quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Numero 250



















A exasperação que toma conta dos responsáveis pela campanha do Serra produz situações absolutamente condenáveis e que colocam em risco a Democracia brasileira, tão restrita ainda.
Refiro-me ao incidente da bolinha de papel – coisa totalmente ridícula – que a campanha e a mídia tentaram transformar num campo de batalha.
Sempre me lembro do “Ovo da serpente”. É uma coisa pequena hoje, mas vai num crescendo, até que o monstro é parido. Lamentável, sob todos os pontos de vista.
Eu imaginava hoje fazer um boletim normal, mas não é possível. Sou, ainda, obrigado a carregar a mão nos artigos e comentários sobre o que aconteceu do dia 20 até hoje e do que pode vir a acontecer até domingo.
Que os deuses nos protejam!
(Consertando uma falha do numero passado. A colaboração da Carta de uma doutoranda da UFMG é de Luciana SANTANA e não Luciana Macedo, como publicado. Minhas desculpas!)


Uma aula sobre democracia e as eleições.
É rápido, denso e consistente, diferente do que é oportunismo e ataques infundados e eleitoreiros.
Marilena Chauí - http://www.youtube.com/watch?v=0j6jgDs7gMQ&feature=player_embedded




O dia em que até a Globo vaiou Kamel:

O chefe conduz a equipe para a vergonha

Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o “Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a “reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.

A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo: mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.

Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo, porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no blog do Azenha. você compara as reportagens das três emissora na quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT, Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento durante um jogo no Maracanã).

Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”. Faltou só localizar o Lee Osvald de Campo Grande. O “JN” contorceu-se, estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.

Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa de Serra.
Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho conhecido (dele), o perito Ricardo Molina.

Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio – desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro coletivo de incredulidade.

Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos jornalistas. O chefe preferiu não ver.

A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma. Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.

Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns deles.

Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de trabalhar aqui”.

Serra e Kamel não sentiram vergonha


As bolas de papel da democracia desejada
O Jornal Nacional de 21/10 não foi só uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os 7 minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
Gilson Caroni Filho (WWW.cartamaior.com.br)

Quando as redações da grande imprensa, em campanha aberta pela candidatura Serra, erigem o preconceito como norma de juízo, a mentira não é apenas abominável: é suicida. A opinião pública brasileira dispõe, hoje em dia, dos elementos necessários para julgar os acontecimentos políticos, sociais, econômicos e culturais sem se deixar levar pelo filtro ideológico de conhecidas técnicas de edição. Há muito tempo, a sociedade aprendeu a aquilatar a qualidade ética da informação oferecida, os desvios de apuração e o descompromisso do noticiário com a verdade factual.

O Jornal Nacional de quinta-feira, 21/10, não foi apenas uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os sete minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Além disso, passados 56 anos, não há lugar para atores políticos com indefinição ideológica evidente. Serra não é Lacerda; falta-lhe talento. O PSDB não é a UDN; tem lastro histórico mais precário. Mas em ambos, no candidato e em seu partido, convivem a vergonha de serem ostensivamente autoritários e o medo de serem inteiramente democráticos. A face dupla do moralismo udenista, transposto para 2010, realça o desbotamento de um Dorian Gray mal-acabado.

A campanha oposicionista padece de velhos vícios e truncamentos de origem. Parece acreditar que o povo, em toda a parte, é uma entidade incapaz e como tal deve ser tratado, sob pena de hecatombe social iminente. Deve-se também ameaçar a esquerda com a hipótese sempre latente de um golpe de Estado. E lembrar aos setores populares, principalmente à nova classe média, que se eles não tiverem juízo virão aí os bichos papões e, com eles, os massacres dos Kulaks, as igrejas fechadas, os asilos psiquiátricos, a supressão da liberdade, em suma, o socialismo sem rosto humano.

Essa agenda está superada, mas seu simples ressurgimento deve nos remeter a pontos importantes. Se atualmente é difícil calar organizações que expressam as demandas dos seus membros e representados, como é o caso do MST, do movimento estudantil e do mundo do trabalho, muitos obstáculos ainda têm que ser ultrapassados.

Exigir liberdades democráticas não é uma gesticulação romântica, desde que se dêem consequências às suas implicações. É preciso apostar na organização crescente das forças sociais com o objetivo de consolidar uma saída definitivamente nacional e popular para temas que vão da questão agrária ao controle social dos meios de comunicação.

A análise histórica mostra que, quando não avançamos na democracia concreta, damos aos seus adversários tempo para que se reorganizem, utilizando as oficinas de consenso para caluniar, difamar, fazer o que for necessário, para deter o ímpeto vital que lhes ameaça.

