quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Numero 265



O tema do Oriente Médio, particularmente o Egito, ainda merece nossa atenção. Mais alguns artigos que selecionei podem nos ajudar a compreender melhor o que está ocorrendo naquele país e a preocupação dos Estados Unidos com a possível democratização do Egito. Mas, interessante, não são exatamente os governos norte-americanos os que mais se empenham em que a democracia se torne vitoriosa? Por que agora este receio? Eles não deveriam estar aplaudindo os egípcios que querem derrubar uma ditadura?
Ah...sim... existem ditaduras e ditabrandas... claro.. claro...


Permitam-me mais um comercial. Já está nas livrarias a segunda edição do Historia de Minas Gerais, escrito por mim e pela mestra Helena Guimarães Campos. A obra traz uma síntese histórica, ou seja, se propõe a reconstruir a trajetória de Minas Gerais do período em que seu território foi originalmente ocupado até a atualidade.




Nesta segunda edição, o texto foi convertido para a nova ortografia e os dados demográficos atualizados com os resultados do censo de 2010.
Bem, vamos aos artigos sobre o Oriente Médio. O primeiro foi gentilmente enviado por Ana Cláudia . O segundo foi publicado pela Agencia Carta Maior. Os demais são links para outros artigos, de igual importância, mas cuja reprodução aqui levaria o boletim a um tamanho absurdo.
Chamo a atenção, ainda, para as duas contribuições do Guilherme Souto, sobre educação.

Uma revolução da paz, a solução para o Oriente Médio
Por Uri Avnery, Gush Shalon (Bloco da Paz], Israel Tradução Coletivo Vila Vudu

Estamos passando por evento geológico. Terremoto de vastíssimas dimensões está mudando a paisagem do Oriente Médio. Montanhas convertem-se em vales, ilhas emergem do mar, vulcões cobrem de lava a terra.

As pessoas temem mudanças. Quando acontecem, tendem a negar, ignorar, fingir que nada de importante estaria acontecendo.

Os israelenses não fogem a essa regra. Enquanto no vizinho Egito têm lugar eventos que mudam a face da terra, Israel está absorvida num escândalo no alto comando do Exército. O ministro da Defesa detesta o atual comandante do estado-maior e não faz segredo. O novo chefe presuntivo foi denunciado como mentiroso e a nomeação foi cancelada. É o que se vê nas manchetes.

Mas o que está acontecendo no Egito mudará a vida de todos em Israel.

Como sempre, ninguém anteviu coisa alguma. O tão incensado e temido Mossad foi colhido de surpresa, como também a CIA e todos os demais serviços secretos do gênero.

Pois qualquer um poderia prever que aconteceria o que aconteceu – exceto talvez a incrível força da irrupção. Nos últimos poucos anos, temos dito várias vezes nessa coluna, que em todo o mundo árabe multidões de jovens estão chegando à idade adulta tomados por profundo desprezo por seus líderes, e que, mais cedo ou mais tarde, esse desprezo geraria um levante. Não são profecias, mas simples análise atenta das probabilidades.

O torvelinho no Egito foi causado por fatores econômicos: a carestia, a miséria, o desemprego, a nenhuma esperança entre os jovens saídos das universidades. Mas que ninguém se engane: há causas muito mais profundas, que se podem resumir numa palavra: a Palestina.

Na cultura árabe, nada é mais importante que a honra. As pessoas sabem sobreviver à miséria, mas não admitem ser humilhadas.

E o que todos os jovens árabes viam, do Marrocos a Omã, todos os dias, é sempre os seus respectivos líderes políticos deixando-se humilhar, se auto-humilhando, traindo os irmãos palestinos para obter algum favor a mais, um pouco mais de dinheiro, dos EUA; colaborando com a ocupação israelense, curvando-se aos novos colonizadores. É humilhação profunda para os jovens árabes criados à luz das conquistas da cultura árabe em tempos passados e das glórias dos antigos califas.

