Minha amiga e colaboradora emérita, Ana Cláudia, enviou uma matéria que me provocou arrepios. Ela está logo abaixo, é a primeira matéria deste boletim.
Adiantando, o que se fala é que o presidente da Editora Abril declarou, alto e bom som, que seu objetivo é derrubar a presidenta Dilma. Em outras palavras, todas essas denúncias que a Veja tem escancarado para os leitores – verdadeiras ou não – objetivam não a moralidade pública, como se apregoa, mas tão somente desestabilizar o governo legalmente eleito pela população brasileira.
O que me provoca arrepios é o fato de alguém – seja lá quem for – declarar abertamente que está atentando contra o Estado de direito e não se ouvir nada em contrário.
Onde está, por exemplo, o Conselho de Defesa Nacional, criado na Constituição de 1988, no artigo 91?
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático,
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. (os grifos são meus)
Onde estão os caras-pintadas, onde estão os que fazem passeatas contra a corrupção (sem saber direito quem é que as organizou...) que não reagem a essa tentativa de golpe? Onde está o Ministério Público, o Poder Judiciário, especialmente o STF, tão zelosos pelos aumentos de salários e que não fazem nada para defender o Estado democrático?
Eu sei que a História não se repete, mas não como deixar de observar certas semelhanças com o longínquo 1954, e notarmos que a Veja hoje é o Globo de ontem? Veja esta imagem do jornal O Globo que queria derrubar o Vargas.
Assistiremos calados a mais um possível golpe na história política brasileira?
Por que será que os Civita não são bem vindos na Argentina?
Qual a razão desse ódio à presidenta? O artigo que a Ana Cláudia me enviou dá algumas possíveis pistas para entendermos o que está se passando.
Enquanto isso, já que ninguém faz nada, o jeito é esperar que o espírito do Marechal Henrique Teixeira Lott baixe, com urgência.
Para os mais jovens, que talvez nunca tenham ouvido falar de Lott, recomendo abrir os livros de História e examinar o período que se seguiu à morte de Vargas, quando se tentou um golpe para impedir a posse de JK e o Marechal Lott foi, na condição de ministro da Guerra, responsável por abortá-lo, defendendo a legalidade e a Constituição.
Em 1961, após a renúncia de Jânio, nova tentativa de golpe, buscando impedir que o vice-presidente, João Goulart, assumisse. E o marechal, agora já aposentado, não hesitou em manifestar-se:
(...) sinto-me no indeclinável dever de manifestar o meu repúdio à solução anormal e arbitrária que se pretende impor à Nação.
Dentro dessa orientação, conclamo todas as forças vivas do país, as forças da produção e do pensamento, dos estudantes e intelectuais, dos operários e o povo em geral, para tomar posição decisiva e enérgica no respeito à Constituição e preservação integral do regime democrático brasileiro, certo ainda de que os meus camaradas das Forças Armadas saberão portar-se à altura das tradições legalistas que marcam sua história no destino da Pátria.”
Colaboração de Ana Cláudia:
Civita quer derrubar Dilma
Este ansioso blogueiro (não veio, no email, o nome do blogueiro...) também ouviu de um interlocutor com Roberto Civita a mesma ameaça: eu quero derrubar a Dilma!
Civita lamentou não ter conseguido derrubar o Lula nem eleger o Cerra (sic).
Mas, agora, ele não falhará.
Esse interlocutor de Civita que conversou comigo também é do PT e pode ser o mesmo do José de Abreu.
José de Abreu: “Civita avisou ao PT que derrubará Dilma”
No último domingo, o ator José de Abreu, esse simpaticíssimo sessentão paulista de Santa Rita do Passa Quatro, soltou uma nota no Twitter que, desde então, vem sendo objeto de curiosidade e de intensos debates na internet devido ao teor explosivo que encerra. Abaixo, a reprodução da nota do ator. Foi capturada em seu perfil naquela rede social.
Diante da enormidade que é haver dado concreto sobre uma premissa que todos os que se interessam por política já intuíam diante do comportamento da revista Veja nos últimos tempos, sobretudo após o caso escabroso em que um repórter desse veículo tentou invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu em um hotel de Brasília, decidi entrevistar o autor de tão interessante informação.