Nos dias de hoje, é preciso senso crítico sempre atilado, não se deixar envolver pela vaga e traiçoeira tese do aperfeiçoamento democrático a qualquer preço, pois as forças retrógadas costumam cobrar bem caro por nossas distrações ou equívocos. Por tudo isso, a eleição de Dilma Rousseff é um passo decisivo para erradicarmos de vez o cartorialismo econômico, a indiferença moral e a incompetência administrativa que marcaram vários governos até 2003.

Na Rua Tonelero, o futuro vislumbrado é o de um país que realizará suas potencialidades. O que importa saber é que atores são capazes de assegurar uma democracia com ênfase social, assentada também nos direitos individuais e na liberdade econômica. Nesse cenário, as bolinhas de papel passeiam na calçada. O vento-e não mais o cálculo político-dita o rumo de cada uma delas.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil




JN e o meteorito de papel
Washington Araújo
Leia em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=613JDB001



Um dia após assumir Dersa no governo Serra, Paulo Preto liberou geral para empreiteiras. E filha dele era advogada delas
Leia a matéria em:
http://blogdomello.blogspot.com/2010/10/um-dia-apos-assumir-dersa-no-governo.html



Colaboração de Beth Queijo:

Semear ódio não ajuda
Ladislau Dowbor
out. 2010

Há momentos de posições declaradas. E há limites para tudo. Segundo o video de Arnaldo Jabor, está sendo preparada uma ditadura, e os culpados seremos nós, se votarmos na Dilma. Isto com dramático acompanhamento musical, o Jabor parecendo aqueles antigos personagens do Tradição, Família e Propriedade dos anos 1960 anunciando a apocalipse política. Caso mais sério, segundo a CBN, o futuro governo Dilma seria dirigido pelo José Dirceu, isto dito em tom pausado de reportagem séria. Nos e-mails religiosos aprendo que o futuro governo vai matar criancinhas. Quanto à Veja, não preciso ser informado, pois já a capa mostra um monstruoso polvo que vai nos engolir. E naturalmente, temos o aborto, último reduto da direita, instrumento político de profunda covardia, para quem sabe o que é a indústria do aborto clandestino. Aborto aliás já utilizado na campanha do Collor contra o Lula, anos atrás.

Argumentos patéticos desta mídia podem ser rejeitados como fruto de uma fase histérica de quem quer recuperar o poder a qualquer custo. Mas há uma dimensão que assusta. Muitos dos textos e vídeos exalam e estimulam um ódio doentio. E são produzidos e reproduzidos aos milhões, coisa que as tecnologias modernas permitem. Os grandes grupos da mídia, e em particular as quatro grandes familias que os controlam, não só aderiram de maneira irresponsável à fogueira ideológica, como jogam com gosto lenha e gasolina, ainda que sabendo que se trata de comportamentos vergonhosos em termos éticos, e perigosos em termos sociais. O poder a qualquer custo, vale a pena?

Semear e estimular o ódio é perigoso. Porque com o atual domínio de tecnologias de comunicação, o ódio pode ser espalhado aos grandes ventos, e os órgãos que controlam a mídia não se privam. Espalhar o ódio pode ser mais fácil do que controlá-lo. O tom da grande mídia se assemelha de forma impressionante aos discursos às vésperas da ditadura. Que aliás foi instalada em nome da proteção da democracia.

Fernando Henrique Cardoso, que não teve grandes realizações a apresentar, entregou o governo dizendo que tinha consolidado a democracia. Herança importante. Vale a pena colocá-la em risco?
O governo Lula tem méritos indiscutíveis. Abriu espaço não só para os pobres, mas para todos. À dimensão política da democracia acrescentou a dimensão econômica e social.

Tornou evidente para o país que a massa de pobres deste país desigual, é pobre não por falta de iniciativa, mas por falta de oportunidade. E que ao melhorar o seu nível, pelo aumento do salário mínimo, pelo maior acesso à universidade, pelo maior financiamento da agricultura familiar, pelo suporte aos municípios mais pobres, e até por iniciativas tão elementares como o Bolsa Família ou o Luz para Todos, mostrou que esta gente passa a consumir, a estudar, a produzir mais. E com isto gera mercado não só no andar de baixo, mas para todos.

Esta imprensa que tantas manchetes publicou sobre o “aerolula”, hoje sabe que a diversificação do nosso comércio internacional, a redução da dependência relativamente aos Estados Unidos, e a prudente acumulação de reservas internacionais, que passaram de ridículos 30 bilhões em 2002 para 260 bilhões atualmente, nos protegeram da crise financeira internacional. Adquirimos uma soberania de verdade.