Em nenhum outro ponto do Oriente Médio essa desonra era mais visível que no Egito, que declaradamente colaborava com os governos israelenses, impondo o escandaloso bloqueio contra a Faixa de Gaza, que condenava 1,5 milhões de árabes à fome e à miséria. Jamais foi bloqueio só israelense. Não haveria bloqueio sem a colaboração do Egito. Sempre foi bloqueio israelense-egípcio, lubrificado anualmente por 1,5 bilhão de dólares dos EUA.

Já pensei várias vezes – e várias vezes disse e escrevi – sobre como me sentiria se tivesse 15 anos e vivesse em Alexandria, Amã ou Aleppo, vendo os políticos agir como servos abjetos dos EUA e de Israel, ao mesmo tempo em que oprimem e torturam os próprios cidadãos. Aos 15 anos, eu próprio alistei-me numa organização terrorista. Por que qualquer jovem árabe faria diferente?

É possível tolerar-se um ditador, se ele manifesta a dignidade nacional. Mas ditador que manifeste a vergonha nacional é como árvore sem raízes – qualquer vento mais forte a derruba.

Para mim, a única dúvida sempre foi em que ponto o mundo árabe começaria a agitar-se. O Egito – e a Tunísia – não era o primeiro da minha lista. E, contudo, aí está: a grande revolução árabe acontecendo no Egito.

São perfeitas maravilhas. Se a Tunísia foi pequena maravilha, a revolução dos egípcios é maravilha gigante.

Sempre amei os egípcios. Claro que não se pode amar igualmente 88 milhões de indivíduos, mas pode-se, sim, gostar mais de um povo que de outro. Alguma generalização se permite.

Os egípcios que se veem nas ruas, com quem se fala na casa de intelectuais e nas vielas mais pobres dentre as mais pobres sempre me pareceram inacreditavelmente tolerantes. São dotados de senso de humor que ninguém consegue esconder. E orgulham-se imensamente dos seus 8.000 anos de história.

Do ponto de vista de um israelense, já habituado à agressividade dos israelenses, a quase total ausência de agressividade dos egípcios é sempre surpreendente. Lembro claramente de uma cena: estava num táxi no Cairo, que bateu noutro táxi, no trânsito. Os dois motoristas saltaram dos respectivos veículos e puseram a gritar ameaças, as mais terríveis, um contra o outro. De repente, pararam e puseram-se a rir, às gargalhadas.

Um ocidental que chegue ao Egito, ou ama ou odeia. No instante em que se põe os pés no Egito, o tempo já não é o tirano que o Ocidente conhece. Tudo deixa de ser tão urgente, tudo é mais lento, mas, como que por milagre, tudo sempre toma jeito. A paciência dos egípcios parece sem limites. É traço que pode iludir ditadores, porque paciência é coisa que, de repente, acaba.

É como uma represa, num rio. A água sobe sem que ninguém veja, silenciosamente, imperceptivelmente – mas se ultrapassa o limite crítico, e a represa não a contém, a água explode e varre tudo o que encontrar pela frente.

Meu primeiro encontro com o Egito foi embriagador. Depois da surpreendente visita de Anwar Sadat a Jerusalém, viajei imediatamente para o Cairo. Não tinha visto. Jamais esquecerei o momento em que apresentei meu passaporte israelense ao funcionário do aeroporto. Ele folheou e folheou o passaporte, cada vez mais intrigado – e de repente levantou a cabeça e abriu um sorriso. Disse “marhaba”, bem vindo. Naquele momento éramos só três israelenses naquela enorme cidade, e fomos tratados como reis, como se, a qualquer momento, alguém nos fosse levantar sobre os ombros, em triunfo. A paz estava no ar, e as multidões egípcias riam de prazer.

