quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Numero 298





Minha amiga e colaboradora emérita, Ana Cláudia, enviou uma matéria que me provocou arrepios. Ela está logo abaixo, é a primeira matéria deste boletim.
Adiantando, o que se fala é que o presidente da Editora Abril declarou, alto e bom som, que seu objetivo é derrubar a presidenta Dilma. Em outras palavras, todas essas denúncias que a Veja tem escancarado para os leitores – verdadeiras ou não – objetivam não a moralidade pública, como se apregoa, mas tão somente desestabilizar o governo legalmente eleito pela população brasileira.
O que me provoca arrepios é o fato de alguém – seja lá quem for – declarar abertamente que está atentando contra o Estado de direito e não se ouvir nada em contrário.
Onde está, por exemplo, o Conselho de Defesa Nacional, criado na Constituição de 1988, no artigo 91?



Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático,
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
(os grifos são meus)



Onde estão os caras-pintadas, onde estão os que fazem passeatas contra a corrupção (sem saber direito quem é que as organizou...) que não reagem a essa tentativa de golpe? Onde está o Ministério Público, o Poder Judiciário, especialmente o STF, tão zelosos pelos aumentos de salários e que não fazem nada para defender o Estado democrático?
Eu sei que a História não se repete, mas não como deixar de observar certas semelhanças com o longínquo 1954, e notarmos que a Veja hoje é o Globo de ontem? Veja esta imagem do jornal O Globo que queria derrubar o Vargas.









Assistiremos calados a mais um possível golpe na história política brasileira?
Por que será que os Civita não são bem vindos na Argentina?
Qual a razão desse ódio à presidenta? O artigo que a Ana Cláudia me enviou dá algumas possíveis pista
s para entendermos o que está se passando.




Enquanto isso, já que ninguém faz nada, o jeito é esperar que o espírito do Marechal Henrique Teixeira Lott baixe, com urgência.




Para os mais jovens, que talvez nunca tenham ouvido falar de Lott, recomendo abrir os livros de História e examinar o período que se seguiu à morte de Vargas, quando se tentou um golpe para impedir a posse de JK e o Marechal Lott foi, na condição de ministro da Guerra, responsável por abortá-lo, defendendo a legalidade e a Constituição.


Em 1961, após a renúncia de Jânio, nova tentativa de golpe, buscando impedir que o vice-presidente, João Goulart, assumisse. E o marechal, agora já aposentado, não hesitou em manifestar-se:
(...) sinto-me no indeclinável dever de manifestar o meu repúdio à solução anormal e arbitrária que se pretende impor à Nação.
Dentro dessa orientação, conclamo todas as forças vivas do país, as forças da produção e do pensamento, dos estudantes e intelectuais, dos operários e o povo em geral, para tomar posição decisiva e enérgica no respeito à Constituição e preservação integral do regime democrático brasileiro, certo ainda de que os meus camaradas das Forças Armadas saberão portar-se à altura das tradições legalistas que marcam sua história no destino da Pátria.”





Colaboração de Ana Cláudia:
Civita quer derrubar Dilma



Este ansioso blogueiro (não veio, no email, o nome do blogueiro...) também ouviu de um interlocutor com Roberto Civita a mesma ameaça: eu quero derrubar a Dilma!






Civita lamentou não ter conseguido derrubar o Lula nem eleger o Cerra (sic).
Mas, agora, ele não falhará.
Esse interlocutor de Civita que conversou comigo também é do PT e pode ser o mesmo do José de Abreu.
José de Abreu: “Civita avisou ao PT que derrubará Dilma”

No último domingo, o ator José de Abreu, esse simpaticíssimo sessentão paulista de Santa Rita do Passa Quatro, soltou uma nota no Twitter que, desde então, vem sendo objeto de curiosidade e de intensos debates na internet devido ao teor explosivo que encerra. Abaixo, a reprodução da nota do ator. Foi capturada em seu perfil naquela rede social.




Diante da enormidade que é haver dado concreto sobre uma premissa que todos os que se interessam por política já intuíam diante do comportamento da revista Veja nos últimos tempos, sobretudo após o caso escabroso em que um repórter desse veículo tentou invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu em um hotel de Brasília, decidi entrevistar o autor de tão interessante informação.

Conversei com Abreu por telefone durante cerca de 40 minutos. Foi mais um bate-papo informal. Girou, basicamente, em torno da informação que o ator obteve, mas enveredou por sua visão sobre como e por que um empresário do setor de comunicação ousa mandar ao governo do país um recado dessa magnitude, em termos de arrogância.

Segundo Abreu, a informação lhe foi passada por um petista graúdo que procurou a direção da Veja logo após a tentativa de invasão do apartamento de Dirceu. O emissário não teria procurado a revista em nome do governo, mas, sim, em nome do PT. Ainda segundo o entrevistado, essas conversas de petistas e até do governo com a mídia ocorrem institucionalmente e com freqüência.

A tal “raposa felpuda” do PT teria ponderado com a direção da Veja que precisaria haver limites, que a revista estaria passando da conta. Enfim, teria sido a tentativa de um pacto de convivência mínimo. Aliás, informa
ção relevante do entrevistado foi a de que esse pacto até já existe e é por isso que Dilma vem sendo poupada pela mídia, apesar dos ataques ao seu governo.
A resposta veio de cima, do próprio Roberto Civita, e foi a de que não haveria acordo: a Veja pretende derrubar o governo Dilma. As razões para isso não foram explicadas, apesar de que o interlocutor de Abreu diz que o dono da Veja está enfurecido com os sucessivos governos do PT que, nos últimos 9 anos, tiraram da grande mídia montanhas de dinheiro público.

Sempre segundo o entrevistado, apesar de muitos acharem que o governo “dá dinheiro” à mídia (via publicidade oficial) apesar de ser fustigado por ela, nos últimos 9 anos a publicidade do governo federal, a compra de livros didáticos da Abril, enfim, tudo que o governo gasta com comunicação passou a pingar nos cofres midiáticos em proporção infinitamente menor do que jorrava até 2002.

De fato, de 2003 para cá esse bilhão de reais que o governo gasta oficialmente em comunicação, que até aquele ano era dividido entre 500 veículos, hoje irriga cerca de oito mil veículos, muitos deles com linha editorial totalmente inversa à dos grandes meios de comunicação que até o advento da eleição de Lula, em 2002, mamavam tranquilamente. E sozinhos.

Abreu também diz que essa coexistência de bastidores entre adversários políticos (imprensa tucana, de um lado, e PT e governos petistas de outro) se deve a um fato inegável: os políticos precisam da mídia e isso fica claro quando a gente se surpreende ao ver petistas, os mais alvejados por esses veículos, concedendo cordiais entrevistas aos seus algozes.

Particularmente, este blog não se surpreendeu com as revelações de José de Abreu. As marchas contra a corrupção, o objetivo claro de impedir o funcionamento do governo lançando matérias incessantes só contra o governo federal enquanto escândalos enormes como o das emendas dos deputados estaduais paulistas recebem espaço quase zero, mostram que a mídia pretende inviabilizar o governo Dilma Rousseff.

Mais uma vez, digo a quem não acredita: se o cavalo do golpe passar selado, a mídia monta sem pensar. E, agora, tenho até evidências concretas para fundamentar meu ponto de vista. Será, então, que o PT e o governo Dilma vão ficar sentados esperando o golpe? Querem a minha opinião? Acho que vão. Eles ainda acreditam que podem se entender com a imprensa golpista.



Derrubar ministros exige competência
Por Alberto Dines (do Observatório da Imprensa)


Balística e jornalismo investigativo têm algo em comum: independente do calibre da arma e da força do projétil, é crucial avaliar o ângulo do disparo e a vulnerabilidade do alvo.
As denúncias da Veja contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, publicadas no fim de semana 15-16 de outubro (edição 2239) devem demorar a derrubá-lo ou talvez nem o derrubem. Foram formuladas canhestramente. São ineficazes.


Para começar: o denunciante é réu. Portanto, suspeito. Tem ficha de truculento, negocista, policial-bandido, miliciano típico. Esteve envolvido no mesmo esquema que agora tenta demolir. Faz parte do mesmo bando que agora está sendo investigado. O desvio de verbas do ministério para ONGs que promovem o esporte assistencial já estava sendo investigado há mais de dois anos pelas polícias de Brasília e Federal, pela CGU e pelo Ministério Público.


O fato novo, bombástico, é a entrega de dinheiro vivo na mão do ministro ou de seu motorista. E esta tremenda novidade não colou porque carece de provas. Veja embarcou em nova aventura denuncista sem ter qualquer comprovante. Saiu atirando.


Fora dos holofotes


Na ânsia de ganhar o campeonato nacional de tiro-aos-ministros, o semanário fez escolhas estratégicas erradas. Quando a Folha de S.Paulo atirou em Antonio Palocci, mirou apenas em seu incrível e vertiginoso enriquecimento. Não pensou no PT nem em alvos próximos. Apontou, atirou, acertou na mosca, Palocci estrebuchou um bocadinho e emborcou.


O frenesi ideológico dos atiradores de Veja leva-os a optar pela rajada e esta nem sempre é mais letal do que o tiro único, certeiro. Queriam pegar o ministro e também o seu partido, fazer o trabalho completo. Não pegaram nem um nem outro.


O PCdoB, tal como uma porção significativa da base aliada, está envolvido em bandalheiras. Sua imagem de estoicismo e idealismo há muito evaporou. A vigorosa reação dos familiares das lideranças comunistas históricas em seguida à propaganda televisiva do partido (Anita Leocádia Prestes e Victoria Grabois, por exemplo) é prova de uma indisfarçável degradação.


São consistentes muitas das revelações sobre o que acontece dentro e em torno do Ministério do Esporte não apenas porque já vinham sendo investigadas, mas porque agora passarão a ser monitoradas também pela Procuradoria Geral da República. É da natureza da PGR relutar, não dispersar-se em muitas ações e trabalhar longe dos holofotes. Mas quando anuncia publicamente que vai apurar malfeitorias é porque pressente o que deve encontrar.


Esporte perigoso


A editoria de denúncias do semanário da Editora Abril não levou em conta as chamadas “circunstâncias ambientais”: a destituição do ministro do Esporte quando faltam três anos para o início da Copa do Mundo só poderia ocorrer diante de colossais ilícitos. Comprovados cabalmente. Também não levou em conta que naquele momento o ministro Orlando Silva não poderia ser facilmente sacrificado porque representava uma ala do governo que tenta oferecer resistências ao poderio conjugado dos abutres Fifa-CBF.


Para ser eficaz, o jornalismo de cruzadas deve evitar fúrias, ser preciso. A grande mídia está apostando para ver quem derruba mais ministros até o fim do ano. Trata-se de um esporte radical, cansativo e perigoso. Corre o risco de ficar desacreditado.