Conversei com Abreu por telefone durante cerca de 40 minutos. Foi mais um bate-papo informal. Girou, basicamente, em torno da informação que o ator obteve, mas enveredou por sua visão sobre como e por que um empresário do setor de comunicação ousa mandar ao governo do país um recado dessa magnitude, em termos de arrogância.
Segundo Abreu, a informação lhe foi passada por um petista graúdo que procurou a direção da Veja logo após a tentativa de invasão do apartamento de Dirceu. O emissário não teria procurado a revista em nome do governo, mas, sim, em nome do PT. Ainda segundo o entrevistado, essas conversas de petistas e até do governo com a mídia ocorrem institucionalmente e com freqüência.
A tal “raposa felpuda” do PT teria ponderado com a direção da Veja que precisaria haver limites, que a revista estaria passando da conta. Enfim, teria sido a tentativa de um pacto de convivência mínimo. Aliás, informação relevante do entrevistado foi a de que esse pacto até já existe e é por isso que Dilma vem sendo poupada pela mídia, apesar dos ataques ao seu governo.
A resposta veio de cima, do próprio Roberto Civita, e foi a de que não haveria acordo: a Veja pretende derrubar o governo Dilma. As razões para isso não foram explicadas, apesar de que o interlocutor de Abreu diz que o dono da Veja está enfurecido com os sucessivos governos do PT que, nos últimos 9 anos, tiraram da grande mídia montanhas de dinheiro público.
Sempre segundo o entrevistado, apesar de muitos acharem que o governo “dá dinheiro” à mídia (via publicidade oficial) apesar de ser fustigado por ela, nos últimos 9 anos a publicidade do governo federal, a compra de livros didáticos da Abril, enfim, tudo que o governo gasta com comunicação passou a pingar nos cofres midiáticos em proporção infinitamente menor do que jorrava até 2002.
De fato, de 2003 para cá esse bilhão de reais que o governo gasta oficialmente em comunicação, que até aquele ano era dividido entre 500 veículos, hoje irriga cerca de oito mil veículos, muitos deles com linha editorial totalmente inversa à dos grandes meios de comunicação que até o advento da eleição de Lula, em 2002, mamavam tranquilamente. E sozinhos.
Abreu também diz que essa coexistência de bastidores entre adversários políticos (imprensa tucana, de um lado, e PT e governos petistas de outro) se deve a um fato inegável: os políticos precisam da mídia e isso fica claro quando a gente se surpreende ao ver petistas, os mais alvejados por esses veículos, concedendo cordiais entrevistas aos seus algozes.
Particularmente, este blog não se surpreendeu com as revelações de José de Abreu. As marchas contra a corrupção, o objetivo claro de impedir o funcionamento do governo lançando matérias incessantes só contra o governo federal enquanto escândalos enormes como o das emendas dos deputados estaduais paulistas recebem espaço quase zero, mostram que a mídia pretende inviabilizar o governo Dilma Rousseff.
Mais uma vez, digo a quem não acredita: se o cavalo do golpe passar selado, a mídia monta sem pensar. E, agora, tenho até evidências concretas para fundamentar meu ponto de vista. Será, então, que o PT e o governo Dilma vão ficar sentados esperando o golpe? Querem a minha opinião? Acho que vão. Eles ainda acreditam que podem se entender com a imprensa golpista.
Derrubar ministros exige competência
Por Alberto Dines (do Observatório da Imprensa)
Balística e jornalismo investigativo têm algo em comum: independente do calibre da arma e da força do projétil, é crucial avaliar o ângulo do disparo e a vulnerabilidade do alvo.
As denúncias da Veja contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, publicadas no fim de semana 15-16 de outubro (edição 2239) devem demorar a derrubá-lo ou talvez nem o derrubem. Foram formuladas canhestramente. São ineficazes.
Para começar: o denunciante é réu. Portanto, suspeito. Tem ficha de truculento, negocista, policial-bandido, miliciano típico. Esteve envolvido no mesmo esquema que agora tenta demolir. Faz parte do mesmo bando que agora está sendo investigado. O desvio de verbas do ministério para ONGs que promovem o esporte assistencial já estava sendo investigado há mais de dois anos pelas polícias de Brasília e Federal, pela CGU e pelo Ministério Público.