Mas apenas poucos meses depois, tudo mudou profundamente. Sadat esperava – creio que sinceramente – que a paz implicaria libertação também para os palestinos. Sob intensa pressão de Menachem Begin e Jimmy Carter, aceitou uma declaração em termos vagos sobre os palestinos. Rapidamente Sadat percebeu que Begin nem sonhava cumprir o que prometera. Para Begin, o acordo de paz com o Egito só lhe interessava com paz em separado, que lhe permitiria concentrar-se na guerra contra os Palestinos.

Os egípcios – começando pela elite cultural e chegando às massas – jamais perdoaram essa traição dos israelenses. Sentiram-se enganados. Amem ou não amem os palestinos – nada é mais vergonhoso na tradição árabe que trair parente pobre. Ver Hosni Mubarak colaborar nessa traição levou muitos egípcios a desprezá-lo. Esse desprezo existe em cada movimento do que se viu acontecer semana passada. Conscientemente e inconscientemente, os milhões que gritam “Mubarak fora!” ecoam esse desprezo.

Em todas as revoluções há um “momento Yeltsin”. As colunas de tanques foram mandadas para a capital para reafirmar a ditadura. No momento crítico, as massas enfrentam os soldados. Se os soldados recusam-se a atirar, o jogo terminou. Yeltsin subiu num dos tanques, ElBaradei falou às massas na Praça Tahrir. É o momento em que qualquer ditador prudente parte, como fez o Xá e, agora, também o chefete tunisiano.

Depois, há o “momento Berlim”, quando o regime desaba e ninguém, no poder, sabe o que fazer, e só as massas anônimas parecem ver com clareza o que querem: em Berlim, queriam derrubar o Muro.

E vem o “momento Ceausescu”. O ditador vai ao balcão e fala à multidão, e, das ruas, sobe um coro de “Abaixo o tirano!”. Por um instante, o ditador fica sem ter o que dizer, movendo os lábios sem que ninguém o ouça. Depois, desaparece. De certo modo, já aconteceu a Mubarak, que fez discurso ridículo, tentando conter a maré.

Se Mubarak perdeu o contato com a realidade, o mesmo se pode dizer de Binyamin Netanyahu. Ele e seus colegas parecem incapazes de ver o significado terrível desses eventos, para Israel.

Quando o Egito se move, o mundo árabe move-se com ele. O que quer que aconteça no futuro imediato no Egito – democracia ou ditadura militar – é questão de (pouco) tempo antes do fim das ditaduras em todo o mundo árabe, e as massas modelarão uma nova realidade, sem generais.

Tudo que os governos de Israel fizeram nos últimos 44 anos de ocupação ou 63 anos de existência vai ficando obsoleto. Estamos diante de realidade nova. Israel pode ignorá-la – insistir que Israel ainda seria “uma villa na selva”, na famosa fórmula de Ehud Barak – ou poderá descobrir o lugar que adequado que caiba a Israel na nova realidade.

A paz com os palestinos deixou de ser artigo de luxo. Hoje, é absoluta necessidade. Paz agora, paz rápida, paz já.

Paz com os palestinos e, depois, paz com as massas democratizantes em todo o mundo árabe, paz com as forças islâmicas racionais (como o Hamás e a Fraternidade Muçulmana, absolutamente diferentes da al-Qaeda), paz com as novas lideranças políticas que brotarão no Egito e por toda parte.

Tunísia, Egito, Marrocos...Essas “ditaduras amigas”
Os nossos meios de comunicação e jornalistas não insistiram durante décadas que esses dois “países amigos”, Tunísia e Egito, eram “Estados moderados”? A horrível palavra “ditadura” não estava exclusivamente reservada no mundo árabe muçulmano (depois da destruição da “espantosa tirania” de Saddam Hussein no Iraque) ao regime iraniano? Como? Havia então outras ditaduras na região? E isso foi ocultado pelos meios de comunicação de nossa exemplar democracia? O artigo é Ignacio Ramonet. (www.cartamaior.com.br)