A velha e a nova corrupção
Antonio de Paiva Moura


A palavra corrupção vem do latim Corruptione e significa decomposição, putrefação. Na variação semântica para moral, corresponde à qualificação pejorativa de condutas consideradas desonestas, sujas, apodrecidas.
A corrupção política é o uso de competências legais por funcionários públicos da administração direta ou indireta para fins privados ilegais. As formas mais comuns de corrupção são: tráfico de droga, lavagem de dinheiro, tráfico de seres humanos, suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo, estelionato e peculato. As instituições sociais e econômicas também permitem os indivíduos se enveredarem no caminho da corrupção. O empresário que lança suas despesas pessoais como despesas de custeio de sua empresa pratica atos ilícitos.
O historiador Evaldo Cabral de Mello diz que a corrupção, na forma que se encontra hoje, tem raízes na época colonial. Como compensação pelos modestos ordenados pagos às autoridades ultramarinas e outros funcionários, já pressupunha que a coroa fecharia os olhos às irregularidades cometidas por agentes, desde que satisfizesse duas condições implícitas: a primeira, a de não atentar contra a ordem régia; a segunda, desde que agissem com discrição. Sem tais condições não seria possível recrutá-las nas camadas da nobreza e da burocracia metropolitana. O agraciado só aceitaria servir fora do reino, na expectativa de enriquecimento. (MELLO, 2008) Os governadores das capitanias voltavam ricos para Portugal, a exemplo de Dom Lourenço de Almeida, governador da capitania de Minas Gerais de 1721 a 1732. Foi acusado de ocultar os primeiros diamantes descobertos em 1726 e de ter acobertado os fabricantes de moedas falsas, de 1729 a 1732, na Serra do Paraopeba, hoje Serra da Moeda. Não seria somente uma coincidência o fato de ter findado o seu governo no mesmo ano que se concluiu o processo contra os fabricantes de moedas falsas.
Quase todos os contratadores de diamantes foram denunciados por desvios e contrabandos de diamantes. Felisberto Caldeira (1751) foi preso e conduzido a Portugal, onde mais tarde foi solto por ordem de Pombal. João Fernandes de Oliveira, cuja gestão começou em 1759, também sofreu denúncia no sentido de facilitar o contrabando de diamantes. Além disso, João Fernandes esbanjava luxo e riqueza, quebrando o protocolo da discrição. Ao voltar para Portugal levou sua fortuna e foi elevando à condição de nobre senhor e criador do morgado de Grijó. Como se vê a ambição de acumular riqueza; a formação de capital e das fortunas patrimoniais precede ao sistema capitalista.
No período colonial, com o regime de padroado, a Igreja era associada ao estado. Os sacramentos e celebrações religiosas eram considerados necessidades humanas. Os sacerdotes eram funcionários públicos e recebiam do erário real. A maioria dos padres tinha negócios de mineração e fazendas. Como empresários e como clérigos os padres tinham mais facilidade de subornar o fisco. O poder clerical oferecia aos padres condições de usar e abusar de suas amantes que assumiam sozinhas, os ônus de se criarem os filhos e de serem discriminados pela sociedade como mães solteiras. Além disso, diversos religiosos portugueses vinham ao Brasil recolher donativos para as confrarias do reino. Muitos usavam métodos enganosos e inescrupulosos de possível cura de doenças, com águas vendidas como milagrosas; venda de falsas relíquias e promessas de indulgência aos fiéis. Alguns padres não voltaram a Portugal com a fortuna arrecadada e acabaram abandonando o sacerdócio. (MOTT, 1989)
A passagem da situação colonial para a de estados livres na América Latina, no século XIX não alterou o quadro institucional. O sistema produtivo continuou privilegiando o capital, em detrimento da natureza e do trabalho. O ideal iluminista de que “todos são iguais perante a lei” foi adotado pelo universo liberal, apenas na forma de redigir as leis. Na verdade, nos tribunais vencem somente os que ostentam dinheiro e poder. Em entrevista a Luis Brasiliano (2011) Fausto De Sanctis, desembargador do Tribunal Regional Federal, notabilizado durante a operação Satiagraha, afirma que no Brasil, a corrupção quase nunca é punida porque os direitos garantidos aos réus os transformam em vítimas. Segundo o magistrado, as leis, muitas vezes, são feitas não para atender a universalidade, mas sim para beneficiar grupos privados ou pessoas privilegiadas.
No dia 7 de setembro de 2011, os diversos seguimentos sociais, com base na classe média, resolveram sair do conforto e ir às ruas de Brasília para protestar e exigir punição para os corruptos. Cerca de 15 mil manifestantes tentavam ofuscar o desfile cívico-militar, que se realizava como manda a tradição. Segundo a jornalista Cynara Menezes, os manifestantes mostravam insatisfação com o congresso. Um dos cartazes dizia que se Kaddafi fosse brasileiro ele poderia ser deputado. Outra faixa condenava o congresso por livrar a deputada Jaqueline Roriz de processo de cassação de mandato.
No período em que perdurou a ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1982, a imprensa chamada progressista ou os meios de comunicação de massas que defendiam as classes trabalhadoras e os segmentos inferiores da sociedade foi desmontada. O caso mais contundente foi o desmonte do jornal “Correio da Manhã”. Muitos jornalistas foram presos, torturados, mortos e exilados. Mesmo depois da constituição de 1988, muitos jornalistas tinham medo de se posicionarem do lado progressista. Todos os setores da sociedade que influenciavam na formação da opinião sofreram intervenção, a exemplo do sistema educacional e da administração pública.
Somente os opositores ao regime eram denunciados por prática de corrupção e muitas vezes sem provas. Os situacionistas eram poupados de investigação e de denúncias. Mesmo que houvesse arbitrariedades, crimes e corrupção por parte dos situacionistas, a imprensa não noticiava.
Essa é a razão pela qual as denúncias de que o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, só deposita em suas contas oficiais 10% do dízimo arrecadado e o restante é passado a doleiros que remetem a paraíso fiscal, não dão em nada. Sabe-se que as denúncias das vítimas de abuso de padres no mundo inteiro, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) efetuadas em setembro de 2011, também não darão em nada. A certeza da impunidade vem, não só do poder do papa, mas também pelo poder dos bispos que acobertaram os sacerdotes corruptos.
Segundo Maierovitch (2011) o ministro Gilmar Mendes, em 2009, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), através da revista Veja fez falsa comunicação de crime da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que o teria espionado com grampo telefônico. O objetivo dessa farsa era provocar o impeachment do presidente Lula. Como o vice-presidente José Alencar encontrava-se em tratamento de câncer, seria declarado incapaz e Gilmar Mendes assumiria o governo. Esse fato contribuiu para diminuir a confiança no poder judiciário, mas não afetou o poder de Gilmar Mendes, enraizado nos tempos da ditadura. Passou longe a idéia de punição ao farsante que não é considerado como corrupto.
Conforme informação do jornalista Maurício Dias (2011) existe uma representação do Ministério Público Militar contra o general Enzo Martins Peri, envolvido em escândalo de corrupção. Ao todo são 25 oficiais de variadas patentes, incluindo sete generais e oito coronéis integrantes de um esquema de fraude em licitações; superfaturando contratos, fazendo pagamentos em duplicatas, num montante de quinze milhões de reais. A imprensa, como no tempo da ditadura, não tem noticiado o fato.
Graças à ideologia da proteção aos donos do poder, o deputado Paulo Maluf não será punido, por ter participado do esquema de superfaturamento de obras à frente da prefeitura de São Paulo, ao lado do ex-prefeito Celso Pita, em 2002.

Referências
MAIEROVITCH, Walter Fanganiello. O judiciário de confiança abalada. Carta Capital. São Paulo, n. 665, 28 set. 2011.
MELLO, Evaldo Cabral de. Corrupção. .Belo Horizonte: UFMG, 2008.
MOTT, Luiz. Modelo de santidade para um clero devasso. Revista do Departamento de História da FAFICH/UFMG. Belo Horizonte, n. 9, 1989.





Colaboração de Leila Brito:


A OTAN sempre quis Gaddafi morto, desde o início
21/10/2011,Common Dreams (com entrevista ao vivo)
Pepe Escobar: “NATO Wanted Gaddafi Dead All Along
Transcrição traduzida pelo pessoal da Vila Vudu


Gaddafi foi tratado como herói pelo ocidente, até, de repente, começar a ser apresentado como vilão. Vários têm tentado explicar por que as potências ocidentais mudaram tão drasticamente de opinião. Aqui, conversamos com Pepe Escobar, correspondente de Asia Times, que nos ajuda a entender o que aconteceu e o que o futuro reserva aos líbios.


Apresentadora. Todos sabemos que as coisas mudam, mas agora interessa entender por que mudam. E há a questão da “guerra humanitária”, vendida ao mundo por líderes ocidentais. Para conversar conosco, temos hoje Pepe Escobar, que nos fala diretamente de São Paulo, Brasil.
Pepe, o que você tem a nos dizer sobre o relacionamento entre Gaddafi e o ocidente, nas últimas décadas? O petróleo da Líbia não secou. Então, na sua opinião, o que mudou, para que Gaddafi passasse, de herói, a vilão?
Pepe Escobar. Os negócios do petróleo mudaram, na última década e, também, muito importante [para a imagem de Gaddafi “herói”], a colaboração que Gaddafi deu à Guerra ao Terror. Do ponto de vista dos EUA, Gaddafi foi o aliado perfeito. Mas de repente, ano passado, em outubro de 2010, Gaddafi assinou um protocolo com a França. Entrou em contato com a inteligência francesa, e eles organizaram um golpe, que começaria em Benghazi e seria depois transferido para a Tripolitânia. Aí é que a guerra começou, ano passado, em outubro de 2010.


Apresentadora. Você disse que, por muitos anos, Gaddafi foi o aliado perfeito dos EUA. Mas houve denúncias de violações de direitos humanos, na Líbia e em 2002, milhares de pessoas foram massacradas, na Líbia, por gente de Gaddafi. Mas, nem por isso, alguém cortou relações com Gaddafi. Não entendo. Por que você diz que ele foi o aliado perfeito, por tanto tempo?
Pepe Escobar. É que... A hipocrisia, de fato, reverbera, digamos, pelas galáxias. O fato é que, enquanto os negócios do petróleo estiveram lá, mesmo que estivessem com os italianos, não com os britânicos, mesmo que estivessem com os chineses, não com os americanos, a coisa se manteve, porque Gaddafi continuava fazendo negócios com empresas ocidentais e estrangeiras. E enquanto Gaddafi colaborou com a Guerra ao Terror, incluindo o atual comandante militar, hoje, em Trípoli, Abdel Ackim Belhaj, que foi capturado pelos americanos, foi mandado para Guantánamo e, depois, foi mandado para a Líbia! Esteve preso na Líbia por quatro anos! E, depois, foi solto por Saif-al-Islam, em pessoa. Saif dizia, não, temos que ter algum tipo de reconciliação nesse país. Quero dizer, até outubro do ano passado, nada havia de errado com Gaddafi. Basta lembrar: Tony Blair andando pelo deserto com Gaddafi, Berlusconi beijou a mão de Gaddafi. Há muitas imagens que contam toda essa história. O problema é: para os britânicos e para os franceses (não esqueça: esse é o pessoal que redigiu a Resolução n. 1.973 da ONU)... britânicos e franceses queriam maior penetração, mais negócios. Sobretudo, queriam que a OTAN tivesse uma cabeça de praia no norte da África. Esse é o grande quadro, a grande questão estratégica. Os americanos também queriam tudo isso, porque queriam uma base para o Africom, Comando dos EUA na África, na África. A Líbia seria perfeita para isso. E a OTAN queria o Mediterrâneo como “lago da OTAN”. Com Gaddafi lá, independente, tudo isso se tornava impossível. Essa é a história que não veremos contada nos próximos dias, porque as pessoas estão comemorando que esse sujeito já se foi [mostra uma garrafinha com imagem de Gaddafi], esse também já se foi [mostra garrafinha com imagem de Saddam Hussein], e esse grandão aqui [mostra um garrafão com a imagem de Osama bin Laden – “Comprei essas garrafinhas na Rússia”] também já se foi. Quero dizer, os grandes bichos-papões já se foram... Sobrou quem, para ser o bicho-papão? Quem poderia ser o próximo bicho-papão? O Irã. Vimos, ano passado, aquele armação de mexicanos na “Operação Velozes e Furiosos”. É um sem fim de cenas da mesma “Longa Guerra”, do ponto de vista do Pentágono, denominação deles, não minha. E, do ponto de vista da OTAN, “queremos controlar o Mediterrâneo”. É isso. A próxima parada é a Síria.