O fato novo, bombástico, é a entrega de dinheiro vivo na mão do ministro ou de seu motorista. E esta tremenda novidade não colou porque carece de provas. Veja embarcou em nova aventura denuncista sem ter qualquer comprovante. Saiu atirando.
Fora dos holofotes
Na ânsia de ganhar o campeonato nacional de tiro-aos-ministros, o semanário fez escolhas estratégicas erradas. Quando a Folha de S.Paulo atirou em Antonio Palocci, mirou apenas em seu incrível e vertiginoso enriquecimento. Não pensou no PT nem em alvos próximos. Apontou, atirou, acertou na mosca, Palocci estrebuchou um bocadinho e emborcou.
O frenesi ideológico dos atiradores de Veja leva-os a optar pela rajada e esta nem sempre é mais letal do que o tiro único, certeiro. Queriam pegar o ministro e também o seu partido, fazer o trabalho completo. Não pegaram nem um nem outro.
O PCdoB, tal como uma porção significativa da base aliada, está envolvido em bandalheiras. Sua imagem de estoicismo e idealismo há muito evaporou. A vigorosa reação dos familiares das lideranças comunistas históricas em seguida à propaganda televisiva do partido (Anita Leocádia Prestes e Victoria Grabois, por exemplo) é prova de uma indisfarçável degradação.
São consistentes muitas das revelações sobre o que acontece dentro e em torno do Ministério do Esporte não apenas porque já vinham sendo investigadas, mas porque agora passarão a ser monitoradas também pela Procuradoria Geral da República. É da natureza da PGR relutar, não dispersar-se em muitas ações e trabalhar longe dos holofotes. Mas quando anuncia publicamente que vai apurar malfeitorias é porque pressente o que deve encontrar.
Esporte perigoso
A editoria de denúncias do semanário da Editora Abril não levou em conta as chamadas “circunstâncias ambientais”: a destituição do ministro do Esporte quando faltam três anos para o início da Copa do Mundo só poderia ocorrer diante de colossais ilícitos. Comprovados cabalmente. Também não levou em conta que naquele momento o ministro Orlando Silva não poderia ser facilmente sacrificado porque representava uma ala do governo que tenta oferecer resistências ao poderio conjugado dos abutres Fifa-CBF.
Para ser eficaz, o jornalismo de cruzadas deve evitar fúrias, ser preciso. A grande mídia está apostando para ver quem derruba mais ministros até o fim do ano. Trata-se de um esporte radical, cansativo e perigoso. Corre o risco de ficar desacreditado.
A velha e a nova corrupção
Antonio de Paiva Moura
A palavra corrupção vem do latim Corruptione e significa decomposição, putrefação. Na variação semântica para moral, corresponde à qualificação pejorativa de condutas consideradas desonestas, sujas, apodrecidas.
A corrupção política é o uso de competências legais por funcionários públicos da administração direta ou indireta para fins privados ilegais. As formas mais comuns de corrupção são: tráfico de droga, lavagem de dinheiro, tráfico de seres humanos, suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo, estelionato e peculato. As instituições sociais e econômicas também permitem os indivíduos se enveredarem no caminho da corrupção. O empresário que lança suas despesas pessoais como despesas de custeio de sua empresa pratica atos ilícitos.
O historiador Evaldo Cabral de Mello diz que a corrupção, na forma que se encontra hoje, tem raízes na época colonial. Como compensação pelos modestos ordenados pagos às autoridades ultramarinas e outros funcionários, já pressupunha que a coroa fecharia os olhos às irregularidades cometidas por agentes, desde que satisfizesse duas condições implícitas: a primeira, a de não atentar contra a ordem régia; a segunda, desde que agissem com discrição. Sem tais condições não seria possível recrutá-las nas camadas da nobreza e da burocracia metropolitana. O agraciado só aceitaria servir fora do reino, na expectativa de enriquecimento. (MELLO, 2008) Os governadores das capitanias voltavam ricos para Portugal, a exemplo de Dom Lourenço de Almeida, governador da capitania de Minas Gerais de 1721 a 1732. Foi acusado de ocultar os primeiros diamantes descobertos em 1726 e de ter acobertado os fabricantes de moedas falsas, de 1729 a 1732, na Serra do Paraopeba, hoje Serra da Moeda. Não seria somente uma coincidência o fato de ter findado o seu governo no mesmo ano que se concluiu o processo contra os fabricantes de moedas falsas.
