quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Número 306







Fim de ano se aproximando velozmente. Mais dez dias e estaremos ingressando em 2012. Vemos agora os dias de festa. Infelizmente o que acontece no mundo hoje não é tão festivo assim. Nas últimas décadas, provavelmente este será o fim de ano mais dramático, em função da crise econômica que explode em todos os cantos do globo. E a saída? Onde está a saída?
A crise está presente neste número em que, apesar de tudo,







Além da crise, outro elemento ainda tomou conta do mundo blogueiro e continuou sendo ignorado olimpicamente pela grande mídia: as

contundentes revelações da Privataria Tucana. Um artigo e vários links para esse tema estão presentes.
Não bastasse isso, a maldição do petróleo volta a frequentar este blog, ainda por intermédio do jornalista José de Castro.
E não deixamos de lado a saída dos americanos do Iraque, deixando um saldo aterrador de sua presença naquele país.
E apesar de não ser mais um fã da Folha de São Paulo, não pude ignorar o excelente editorial que me foi encaminhado pela amiga Vânia, e que é o artigo que abre este número.





1. ARTIGOS COMPLETOS

Enviado por Vânia Facury


Gladiadores (Folha de São Paulo, 19/12/2011)

Proibiram-se, numa lei polêmica, as touradas em Barcelona. Experimentos com animais vivos conhecem, mundialmente, forte oposição. No Brasil, cresce a resistência aos rodeios.


Ainda que, por vezes, atitudes desse tipo se traduzam em intolerância, puritanismo e exagero, não seria equivocado dizer que refletem uma tendência geral no rumo de uma maior sensibilidade diante do sofrimento e da violência.
Das sessões públicas de tortura em criminosos condenados, tidas como normais no século 18, até a repulsa que hoje inspira, em parcelas crescentes da população, o mero consumo de alimentos de origem animal, um caminho civilizacional se fez.

Mesmo no boxe, que também repugna a muitos, tratou-se, por exemplo, de separar os lutadores tão logo se comprova a evidência de um nocaute, evitando a cena ignóbil do vencedor golpeando repetidas vezes o adversário já caído.
Foi precisamente uma cena destas -repetida à saciedade em qualquer horário- o que se viu na recente disputa pelo título de campeão dos pesos-pesados do UFC (Ultimate Fighting Championship).

Não bastasse a extrema violência dessa espécie de vale-tudo, que atrai legiões de entusiastas no Brasil, a narração do espetáculo, transmitido pela TV Globo, ocasionou momentos de paroxismo emocional na voz de Galvão Bueno. "Um, dois, três, quatro", vibrava o locutor, contando os golpes que selaram a sorte do norte-americano que cedia o título de sua categoria a um brasileiro.

Como não ver com estranheza, e até com aversão, um espetáculo que diz mais sobre o Brasil do Bope, da tortura nas delegacias, do tráfico e das milícias do que sobre o Brasil ameno, simpático e charmoso do jogador Neymar ou da modelo Gisele Bündchen?

Há gosto para tudo, bem se sabe. São Paulo candidata-se, por exemplo, a reunir 70 mil pessoas num estádio, no ano que vem, para uma disputa da categoria.
A liberdade de noticiar até justifica que, em horários livres para todas as idades, fossem televisionadas cenas hediondas de uma luta. Mas um mínimo de sensibilidade e autorregulação viria a calhar. São os "gladiadores do século 21", segundo o narrador da Globo.


Sem dúvida: é o século 21 - mas naquilo que tem de mais primitivo e troglodita.