Apresentadora. Vamos falar especificamente, da Líbia, a partir de março. Desde que se começou a falar da Líbia, o presidente Obama começou a falar, dentre outros líderes ocidentais, que os líbios precisam de nossa ajuda, temos de ajudá-los, “ajuda humanitária”, sem coturnos em solo, todas essas coisas de que o primeiro-ministro Putin tem falado. Quem deu a autorização para mudar a missão na Líbia? Diziam, no início, que Gaddafi não nos interessa, só nos interessa proteger os líbios, e, de repente, “Gaddafi tem de sair”. Agora, Gaddafi está morto. Notícias recentes dizem que foi morto num ataque de drones [aviões-robôs pilotados à distância] dos EUA. Foi planejado? Estava planejado assim desde o começo, ou alguma coisa mudou durante o processo?
Pepe Escobar. Sempre esteve planejado. Era esse o plano da OTAN, desde o início. Se se acompanha a história, se se acompanha o que a OTAN diz há seis, sete meses, vê-se que a única coisa que a OTAN desejava era derrubar Gaddafi.


Apresentadora. Mas jamais disseram isso. Por que não?
Pepe Escobar. [risos] Ora... Em realpolitik as coisas não funcionam assim, às claras. Sempre há outra narrativa, uma narrativa visível, outra encoberta. Nesse caso, a narrativa visível foi a “responsabilidade de proteger civis”, R2P, e uma zona aérea de exclusão sobre a Líbia. É exatamente o que está escrito na Resolução da ONU. Por que os países BRIC abstiveram-se na votação que aprovou essa Resolução? Brasil, Índia, Rússia e China, os quatro principais BRIC, abstiveram-se de votar. Por quê? Porque aqueles diplomatas, estudando o texto daquela Resolução n. 1.973 da ONU, logo concluíram que se tratava de autorização sem limite, sem definição, para fazerem o que quisessem, sem prazo para acabar. E que poderia virar “mudança de regime” no instante em que resolvessem. E assim aconteceu, como muitos sabiam que aconteceria. Todo mundo sabia! A Alemanha sabia que seria “mudança de regime”. A OTAN sempre disse, desde o início “queremos capturar Gaddafi”. Hillary Clinton disse, há dois dias, a estudantes da Universidade de Trípoli “queremos Gaddafi capturado ou morto”. O plano sempre foi esse. E, além do plano, na conquista de Trípoli, os rebeldes tiveram sorte. Fizeram um movimento de pinça, combatentes treinados no Qatar e nos Emirados Árabes Unidos, e combatentes treinados nas montanhas berberes, no sudoeste, fizeram um movimento de pinça e ocuparam Trípoli. E a Brigada Khamis sumiu! Seria a brigada chave, como aconteceu no Iraque em 2003, mas sumiram, não resistiram, ainda não se sabe por quê. E os rebeldes ocuparam Trípoli.


Apresentadora. Lembro de eles dizerem que seriam semanas, não meses. O que é outro problema. Para encerrar, em poucas palavras, por favor: e o futuro? O que acontecerá na Líbia, daqui em diante?
Pepe Escobar. Guerra civil. Não há dúvida. Não há outra possibilidade. Há um mês, escrevi que haveria duas guerras civis, os leais a Gaddafi contra o governo central e os islamistas contra o governo central. Agora já se vê que será uma única guerra civil: todos os que ficaram de fora do atual arranjo, e é muita gente na Tripolitânia, gente que desconfiará do Conselho Nacional de Transição até ver que espécie de regime implantarão lá – e que absolutamente não (ênfase) será uma democracia, porque já estão divididos entre eles mesmos... E Trípoli já está sendo tomada por milícias. E se os islamistas forem deixados de fora, eles vão começar uma guerra de guerrilhas, como fizeram contra o governo de Hamid Karzai (sic. O certo parece ser “como fizeram contra o governo de Gaddafi” [NTs]). É a fórmula para longa guerra civil, por anos adiante.


Apresentadora. Como já se vê o que está acontecendo no Egito, você não vê motivos para ser otimista também na Líbia.
Pepe Escobar. Não, nenhum. Fico muito triste, pelo povo líbio.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/10/pepe-escobar-otan-sempre-quis-gaddafi.html



GUIA PRÁTICO DE HISTÓRIA ORAL
para empresas, universidades, comunidades, famílias
Autores: José Carlos Sebe B. Meihy, Suzana L. Salgado Ribeiro
Este guia atualiza conceitos e indica caminhos operacionais para interessados em trabalhos com entrevistas. Escrito com clareza e objetividade, o livro é recomendado para acadêmicos, comunidades e empresas. Rigor na condução de projetos e fundamentação teórica são atributos que valorizam os trabalhos na área de história oral. Exemplos de como fazer projetos nos diversos campos que usam entrevistas são demonstrados como modelo de uma prática que avança em todos os setores da vida moderna.
Editora Contexto. Preço: 35 reais



O hóspede inquietante
por Pe. ALFREDO J. GONÇALVES, CS
Esse é o título de um livro do filósofo italiano Umberto Galimberti, voltado especialmente para quem lida com a juventude. Na obra, o adjetivo inquietante tem a ver com o niilismo e com o filósofo Nietzsche, fazendo claras alusões à falta de referências do mundo contemporâneo. Sobressaem, entre outros “ismos”, o individualismo, o hedonismo e o relativismo do que se convencionou chamar de sociedade pós-moderna... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/22/o-hospede-inquietante/




Uma Argentina sem surpresas – e sem oposição
A oposição feroz dos grandes conglomerados dos meios de comunicação, a resistência desrespeitosa dos grandes magnatas do campo, as chantagens dos grandes barões da indústria, a virulenta má vontade das classes mais favorecidas, tudo isso somado não foi capaz de abalar o prestígio da presidente Cristina Fernández de Kirchner. Ela conquistou apoio de amplas faixas do eleitorado mais jovem, abriu espaço junto aos profissionais liberais, recebeu o voto massivo dos pobres. O artigo é de Eric Nepomuceno.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18784&boletim_id=1034&componente_id=16588




Leia no www.outraspalavras.net


Palestinos. Impessoas. Livres!
Ao analisar troca de prisioneiros Hamas-Israel, Noam Chomsky sustenta: elites ocidentais e mídia tratam três quintos do planeta como sub-humanos

As vastas implicações da troca de prisioneiros
Acordo Israel-Hamas revela um Oriente Médio onde emergem novos atores, declinam outros e surgem oportunidades de diálogo antes não imaginadas. Por M K Bhadrakumar

“As causas da crise são ilegítimas”
A dívida que corrói direitos sociais na Europa é ilegítima, diz Éric Toussaint. Governos devem aprender com a experiência latino-americana


Dossiê Tunísia: Quando a revolução vai às urnas


A hora das grandes escolhas
Nove meses depois de deflagrar "Primavera Árabe", país elege Constituinte com votação maciça, inovações democráticas reais e incógnita: a posição do partido islâmico moderado. Por Tadeu Breda e Cauê Ameni


A vertigem do possível
Reportagem no país que iniciou primavera árabe. As inovações democráticas. A relação islamismo-política. A esquerda. A crise social não-encerrada. Por Serge Halimi, do Le Monde Diplomatique

Primeiros na revolta, primeiros no voto
Enquanto a democracia retrocede ou cai em descrédito na Europa, árabes decidem levá-la a sério. O caminho da revolução à eleição pode parecer marcha atrás, mas não aqui. Por Santiago Alba Rico



Leia no Café História
CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Historiador encontra indícios de que futebol era jogado no século 17

Leia: http://cafehistoria.ning.com/

DOCUMENTO HISTÓRICO

Alvará de 1761 determinando que os negros que forem trazidos da América, África e Ásia, passado o tempo que menciona, sejam considerados livres logo que cheguem aos portos do reino de Portugal.

Confira: http://cafehistoria.ning.com/

PROMOÇÃO CULTURAL

Saiba como concorrer a um exemplar do livro “Patton – O Herói Polêmico da Segunda Guerra”.

Confira: http://cafehistoria.ning.com/page/promocao-patton-o-heroi-polemico-da-segunda-guerra

CINE-HISTÓRIA

Documentário refaz a trajetória da “era de ouro” do Rock de Brasília.

Leia: http://cafehistoria.ning.com/

CONTEÚDO DA SEMANA

Uma boa notícia para a área de arqueologia

Leia: http://cafehistoria.ning.com/

MURAL DO HISTORIADOR

Festival de História contou com a oficina “História Online”, com o fundador do Café História, Bruno Leal

Leia: http://cafehistoria.ning.com/

CAFÉ COM PROSA

Resenha do livro “Ensino de história e consciência histórica – Implicações didáticas de uma discussão contemporânea”

Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-caf-com-prosa-ensino-de-hist-ria-e-consci-ncia-hist-rica

VÍDEOS EM DESTAQUE

Confronto dos Deuses - Zeus

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Numero 297







Toda crise mundial desperta reflexões. E também movimentos sociais como os que estamos presenciando. Dia 15, sábado passado, em todo o mundo milhares de pessoas sairam às ruas protestando contra o desemprego, contra o sistema financeiro, contra a falsa democracia, contra a corrupção. Com exceção da Itália, parece-me, nos demais locais o protesto correu pacificamente.


É saudável ver as multidões nas ruas novamente.



Mas... sempre tem um mas na história... e daí? Os protestos são ouvidos? O sistema financeiro mundial foi abalado pelas manifestações? A democracia, como um deus ex maquina vai existir, sem deputados corruptos, com partidos com ideias claras e objetivas?