Quase todos os contratadores de diamantes foram denunciados por desvios e contrabandos de diamantes. Felisberto Caldeira (1751) foi preso e conduzido a Portugal, onde mais tarde foi solto por ordem de Pombal. João Fernandes de Oliveira, cuja gestão começou em 1759, também sofreu denúncia no sentido de facilitar o contrabando de diamantes. Além disso, João Fernandes esbanjava luxo e riqueza, quebrando o protocolo da discrição. Ao voltar para Portugal levou sua fortuna e foi elevando à condição de nobre senhor e criador do morgado de Grijó. Como se vê a ambição de acumular riqueza; a formação de capital e das fortunas patrimoniais precede ao sistema capitalista.
No período colonial, com o regime de padroado, a Igreja era associada ao estado. Os sacramentos e celebrações religiosas eram considerados necessidades humanas. Os sacerdotes eram funcionários públicos e recebiam do erário real. A maioria dos padres tinha negócios de mineração e fazendas. Como empresários e como clérigos os padres tinham mais facilidade de subornar o fisco. O poder clerical oferecia aos padres condições de usar e abusar de suas amantes que assumiam sozinhas, os ônus de se criarem os filhos e de serem discriminados pela sociedade como mães solteiras. Além disso, diversos religiosos portugueses vinham ao Brasil recolher donativos para as confrarias do reino. Muitos usavam métodos enganosos e inescrupulosos de possível cura de doenças, com águas vendidas como milagrosas; venda de falsas relíquias e promessas de indulgência aos fiéis. Alguns padres não voltaram a Portugal com a fortuna arrecadada e acabaram abandonando o sacerdócio. (MOTT, 1989)
A passagem da situação colonial para a de estados livres na América Latina, no século XIX não alterou o quadro institucional. O sistema produtivo continuou privilegiando o capital, em detrimento da natureza e do trabalho. O ideal iluminista de que “todos são iguais perante a lei” foi adotado pelo universo liberal, apenas na forma de redigir as leis. Na verdade, nos tribunais vencem somente os que ostentam dinheiro e poder. Em entrevista a Luis Brasiliano (2011) Fausto De Sanctis, desembargador do Tribunal Regional Federal, notabilizado durante a operação Satiagraha, afirma que no Brasil, a corrupção quase nunca é punida porque os direitos garantidos aos réus os transformam em vítimas. Segundo o magistrado, as leis, muitas vezes, são feitas não para atender a universalidade, mas sim para beneficiar grupos privados ou pessoas privilegiadas.
No dia 7 de setembro de 2011, os diversos seguimentos sociais, com base na classe média, resolveram sair do conforto e ir às ruas de Brasília para protestar e exigir punição para os corruptos. Cerca de 15 mil manifestantes tentavam ofuscar o desfile cívico-militar, que se realizava como manda a tradição. Segundo a jornalista Cynara Menezes, os manifestantes mostravam insatisfação com o congresso. Um dos cartazes dizia que se Kaddafi fosse brasileiro ele poderia ser deputado. Outra faixa condenava o congresso por livrar a deputada Jaqueline Roriz de processo de cassação de mandato.
No período em que perdurou a ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1982, a imprensa chamada progressista ou os meios de comunicação de massas que defendiam as classes trabalhadoras e os segmentos inferiores da sociedade foi desmontada. O caso mais contundente foi o desmonte do jornal “Correio da Manhã”. Muitos jornalistas foram presos, torturados, mortos e exilados. Mesmo depois da constituição de 1988, muitos jornalistas tinham medo de se posicionarem do lado progressista. Todos os setores da sociedade que influenciavam na formação da opinião sofreram intervenção, a exemplo do sistema educacional e da administração pública.