Enviado por Guilherme Souto

Uma guerra oficialmente declarada morta

Sáb, 17 de Dezembro de 2011 08:30
Pepe Escobar (de Bagdá), Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/ML17Ak02.html
Traduzido pela Vila Vudu
(Atenção: Essa reportagem conta o fim do filme. Pode estragar o suspense criado em editoriais do New York Times.)
BAGDÁ – Na 5ª-feira, o Pentágono declarou oficialmente morta sua “guerra ao terror” de US$3 trilhões (e aumentando) – com invasão, ocupação e destruição da nação iraquiana, com o país preparado para guerra civil (“guerra de baixa intensidade”) entre sunitas e xiitas e com o mundo muçulmano cofiando as barbas, sem entender que fim levou o Oriente Médio Ampliado [orig. Greater Middle East] do governo George W Bush.
Num bunker de concreto sem o telhado, no antigo aeroporto de Bagdá convertido em base militar, o chefe do Pentágono, Leon Panetta, elogiou os mais de um milhão de norte-americanos e norte-americanas, em uniforme militar ou com os uniformes das empresas de mercenários, pelo “notável avanço” em termos de morte e destruição que os EUA alcançaram nos últimos nove anos, mas reconheceu os graves desafios que o país, praticamente destruído, enfrentará.
“Permitam-me ser bem claro: o Iraque será testado, daqui em diante – pela al-Qaeda na Terra dos Dois Rios;[1] pela al-Qaeda no Maghreb; pela al-Qaeda na Península Arábica; pelos Talibã; pelo Irã; pelo Hezbollah; pela ditadura de Assad na Síria, pela China, pela Rússia, por Occupy Wall Street.
“Desafios ainda há, mas os EUA lá estarão, ao lado do povo iraquiano, com a quantidade necessária de mísseis Hellfire, para que os iraquianos surfem sobre todos esses desafios e construam um paraíso seguro e lucrativo para o neoliberalismo e as empresas norte-americanas.”
A cerimônia muda e para poucos contrastou fortemente com o espetacular “choque e pavor” de 2003, quando os EUA em transe, cegos pelas mentiras e mais mentiras publicadas na primeira página do New York Times, enviaram colunas e mais colunas de tanques do norte do Kuwait, e iluminaram os céus “como Natal”, nas palavras da CNN, para fazer a “troca de regime” e tirar do governo o ditador-do-mal Saddam Hussein.
Contadas as mortes até 6ª-feira passada, a guerra do Iraque custou a vida de 4.487 norte-americanos, com mais 32.226 norte-americanos feridos e aleijados em ação, segundo as estatísticas do Pentágono. Sobre vítimas iraquianas: o Pentágono não conta cadáveres não norte-americanos.
O clima geral da cerimônia de adeus, uma hora de duração, solene, emocional – oficialmente chamada de “Adeus, cabeças de toalhas”, mais parecia um toque de adeus, num clarim vacilante, gago, a guerra inventada para livrar o mundo de armas de destruição em massa que jamais existiram. E que termina sem o capítulo iraquiano do Império de Bases que o Pentágono tanto quis ter –, sobretudo porque os militares norte-americanos foram postos porta a fora pelo mal agradecido primeiro-ministro Nuri al-Maliki, do Iraque.
Apesar de a cerimônia solene na 5ª-feira ter marcado o fim oficial da guerra, o Pentágono, por via das dúvidas, ainda mantém duas bases no Iraque, com apenas 4.000 soldados, várias centenas dos quais estavam presentes à cerimônia. No auge da guerra, em 2007, durante a avançada do general David Petraeus, os EUA invasores e ocupantes tinham implantas no Iraque 505 bases, e mais de 170 mil soldados e soldadas.
Segundo os militares, os duros-de-matar que lá permanecerão são alvo, diariamente, de provas incontestes do perene amor que o povo iraquiano lhes dedica, amor que se manifesta, todos os dias, sobretudo por objetos explosivos improvisados, lançados contra comboios que viajam rumo sul, atravessando o Iraque, tentando chegar às bases no Kuwait.
Depois de as duas últimas bases serem fechadas, até 31 de dezembro, e de os últimos soldados dos EUA tomarem o rumo de casa, onde serão recebidos por desemprego amplo, geral e irrestrito, as regras de um obscuro acordo firmado com o governo de Bagdá asseguram que algumas centenas de soldados, temperadas com colheradas de espiões e mercenários, permanecerão no Iraque, trabalhando no prédio da nova embaixada dos EUA (maior que o Vaticano), como parte de um Serviço de Cooperação para Segurança, para dar assessoramento comercial em negócios extremamente lucrativos de venda de armas.