Uma ditadura na Tunísia? No Egito, uma ditadura? Vendo os meios de comunicação se esbaldarem com a palavra “ditadura” aplicada a Tunísia de Bem Alí e ao Egito de Moubarak, os franceses devem estar se perguntando se entenderam ou leram bem. Esses mesmos meios de comunicação e esses mesmos jornalistas não insistiram durante décadas que esses dois “países amigos” eram “Estados moderados”? A horrível palavra “ditadura” não estava exclusivamente reservada no mundo árabe muçulmano (depois da destruição da “espantosa tirania” de Saddam Hussein no Iraque) ao regime iraniano? Como? Havia então outras ditaduras na região? E isso foi ocultado pelos meios de comunicação de nossa exemplar democracia? Eis aqui, em todo caso, um primeiro abrir de olhos que devemos ao rebelde povo da Tunísia. Sua prodigiosa vitória liberou os europeus da “retórica hipócrita de ocultamento” em vigor em nossas chancelarias e em nossa mídia. Obrigados a tirar a máscara, simulam descobrir o que sabíamos há algum tempo (1), a saber, que as “ditaduras amigas” não são mais do que isso: regimes de opressão.

Sobre esse assunto, os meios de comunicação não têm feito outra coisa do que seguir a “linha oficial”: fechar os olhos ou olhar para o outro lado confirmando a ideia de que a imprensa só é livre em relação aos fracos e aos povos isolados. Por acaso Nicolás Sarkozy não teve a altivez de assegurar que na Tunísia “havia uma desesperança, um sofrimento, um sentimento de angústia que, precisamos reconhecer, não havíamos apreciado em sua justa medida”, ao se referir ao sistema mafioso do clã Ben Alí-Trabelsi?

“Não havíamos apreciado em sua justa medida...” Em 23 anos...Apesar de contar, neste país, com serviços diplomáticos mais prolíficos que os de qualquer outro país...Apesar da colaboração em todos os setores da segurança (polícia, inteligência...) (2). Apesar das estâncias regulares de altos responsáveis políticos e midiáticos que estabeleciam ali descomplexadamente seus locais de veraneio...Apesar da existência na França de dirigentes exilados da oposição tunisiana, mantidos marginalizados como pesteados pelas autoridades francesas e com acesso proibido durante décadas aos grandes meios de comunicação... Democracia ruinosa...

Na realidade, esses regimes autoritários foram (e seguem sendo) protegidos de modo complacente pelas democracias europeias, que desprezaram seus próprios valores sob o pretexto de que constituíam baluartes contra o islamismo radical (3). O mesmo argumento cínico usado pelo Ocidente durante a Guerra Fria para apoiar ditaduras militares na Europa (Espanha, Portugal, Grécia e Turquia) e na América Latina, pretendendo impedir a chegada do comunismo ao poder.

Que formidável lição das sociedades árabes revolucionárias aqueles que, na Europa, os descreviam em termos maniqueístas, ou seja, como massas dóceis submetidas a tiranos orientais corruptos ou como multidões histéricas possuídas pelo fanatismo religioso. E agora, de repente, elas surgem nas telas de nossos computadores e televisores (conferir o admirável trabalho da Al-Jazeera), preocupadas com o progresso social, não obcecadas pela questão religiosa, sedentas de liberdade, cansadas da corrupção, detestando as desigualdades e reclamando democracia para todos, sem exclusões.

Longes das caricaturas binárias, esses povos não constituem de modo algum uma espécie de “exceção árabe”, mas sim se assemelham em suas aspirações políticas ao resto das ilustradas sociedades urbanas modernas. Um terço dos tunisianos e quase um quarto dos egípcios navegam regularmente pela internet. Como afirma Moulay Hicham El Alaoui: “Os novos movimentos já não estão marcados pelos velhos antagonismos como anti-imperialismo, anticolonialismo ou antisecularismo. As manifestações na Tunísia e no Egito são, até aqui, desprovidas de todo simbolismo religioso. Constituem uma ruptura geracional que refuta a tese do excepcionalismo árabe. Além disso, esses movimentos são animados pelas novas metodologias de comunicação da internet. Eles propõem uma nova versão da sociedade civil, onde o rechaço ao autoritarismo anda de mãos dadas com o rechaço à corrupção” (4).