Somente os opositores ao regime eram denunciados por prática de corrupção e muitas vezes sem provas. Os situacionistas eram poupados de investigação e de denúncias. Mesmo que houvesse arbitrariedades, crimes e corrupção por parte dos situacionistas, a imprensa não noticiava.
Essa é a razão pela qual as denúncias de que o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, só deposita em suas contas oficiais 10% do dízimo arrecadado e o restante é passado a doleiros que remetem a paraíso fiscal, não dão em nada. Sabe-se que as denúncias das vítimas de abuso de padres no mundo inteiro, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) efetuadas em setembro de 2011, também não darão em nada. A certeza da impunidade vem, não só do poder do papa, mas também pelo poder dos bispos que acobertaram os sacerdotes corruptos.
Segundo Maierovitch (2011) o ministro Gilmar Mendes, em 2009, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), através da revista Veja fez falsa comunicação de crime da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que o teria espionado com grampo telefônico. O objetivo dessa farsa era provocar o impeachment do presidente Lula. Como o vice-presidente José Alencar encontrava-se em tratamento de câncer, seria declarado incapaz e Gilmar Mendes assumiria o governo. Esse fato contribuiu para diminuir a confiança no poder judiciário, mas não afetou o poder de Gilmar Mendes, enraizado nos tempos da ditadura. Passou longe a idéia de punição ao farsante que não é considerado como corrupto.
Conforme informação do jornalista Maurício Dias (2011) existe uma representação do Ministério Público Militar contra o general Enzo Martins Peri, envolvido em escândalo de corrupção. Ao todo são 25 oficiais de variadas patentes, incluindo sete generais e oito coronéis integrantes de um esquema de fraude em licitações; superfaturando contratos, fazendo pagamentos em duplicatas, num montante de quinze milhões de reais. A imprensa, como no tempo da ditadura, não tem noticiado o fato.
Graças à ideologia da proteção aos donos do poder, o deputado Paulo Maluf não será punido, por ter participado do esquema de superfaturamento de obras à frente da prefeitura de São Paulo, ao lado do ex-prefeito Celso Pita, em 2002.
Referências
MAIEROVITCH, Walter Fanganiello. O judiciário de confiança abalada. Carta Capital. São Paulo, n. 665, 28 set. 2011.
MELLO, Evaldo Cabral de. Corrupção. .Belo Horizonte: UFMG, 2008.
MOTT, Luiz. Modelo de santidade para um clero devasso. Revista do Departamento de História da FAFICH/UFMG. Belo Horizonte, n. 9, 1989.
Colaboração de Leila Brito:
A OTAN sempre quis Gaddafi morto, desde o início
21/10/2011,Common Dreams (com entrevista ao vivo)
Pepe Escobar: “NATO Wanted Gaddafi Dead All Along
Transcrição traduzida pelo pessoal da Vila Vudu
Gaddafi foi tratado como herói pelo ocidente, até, de repente, começar a ser apresentado como vilão. Vários têm tentado explicar por que as potências ocidentais mudaram tão drasticamente de opinião. Aqui, conversamos com Pepe Escobar, correspondente de Asia Times, que nos ajuda a entender o que aconteceu e o que o futuro reserva aos líbios.
Apresentadora. Todos sabemos que as coisas mudam, mas agora interessa entender por que mudam. E há a questão da “guerra humanitária”, vendida ao mundo por líderes ocidentais. Para conversar conosco, temos hoje Pepe Escobar, que nos fala diretamente de São Paulo, Brasil.
Pepe, o que você tem a nos dizer sobre o relacionamento entre Gaddafi e o ocidente, nas últimas décadas? O petróleo da Líbia não secou. Então, na sua opinião, o que mudou, para que Gaddafi passasse, de herói, a vilão?
Pepe Escobar. Os negócios do petróleo mudaram, na última década e, também, muito importante [para a imagem de Gaddafi “herói”], a colaboração que Gaddafi deu à Guerra ao Terror. Do ponto de vista dos EUA, Gaddafi foi o aliado perfeito. Mas de repente, ano passado, em outubro de 2010, Gaddafi assinou um protocolo com a França. Entrou em contato com a inteligência francesa, e eles organizaram um golpe, que começaria em Benghazi e seria depois transferido para a Tripolitânia. Aí é que a guerra começou, ano passado, em outubro de 2010.