Mas, ano que vem, as negociações serão retomadas, para tentar que mais soldados, espiões e mercenários norte-americanos consigam voltar ao Iraque, para ampliar os lucros da ação.
Altos oficiais do Pentágono não economizaram palavras ao informar que, sim, o Pentágono sentirá muita falta, tanto do petróleo quanto do controle que os EUA não conseguiram assegurar para eles mesmos, até agora. E há também o caso daqueles jatos F-16s que Bagdá está sendo forçada a comprar; os F-16s têm de ser usados e bem usados, e não se admite que sejam largados lá, para fritar ao sol do deserto al-Anbar.
“Do ponto de vista de conseguirem defender-se de um traiçoeiro terrorista-de-bomba-na-cueca da al-Qaeda, os iraquianos terão capacidade entre limitada e mínima, falando francamente” – disse o general Lloyd J Austin III, comandante norte-americano em retirada do Iraque, em entrevista, enquanto mastigava um Big Mac.
A tênue cortina de segurança no Iraque aparecia aos olhos de todos, que viam um flotilha de aviões armados que sobrevoava a cerimônia, escaneando a superfície local à caça de agentes operadores da al-Qaeda infiltrados. Embora haja hoje muito menos violência no Iraque do que no auge da guerra sectária que os EUA construíram e promoveram em 2006 e 2007, muita gente ainda é morta diariamente, e os norte-americanos são alvos preferenciais dos seguidores do incendiário e popularíssimo clérigo xiita Muqtada al-Sadr.
Panetta reconheceu que “o custo foi alto – em sangue e dinheiro dos EUA, e também para o povo iraquiano. Mas aquelas vidas não foram ceifadas em vão – deram origem a um regime cliente dividido, segregado, absolutamente traumatizado. Só falta saber se será regime fantoche dos EUA, ou do Irã.”
Em abril de 2003, houve euforia entre alguns iraquianos, ante o sucesso da invasão norte-americana. Mas o apoio logo degenerou, depois de os Marines porem-se a atirar contra civis desarmados, cada vez mais imbuídos da convicção de que ali estavam em ação de ocupação hardcore – que fez recrudescer todas as rivalidades sectárias e religiosas locais.
Depois que os escândalos na prisão de Abu Ghraib mostraram o quanto os EUA faziam a festa e o bolo e curtiam muito, e envoltos todos no nevoeiro da guerra, sunitas e xiitas, simultaneamente, decidiram lutar contra a ocupação (os curdos pouco se incomodaram); e um grupo ligado à al-Qaeda encontrou a brecha de que precisava e pôs-se a explorá-la no seio da população sunita minoritária.
Apesar de, naquele momento, o grupo terrorista ter sido neutralizado, mediante várias missões de punição das Forças de Operações Especiais que incineraram vários líderes da al-Qaeda e de muitos sacos de dinheiro distribuídos entre as tribos sunitas, especialistas da inteligência dos EUA temem que, hoje, a al-Qaeda esteja ressurgindo no Iraque.
A ocupação norte-americana no Iraque também criou dificuldades extras, que minaram a capacidade dos EUA para fabricarem uma narrativa convincente do apoio dos EUA aos levantes da Primavera Árabe no início de 2011 – que surgiram em momento em que os EUA dormiam ao volante e pegaram-nos de calças curtas.
No final, o Pentágono foi chutado, esperneando e aos gritos, para fora das bases em território iraquiano, pelo governo iraquiano. Por todo o país, o fechamento daqueles preciosos postos, no que deveria ser um sempre crescente Império das Bases dos EUA, foi assinado num encontro a portas fechadas, sem alarido, durante o qual militares dos EUA e do Iraque assinaram documentos que dão ao Iraque o controle legal sobre as bases; em seguida, apertaram-se as mãos como ordena o protocolo e separaram-se rapidamente, sem que qualquer dos lados conseguisse disfarçar completamente o desprezo que todos sentiam, uns pelos os outros.
O Chefe do Comando do Estado-Maior dos EUA, General Martin E. Dempsey, do exército, foi duas vezes comandante da forças norte-americanas no Iraque desde a invasão, em 2003. Durante a cerimônia, Dempsey observou que só voltará ao Iraque, quando for convidado.
Contatados para esse artigo, iraquianos que queimavam bandeiras dos EUA em Fallujah – cidade que foi destruída pelos EUA no final de 2004, na operação para “salvá-la” – disseram, sem que nada lhes fosse perguntado, que Dempsey que espere sentado, para não cansar.