O que pretendem os manifestantes? É para mudar o sistema todo ou apenas corrigir alguma coisinha aqui, outra ali e todos se darão por satisfeitos?

O artigo inicial de hoje traz essa preocupação, assim como o link para um especial do OutrasPalavras, em que mais 4 articulistas batem na mesma tecla.







Ocupar Wall Street...e depois?
Os novos movimentos sociais compõem o quadro da barbárie social que impregna a ordem burguesa mundial, abrindo um campo de contradições sociais que dilaceram por dentro a ordem do capital – dilaceram, mas são incapazes, em si e por si, de ir além. Talvez, falta-lhes clareza do próximo passo ou do elo mais próximo da corrente de indignação coletiva que clama, por exemplo, pela democracia real. Por isso, nos interrogamos: Ocupar Wall Street...e depois? O artigo é de Giovanni Alves.
Giovanni Alves (WWW.cartamaior.com.br)


O M12M, Movimento 12 de Março ou “Geração à Rasca”, em Portugal; o M15M, Movimento 15 de Março ou movimento dos indignados, na Espanha e o “Occupy Wall Street”, nos Estados Unidos, surgem no bojo da aguda crise financeira que atinge o núcleo orgânico do capitalismo global desde 2008. O movimento “Occupy Wall Street” nos EUA se inspirou nos movimentos sociais europeus como o M15M da Espanha. Por conseguinte, o movimento dos indignados espanhóis se inspirou nas rebeliões de massa que impulsionaram a “Primavera Árabe” e que derrubaram governos na Tunísia e Egito.

A profunda crise do subprime de 2008 foi muito sentida pelos países norte-africanos, piorando os níveis de pobreza, e tendo como detonador a elevação do preço dos alimentos e outros produtos básicos. A multidão árabe, composta em sua maioria por jovens trabalhadores precários e desempregados, se mobilizaram por meio das redes sociais.

Em todos os novos movimentos sociais, o papel das redes sociais, como o facebook e twitter, na organização das manifestações sociais de massa foi importante. Na verdade, “Occupy Wall Street”, o movimentos dos indignados e o movimento “geração à rasca” são exemplos candentes da verdadeira globalização “dos debaixo” que se contrapõe hoje a globalização dos “de cima”.

Podemos salientar algumas das características desses novos movimentos sociais:

Primeiro, são movimentos de densa e complexa diversidade social, exprimindo a universalização da condição de proletariedade (os 99%). No caso europeu, muitos dos manifestantes são jovens empregados e operários precários, trabalhadores desempregados, estudantes de graduação subjugados pelo endividamento e inseguros quanto ao seu futuro, constituindo o denominado “precariato”; incluem também, no caso do “Occupy Wall Street”, veteranos de guerra, sindicalistas, pobres e profissionais liberais, anarquistas, hippíes, juventude desencantada, trabalhadores organizados, sindicalistas, etc.

Entre milhares de pessoas, encontraram-se, lado a lado, por exemplo, jovens anticapitalistas e enfermeiras em defesa do sistema de saúde. Há cartazes de protesto contra o racismo, o presidente Obama, os republicanos, os democratas, a fome, as guerras no Iraque e Afeganistão.

Em contrapartida, defende-se os direitos dos trabalhadores, os dos prisioneiros em greve de fome, mais impostos para os milionários e a reestruturação do sistema financeiro. No movimento dos indignados espanhóis, defendem, por exemplo, a “democracia real”. Enfim, trata-se do denso e vasto continente do novo (e precário) mundo do trabalho e da proletariedade extrema que emerge no bojo dos “trinta anos perversos” de capitalismo neoliberal.

Segundo, são movimentos sociais pacíficos, recusando-se a adotar táticas violentas e contra a lei, evitando, deste modo, a criminalização. Eles têm profunda consciência moral e senso de justiça social, o que explica o sentido da expressão “indignados” (a crítica do capitalismo hoje implica, no plano da consciência contingente, um vetor intelectual-moral radical capaz de mobilizar o conjunto da “multidão” de proletários que se vêem ultrajados em sua dignidade humana).

Terceiro, utilizam-se das redes sociais, como facebook e twitter, ampliando sua área de intervenção territorial e mobilização social. Produzem sinergias sociais em rede, tecendo estratégias de luta territorial num cenário de crise social ampliada. Há tempos o MST - Movimento dos Sem-Terra, no Brasil, e o Zapatismo, no México, utilizam estratégias de ocupação como tática de luta e visibilidade social. Eles nos ensinam que, hoje, a luta contra o capital global que desterritorializa é a luta pela territorialização ampliada, difusa e descentrada (todos esses novos movimentos sociais não têm um líder).

Quarto, são movimentos sociais capazes de inovacão e criatividade política na disseminação de seus propósitos de contestação social. Por exemplo, os manifestantes do “Occupy Wall Street” vestiram-se de zumbis corporativos para expor o caráter da ordem burguesa em sua etapa de crise estrutural, ou ainda, em virtude da proibição de utilizarem megafones, a multidão mais próxima dos oradores repete suas frases, para que os mais distantes pudessem ouvir e, por sua vez, repeti-las também. É o "microfone humano";

Quinto, expõem, com notável capacidade de comunicação e visibilidade, as misérias da ordem burguesa no pólo mais desenvolvido do sistema apodrecido pela financeirização da riqueza capitalista. A luta social anti-capitalista hoje é a luta para dar visibilidade às suas contradições candentes. Sob o capitalismo manipulatório, a regra é a ocultação das misérias da ordem burguesa. Os indignados europeus e norte-americanos expõem e criticam a concentração de riqueza (eles dizem representar os 99% contra os 1%), a precariedade do trabalho e da vida e principalmente, desmitificam a democracia ocidental.

Sexto, os novos movimentos indignados, incluindo, é claro, o “Occupy Wall Street”, são movimentos que reivindicam a democratização radical contra a farsa democrática dos países capitalistas centrais. Esses movimentos sociais possuem um sentido de “agrietar” o capitalismo, isto é, fazer rachaduras no capitalismo global (expressão utilizados por John Holloway em seu último livro). Rachaduras que podem dar visibilidade ao Inferno do Real. De certo modo, sem o saber, os indignados buscam “negar” o capitalismo no interior do próprio capitalismo. Na medida em que ocorre a democratização radical da sociedade, desefetiva-se o Estado político do capital. Entretanto, os novos movimentos sociais da proletariedade extrema são, como a Esfinge do mito grego, uma incógnita social. Enfim, dizem eles: “decifra-me ou devoro-te”.

O detalhe crucial que podemos salientar das características indicadas acima é que são movimentos democráticos de massa que ocorrem em países capitalistas sob o Estado de direito democrático - o que não era o caso, por exemplo, da Tunísia e Egito. A ampliação do desemprego e precariedade social no decorrer da década de 2000 nos EUA e União Européia, e principalmente a partir da crise financeira de 2008, impulsionaram a radicalidade das massas de jovens (e velhos) precários e indignados com governos sociais-democratas e conservadores incapazes de deterem o “moinho satânico” do capitalismo global. Portanto, os novos movimentos sociais são reverberações radicais do capitalismo financeiro senil.

A crise financeira de 2008 expôs a mediocridade do governo democrata de Barak Obama que não conseguiu deter a influência de Wall Street na política norte-americana, frustrando muitos norte-americanos que acreditaram que ele deteria a hegemonia financeira. A crise da divida soberana de 2010 e a crise financeira da Zona do Euro expuseram a venalidade dos partidos social-democratas e socialistas nos elos mais fracos da União Européia. Os partidos hegemônicos da esquerda européia aceitaram a política neoliberal de austeridade da “troika” (FMI, Comissão Européia e Banco Central Europeu) aplicadas com zelo e fervor pela direita conservadora (o caso da Grécia e Portugal é paradigmático!).

Na verdade, a crise do “núcleo orgânico” do sistema mundial do capital diz respeito não apenas a crise financeira com o estouro da bolha imobiliária em 2008 e a crise da dívida soberana européia em 2010 em virtude da incontinência fiscal de alguns países europeus; ou mesmo, a crise social devido a ampliação do desemprego e da precariedade laboral no bojo da corrosão do Estado social europeu que, diga-se de passagem, precede a crise financeira; a crise do nosso tempo histórico é também, e principalmente, a crise política dos partidos da ordem burguesa, partidos conservadores-liberais e partidos social-democratas ou socialistas, que nas últimas décadas, constituíram uma rede de interesses promíscuos com a grande finança especulativo-parasitária, iludindo, o tempo todo, seus eleitores incautos.

Ao mesmo tempo, vislumbramos a crise do pensamento critico corroído pelo pós-modernismo e neopositivismo. No caso do continente europeus, berço do Iluminismo ocidental, a crise intelectual-moral da inteligência crítica é dramática. Na medida em que renunciou, em sua maioria, à critica radical do capitalismo a título da crença na possibilidade do “capitalismo ético” capaz de articular bem-estar social com interesses de acumulação de valor, a inteligência européia hoje, com honrosas exceções, encontra-se como os personagens divagantes do romance “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago. Como diz Slavoj Zizek, falta-lhes a tinta vermelha!. Ao mesmo tempo, no cenário político da crise européia, o ilusionismo da esquerda social-democrata ou socialista só é comparável ao cinismo dos conservadores de direita na preservação incólume da ordem burguesa.

Os novos movimentos sociais que ocorrem na bojo do capitalismo senil têm o sentido radical dos carecimentos vinculados à condição de proletariedade e a vida reduzida de amplos contingentes de jovens órfãos de futuridade. Os jovens indignados nos obrigam a refletir sobre as formas e metamorfoses da consciência social. Eles representam um cadinho complexo e rico de formas de consciência social critica que emergem no estado de barbárie social.

Num primeiro momento, a presença da massa de jovens e velhos rebeldes nas ruas e praças nos fascinam. O fervor em reconquistar de forma coletiva e pacífica, territórios urbanos, praças e largos, verdadeiros espaços públicos marginalizados pela lógica neoliberal privatista que privilegiou não espaços de manifestação social, mas espaços de consumo e fruição intimista. O que assistimos hoje nos EUA e Europa é quase uma catarse coletiva. Trata-se de individualidades pulsantes de indignação e rebeldia criativa, cada um com suas preocupações e dramas humanos singulares de homens e mulheres proletários; cada um com seus sonhos e pequenas utopias pessoais capazes de dar um sentido à vida por meio da resignificação do cotidiano como espaço de reivindicação coletiva de direitos usurpados.

Num primeiro momento, os novos movimentos sociais não incorporam utopias grandiosas de emancipação social que exigem clareza politico-ideológica. Pelo contrário, eles expressam, em sua diversidade e amplitude de expectativas políticas, uma variedade de consciência social critica capaz de dizer “não" e mover-se contra o statu quo. Possuem em sua contingência irremediável de movimento social, um profundo lastro moral do impulso critico. Como indignados, eles fazem, mas não o sabem (como diria Marx). No plano contingente, fazem uma critica radical do capitalismo como modo de produção da vida social. Mas não podemos considerá-los, a rigor, movimentos sociais anti-capitalistas. Na verdade, o que predomina entre os manifestantes é um modo de consciência contingente capaz de expor, com indignação moral, as misérias do sistema sociometabólico do capital, mas sem identificar suas causalidades histórico-estruturais (o que não significa que não haja os mais diversos espectros de ativistas anti-capitalistas).