Especialmente graças às redes sociais digitais, as sociedades da Tunísia e do Egito se mobilizaram com grande rapidez e puderam desestabilizar o poder em tempo recorde. Ainda antes de os movimentos terem a oportunidade de “amadurecer” e favorecer a emergência de novos dirigentes entre eles. É uma das raras ocasiões onde, sem líderes, sem organizações dirigentes e sem programa, a simples dinâmica da exasperação das massas bastou para conseguir o triunfo da revolução. Trata-se de um momento frágil e, sem dúvida, as grandes potências já estão trabalhando, especialmente no Egito, para que “tudo mude sem que nada mude”, segundo o velho adágio de O Leopardo. Esses povos que conquistaram sua liberdade devem lembrar a advertência de Balzac: “Se matará a imprensa assim como se mata um povo, outorgando-lhe a liberdade” (5). Nas “democracias vigiadas” é muito mais fácil domesticar legitimamente um povo do que nas antigas ditaduras. Mas isso não justifica sua manutenção. Nem deve ofuscar o ardor de derrubar uma tirania.

A derrocada da ditadura na Tunísia foi tão veloz que os demais povos magrebinos e árabes chegaram à conclusão de que essas autocracias – as mais velhas do mundo – estavam na verdade profundamente corroídas e não eram, portanto, mais do que “tigres de papel”. Esta demonstração está ocorrendo também no Egito.

Daí esse impressionante levante dos povos árabes, que leva a pensar inevitavelmente no grande florescimento das revoluções europeias de 1848, na Jordânia, Iêmen, Argélia, Síria, Arábia Saudita, Sudão e também no Marrocos.

Neste último país, uma monarquia absoluta, na qual o resultado das “eleições” (sempre viciado) é decidido pelo soberano, que designa segundo sua vontade os chamados ministros “da soberania”, algumas dezenas de famílias próximas ao trono continuam controlando a maioria das riquezas (6). Os telegramas divulgados por Wikileaks revelaram que a corrupção chega a níveis de indecência descomunal, maiores que os encontrados na Tunísia de Ben Alí, e que as redes mafiosas teriam todas como origem o Palácio. Trata-se de um país onde a prática da tortura está generalizada e o amordaçamento da imprensa é permanente.

No entanto, como na Tunísia de Ben Alí, esta “ditadura amiga” se beneficia da grande indulgência dos meios de comunicação e da maior parte de nossos responsáveis políticos (7), os quais minimizam os sinais do começo de um “contágio” da rebelião. Quatro pessoas se imolaram, incendiando suas próprias vestes. Produziram-se manifestações de solidariedade com os rebeldes da Tunísia e do Egito em Tânger, Fez e Rabat (8). Acossadas pelo medo, as autoridades decidiram subvencionar preventivamente os artigos de primeira necessidade para evitar as “rebeliões do pão”. Importantes contingentes de tropas do Saara Ocidental teriam sido deslocados aceleradamente para Rabat e Casablanca. O rei Mohamed VI e alguns colaboradores teriam viajado a França no dia 29 de janeiro para consultar especialistas em ordem pública do Ministério do Interior francês (9).

Ainda que as autoridades desmintam as duas últimas informações, está claro que a sociedade marroquina está seguindo os acontecimentos da Tunísia e do Egito, com excitação. Preparados para unir-se ao impulso de fervor revolucionário e quebrar de uma vez por todas as travas feudais. E para cobrar todos aqueles que, na Europa, foram cúmplices durante décadas dessas “ditaduras amigas”.