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[1] “Terra dos Dois Rios” (ar. Ardulfurataini Watan], foi o título do hino nacional do Iraque, desde 1981 até 2003. Depois da derrubada de Saddan, o governo iraquiano implantou outro hino nacional, Mawtini [NTs, com informações de http://en.wikipedia.org/wiki/Ardulfurataini_Watan].


O livro e a imprensa, um ponto de ruptura
Por Luciano Martins Costa em 15/12/2011 na edição 672 do Observatório da Imprensa

Esta semana marca um ponto de ruptura da imprensa brasileira tradicional, aquela chamada de circulação nacional. O fato de os principais jornais do país haverem ignorado o tópico mais divulgado na internet – o livro que denuncia atividades criminosas atribuídas a familiares e pessoas próximas do ex-governador José Serra – representa uma declaração pública de que a imprensa tradicional não considera relevante o ambiente midiático representado por blogs, sites independentes de empresas de mídia e grupos de discussões nas redes sociais.

A fidelidade canina das grandes empresas de comunicação ao político Serra é um caso a ser investigado por jornalistas e analisado por cientistas políticos. Na medida em que essa fidelidade chega ao ponto de levar as bravas redações – sempre animadas para publicizar toda espécie de malfeitoria envolvendo protagonistas do poder – a fingir que não tem qualquer relevância o fenômeno editorial intitulado A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., cria-se um precedente cujas consequências não se pode ainda avaliar.

Por iniciativa da imprensa tradicional, aprofunda-se o fosso que a separa da mídia alternativa.

Debate aberto

Não que tenha arrefecido o ímpeto dos jornais por dar repercussão a todo tipo de denúncia: estão nas primeiras páginas, nas edições de quinta-feira (15/12), o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e o publicitário Marcos Valério.
Cada um desses personagens tem uma história a explicar para a sociedade, mas a imprensa, ao proceder com tão escancarado desequilíbrio nos critérios de edição, se desqualifica como meio legítimo para mediar a questão com a sociedade.

Não se pode escapar à evidência de que a imprensa realiza um esforço corporativo para apresentar ao seu público um cardápio restrito de escândalos, quando o prato mais apetitoso vende milhares de exemplares de livros, produz um mercado paralelo de cópias piratas e manifesta o desejo do público de saber mais.

O silêncio da imprensa prejudica as chances do ex-governador José Serra de contestar as acusações apresentadas no livro contra sua filha, seu genro, o coordenador de suas campanhas eleitorais e outros personagens ligados ao seu núcleo de ação política.
Paralelamente, amplia o raio de conflitos entre as empresas de comunicação e a categoria profissional dos jornalistas, muitos dos quais são ativos participantes nos debates sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr.

Fugindo da boa história

A origem do esquema investigado pelo autor de A Privataria Tucana se confunde com o ponto em que a imprensa tradicional perdeu o interesse pelo caso do Banestado – provavelmente a matriz de todos os crimes financeiros revelados ou semiocultos no Brasil nos últimos quinze anos. Por essa razão, aumenta a curiosidade geral em torno da recusa da imprensa em reabrir esse caso através da janela criada com o livro de Ribeiro Jr.