Os movimentos sociais agem no plano da cotidianidade insubmissa, rompendo com a pseudo-concreticidade paralisante da rotina sistêmica, mas permanecendo no esteio da vida cotidiana. Talvez, falta-lhes clareza do próximo passo ou do elo mais próximo da corrente de indignação coletiva que clama, por exemplo, pela democracia real. Por isso, nos interrogamos: Ocupar Wall Street...e depois?

Entretanto, acreditamos que a função heurística magistral dos novos movimentos sociais é tão-somente expor as misérias da ordem burguesa senil. Mobilizam múltiplas expectativas, aspirações de consumo e sonhos da boa vida, projetando no movimento coletivo fantasias pretéritas, presentes e futuras de emancipação social ainda não bem discernidas. Talvez eles representem o espectro indefinido e nebuloso do comunismo que, como espectro do pai de Hamlet, nos anuncia que há algo de podre no Reino da Ordem burguesa.

Ora, enquanto cientistas sociais (e não apenas como ativistas sociais), temos que analisar os novos movimentos sociais com objetividade e na perspectiva da lógica dialética capaz de apreender a riqueza do movimento contraditório do real. Aviso aos navegantes pós-modernos: hoje, mais do que nunca, o método dialético tornou-se indispensável no exercício da crítica social. Torna-se imprescindível apreender no movimento do real, a dialética candente entre subjetividade e objetividade, alcances e limites, contingência e necessidade, barbárie e civilização. Não podemos ser tão-somente seduzidos pelo fascínio da contingência indignada nas praças e ruas. Os novos movimentos sociais de indignados compõem o quadro da barbárie social que impregna a ordem burguesa mundial, abrindo um campo de sinistras contradições sociais que dilaceram por dentro a ordem do capital – dilaceram, mas são incapazes, em si e por si, de ir além.

Nessas circunstancias criticas, surgem interrogações candentes que nos afligem irremediavelmente:

(1) terão os movimentos sociais de indignados capacidade de elaborar em si e para si uma plataforma política mínima capaz de exercitar a hegemonia social e cultural, preparando-se para uma longa “guerra de posição”, acumulando forças sociais e políticas sob o cenário da barbárie social e do capitalismo manipulatório?;

(2) terão eles possibilidade de criar condições efetivas (politico-ideológicas) para o surgimento de novas organizações de classe, capazes de traduzir, no plano da institucionalidade democrática, as medidas necessárias para realizarem os anseios dos indignados, sob pena da frustração irremediável? (é importante lembrar, como nos alerta Boaventura de Sousa Santos, que o colapso de expectativas é o esteio do fascismo social).

Enfim, até que ponto movimentos sociais como o “Occupy Wall Street” e os movimentos de indignados europeus terão a densidade histórica necessária para derrubar ou pautar governos, refundar ou enterrar partidos, fortalecer ou descartar lideranças ?

(3) Finalmente, até que ponto seriam eles efetivamente capazes de fazer história numa perspectiva para além do capitalismo que, em si e para si, é incapaz de incorporar as demandas sociais do precariato, tendo em vista a nova fase do capitalismo histórico imerso em contradições sociais candentes?

Estamos diante de impasses históricos inéditos. Por um lado, o aprofundamento da crise social na década de 2010 na Europa e nos EUA, a perspectiva de guerra – desta vez contra o Irã - e de recessão global; e por outro lado, a falta de estratégia de poder e anti-poder dos movimentos sociais, o extremismo conservador e a hesitação (e mediocridade política) de partidos políticos da esquerda social-democrata e socialista, coloca-nos diante de um caldo ameaçador do fascismo político sob o pano de fundo da barbárie social.

Não podemos subestimar, num cenário de barbárie social, a capacidade de resposta reacionária do establishment. É ingenuidade política acreditar que o Estado burguês não utilizará mecanismos de administração policial, no tempo certo, que vise isolar os novos movimentos sociais, na medida em que eles se ampliam; invisibilizá-los de modo midiático, caso se torne necessário (há uma intensa batalha midiática ocorrendo em todo o mundo!) ou então, dissuadi-los e absorve-los com concessões residuais capazes de preservar a ordem burguesa; no limite, pode-se simplesmente reprimi-los a título de preservar a ordem pública com o apoio da “classe média” perplexa e amedrontada pelo ameaça do terrorismo auto-induzido do estado de exceção.

A crise do capitalismo global colocará para a humanidade, sob pena de irmos à ruína, a necessidade do controle social, capaz de dar resposta aos carecimentos radicais postos pelos movimentos sociais que ocupam espaços públicos do mundo do capital e lutam contra o estado de barbárie social do capitalismo global em sua fase senil. Como diria o velho barbudo: Hic Rhodus, hic salta!

(*) Giovanni Alves é professor da UNESP, pesquisador do CNPq, atualmente fazendo pós-doutorado na Universidade de Coimbra/Portugal e autor do livro “ Trabalho e Subjetividade – O “espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório” (Editora Boitempo, 2011). Site: www.giovannialves.org /e-mail: giovanni.alves@uol.com.br


Sobre este tema, consulte também no WWW.outraspalavras.net


ESPECIAL: QUATRO PONTOS DE VISTA SOBRE O 15 DE OUTUBRO


Um grande passo adiante e uma incógnita
Difusão mundial dos protestos e tentativa de formular reivindicações concretas marcaram 15-O. Mas falta avançar na construção de consensos. Por Pep Valenzuela, de Barcelona

Quando o decisivo é construir o espaço
Duzentas pessoas reuniram-se no 15-O carioca. Batucaram, brincaram, falaram de mudar o mundo. Eram poucas, mas estavam inventando algo. Por Bruno Cava, do Rio de Janeiro

Por que precisamos de outra democracia
Movimentos não protestam apenas contra injustiça econômica. Perceberam que instituições tornaram-se submissas aos interesses financeiros – e precisam ser mudadas. Por Toni Negri e Michael Hart

É preciso ir além das emoções
Zygmunt Bauman vê nos protestos globalizados um “laboratório de ação social”. Mas alerta: sem projeto, indignação não se sustentará. Entrevista a Vicente Verdú


A loba que come lobo
Autor(es): Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico - 30/09/2011

Sabatinada para o Superior Tribunal de Justiça, na condição de primeira mulher a ascender à cúpula da magistratura, a então desembargadora da justiça baiana, Eliana Calmon, foi indagada se teria padrinhos políticos. "Se não tivesse não estaria aqui". Quiseram saber quem eram seus padrinhos. A futura ministra do STJ respondeu na lata: "Edison Lobão, Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães".
Corria o ano de 1999. Os senadores eram os pilares da aliança que havia reeleito o governo Fernando Henrique Cardoso. A futura ministra contou ao repórter Rodrigo Haidar as reações: "Meu irmão disse que pulou da cadeira e nem teve coragem de assistir ao restante da sabatina. Houve quem dissesse que passei um atestado de imbecilidade".
Estava ali a sina da ministra que, doze anos depois, enfrentaria o corporativismo da magistratura. "Naquele momento, declarei totalmente minha independência. Eles não poderiam me pedir nada porque eu não poderia atuar em nenhum processo nos quais eles estivessem. Então, paguei a dívida e assumi o cargo sem pecado original."
De lá pra cá, Eliana Calmon tem sido de uma franqueza desconcertante sobre os males do Brasil. Muita toga, pouca justiça são.
Num tempo em que muito se fala da judicialização da política, Eliana não perde tempo em discutir a politização do judiciário. É claro que a justiça é política. A questão, levantada pela ministra em seu discurso de posse no CNJ, é saber se está a serviço da cidadania.
A "rebelde que fala", como se denominou numa entrevista, chegou à conclusão de que a melhor maneira de evitar o loteamento de sua toga seria colocando a boca no trombone.
Aos 65 anos, 32 de magistratura, Eliana Calmon já falou sobre quase tudo.
- Filhos de ministros que advogam nos tribunais superiores: "Dizem que têm trânsito na Corte e exibem isso a seus clientes. Não há lei que resolva isso. É falta de caráter" (Veja, 28/09/2010).
- Corrupção na magistratura: "Começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar um juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um habeas-corpus ou uma sentença. Os que se sujeitam são candidatos naturais a futuras promoções". (Idem)
- Morosidade: "Um órgão esfacelado do ponto de vista administrativo, de funcionalidade e eficiência é campo fértil à corrupção. Começa-se a vender facilidades em função das dificuldades. E quem não tem um amigo para fazer um bilhetinho para um juiz?" (O Estado de S. Paulo, 30/09/2010).
Era, portanto, previsível que não enfrentasse calada a reação do Supremo Tribunal Federal à sua dedicação em tempo integral a desencavar o rabo preso da magistratura.
Primeiro mostrou que não devia satisfações aos padrinhos. Recrutou no primeiro escalão da política maranhense alguns dos 40 indiciados da Operação Navalha; determinou o afastamento de um desembargador paraense; e fechou um instituto que, por mais de 20 anos, administrou as finanças da justiça baiana.
No embate mais recente, a ministra foi acusada pelo presidente da Corte, Cezar Peluso, de desacreditar a justiça por ter dito à Associação Paulista de Jornais que havia bandidos escondidos atrás da toga. Na réplica, Eliana Calmon disse que, na verdade, tentava proteger a instituição de uma minoria de bandidos.
Ao postergar o julgamento da ação dos magistrados contra o CNJ, o Supremo pareceu ter-se dado conta de que a ministra, por mais encurralada que esteja por seus pares, não é minoritária na opinião pública.
A última edição da pesquisa nacional que a Fundação Getúlio Vargas divulga periodicamente sobre a confiança na Justiça tira a ministra do isolamento a que Peluso tentou confiná-la com a nota, assinada por 12 dos 15 integrantes do CNJ, que condenou suas declarações.
Na lista das instituições em que a população diz, espontaneamente, mais confiar, o Judiciário está em penúltimo lugar (ver tabela abaixo). Entre aqueles que já usaram a Justiça a confiança é ainda menor.
A mesma pesquisa indica que os entrevistados duvidam da honestidade do Judiciário (64%), o consideram parcial (59%) e incompetente (53%).
O que mais surpreende no índice de confiança da FGV é que o Judiciário tenha ficado abaixo do Congresso, cujo descrédito tem tido a decisiva participação da Corte Suprema - tanto por assumir a função de legislar temas em que julga haver omissão parlamentar, quanto no julgamento de ações de condenação moral do Congresso, como a Lei da Ficha Limpa.
A base governista está tão desconectada do que importa que foi preciso um senador de partido de fogo morto, Demóstenes Torres (DEM-TO), para propor uma Emenda Constitucional que regulamenta os poderes do CNJ e o coloca a salvo do corporativismo dos togados de plantão. "Só deputado e senador têm que ter ficha limpa?", indagou o senador.
Ao contrário do Judiciário, os ficha suja do Congresso precisam renovar seus salvo-conduto junto ao eleitorado a cada quatro anos.
O embate Peluso-Calmon reedita no Judiciário o embate que tem marcado a modernização das instituições. Peluso tenta proteger as corregedorias regionais do poder do CNJ.
Nem sempre o que é federal é mais moderno. O voto, universal e em todas as instâncias, está aí para contrabalancear. Mas no Judiciário, o contrapeso é o corporativismo. E em nada ajuda ao equilíbrio. Em seis anos de existência, o CNJ já puniu 49 magistrados. A gestão Eliana Calmon acelerou os processos. Vinte casos aguardam julgamento este mês.
Aliomar Baleeiro, jurista baiano que a ministra gosta de citar, dizia que a Justiça não tem jeito porque "lobo não come lobo". A loba que apareceu no pedaço viu que dificilmente daria conta da matilha sozinha, aí decidiu uivar alto.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política.


