econômico dos países que se industrializaram tardiamente.

Suas armas são seus conselhos e pressões.

O mais danoso deles é o de que procurem crescer apoiados na "poupança externa" e, portanto, aumentem seu endividamento externo. Dessa forma os países ricos dão vazão a seu excesso de capital ao mesmo tempo em que nos fragilizam financeiramente e nos tornam dependentes.

As decisões que os países em desenvolvimento precisam tomar para enfrentar essas pressões são internas, mas uma política externa nacionalista e cooperativa pode ajudar nessas tarefas.

A decisão mais importante foi a de rejeitar a Alca -o Acordo de Livre Comércio das Américas- sem entrar em conflito com os EUA.

Quando o Brasil condicionou sua entrada na Alca ao respeito a uma série de princípios de autonomia nacional, os EUA desistiram.

As políticas de fortalecimento do Mercosul, de criação da Unasul, e de solidariedade ativa, mas limitada aos países pobres da América Latina governados por partidos nacionalistas e de centro-esquerda foram também bem-sucedidas.

Na relação com a Bolívia, que precisava renegociar contratos danosos, o Brasil mostrou a diferença entre ser imperial e imperialista.

Os críticos afirmam que ao negociar com países com governos autoritários que não respeitam os direitos humanos o Brasil estaria fortalecendo esses governos.

Não há, entretanto, nenhum governo de grande país que estabeleça essa condição para negociar.

Ela é apenas lembrada para justificar pressão e intervenção em países com governos nacionalistas.

Afirmam também que a política externa fracassou em relação à candidatura ao Conselho de Segurança da ONU.

Em compensação, o Brasil passou a participar do G20, e, depois de sua tentativa de intermediação do problema Irã, tornou-se claro para todos que sua participação nos principais foros internacionais é necessária.

Naturalmente o Império não aceitou a intermediação, mas Brasil e Turquia marcaram um ponto.

Na verdade, nestes oito anos, o Brasil marcou muitos pontos no plano internacional.


Enviado por Leila Brito:


Que ninguém se iluda, a OTAN nada conseguirá no Afeganistão, túmulo dos impérios

20/11/2010, Patrick Cockburn, The Independent, UK em:
Be under no illusion, Nato is in no shape to make progress in this graveyard of empires
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Se o Iraque foi ruim, o Afeganistão será ainda pior. Nada que se diga ou faça na reunião da OTAN em Lisboa, que é, sobretudo, exercício de autoilusão, alterará essa clara evidência.
Não se trata só da guerra, que irá de mal a pior. Trata-se sobretudo de a necessidade da OTAN, de mostrar algum sucesso, já ter levado a movimentos contraproducentes, que só fizeram aprofundar a violência. Dentre essas perigosas iniciativas da OTAN destaca-se a ideia de implantar milícias locais para combater os Talibãs onde o exército afegão é fraco. São quase sempre milícias mercenárias, pagas por senhores-da-guerra locais, que caçam civis afegãos.

A estratégia do exército dos EUA é assassinar comandantes Talibãs de nível médio. Mas estudo recente mostrou que, na maioria dos casos, os assassinados são homens de prestígio em suas respectivas comunidades. E que os assassinatos só fazem enfurecer cada vez mais a população. Nesses grupos indignados, os Talibãs recrutam soldados cada vez com mais facilidade.

Hoje, em Lisboa, o comandante do exército dos EUA no Afeganistão, general David Petraeus, falará aos demais comandantes da OTAN sobre seu plano de começar, em 2011, a transferir ao governo afegão a responsabilidade pela segurança em algumas regiões do país. É mais desejo que projeto. De fato, a única preocupação do general Petraeus é conseguir escapar às acusações de que a OTAN não tem nem ideia de quando ou como sair do atoleiro em que está, no Afeganistão.

Os Talibãs controlam total ou parcialmente, hoje, metade do território afegão. Enquanto os EUA fazem jorrar reforços nas províncias de Helmand e Kandahar, os Talibãs expandem seus enclaves no norte.

Todo o plano de transferir a responsabilidade pela segurança para o exército afegão depende de o exército e a polícia afegãos ser rapidamente expandidos, para 171 mil soldados, o exército; e para 134 mil guardas, a polícia. São novos recrutas que, além de ainda terem de ser treinados, terão de ser recrutados nas comunidades tadjique, uzbeque e hazara, de tendência anti-Talibã. Os pashtuns, 42% dos afegãos, e grupo onde os Talibãs têm raízes históricas, sentir-se-ão cada vez mais agredidos.

As diferenças entre a guerrilha no Iraque e no Afeganistão mostram que a guerrilha afegã é muito mais ameaçadora para as forças de ocupação. No Iraque, os guerrilheiros anti-EUA eram árabes sunitas, comunidade à qual pertence apenas um de cada cinco iraquianos. O governo pós-Saddam em Bagdá foi apoiado pelos curdos e pelos xiitas, quase quatro quintos da população. Os afegãos são mais xenofóbicos que os iraquianos. "Desconfiar de estrangeiros está no DNA de todos os afegãos", disse em Cabul um diplomata ocidental.