E no plano ambiental, só em termos da Amazônia o desmatamento foi reduzido de 28 para 7 mil quilômetros quadrados ao ano. Continua a ser uma tragédia, mas foi um imenso avanço. Realização onde o trabalho de Marina Silva foi importante, sem dúvida, como foi o de Carlos Minc. Mas foi trabalho deste governo, que nomeou na área ambiental realizadores e não ministros decorativos. E a sustentabilidade ambiental não é apenas verde. Os investimentos do PAC nas ferrovias e nos estaleiros são vitais para mudar a nossa matriz de transporte, hoje dependente de caminhões. A construção de casas dignas é política ambiental, que não pode ser dissociada do social. Os investimentos em saneamento do programa Territórios da Cidadania articulam igualmente soluções ambientais e sociais, como o faz o programa Luz para Todos.

A continuidade das políticas é vital para o Brasil. O que tem a direita a oferecer? Mais privatizações? Mais concentração de renda? Mais pedágios de diversos tipos? Leiloar o Pre-Sal? A última iniciativa do Serra foi tentar privatizar a Nossa Caixa, felizmente salva pelo governo federal. Como teria sido o Brasil frente à crise sem os bancos públicos? Os jornalistas sabem, mas quando falam, como Maria Rita Kehl, e escrevem o que sabem, são sumariamente demitidos. Que recado isto manda para o jornalismo?

O bom senso indica claramente o caminho da continuidade, com equilíbrio crescente entre as dimensões econômica, social e ambiental. Absorver a necessária maior dimensão das políticas ambientais, e expandir as dinâmicas do governo atual. Mas discutir isto envolveria uma campanha política em torno de argumentos e programas, onde a direita só tem a oferecer o argumento de que seria mais “competente”. O importante, é saber a serviço de quem seria esta competência.

A opção adotada foi bagunçar os argumentos políticos, buscar a desestabilização, assustar a população, semear ódio. Qualquer coisa que tire da eleição a dimensão da racionalidade, da opção cidadã. Porque pela racionalidade, o próprio povo já sabe onde estão os seus interesses. O caminho adotado é baixar o nível, sair da cabeça, ir para as tripas. Não o próprio candidato, porque este precisa parecer digno. Mas os esperançosos herdeiros de poder em torno dele, ou a própria família. O ódio que esta gente espalha está aí, palpável. E funciona. A maior vítima desta campanha eleitoral ainda pode ser o resto de credibilidade deste tipo de mídia, e os restos de ilusão sobre este tipo de política.

Eu voto na Dilma com a consciência tranquila. Fiz inúmeras avaliações de governos, profissionalmente, no quadro das Nações Unidas. E fiz a avaliação de políticas sociais do governo de FHC, a pedido de Ruth Cardoso, nas reuniões que tínhamos com pessoas de peso como Gilberto Gil e Zilda Arns. Sem remuneração, e com isenção, como o faço hoje. Eram políticas que nunca se tornaram políticas de governo, porque a base política não permitia que ultrapassassem a dimensão da boa vontade da primeira dama. A base política do candidato Serra, desde a bancada ruralista até os negociantes das privatizações, é a mesma. E se assumir o vice, será um atraso generalizado para o país.





NOTA DE PEDRO ABRAMOVAY
Nego peremptoriamente ter recebido, de qualquer autoridade da República, em qualquer circunstância, pedido para confeccionar, elaborar ou auxiliar na confecção de supostos dossiês partidários. Não participei de supostos grupos de inteligência em nenhuma campanha eleitoral. Nunca, em minha vida, tive que me esconder.
A revista Veja, na edição número 2188 de 2010, afirma ter obtido o áudio de uma gravação clandestina entre mim e um ex-colega de trabalho. Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição. [Por que será? pergunta deste Boletim.]
Dediquei os últimos oito de meus 30 anos a contribuir para a construção de um Brasil mais livre, justo e solidário, e tenho muito orgulho de tudo o que faço e de tudo o que fiz. Trabalhei no Ministério da Justiça como Assessor Especial, Secretário de Assuntos Legislativos e Secretário Nacional de Justiça, conseguindo de meus pares respeito decorrente de meu trabalho.
Apesar de ver meu nome exposto desta forma, não foi abalada minha fé na capacidade de transformação de nosso país e tampouco na crença da importância fundamental de uma imprensa livre para o fortalecimento de nossa democracia.
Pedro Vieira Abramovay
Secretário Nacional de Justiça


A Folha desmente a Folha. E não assume
2010-10-20 19:44:09
Ou de como a Folha transformou uma conspiração entre tucanos em mais um panfleto anti-Dilma Leia. Comente
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1685

Colaboração de Bete Gontijo:
Padre cearense dá pito em Serra durante a missa.