Condecorações de Lula geram desconforto
Enviado por luisnassif, ter, 11/10/2011 - 07:39
Reação provinciana às condecorações de Lula
Paulo Moreira Leite
Confesso que o esforço de determinados políticos, observadores e acadêmicos para reclamar das condecorações internacionais recebidas por Luiz Inácio Lula da Silva já passou o limite da boa educação, do bom gosto e até do ridículo.
Lula recebeu sua mais nova condecoração há duas semanas em Paris. Até hoje a imprensa continua publicando textos que procuram convencer o leitor, basicamente, do seguinte: os pobres intelectuais do mundo desenvolvido são tão despreparados, tão ignorantes e tão incultos, que não sabem quem é Lula, nunca ouviram falar das mazelas de seu governo e só por isso insistem em lhe dar títulos honorários.

Num artigo publicado no Estadão, hoje, um professor do interior de Minas Gerais tenta convencer o público que os intelectuais europeus estão confundindo Lula com a reencarnação do “bom selvagem,” aquele mito da obra de Jean-Jaques Rousseau.
É até preconceituoso, quando se recorda que o “bom selvagem” não tinha um conteúdo de classe social, mas era uma referencia a civilizações consideradas primitivas pelo pensamento colonial europeu.
É preciso apostar alto na ignorância do leitor para imaginar que ele vai acreditar que os intelectuais dos países desenvolvidos vivem na Idade da Pedra, sem internet e sem uma imprensa de qualidade, que nos últimos anos tem feito reportagens extensas e profundas sobre o Brasil.
Posturas deste tipo são apenas mesquinhas e provincianas.
Mesquinhas, porque envolvem interesses menores e inconfessáveis, frequentemente eleitorais, apenas disfarçados por um palavrório de tom indignado.
Provincianas, porque a condecoração de um presidente da Republica por instituições respeitadas, como a Ecole de Sciencies Politiques, de Paris, que, com afetada intimidade, alguns comentaristas chamam de Siencies Po, deveria ser motivo de orgulho para qualquer brasileiro.
Outro ponto é que o aplauso acadêmico internacional pelas realizações do governo Lula contém um ensinamento importante para um pais desigual e hierarquizado, onde a boa educação só é acessível a uma minoria.
Estou falando de um preconceito antigo e mal disfarçado contra brasileiros e brasileiras que não puderam frequentar a escola como se deve, na idade em que seria preciso, não tem o domínio perfeito da língua, não respeitam normas cultas, cometem erros de concordancia e exibem um vocabulário muitas vezes limitado.
Com frequencia, essas pessoas costumam ser tratados como cidadãos de segunda classe, pré-destinados a ocupações inferiores e que nada devem fazer além de ganhar a vida em atividades braçais.
Ao premiar um presidente que teve pouca educação formal, mas foi capaz de obter um reconhecimento popular como nenhum outro na história recente do país, as universidades estrangeiras informam que é recomendável enxergar além do estereótipo.
Talvez por isso as condecorações irritem tanto a tantos. O reconhecimento é uma advertência contra aqueles que valorizam demais os diplomas que conseguiram pendurar na parede. Não faltam motivos concretos para se fazer uma crítica política a Lula e a seu governo. Todo cidadão bem informado tem sua lista de críticas e sua análise.
Mas o esforço para criticar as condecorações internacionais é esforço inglório.
Nem os brasileiros foram convencidos por estes argumentos, como se viu na campanha presidencial e também pelas pesquisas de opinião, que sugerem que Lula está próximo do nível da santificação junto ao eleitorado. Vencidos em casa, seus adversários querem ganhar a eleição no exterior. Além de feia, é uma batalha perdida.



Madame Bovary não morreu


Gustave Flaubert (1821-1880), em seu romance Madame Bovary se coloca no contraponto do estereótipo de que a mulher, por natureza é menos ativa que o homem. A personagem central, Emma é uma mulher sonhadora, situada na classe média de seu tempo e criada no campo. Tendo estudado em colégio interno, aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos casa-se com Charles Bovary, um médico interiorano, apaixonado pela esposa, mas acomodado e sem ambição de crescer na escala social. Charles Bovary fazia questão freqüentar as festas galantes nas ricas propriedades da vila e demonstrar orgulho por ter mulher tão bela, inteligente e capaz de boa prosa. Mas, Emma sentia-se cada vez mais insatisfeita. Nem mesmo o nascimento de uma filha dava alegria ao indissolúvel casamento, no qual Emma sentia-se presa. A partir daí faz opção de por em prática as paixões tais quais as narrativas dos livros que lia. Começa ai as traições ao marido. Passa a ir toda semana à cidade de Rouen, a pretexto de estudar arte, mas na verdade, para encontrar-se com um de seus amantes. Emma tenta transpor o mundo que a cerca e que a oprime. Tal qual Dom Quixote, sozinha em sua luta, nada consegue e acaba se suicidando.
Escrito em 1857, portanto, a um século e meio, a obra prima de Flaubert reflete como se fosse atual. A mentalidade do “ter”, usar e consumir, se mistura e se confunde com o “ser” e com a idéia de felicidade. Emma Bovary é o símbolo da mulher moderna, que busca ansiosamente a felicidade modelada pela indústria cultural. Diz o narrador: Emma buscava saber o que significava exatamente, na vida, as palavras felicidade, paixão e embriaguez, que tão belas lhe pareceram nas revistas e nos livros de romance.. Na cidade de Rouen tudo era encantamento: o porto fluvial no Sena, a catedral e o clube onde passou uma noite de carnaval; a rua estreita do Gros-holorge. (grande relógio)

Belo Horizonte, 13 de outubro de 2011.
Antonio P Moura


Chile: mais de 87% votam por educação gratuita e de qualidade
Cerca de 87% dos votantes no referendo educacional votaram pelo “sim” nas quatro perguntas formuladas no sufrágio, que consultaram a população sobre se ela estava de acordo com um ensino público gratuito e de qualidade, sobre o fim do lucro na educação, o retorno da educação para as mãos do Estado e a incorporação do plebiscito vinculante como mecanismo para resolver problemas de caráter nacional. A reportagem é de Christian Palma.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18683&boletim_id=1026&componente_id=16477


Soledad, a mulher do Cabo Anselmo
Quem foi, quem é Soledad Barrett Viedma? Qual a sua força e drama, que a maioria dos brasileiros desconhece? De modo claro e curto, ela foi a mulher do Cabo Anselmo, que ele entregou a Fleury em 1973. Sem remorso e sem dor, o Cabo Anselmo a entregou grávida para a execução. Com mais cinco militantes contra a ditadura, no que se convencionou chamar “O massacre da granja São Bento”. Esse crime contra Soledad Barrett Viedma é o caso mais eloquente da guerra suja da ditadura no Brasil. O artigo é de Urariano Mota.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18721&boletim_id=1029&componente_id=16497


Sociedade sem graça
por JOSÉ DE SOUZA MARTINS
A variedade e a frequência da violência que nos assombra constitui indício de profundas e alarmantes mudanças sociais fora de controle: pais que matam filhos, filhos que matam pais, netos que matam avôs, bebês que são jogados no lixo, bêbados que dirigem carros em alta velocidade e matam. E mesmo humoristas que querem fazer rir à custa do desrespeito e do menosprezo pelo outro. A sociedade está ficando sem graça... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/15/sociedade-sem-graca/





A Editora Contexto tem o orgulho de lançar Titanic: a história completa, uma narrativa apaixonante sobre a tragédia do grande transatlântico.
Escrito por Philippe Masson, um dos maiores especialistas navais do mundo e autor de A Segunda Guerra Mundial, o livro reconstitui as etapas da tragédia – da construção do navio à investigação dos culpados pelo naufrágio – e responde, com clareza, a questões perturbadoras: por que botes salva-vidas foram colocados na água com menos da metade de sua ocupação total? Um iceberg sozinho seria mesmo capaz de avariar o casco do navio a ponto de levá-lo a um naufrágio tão rápido? Como explicar que embarcações situadas nas proximidades do Titanic não o acudiram a tempo?
O livro, em caprichada edição ilustrada, já está disponível. Aproveite!
272 páginas, R$ 49,90.




Exposição Chaplin e a sua imagem
Abertura: 19 de outubro
Em cartaz até 27 de novembro, de terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada Franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros






VIII Encontro Mineiro de Psicopedagogia
Enviar a ficha de inscrição e comprovante do depósito bancário, com seu nome, por fax ou e-mail.
Fax: (31)3221-3616
E-mail: abppminasgerais@gmail.com


II Simpósio Arquelogia na paisagem – um olhar sobre os jardins históricos
Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, dias 24 e 25 de novembro
09h00 – 10h00
Inscrições e Credenciamento
10h00 – 10h20
Sessão de Abertura
Representante da Escola de Belas Artes/ufrj
Prof. Dr. Carlos Terra – Diretor da EBA/UF RJ
Representante da Fundação Casa de Rui Barbosa
Drª. Ana Pessoa – FCRB
Representante do Grupo de Pesquisa História do Paisagismo
Prof. Me. Rubens de Andrade – gphp-EBA/UFRJ
Coordenadora do 2o Simpósio Arqueologia na Paisagem
Profa. Me. Jeanne Trindade – gphp-EBA/UFRJ
10h20 – 11h30
Conferência Magistral
Mediador: Prof. Dr. Carlos Terra
As relações e conexões entre arqueologia e paisagem
Prof. Dr. Marcelo Fagundes (UFVJM)
11h30 – 12h00 – Debate
12h00 – 14h00 – Livre
14h00 – 14h10
Sessão de Conferências I
Instrumentais da Arqueologia da
Paisagem na Preservação
de Jardins Históricos
Mediadora: Prof. Drª. Ana Maria Daou (IGEO/UFRJ)
14h10 – 14h40
Arqueologia da paisagem e a potencialidade interpretativa dos espaços sociais
Drª. Ana Cristina de Sousa (IFBA/UFBA)
14h40 – 15h10
Praça XV: projetos do espaço público
Prof. Dr. Antonio Ferreira Colchete Filho (UFJF)
15h10 – 15h25 – Intervalo
15h25 – 15h55
A paisagem do interior ao exterior do jardim
Profª. Drª. Ana Rita Sá Carneiro (FAU/UFPe)
15h55 – 16h25
O impacto do entorno urbano nos jardins de interesse histórico
Drª. Inês El-Jack (FIOCRUZ)
16h25 – 16h50 – Debate
17h00
Encerramento da Sessão




Congresso Internacional Daisy. LIVRO DIGITAL, INCLUSÃO E MERCADO: novas perspectivas para produção.
04 e 05 de novembro de 2011. Hotel Meliá Jardim Europa. São Paulo - SP, Brasil.
Livros didáticos e seus desafios ao formato Daisy Formatos DAISY 4 e EPUB 3: convergência entre mercado e acessibilidade
Compartilhamento de livros acessíveis online
O futuro do livro Daisy
Panorama da produção e distribuição do livro Daisy no Brasil, na América do Norte, na Europa e na Oceania.
Veja a programação completa, inscreva-se!
http://www.fundacaodorina.org.br/novidades/novidade/?id=315&/congresso_internacional_daisy_livro_digital_inclusao_e_mercado_novas_perspectivas_para_producao

Bons programas em Belo Horizonte:


Os caprichos de Goya (de 4 de outubro a 30 de outubro ), de segunda a sexta de 9hs as 19hs e aos sabados de 10hs as 13hs. No hall da Prefeitura.