Apresentadora. Você disse que, por muitos anos, Gaddafi foi o aliado perfeito dos EUA. Mas houve denúncias de violações de direitos humanos, na Líbia e em 2002, milhares de pessoas foram massacradas, na Líbia, por gente de Gaddafi. Mas, nem por isso, alguém cortou relações com Gaddafi. Não entendo. Por que você diz que ele foi o aliado perfeito, por tanto tempo?
Pepe Escobar. É que... A hipocrisia, de fato, reverbera, digamos, pelas galáxias. O fato é que, enquanto os negócios do petróleo estiveram lá, mesmo que estivessem com os italianos, não com os britânicos, mesmo que estivessem com os chineses, não com os americanos, a coisa se manteve, porque Gaddafi continuava fazendo negócios com empresas ocidentais e estrangeiras. E enquanto Gaddafi colaborou com a Guerra ao Terror, incluindo o atual comandante militar, hoje, em Trípoli, Abdel Ackim Belhaj, que foi capturado pelos americanos, foi mandado para Guantánamo e, depois, foi mandado para a Líbia! Esteve preso na Líbia por quatro anos! E, depois, foi solto por Saif-al-Islam, em pessoa. Saif dizia, não, temos que ter algum tipo de reconciliação nesse país. Quero dizer, até outubro do ano passado, nada havia de errado com Gaddafi. Basta lembrar: Tony Blair andando pelo deserto com Gaddafi, Berlusconi beijou a mão de Gaddafi. Há muitas imagens que contam toda essa história. O problema é: para os britânicos e para os franceses (não esqueça: esse é o pessoal que redigiu a Resolução n. 1.973 da ONU)... britânicos e franceses queriam maior penetração, mais negócios. Sobretudo, queriam que a OTAN tivesse uma cabeça de praia no norte da África. Esse é o grande quadro, a grande questão estratégica. Os americanos também queriam tudo isso, porque queriam uma base para o Africom, Comando dos EUA na África, na África. A Líbia seria perfeita para isso. E a OTAN queria o Mediterrâneo como “lago da OTAN”. Com Gaddafi lá, independente, tudo isso se tornava impossível. Essa é a história que não veremos contada nos próximos dias, porque as pessoas estão comemorando que esse sujeito já se foi [mostra uma garrafinha com imagem de Gaddafi], esse também já se foi [mostra garrafinha com imagem de Saddam Hussein], e esse grandão aqui [mostra um garrafão com a imagem de Osama bin Laden – “Comprei essas garrafinhas na Rússia”] também já se foi. Quero dizer, os grandes bichos-papões já se foram... Sobrou quem, para ser o bicho-papão? Quem poderia ser o próximo bicho-papão? O Irã. Vimos, ano passado, aquele armação de mexicanos na “Operação Velozes e Furiosos”. É um sem fim de cenas da mesma “Longa Guerra”, do ponto de vista do Pentágono, denominação deles, não minha. E, do ponto de vista da OTAN, “queremos controlar o Mediterrâneo”. É isso. A próxima parada é a Síria.
Apresentadora. Vamos falar especificamente, da Líbia, a partir de março. Desde que se começou a falar da Líbia, o presidente Obama começou a falar, dentre outros líderes ocidentais, que os líbios precisam de nossa ajuda, temos de ajudá-los, “ajuda humanitária”, sem coturnos em solo, todas essas coisas de que o primeiro-ministro Putin tem falado. Quem deu a autorização para mudar a missão na Líbia? Diziam, no início, que Gaddafi não nos interessa, só nos interessa proteger os líbios, e, de repente, “Gaddafi tem de sair”. Agora, Gaddafi está morto. Notícias recentes dizem que foi morto num ataque de drones [aviões-robôs pilotados à distância] dos EUA. Foi planejado? Estava planejado assim desde o começo, ou alguma coisa mudou durante o processo?