A partir deste ponto, torna-se legítima qualquer desconfiança sobre o real interesse da chamada grande imprensa em ver desvendadas as denúncias de corrupção que ela própria divulga. Não há mais dúvida razoável de que essas denúncias são publicadas de maneira seletiva.

O mapa aberto pelo livro de Ribeiro Jr., pelo que já se deu a conhecer, complementa reportagens já publicadas sobre crimes financeiros em geral, mas principalmente sobre aqueles que têm como vítima o patrimônio público. Em geral, as reportagens sobre aquilo que agora é chamado de malfeito esmaecem quando o caso se transforma em processo formal na Justiça.

Estranhamente, quando surge a possibilidade de oferecer ao público o acompanhamento das conclusões, a imprensa sai de campo. Observe-se, por exemplo, que o chamado caso “mensalão” está para ser prescrito e há um hiato no noticiário entre a aceitação da denúncia e a prescrição.
No caso Banestado, assim como no livro-reportagem de Amaury Ribeiro Jr., o mais importante é a revelação do esquema de lavagem de dinheiro, com o mapa dos caminhos que o dinheiro sujo realiza por paraísos fiscais e contas suspeitas. Trata-se do mesmo esquema utilizado pelos financiadores ocultos do narcotráfico, pelos corruptos e corruptores e por cidadãos acima de qualquer suspeita.

Se desse curso às pistas levantadas no livro de Ribeiro Jr., a imprensa poderia construir histórias muito interessantes – por exemplo, ao identificar consultores jurídicos especializados em lavagem de dinheiro que costumam frequentar páginas mais nobres dos jornais.
A omissão da imprensa em relação ao fenômeno editorial do ano é também a renúncia ao bom jornalismo .

(Leia mais sobre A privataria tucana nos links da seção VALE A PENA LER, abaixo)



Barão de Itararé promove o debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia” em São Paulo
O livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr, será tema do debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia”, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, nesta quarta (21), no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Além do autor, também estarão presentes Paulo Henrique Amorim, jornalista e blogueiro, e Protógenes Queiroz, deputado autor do pedido da instalação da CPI da Privataria. Até a última sexta, 45 mil exemplares já tinham sido vendidos. Uma nova edição, com 70 mil exemplares, está sendo preparada.


A maldição do petróleo revisitada
Texto de José de Souza Castro, publicado inicialmente no Blog da KikaCastro.