Na Casa Fiat de cultura: Roma a Vida e os Imperadores, de 21 de setembro a 18 de dezembro. Além da exposição, haverá palestras:
Dia 20 de outubro - O império Romano no seu Apogeu, palestrante Guido Clemente (Florença).
Dia 27 de outubro - Uma Introdução a Arte Romana, palestrante: Paolo Liverani (Florença).
Dia 3 de novembro - Política e violência em Roma, palestrante Chantal Gabrielli (Florença).
Dia 10 de novembro – A escravidão em Roma, palestrante: Fábio Duarte Joly (UFOP Ouro Preto).
Dia 17 de novembro - A Economia Romana, palestrante: Júlio Cesar Magalhães de Oliveira (Londrina).
Dia 24 de novembro - O Estudo da Historia com textos e imagens: o exemplo de Agripina Menor, palestrante Fabio Faversani de Ouro Preto.
Dia primeiro de dezembro - A Imagem dos Bárbaros na Arte Romana, palestrante: Matheus Coutinho Figuinha (Scuola Normale Superiore de Pisa).
Dia 6 de dezembro - De capital Imperial a cidade Cristã: Roma na Antiguidade Tardia; palestrante (Carlos Augusto Ribeiro Machado (Unifesp). Mais detalhes e endereço: www.casafiatdecultura.com.br


Leia no WWW.outraspalavras.net


O tempo em que podemos mudar o mundo
Immanuel Wallerstein, provocador: o capitalismo está condenado: resta saber quê irá substituí-lo. Transição não será apocalíptica: dependerá das escolhas que fizermos agora. Marx foi, como todos nós, prisioneiro de seu tempo.

Uma nova guerra dos medicamentos?
Produção da China e Índia ameaça oligopólio que controla indústria farmacêutica. Países ricos querem recorrer a patentes para conservar poder. Por Daniela Frabasile


CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR ADJUNTO / ASSISTENTE
1. ÁREA DE CONHECIMENTO: Planejamento Territorial e Urbano / Políticas
Públicas e Turismo / Estágio Obrigatório
CATEGORIA FUNCIONAL: Professor Ensino Superior
CLASSE: Professor Adjunto / Assistente
2. DA TITULAÇÃO
Graduação em Turismo, Arquitetura e Urbanismo e mestrado ou doutorado em
áreas afins às graduações solicitadas.

1. ÁREA DE CONHECIMENTO: Análise Econômica do Turismo / Fundamentos
de Finanças / Qualidade em Turismo / Estatística
CATEGORIA FUNCIONAL: Professor Ensino Superior
CLASSE: Professor Adjunto / Assistente
2. DA TITULAÇÃO
Graduação em Turismo ou áreas afins e mestrado ou doutorado em Turismo,
Administração ou Economia.

As especificações e bibliografia podem ser encontradas no Edital 123/2011 da UFVJM e Instruções Específicas que o acompanham.
WWW.ufvjm.edu.br

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Numero 296





Três artigos de fundo no boletim de hoje informam sobre questões do judiciário brasileiro, sobre o Centro Administrativo de Minas e sobre a Bolívia e seus rumos.

Nos links, muitas matérias sensacionais. Imperdíveis, mesmo!

Abraços
Ricardo





Coisas da justiça, de Brasília aos cafundós do País
Texto de José de Souza Castro (http://kikacastro.wordpress.com/2011/10/11/coisas-da-justica-de-brasilia-aos-cafundos-do-pais/ )

Um grupo de pessoas participou nesta segunda-feira de manifestação diante do fórum de Bom Despacho, no interior de Minas, para pedir pressa no julgamento do pedido de afastamento do prefeito municipal. O vereador Fernando Cabral (PPS) entregou aos juízes e promotores da comarca uma carta, dizendo: “Meses atrás, num processo rápido e fulminante, os senhores condenaram uma mulher a dois anos de reclusão. O crime dela: colocou à venda cerca de 100 DVDs piratas.”

E prosseguiu lembrando que, contra o prefeito Haroldo Queiroz (PDT) e seus secretários, há mais de dez processos por improbidade administrativa. “Os crimes de que são acusados: desvio de milhões do dinheiro público; abandono de doentes; poluição ambiental em alta escala; enriquecimento ilícito; descumprimento de ordem judicial. O processo contra a mulher avançou rápido. Entretanto, os processos contra o prefeito e seus secretários arrastam-se a passo de lesma. Alguns, paralisados, nem se arrastam. Por que essa diferença?”

Duvido que juízes e promotores de Justiça de Bom Despacho respondam. Eu não poderia responder por eles, mas posso transcrever algumas informações que li na imprensa nos últimos dias que mostram como nosso Judiciário se deixa envolver por assuntos que interessam aos poderosos, aí incluindo os próprios juízes. São indícios, e o leitor que tire suas conclusões:

1. Julgamento marcado hoje na 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro vai decidir o valor de uma dívida já reconhecida pela Petrobras, em ação popular transitada em julgado no Supremo Tribunal Federal, mas que pode ser elevada a um total superior a R$ 5 bilhões. O caso remonta à gestão de Paulo Maluf no governo de São Paulo (1979-1982) e à criação do consórcio Paulipetro. A Petrobras alega ter participado apenas da venda de dados sísmicos e que não deve mais que R$ 2,4 milhões. Veremos.

2. Um batalhão de 1.211 vigilantes e seguranças garantem a proteção de 93 ministros e o controle do entra-e-sai, em Brasília, nos prédios do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Superior Tribunal Militar. São 13,2 guardas para cada um dos brasileiros que alcançaram o topo da pirâmide da magistratura. Enquanto isso, nos 15,7 mil quilômetros que separam o Brasil de seus vizinhos, por terra, a Polícia Federal tenta combater a passagem de armas e drogas, além de frear o contrabando, com um grupo que varia entre 900 e mil agentes. Número que supera até mesmo a tropa de 969 vigilantes contratados para cuidar do cofre do Tesouro: as nove diretorias e a sede do Banco Central na capital federal. A elite do Judiciário ainda conta com um batalhão de 386 recepcionistas, 287 motoristas e 271 copeiros e garçons.

3. Do advogado Walter Ceneviva, colunista da “Folha
de S. Paulo”, sobre a tentativa da Associação dos Magistrados Brasileiros de tolher a ação do Conselho Nacional de Justiça contra a corrupção dos juízes: “O banditismo da sentença negociada, do favorecimento indevido do afortunado em face do desprovido, do doce convencimento de que as vantagens oferecidas pelos poderosos não sacrificam a lisura de suas decisões, esse normalmente passa sem ser apurado. Nem mesmo quando evidente que o magistrado acusado tem padrão de vida superior ao que razoavelmente se pode aceitar com seus rendimentos.
Quando mais de uma pessoa confiável atribuir o mesmo mau comportamento a alguém, a corregedoria tem o dever de interferir. É sua missão.”

Em seis anos de atuação, o CNJ condenou 49 magistrados. Desse total, 24 foram punidos com a pena máxima no plano administrativo – a aposentadoria compulsória. Nenhum juiz foi para a cadeia, nenhum ganho indevido no exercício do cargo foi devolvido pelo corrupto.



Despesa com manutenção da Cidade Administrativa já estourou orçamento de 2011
Só a energia elétrica da sede do governo custou ao estado R$ 6,9 milhões até setembro

Alice Maciel
Publicação: 03/10/2011 06:27 Atualização: 03/10/2011 09:32
O gasto operacional da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, sede do governo de Minas, ultrapassou em setembro o valor previsto para todo o ano. No orçamento foram destinados R$ 97 milhões, mas já foram gastos R$ 99,6 milhões. Entre os itens das despesas estão material de consumo, energia elétrica, alimentação, locação de máquinas e equipamentos, serviços gráficos, TV por assinatura, veículos, telefonia e manutenção das instalações, entre outros. Os dados foram consultados no Orçamento de 2011, disponível no site da Secretaria de Planejamento e Gestão e no Portal da Transparência.

A despesa com energia elétrica na Cidade Administrativa chegou, até setembro, a R$ 6,9 milhões. Esse valor é quase o total do orçamento reservado para esse tipo de gasto em 2011. Boa parte do sistema de iluminação dos prédios Minas e Gerais tem ficado acesa à noite e durante a madrugada e pode ser observado por quem trafega pela Linha Verde. Foi o que constatou o Estado de Minas às 2h de sexta-feira.

Quando a obra foi anunciada, no entanto, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) publicou que a Cidade Administrativa economizaria energia por ter “prédios dotados de um sistema central computadorizado e inteligente que controla o uso de elevadores, o acionamento de lâmpadas e do ar-condicionado e a presença de sensores fotossensíveis que evitam a iluminação e climatização de ambientes vazios”.

Em fevereiro, o governo empenhou R$ 6,1 milhões para a Cemig. Em agosto, o dinheiro já havia sido usado e o estado teve de reservar mais R$ 963,4 mil, valor que também já está praticamente todo comprometido. O estado ainda tem de pagar para a companhia de energia elétrica R$ 152,2 mil referentes a gastos não pagos no ano passado.

O custo com energia elétrica está entre os serviços com terceiros que consumiram do governo R$ 66,6 milhões, a maior despesa operacional da Cidade Administrativa. O valor empenhado para esses serviços foi de R$ 78 milhões. Entre outros gastos estão: despesas de exercícios anteriores, que chegam a R$ 6.085.059,63, locação de mão de obra, que consumiu R$ 19.474.998,43, e serviços de consultoria, que chegaram a R$ 986.484,95. O governo não informa quanto foi planejado no orçamento para cada despesa pelo funcionamento dos prédios.