NOTAS

(1) Ler, por exemplo, de Jacqueline Boucher "La société tunisienne privée de parole" e de Ignacio Ramonet "Main de fer en Tunisie", Le Monde Diplomatique, de fevereiro de 1996 e de julho de 1996, respectivamente.

(2) Quando Mohamed Bouazizi se imolou incendiando-se em 17 de dezembro de 2010, quando a insurreição ganhava todo o país e dezenas de tunisianos rebeldes continuavam caindo sob as balas da repressão, o prefeito de Paris, Bertrand Delanoé, e a ministra de Relações Exteriores, Michèle Alliot-Marie consideravam absolutamente normal ir festejar alegremente em Tunis.

(3) Ao mesmo tempo, Washington e seus aliados europeus, sem aparentemente medir as contradições, apoiam o regime teocrático e tirânico da Arábia Saudita, principal sede do islamismo mais obscurantista e mais expansionista.

(4) http://www.medelu.org/spip.php?article711

(5) Honoré de Balzac, Monographie de la presse parisienne, Paris, 1843.

(6) Ler Ignacio Ramonet, "La poudrière Maroc", Mémoire des luttes, setembro 2008. http://www.medelu.org/spip.php?article111

(7) Desde Nicolas Sarkozy até Ségolène Royal, passando por Dominique Strauss-Kahn, que possui um “ryad” em Marrakesh, os dirigentes políticos franceses não têm o menor escrúpulo em passar suas férias de inverno entre estas “ditaduras amigas”.

(8) El País, 30 de janeiro de 2011- http://www.elpais.com/../Manifestaciones/Tanger/Rabat

(9) Ler El País, 30 de janeiro de 2011 http://www.elpais.com/..Mohamed/VI/va/vacaciones y Pierre Haski, "Le discret voyage du roi du Maroc dans son château de l´Oise", Rue89, 29 de janeiro de 2011. http://www.rue89.com/..le-roi-du-maroc-en-voyage-discret...188096http://www.elpais.com/../Manifestaciones/Tanger/Rabat

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer



Os militares e o futuro do Egito
As forças armadas têm sido a força dominante no Egito desde a queda da Monarquia em 1952: os presidentes Nasser, Sadat e Mubarak são todos eles representantes do estamento militar. Considerados uma das forças mais poderosas do mundo (10º lugar) contam com um contingente de 468.000 militares e 3.4% do PIB do Egito. O setor militar do Egito recebeu nas últimas três décadas cerca de 30 bilhões de dólares em ajuda dos EUA, além de enviar seus oficiais para estudar em colégios militares norte-americanos. Os militares egípcios são essencialmente uma criação dos EUA. O artigo é de Reginaldo Nasser.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17373&boletim_id=824&componente_id=13522


Declina a influência do Ocidente
No mundo árabe, os EUA e seus aliados apoiaram com regularidade radicais islâmicos, às vezes para prevenir a ameaça de um nacionalismo secular. Exemplo é a Arábia Saudita, centro ideológico do Islã radical. Outro em uma longa lista é Zia ul-Haq, favorito do ex-presidente Ronald Reagan e o mais brutal dos ditadores paquistaneses.
O artigo é de Noam Chomsky.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17367&boletim_id=824&componente_id=13542


Amy Goodman: Quando as empresas preferem os ditadores à democracia
O Egito foi o segundo grande receptor de ajuda externa dos Estados Unidos durante décadas, depois de Israel (sem contar os fundos gastos nas guerras e ocupações do Iraque e Afeganistão). O regime de Mubarak recebeu cerca de 2 bilhões de dólares ao ano desde que assumiu o poder, em sua imensa maioria para as forças armadas. Onde foi parar esse dinheiro? Em geral, foi para empresas estadunidenses. O dinheiro vai para o Egito e logo volta para pagar aviões F-16, tanques M-1, motores de aviões, mísseis, pistolas e latas de gás lacrimogêneo. O artigo é de Amy Goodman.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17364&boletim_id=824&componente_id=13543