Paulo Silva, em comentário ao meu artigo anterior num blog, recomendou a leitura de uma entrevista de Wladmir Coelho, pesquisador da Fundação Brasileira de Direito Econômico (FBDE), para aprofundar o debate sobre o Pré-Sal. A entrevista pode ser lida AQUI.( http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6596:manchete071211&catid=34:manchete) “O modelo de exploração do petróleo brasileiro, infelizmente, segue a nossa terrível tradição colonial”, afirma o entrevistado.
Nem sempre foi assim, é óbvio. O professor Washington Albino, um dos 17 fundadores da FBDE, em 1972, e que faleceu em junho passado, foi um dos batalhadores para que o petróleo do Brasil fosse dos brasileiros, ao participar no início da década de 1950 da campanha “O Petróleo é nosso”. Uma campanha vitoriosa, que deu origem à Petrobras e ao monopólio estatal, quebrado na década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso, e aprofundado na década seguinte, no governo Lula, com a legislação do Pré-Sal.
O que não mudou, infelizmente, foi o comportamento da imprensa brasileira em relação à exploração petrolífera. Nos anos 50, o mais ouvido programa noticioso no rádio e na televisão era o Repórter Esso. Ele ignorou aquela campanha e, sempre que pôde, caluniou os defensores da Petrobras, como afirma Wladmir Coelho, que se apresenta também como historiador, mestre em Direito e colunista do Diário Liberdade.
“O modelo Repórter Esso continua”, lamenta Wladmir Coelho, referindo-se à relutância de nossa imprensa em entrar no caso do derramamento de petróleo na área do Pré-Sal sob exploração da Chevron e de se aprofundar no assunto. A imprensa fez ainda pior, como reconhece o entrevistado: “O acidente aconteceu em um campo cuja operação de perfuração encontra-se sob responsabilidade da Chevron e os jornais ainda encontram meios de responsabilizar a Petrobras. Isso não é sério.”
Nada indica, também, um rompimento de nossa tradição colonial, e deveremos continuar sendo um país explorado. Raciocina Wladmir:
“A exploração predatória do Pré-Sal assume hoje um papel pouco debatido diante da crise financeira mundial. Trata-se da destinação dos eventuais recursos decorrentes da exploração, pagos ao Estado, à formação de um fundo para compra de títulos (públicos e privados), contribuindo deste modo para a retirada de circulação dos famosos ativos tóxicos encalhados nos cofres dos banqueiros.”
Estamos à mercê da chamada maldição do petróleo, como apontamos num artigo comemorativo da 300ª edição do Boletim de História. Maldição também lembrada por Wladmir Coelho neste artigo
.( http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=12307:a-maldicao-do-petroleo&catid=312:petroleo-e-politica&Itemid=21)
De fato, o governo se rendeu à indústria petrolífera mundial e, entre elas, à mais funesta: Chevron, uma empresa com valor de mercado de 187 bilhões de dólares, apesar do desastre que provocou no Equador (no Golfo do México, a BP contratou a mesma Transocean, empresa de perfuração que também atuou no Campo de Frade). Aqui, ela foi multada em pouco mais de 200 milhões de reais pelo governo federal. No Equador, “esta empresa envenenou a água da população amazônica derramando, conscientemente, refugo em rios”, diz Wladmir, naquela entrevista. “Ao ser denunciada, adulterou dados, subornou juízes e, sendo condenada, falsificou uma limpeza. Até hoje a multa de US$ 18 bilhões não foi paga.”
No Brasil, há também juízes subornáveis, e nada indica que a multinacional americana vai pagar as multas que lhe foram aplicadas pelo desastre na área do Pré-Sal, muito embora elas sejam irrisórias, tendo em vista o prejuízo causado e o valor de mercado da empresa. A Chevron fará qualquer coisa para não pagar, pois ela é orientada unicamente pelo lucro. E o governo Dilma pouco fará para receber, pois ele também se orienta, como os dois que o precederam, na máxima do fundamentalismo liberal de mínima regulação e na crença da autofiscalização e da gestão responsável das empresas.
E temos que nos dar por satisfeitos, se ficarmos apenas no prejuízo econômico e ambiental. Na África, nos anos 1990, como recorda Wladmir Coelho, a Chevron teria promovido um massacre de camponeses nigerianos que protestavam contra a morte do gado envenenado por derramamento de petróleo. “A Chevron contratou a polícia para matar os camponeses”, informa o historiador e mestre em Direito.
Por coincidência, terminei ontem a leitura de “O Dia da Caça”, escrito em 2008 por James Petterson. O escritor, um patriota americano que já vendeu 230 milhões de livros em mais de 100 países, segundo sua editora no Brasil (a Arqueiro), descreve o massacre de nigerianos e sudaneses, sob o olhar complacente da CIA e de multinacionais americanas, inglesas, holandesas, entre outros países colonizadores, mas não cita a Chevron. Os vilões da história são dois agentes vendidos da CIA e empresas petrolíferas da... China!