Pepe Escobar. Sempre esteve planejado. Era esse o plano da OTAN, desde o início. Se se acompanha a história, se se acompanha o que a OTAN diz há seis, sete meses, vê-se que a única coisa que a OTAN desejava era derrubar Gaddafi.
Apresentadora. Mas jamais disseram isso. Por que não?
Pepe Escobar. [risos] Ora... Em realpolitik as coisas não funcionam assim, às claras. Sempre há outra narrativa, uma narrativa visível, outra encoberta. Nesse caso, a narrativa visível foi a “responsabilidade de proteger civis”, R2P, e uma zona aérea de exclusão sobre a Líbia. É exatamente o que está escrito na Resolução da ONU. Por que os países BRIC abstiveram-se na votação que aprovou essa Resolução? Brasil, Índia, Rússia e China, os quatro principais BRIC, abstiveram-se de votar. Por quê? Porque aqueles diplomatas, estudando o texto daquela Resolução n. 1.973 da ONU, logo concluíram que se tratava de autorização sem limite, sem definição, para fazerem o que quisessem, sem prazo para acabar. E que poderia virar “mudança de regime” no instante em que resolvessem. E assim aconteceu, como muitos sabiam que aconteceria. Todo mundo sabia! A Alemanha sabia que seria “mudança de regime”. A OTAN sempre disse, desde o início “queremos capturar Gaddafi”. Hillary Clinton disse, há dois dias, a estudantes da Universidade de Trípoli “queremos Gaddafi capturado ou morto”. O plano sempre foi esse. E, além do plano, na conquista de Trípoli, os rebeldes tiveram sorte. Fizeram um movimento de pinça, combatentes treinados no Qatar e nos Emirados Árabes Unidos, e combatentes treinados nas montanhas berberes, no sudoeste, fizeram um movimento de pinça e ocuparam Trípoli. E a Brigada Khamis sumiu! Seria a brigada chave, como aconteceu no Iraque em 2003, mas sumiram, não resistiram, ainda não se sabe por quê. E os rebeldes ocuparam Trípoli.
Apresentadora. Lembro de eles dizerem que seriam semanas, não meses. O que é outro problema. Para encerrar, em poucas palavras, por favor: e o futuro? O que acontecerá na Líbia, daqui em diante?
Pepe Escobar. Guerra civil. Não há dúvida. Não há outra possibilidade. Há um mês, escrevi que haveria duas guerras civis, os leais a Gaddafi contra o governo central e os islamistas contra o governo central. Agora já se vê que será uma única guerra civil: todos os que ficaram de fora do atual arranjo, e é muita gente na Tripolitânia, gente que desconfiará do Conselho Nacional de Transição até ver que espécie de regime implantarão lá – e que absolutamente não (ênfase) será uma democracia, porque já estão divididos entre eles mesmos... E Trípoli já está sendo tomada por milícias. E se os islamistas forem deixados de fora, eles vão começar uma guerra de guerrilhas, como fizeram contra o governo de Hamid Karzai (sic. O certo parece ser “como fizeram contra o governo de Gaddafi” [NTs]). É a fórmula para longa guerra civil, por anos adiante.
Apresentadora. Como já se vê o que está acontecendo no Egito, você não vê motivos para ser otimista também na Líbia.
Pepe Escobar. Não, nenhum. Fico muito triste, pelo povo líbio.
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/10/pepe-escobar-otan-sempre-quis-gaddafi.html
GUIA PRÁTICO DE HISTÓRIA ORAL
para empresas, universidades, comunidades, famílias
Autores: José Carlos Sebe B. Meihy, Suzana L. Salgado Ribeiro
Este guia atualiza conceitos e indica caminhos operacionais para interessados em trabalhos com entrevistas. Escrito com clareza e objetividade, o livro é recomendado para acadêmicos, comunidades e empresas. Rigor na condução de projetos e fundamentação teórica são atributos que valorizam os trabalhos na área de história oral. Exemplos de como fazer projetos nos diversos campos que usam entrevistas são demonstrados como modelo de uma prática que avança em todos os setores da vida moderna.