Fogo e tempestade no mundo árabe
por HENRIQUE RATTNER
FEA/USP
A auto-imolação de um jovem tunisiano de 26 anos de idade em dezembro de 2010 foi o estopim de uma onda de protestos e revoltas contra as autoridades ditatoriais e opressores no mundo árabe que se estende desde o Atlântico até o Oceano Índico. São 320 milhões de pessoas que vivem no imenso território da África do Norte, de quase 11 milhões de km², divididos em países por fronteiras artificiais impostas pelos ex-colonizadores europeus nas primeiras décadas do século XX, outrora dominados pelos sultões turcos, a partir da distante Istambul. Com o desmoronamento do império otomano na primeira guerra mundial, França e Inglaterra dividiram entre si os espólios, impondo reis fantoches (Iraque, Jordânia) ou ditadores submissos aos interesses das metrópoles. Em todos esses países instalaram-se oligarquias que, ávidas de enriquecer, usurparam os recursos naturais e as rendas provindas do comércio exterior, enquanto mantiveram seus súditos na mais absoluta miséria... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/02/05/fogo-e-tempestade-no-mundo-arabe/



Enviado por Guilherme Souto:


www.brasilianas.org
Os planos do MEC para o Sistema S
Enviado por luisnassif, ter, 08/02/2011 - 12:18
Do Estadão
Plano do MEC de ampliar ensino médio enfrenta resistência do maior parceiro
08 de fevereiro de 2011 0h 00
Lisandra Paraguassú - O Estado de S.Paulo
A principal proposta do Ministério da Educação (MEC) para ampliar o ensino médio integral e profissionalizante vai esbarrar na resistência de quem deveria ser o principal parceiro do projeto, o Sistema S (Sesc, Sesi, Senai, entre outros), coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O projeto prevê a oferta de vagas gratuitas de cursos técnicos no sistema para alunos de escolas públicas usando uma dívida de R$ 3,3 bilhões que Sesi, Senai, Sesc e outras entidades têm com o governo federal. A CNI, no entanto, não reconhece essa dívida.
proposta de oferecer ensino médio integral e profissionalizante é uma das promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff. No entanto, a capacidade do governo federal de oferecer por conta própria vagas em cursos técnicos de nível médio é limitada, apesar da recente ampliação das escolas técnicas federais. Para isso, o MEC propôs - e a presidente aceitou - que o governo federal cobre a dívida do Sistema S, detectada em 2005.
A origem da dívida é o salário-educação, um tributo de 2% sobre a folha de pagamento das empresas cobrado para financiar ações de educação. Parte desse dinheiro vai para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia ligada ao MEC, e é usado para pagar, entre outras coisas, merenda escolar, transporte e livros didáticos. Outra parte vai para Estados e municípios e uma terceira, para o Sistema S financiar suas ações educativas.
Até 1999, parte do salário-educação era cobrado pelo FNDE, parte pelo INSS. A partir de 2000, o INSS concentrou toda a cobrança e passou a dividir os valores pelas quatro partes. Na época, o cálculo era de que o FNDE teria direito a 33% do arrecadado. Em 2005, o governo refez a conta e descobriu que o FNDE deveria receber 42,5% por ano. Todo o dinheiro dessa diferença, R$ 3,3 bilhões, havia sido destinado ao Sistema S.
Na época, a diretoria do sistema afirmou que, se comprovada a dívida, sentaria com o governo federal para encontrar uma forma de devolver os recursos. Desde então, nada foi feito.
Agora, o MEC encontrou nessa dívida a solução para cumprir a promessa de Dilma. A ideia é que os jovens façam o ensino médio em uma escola pública e, no contraturno, um curso técnico em uma das escolas do Sistema S, que hoje oferece parte das vagas gratuitas - fruto de outro acordo com o MEC - e parte paga. Pela proposta, as entidades teriam de oferecer mais bolsas, até completar o valor que supostamente devem ao governo federal.
Questionada pelo Estado sobre esses recursos, a CNI, responsável direta pelo Sesi e pelo Senai, as principais entidades de treinamento do Sistema S, apenas disse que não reconhece essa dívida e não comentaria mais o assunto. No MEC a posição é de que, se houver resistência, será aberta uma negociação com o Sistema S.
A razão pela qual o MEC concentra esforços nesse projeto é porque as demais propostas têm pouco potencial para ampliar o número de vagas profissionalizantes. Uma delas, chamada de ProUni da educação técnica, prevê a redução de impostos de escolas técnicas particulares em troca de bolsas, da mesma forma que hoje é feito com as universidades privadas. O outro projeto é a ampliação do Financiamento Estudantil para o Ensino Técnico. No entanto, as vagas privadas nessa modalidade de ensino representam apenas 12% das vagas no ensino médio integrado com profissional, que o MEC pretende ampliar.