2. VALE A PENA LER

O que o caixa de campanha de Serra e FHC e Fernandinho Beira-Mar tinham em comum
Posted: 15 Dec 2011 03:30 AM PST
Reportagem de Amaury Ribeiro Jr (autor da Privataria Tucana), publicada em 12 de fevereiro de 2003 pela revista Isto É, mostra duas coisas.
Primeira: Amaury pesquisa e escreve sobre a privataria tucana há muito tempo. O material para o livro é fruto de seu trabalho como jornalista investigativo há pelo menos dez anos. Falar em dossiê de campanha, como diria certo candidato, é trololó.
Segunda: Pelo menos uma coisa havia em comum entre o esquema do caixa das campanhas de FHC e Serra, Ricardo Sergio de Oliveira, e o mega-traficante Fernandinho Beira-Mar: o doleiro Alberto Youssef.
Leia a matéria completa aqui: http://blogdomello.blogspot.com/2011/12/o-que-o-caixa-de-campanha-de-serra-e.html







A mídia não sabe o que fazer com "A privataria tucana"
Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5354&boletim_id=1076&componente_id=17211


Pedido de CPI e discursos quebram silêncio sobre Privataria Tucana
Deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) tenta criar CPI com foco nas privatizações. Cúpula do PT ainda analisa como se posicionar, mas, diante de 'fatos gravíssimos', líderes na Câmara e Senado mostram disposição para guerra com PSDB. Deputado-delegado tucano acha livro 'importante' mas, para líderes, denúncia é 'requentada'. Serrista, presidente do PPS exalta-se ao ser questionado.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19205&boletim_id=1076&componente_id=17194


Stéphane Hessel: 'Os bancos estão contra a democracia'
Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas, "Indignem-se", que teve eco global. Em entrevista ao Página/12 ele fala sobre sua obra e critica o ultra liberalismo predador, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta e a ocupação israelense da Palestina.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19241&boletim_id=1081&componente_id=17268


´O mundo já ingressou na segunda fase da crise´
Direita retomou a ofensiva. Finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. A análise é do economista francês Gérard Duménil, em entrevista ao Jornal da Unicamp.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19246&boletim_id=1081&componente_id=17265


Leia no WWW.outraspalavras.net

Os Estados Unidos contra todos
Immanuel Wallerstein sustenta: giro estratégico de Washington rumo à Ásia parece precocemente comprometido. País coleciona série impressionante de fracassos diplomáticos
Da educação-mercadoria à certificação vazia

A universidade brasileira tornou-se menos elitista.
Mas popularização reforça modelo de ensino baseado em instituições privadas, onde pesquisa e reflexão não são benvindas. Por Andrea Harada Souza, no Le Monde Diplomatique

As doenças que mais venderão em 2012
"Se há um remédio disponívei, deve haver consumidores". Veja o que as corporações farmacêuticas querem que você consuma agora. Por Martha Rosenberg

Guerras sem vencedor, EUA sem força imperial
Fantasma nas relações internacionais norte-americanas, conflito no Iraque provou que força militar já não é sinônimo de vitória política. Por Patrick Cockburn

Cinema dentro da História
Leni Riefenstahl ajudou a propagandear o nazismo com seus filmes—mas deve ser responsabilizada pelos crimes cometidos em nome de Hitler?. Por Arlindenor Pedro

Liberadas fotografias de vítimas dos “vôos da morte”
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos entregou à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios. Para a justiça argentina, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte. O artigo é de Francisco Luque, direto de Buenos Aires.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19220&boletim_id=1078&componente_id=17230

O legado dos EUA no Iraque, oito anos depois da invasão
Passaram-se oito anos e os Estados Unidos fecharam a porta do Iraque deixando um desastre atrás dela. Durante o conflito, morreram mais de 100 mil civis, 4.800 soldados da coalizão perderam a vida (4 .500 dos EUA), junto com 20 mil soldados iraquianos. Para os iraquianos, o legado da invasão é morte, dezenas de milhares de mutilados, insegurança, desemprego, falta de água potável e eletricidade. A democracia exportada com bombas ultramodernas não mudou o curso das coisas. O artigo é de Eduardo Febbro.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19233&boletim_id=1079&componente_id=17241