Editora Contexto. Preço: 35 reais
O hóspede inquietante
por Pe. ALFREDO J. GONÇALVES, CS
Esse é o título de um livro do filósofo italiano Umberto Galimberti, voltado especialmente para quem lida com a juventude. Na obra, o adjetivo inquietante tem a ver com o niilismo e com o filósofo Nietzsche, fazendo claras alusões à falta de referências do mundo contemporâneo. Sobressaem, entre outros “ismos”, o individualismo, o hedonismo e o relativismo do que se convencionou chamar de sociedade pós-moderna... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/22/o-hospede-inquietante/
Uma Argentina sem surpresas – e sem oposição
A oposição feroz dos grandes conglomerados dos meios de comunicação, a resistência desrespeitosa dos grandes magnatas do campo, as chantagens dos grandes barões da indústria, a virulenta má vontade das classes mais favorecidas, tudo isso somado não foi capaz de abalar o prestígio da presidente Cristina Fernández de Kirchner. Ela conquistou apoio de amplas faixas do eleitorado mais jovem, abriu espaço junto aos profissionais liberais, recebeu o voto massivo dos pobres. O artigo é de Eric Nepomuceno.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18784&boletim_id=1034&componente_id=16588
Leia no www.outraspalavras.net
Palestinos. Impessoas. Livres!
Ao analisar troca de prisioneiros Hamas-Israel, Noam Chomsky sustenta: elites ocidentais e mídia tratam três quintos do planeta como sub-humanos
As vastas implicações da troca de prisioneiros
Acordo Israel-Hamas revela um Oriente Médio onde emergem novos atores, declinam outros e surgem oportunidades de diálogo antes não imaginadas. Por M K Bhadrakumar
“As causas da crise são ilegítimas”
A dívida que corrói direitos sociais na Europa é ilegítima, diz Éric Toussaint. Governos devem aprender com a experiência latino-americana
Dossiê Tunísia: Quando a revolução vai às urnas
A hora das grandes escolhas
Nove meses depois de deflagrar "Primavera Árabe", país elege Constituinte com votação maciça, inovações democráticas reais e incógnita: a posição do partido islâmico moderado. Por Tadeu Breda e Cauê Ameni
A vertigem do possível
Reportagem no país que iniciou primavera árabe. As inovações democráticas. A relação islamismo-política. A esquerda. A crise social não-encerrada. Por Serge Halimi, do Le Monde Diplomatique
Primeiros na revolta, primeiros no voto
Enquanto a democracia retrocede ou cai em descrédito na Europa, árabes decidem levá-la a sério. O caminho da revolução à eleição pode parecer marcha atrás, mas não aqui. Por Santiago Alba Rico
Leia no Café História
CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS
Historiador encontra indícios de que futebol era jogado no século 17
Leia: http://cafehistoria.ning.com/
DOCUMENTO HISTÓRICO
Alvará de 1761 determinando que os negros que forem trazidos da América, África e Ásia, passado o tempo que menciona, sejam considerados livres logo que cheguem aos portos do reino de Portugal.
Confira: http://cafehistoria.ning.com/
PROMOÇÃO CULTURAL
Saiba como concorrer a um exemplar do livro “Patton – O Herói Polêmico da Segunda Guerra”.
Confira: http://cafehistoria.ning.com/page/promocao-patton-o-heroi-polemico-da-segunda-guerra
CINE-HISTÓRIA
Documentário refaz a trajetória da “era de ouro” do Rock de Brasília.
Leia: http://cafehistoria.ning.com/
CONTEÚDO DA SEMANA
Uma boa notícia para a área de arqueologia
Leia: http://cafehistoria.ning.com/
MURAL DO HISTORIADOR
Festival de História contou com a oficina “História Online”, com o fundador do Café História, Bruno Leal
Leia: http://cafehistoria.ning.com/
CAFÉ COM PROSA
Resenha do livro “Ensino de história e consciência histórica – Implicações didáticas de uma discussão contemporânea”
Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-caf-com-prosa-ensino-de-hist-ria-e-consci-ncia-hist-rica
VÍDEOS EM DESTAQUE
Confronto dos Deuses - Zeus
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FÓRUNS EM DESTAQUE
O que significa "idade das trevas" ou o "obscurantismo filosófico" no que se refere à produção filosófica?
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