Previsão

Quando a Cidade Administrativa foi inaugurada, em março de 2010, o governo anunciou que havia a previsão de reduzir em R$ 85 milhões por ano as despesas com a máquina pública ao transferir as secretarias para o prédio localizado no Vetor Norte da capital mineira. Um ano depois de concluída, a Cidade Administrativa ainda não conseguiu, como previa, concentrar em um só local secretarias, autarquias e fundações. Conforme cronograma estabelecido pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), a transferência dos servidores deveria ter sido concluída em junho do ano passado, junto ao estudo que apontaria o valor dos imóveis para venda. Segundo cálculos do governo, a economia com o pagamento de aluguéis, quando a mudança estiver concluída, será de R$ 19,7 milhões por ano.

Segundo a assessoria da Seplag, o orçamento foi suplementado no início deste ano depois de ter sido aprovado na Assembleia Legislativa de Minas no ano passado. “Tal suplementação deveu-se ao fato de não termos todos os órgãos e entidades instalados até o prazo de elaboração e envio do orçamento para aprovação pela Assembleia, em 2010, o que impossibilitou um planejamento exato das despesas para 2011”, informou a secretaria, acrescentando que, na época, 10 órgãos e 4,4 mil pessoas estavam instalados na Cidade Administrativa e que, atualmente, já estão lá 55 órgãos e 15 mil pessoas. Ainda de acordo com a assessoria, os gastos estão sendo executados conforme o planejado e as despesas não deverão exceder o orçamento total aprovado para o ano. Quanto às luzes, a assessoria informou que são apagadas depois das 19h, mantendo-se acesas as do hall de recepção e pilotis por motivo de segurança. “Como a limpeza do complexo é realizada no período noturno (das 19h às 7h), as luzes dos andares são acesas de forma programada por setor que está em manutenção”.

http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2011/10/03/interna_politica,253794/despesa-com-manutencao-da-cidade-administrativa-ja-estourou-orcamento-de-2011.shtml



Bolívia: uma ideia de progresso, uma ideia de justiça

Por Sue Iamamoto (no Correio Caros Amigos)

Ela preferiu atribuir à classe operária o papel de salvar gerações futuras. Com isso, ela a privou das suas melhores forças. A classe operária desaprendeu nessa escola tanto o ódio como o espírito de sacrifício. Porque um e outro se alimentam da imagem de antepassados escravizados, e não dos descendentes liberados.

Assim critica Walter Benjamin a ânsia por progresso da social democracia, na sua tese XII “Sobre o Conceito de História”. Ao priorizar a imagem destes antepassados, Benjamin defende que os socialistas devem se guiar por uma ideia de justiça e não por uma ideia de progresso. Estes são dois ideais que marcaram a história do socialismo nos últimos dois séculos e que voltam a se enfrentar de forma contundente no atual panorama político da Bolívia.

Entre 2000 e 2005, este país viveu uma convulsão de movimentos sociais que questionaram profundamente a ordem neoliberal vigente. A Guerra da Água em Cochabamba (2000) combateu a privatização de um recurso vital e demandou que tal recurso fosse administrado comunitariamente. Na Guerra do Gás (2003), setores populares de todo o país demandaram a renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada e anunciaram a agenda de outubro, que pedia nacionalização e industrialização dos hidrocarbonetos, reforma agrária e assembleia constituinte para refundar o país com base na sua descolonização (ou seja, que a Bolívia fosse culturalmente e institucionalmente representativa da maioria indígena que compunha a sua população). Estes temas marcaram o conteúdo inicial do proceso de cambio impulsionado pelo governo de Evo Morales a partir da sua eleição em 2005.

Noções de progresso e de justiça caminharam de mãos dadas neste movimento antineoliberal, unificado graças à ideia de uma elite política que seria ao mesmo tempo antidesenvolvimentista e senhorial-oligárquica, uma elite “antipátria e crioula”. Quando o bloco popular anterior passa a assumir as tarefas estatais, contudo, este inimigo comum, que antes era materializado no Estado, perde a sua força. A ideia de progresso e a ideia de justiça passam a se enfrentar de forma crescente.

O recente conflito envolvendo o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) é um dos exemplos mais extremos desta pugna. Resumidamente, o governo de Evo Morales está construindo uma estrada que corta o Tipnis, alegando sua necessidade para o desenvolvimento das comunidades camponesas, para as quais a construção de caminhos sempre foi uma demanda constante. Apoiam a medida as principais organizações do campesinato boliviano, que representam a base social mais fiel do governo. Contudo, apoiados pelas principais representações indígenas do país, os povos que habitam o Tipnis se pronunciaram contra a construção da estrada, que causaria prejuízos à preservação ambiental da reserva e à manutenção de seus usos e costumes, priorizando os interesses sub-imperialistas brasileiros (a obra é financiada pelo BNDES, é realizada pela construtora brasileira OAS, e faz parte de um corredor bioceânico do projeto IIRSA) e de empresas interessadas na exploração petroleira da área (como a Repsol). O conflito atingiu níveis inimagináveis no último mês, quando a polícia impediu violentamente o avanço da marcha em repúdio à construção da estrada, que ia em direção à La Paz.

Não creio que seja fácil a escolha entre uma demanda por progresso (em um dos países mais pobres do continente, que carece de um sem fim de serviços públicos e que depende da exploração dos recursos naturais para financiar políticas sociais básicas) e uma demanda por justiça (com povos indígenas sendo historicamente excluídos das decisões políticas que os afetam, sofrendo com violências sociais, econômicas e políticas sistemáticas). Muitos defenderão que é possível pensar um desenvolvimento baseado nas lógicas indígenas de “viver bem” e “respeito à Mãe Terra”, este inclusive tem sido um dos discursos oficiais do próprio governo de Evo Morales. Mas os fatos políticos apontam que esta síntese, se é que existe, parece muito difícil de ser encontrada, principalmente ao se manter intocada a estrutura do Estado moderno capitalista. Se o socialismo no século XXI quer existir, ele deve aprender com os erros que viveu durante o século XX: não é possível compreender a irracionalidade do mundo capitalista se nos esquecemos que este produz escravos.

Sue Iamamoto é cientista política e autora da dissertação de mestrado “O nacionalismo boliviano em tempos de plurinacionalidade: Revoltas antineoliberais e constituinte (2000-2009)”, do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo.



Fotos do século XIX retratam a escravidão em vários locais do Brasil.
Confira:
http://www.youtube.com/watch?v=jRZRa4H8674&feature=player_embedded





O outro lado da foto do estudante que “atacou” Lula na Bahia
Leia a matéria completa e uma entrevista com o estudante aqui:
http://www.viomundo.com.br/humor/o-outro-lado-da-foto-do-estudante-que-atacou-lula-na-bahia.html


Aécio e o “desfile” em carro aberto que só ele viu
Leia a matéria aqui: http://www.viomundo.com.br/humor/minas-sem-censura-aecio-e-o-desfile-em-carro-aberto-que-so-ele-viu.html






Votação massiva fortalece Partido Socialista na França

Participação do eleitorado nas primárias do Partido Socialista francês supermou as previsões mais otimistas que esperavam um milhão de votantes. Cerca de dois milhões de pessoas foram às urnas, para escolher o candidato socialista às eleições presidenciais de 2012. As previsões se cumpriram com uma surpresa: com 39% dos votos, saiu vencedor o ex-primeiro secretário do PS, François Hollande, seguido pela atual secretária do partido, Martine Aubry, com 31%. A supresa foi o terceiro lugar obtido pelo candidato da ala esquerda do PS, o deputado Arnaud Monteubourg, que fez 17% dos votos. Segundo turno entre Hollande e Aubry ocorre no próximo domingo.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18660&boletim_id=1024&componente_id=16429


A Revista Espaço Acadêmico, nº 125, outubro de 2011, foi publicada. Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current
Nesta edição destacamos o DOSSIÊ ZYGMUNT BAUMAN, organizado pelo Prof. Renato Bittencourt
Agradecemos ao Prof. Renato Biitencourt, aos autores que contribuíram com o DOSSIÊ, aos colunistas e colaboradores.
Pedimos que, por favor, colaborem com a divulgação da revista. Enviem aos amigos, colegas e listas que participem. Obrigado também aos leitores pelo apoio, leitura e por divulgar a REA. Permanecemos abertos às sugestões, críticas e contribuições


O Grupo Baader Meinhof
por FÁBIO VIANA RIBEIRO
É quase consensual, entre os historiadores, a idéia de que a história das guerras é sempre a história dos vencedores. Acredito que poucos discordariam dessa afirmação, confirmada por meio de conflitos que poderiam ser lembrados quase que ao sabor do acaso: Argélia, Vietnã, Coréia, Paraguai, etc. Por outro lado, a um número talvez menor de observadores, restará a dúvida a respeito de até que ponto tais conflitos significaram tão somente uma oposição entre um lado “certo” e um lado “errado”, justo e injusto, bons e maus...LEIA NA ÍNTEGRA:
http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/05/o-grupo-baader-meinhof/



Colapso do neoliberalismo passa a ser decidido nas ruas.

Primeira semana de outubro reúne ingredientes de um ponto de mutação: greve geral na Grécia põe em xeque a solução ortodoxa para a crise; ascensão fulminante dos indignados nos EUA instala a contestação ao neoliberalismo no coração do sistema financeiro internacional e pauta a sucessão de Obama. Passeatas de desempregados na Espanha afrontam a rendição socialdemocrata aos 'livres mercados'. Radicalização política no Chile desmascara a 'direita moderna da AL' em sua vitrine mais festejada. A maior greve bancária brasileira em duas décadas desmente acomodação sindical e expõe lucros obscenos do poder financeiro.

Leia no boletim especial http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm


Leia no WWW.outraspalavras.net

Das revoltas a uma nova política
Toni Negri e Michael Hart oferecem reflexões para superar três grandes pilares do capitalismo: propriedade, trabalho subordinado e representação
(No Blog Coletivo: Tadeu Breda apresenta o texto de Negri e Hart e seus significado, num ano de grandes mudanças)

Acordando do sono
Em discurso aos manifestantes de Nova York, filósofo esloveno Slavoj Zizek adverte sobre desafios que virão após a catarse política das ocupações
(No Blog Coletivo: as opiniões polêmicas de Zizek sobre o Tea Party e George Soros)

Rússia e China: Putin na cova do dragão
Governos dos dois grandes países da Ásia debatem energia e mísseis, enquanto nutrem desconfianças mútuas em relação a Washington. Por M.K. Bhadrakumar

Uma sociedade pedófila?
Pesquisadora defende que as crianças são erotizadas cada vez mais cedo e que estaríamos potencializando grupos de pedófilos. Por Rôney Rodrigues

Tiziano Terzani: de correspondente de guerra a militante da paz
“O mundo está mudando, e nós também temos que mudar. Precisamos parar de fingir que podemos seguir vivendo normalmente, de modo covarde”, dizia jornalista italiano que se opôs à "Guerra contra o Terror". Por Rebecca de Carli