3. INFORMAÇÕES








Enviado por Helena Campos
Prezados/as,
No Brasil, já vimos o filme anunciado abaixo (agora em versão lusitana, parece). Inclusive em sessões extras de trechos que também estavam sendo recuperados, ou até em construção, e que foram desativados. Será que a mensagem abaixo já reflete o início do novo governo português, que quer "cortar custos" - prejudicando muitos, quase sempre a maioria da população, mas beneficiando alguns, como empresas de transporte rodoviário e, em última análise, os megaempresários, principalmente banqueiros, que criaram a crise no Hemisfério Norte e querem que a população pague por ela?...
AAMF
Avisos CP
R. da Fig. Foz e Linha do Leste - Supressão Serviço 01/01/12
A CP informa que, na sequência da decisão de suspensão do processo de reactivação da Linha do Leste e do Ramal Ferroviário da Figueira da Foz, a partir de 1 de Janeiro de 2012, será suprimido na mesma data, o serviço Rodoviário alternativo que esta empresa tem assegurado nos últimos anos.
Comprova-se que a solução rodoviária é seguramente a solução de mobilidade mais adequada à baixa procura existente, quer do ponto de vista da sustentabilidade económica quer do ponto de vista ambiental, pelo que terá continuidade, passando a ser assegurada pelos operadores rodoviários locais.


A Acta Scientiarum. Human and Social Sciences
foi publicada. Acesse e leia os artigos em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/issue/current/showToc
Estamos abertos às contribuições, críticas e sugestões. A revista é semestral e está aberta a novas submissões. Para submeter acesse: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/about/submissions#onlineSubmissions (leia as Diretrizes para autores).


4. CAFÉ HISTORIA

MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

Dossiê Revistas Acadêmicas de História

O Café História preparou neste fim de ano um dossiê especial sobre periódicos acadêmicos na área de história. Confira algumas das principais revistas especializadas que disponibilizam seu acervo, na íntegra e gratuitamente, na internet.

Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-dossie-revistas-de-historia

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Topoi e Revista Brasileira de História escolhidas para financiamento da CAPES

No último mês de outubro, a Capes decidiu apoiar financeiramente dois periódicos por área ao longo de cinco anos com o propósito de convertê-los em "padrões de referência", tornando-os equivalentes aos melhores periódicos estrangeiros. O CTC, órgão deliberativo daquela agência, definiu que cada coordenador de área indicará seus dois periódicos na reunião que teve lugar no dia 12 de dezembro de 2011.

Confira que revistas foram agraciadas: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

MURAL DO HISTORIADOR

Parceria entre Café História e NIEJ

Café História acaba de selar uma parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ, o NIEJ. O acordo prevê a troca de banners e a divulgação da nova revista do núcleo, que chega ao quinto número com um projeto gráfico totalmente repaginado. O NIEJ, aliás, acaba de relançar também uma nova página na internet.
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

Patrimônio e Memória

Classificada como Qualis A1 em letras e B1 em História, a revista "Patrimônio e Memória" acaba de chegar a um novo número. Trata-se do volume 7, número 2. A nova edição - já disponível para download - chega ao público leitor com dois "dois “dossiês” que abordam assuntos de amplo interesse, além das sessões “artigos”, “comunicação de pesquisa” e “resenhas”.
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DOCUMENTO HISTÓRICO

Ata de Eleição 31/10/1881 do distrito de Itabira do Campo, no município de Ouro Preto.
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CONTEÚDO EM DESTAQUE

Filme (cinejornal) mostra a posse do então presidente, Juscelino Kubitschek, além do seu vice, João Goulart, em 1956.
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/1956-posse-de-juscelino-kubitschek

FÓRUM EM DESTAQUE

Como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) atuou durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985)?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/como-a-ordem-dos-advogados-do-brasil-oab-atuou-durante-a-ditadura

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