Guilherme Souto colaborando mais uma vez:


www.rudaricci.blogspot.com

Altinópolis dá exemplo na educação
Finalmente um gestor educacional resolveu sair do rame-rame da melhoria do IDEB e premiação de professores. Na cidade de Altinópolis (15 mil habitantes, no interior paulista) os 51 professores municipais começaram a visitar as casas dos seus alunos. Objetivos: estreitar relação escola-família e conhecer o ambiente familiar.
O tapa com luva de pelica: o projeto foi formulado pelos próprios professores e ninguém recebe a mais por isto. Talvez seja uma lição para os gestores apressados que pensam que professor só trabalha por premiação, tal como Pavlov fazia com seus cachorros
.

Concurso Turismólogo Prefeitura de Taquarussu(MS)
Técnico de Nível Superior em Turismo, salário de R$ 1.530,00, carga horária de 40 horas semanais. Atenção: Cadastro Reserva
Inscrição até 12/02/2011 Informações: www.agilizasconcursos.com.br


Seleção Docente UFVJM - Diamantina(MG)
Aberto o Edital 08 de 2011, para seleção de docente na disciplina Organização e Mobilização Social e Tópicos em Turismo I, departamento de turismo.
PERÍODO DE INSCRIÇÃO: 27 de janeiro a 21 de fevereiro de 2011.
REQUISITOS: Bacharel em Turismo com especialização em áreas afins.
Informações complementares no site www.ufvjm.edu.br
a Revista Espaço Acadêmico, edição nº 117, Fevereiro de 2011, foi publicada
Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current
Pedimos, especialmente aos autores, colunistas e colaboradores, que ajudem a divulgar a revista.
Envie aos amigos, colegas e listas que participem. Permanecemos abertos às sugestões, críticas e contribuições

No Café História:
FÓRUNS EM DEBATE

O governo argentino deve realizar testes de DNA para descobrir a identidade de jovens suspeitos de terem nascidos em cativeiros durante a ditadura mesmo contra a vontade destes?

Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/o-governo-argentino-deve

CINE HISTÓRIA

"A História Oficial", lançado em 1985, conta uma história dramática da Ditadura Argentina.

VÍDEOS HISTÓRICOS

Último Discurso de Salvador Allende - 11 de Setembro de 1973

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/ultimo-discurso-de-salvador

A Indústria Literária diante das Novas Mídias

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/a-industria-literaria-diante


CONTEÚDO DA SEMANA

Entrevista produzida pelo canal Globo News com o General Leônidas Pires Gonçalves, que foi chefe do Estado Maior do 1.º Exército, no Rio de Janeiro. O general Leônidas foi também dirigente do DOI-CODI durante dois anos e dez meses.

DOCUMENTOS HISTÓRICOS

Documento mostra que José Sarney, em conversa com diplomata americano em 1964, atribuiu impopularidade de Castelo Branco a Roberto Campos.

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Crise no Egito: museus estão em alerta

Na Argentina, Dilma recebe apelo para abrir arquivos da Ditadura
Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network

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