Os comandantes da OTAN reunidos em Lisboa talvez se interessem por conhecer dois outros detalhes, que fazem do Afeganistão país muito mais perigoso para as forças de ocupação. O governo afegão é muito mais fraco que o governo em Baddá, onde há tradição de controle central e o petróleo rende ao governo 60 bilhões de dólares. Em termos militares, o exército soviético não foi derrotado no Afeganistão pelo poderio das forças afegãs, mas pelos 2.500 km de fronteira com o Paquistão. Enquanto essa longa fronteira permanecer aberta, porosa, e os guerrilheiros encontrarem paraísos seguros no Paquistão, nem a OTAN nem o governo afegão derrotarão a resistência.
http://redecastorphoto.blogspot.com/2010/11/que-ninguem-se-iluda-otan-nada.html





A História da Austeridade
A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários. Por toda a parte, os cidadãos vão são sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios compartilhados. O que não é dito é mque a crise foi provocada por um sistema financeiro desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17188&boletim_id=790&componente_id=13126




Mídia, golpes e tortura
No Brasil a Casa Grande não descansa. E a principal voz da Casa Grande no Brasil é a mídia hegemônica, aquele grupo de poucas famílias que se pretende o intérprete da realidade brasileira, apesar de há muito ter deixado de sê-lo. A um jornalismo sério, que tivesse compromisso com a história, a um jornalismo que tivesse alguma ligação, tênue que fosse, com a idéia de democracia, que se preocupasse com a educação das novas gerações, caberia discutir a monstruosidade da tortura, mostrar o que ela tem de lesa-humanidade. Mostrar que qualquer processo que envolva tortura não merece qualquer crédito. Mas esse não é o jornalismo brasileiro. O artigo é de Emiliano José.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17202&boletim_id=793&componente_id=13170




Cuba, mudanças a caminho
Após uma longa espera, o Partido Comunista de Cuba convocou seu VI congresso que será realizado em abril de 2011. O congresso anterior ocorreu em 1997, há mais de treze anos. Presidente Raúl Castro lança documento distribuído à população com as propostas de mudanças na política econômica e social do país. Entre elas, destacam-se a descentralização da economia por meio da autonomia empresarial, a demissão de 500 mil funcionários públicos e a supressão de subsídios. O artigo é de Leonaro Padura Fuentes.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17205&boletim_id=793&componente_id=13168



Enviado por Rosa Varella:

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história

Esse vídeo é rápido e muito bom!
Espero que voces assistam....

part I - http://www.youtube.com/watch?v=O6mbjTEsD58

part II - http://www.youtube.com/watch?v=SZuJ5O0p1Nc



Enviado por Beth Queijo:

Aprenda o que é terrorismo:
Excelente vídeo. É uma aula de consciência:
http://www.youtube.com/watch?v=eYKBoiPZoCM





O Departamento de História da UFOP realizará um concurso para professor Adjunto para a área de História do Brasil República.
AREA: HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA.
Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Telefone: (31) 3557-9430 (31) 3557-9430 . E-mail: dirichs@ichs.ufop.br
PROGRAMA
1- Crise da monarquia escravista e construção da ordem republicana.
2- Trabalhismo e populismo.
3- Projetos de modernização
4- Modernismos e nacionalismo na cultura.
5- História da historiografia brasileira no século XX.
6- Autoritarismo e democracia.
7- Sociedade civil e resistência política.
8- Dilemas políticos e sociedade no Brasil pós-1985.
9- História do tempo presente: questões teóricas e metodológicas.

3.3.1 As inscrições serão realizadas exclusivamente pela "internet" no endereço www.concurso.ufop.br. das 09 (nove) horas do dia 24/11/2010 até às 23 horas e 59 minutos do dia 04/01/2011.

Informações em:
www.concurso.ufop.br/images/stories/ed_efe__165_2010__vrias_reas_23_adjunto_e_14_assistente.pdf





Confira o que você encontra hoje no Café História:

MISCLEÂNEA

História da Educação Paulista

Novo site do Arquivo Público de São Paulo oferece documentos valiosos para a pesquisa histórica e que ajudam a contar a trajetória da educação no estado

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Arqueólogos mapeiam cavernas históricas de Nottingham

FÓRUNS EM DESTAQUE

Quais as referências bbliográficas mais importantes na discussão da história da sexualidade?

Participe:
http://cafehistoria.ning.com/group/ahistriadosexo/forum/topics/quais-as-referencias


O fundamentalismo religioso está substituíndo as ideologias políticas?

Participe:

http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/o-fundamentalismo-religioso


GRUPOS SUGERIDOS

Paul Ricoer

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/mariadosocorrosilva

História da Filosofia

Participe: http://cafehistoria.ning.com/group/histriadafilosofia

VÍDEOS HISTÓRICOS

A Criação do Frevo

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/a-criacao-do-frevo-parte-1

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network



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