Ouça o pito do Padre no Serra durante a missa de São Francisco em Canindé no Ceará aqui:
http://www.conversaafiada.com.br/audio/2010/10/19/audio-completo-pito-do-padre-no-serra/

E leiam a notícia que saiu no jornal O Povo:
Padre critica panfleto contra Dilma e Tasso reage

Durante a missa em homenagem a São Francisco, o padre que celebrava o ato religioso reclamou do tumulto causado pela presença de José Serra. Ao final, reclamou da distribuição de panfletos contra Dilma, provocando a revolta de Tasso Jereissati

A visita do presidenciável José Serra (PSDB) a Canindé, durante os festejos em homenagem a São Francisco, terminou em confusão entre o padre que celebrava a missa das 16 horas e tucanos. Entre eles, o senador Tasso Jereissati, que tentou tirar satisfações com o religioso - cujo nome não foi informado pela secretaria paroquial da Basílica - depois que ele, no fim da
celebração, reclamou da distribuição de panfletos contra a também candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT).

O material apresentava três motivos para não votar na petista e, segundo o padre, estavam sendo distribuído durante a missa. Assinada pelo Instituto Vida de Responsabilidade Social, e apresentando dois números de CNPJ, ele afirmava, por exemplo, que Dilma é a favor do aborto, envolvida com as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que “nunca na história desse
país houve tanta corrupção”.

Com um exemplar do material em mãos, já no fim da celebração, o padre reclamou: “Estão acusando a candidata do PT de várias coisas, afirmando em nome da Igreja. Não é verdade! Isso não é jeito de se fazer política! A Igreja não está autorizando isso”, bradou o padre, provocando os aplausos de fiéis e a revolta de Tasso, que partiu para cima do altar, sendo contido por
uma assessora e pela esposa, Renata Jereissati. “O senhor não pode fazer isso”, repetia Tasso. Nesse momento, o padre sumiu do recinto, e não conseguiu mais ser localizado pela imprensa. Ao mesmo tempo, presentes gritavam os nomes tanto de Serra como de Dilma.

Enquanto isso, o candidato do PSDB ao Planalto agia como se nada estivesse acontecendo. Quando a confusão já estava generalizada, Serra continuava com o semblante tranquilo, sentado na primeira fileira do recinto, conversando e tirando fotografias com eleitores.
Pouco depois, saiu escoltado por seguranças e correligionários, sem dar entrevista.

Tasso, por sua vez, não ficou calado, e acusou o sacerdote. “O padre é petista. Tá ali com uma bandeira petista dentro da Igreja. São esses padres que têm causado problema na Igreja”.

*Reclamações*
Antes, ao longo da celebração, a missa já vinha tumultuada. Depois que Serra chegou e tomou assento, uma multidão de fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas o rodeou. O padre reagiu imediatamente. Ele lamentou que, “infelizmente”, nem todos tinham ido à missa com o mesmo objetivo: louvar São Francisco. “Não me refiro a A ou B, mas àqueles que estão conversando e
tumultuando. A prioridade aqui é a palavra de Deus. Se você está aqui com outra intenção, assim como você entrou, pode sair”.

Em outro momento, nova reclamação: “Vocês não vieram aqui para ver os políticos. Vocês vieram aqui para ver quem? São Francisco”. Na comunhão, mais reclamações: “Estão atrapalhando com filmagens. Não é assim que se faz política, não. Estão atrapalhando a celebração do começo ao fim. Lamentavelmente isso é uma profanação”, disse.

Fonte: O Povo -
http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2010/10/16/noticiapoliticajornal,2053694/padre-critica-panfleto-contra-dilma-e-tasso-reage.shtml




Colaboração de Ana Karenina:

Sobre a mentalidade do brasileiro e as eleições

Há alguns anos, acho que todos vão se lembrar, no Rio de Janeiro, quatro rapazes de classe média alta estavam voltando de carro da “balada”, bastante animados com a farra, quando viram uma mulher parada num ponto de ônibus. Pararam o carro, desceram e começaram a se divertir batendo nela. A moça resolveu prestar queixa na delegacia, e disse que era uma empregada doméstica. Os rapazes foram convocados a depor. Em sua defesa, alegaram que não tiveram a intenção de agredir uma doméstica – eles pensavam que era uma prostituta.
Até aí já teríamos elementos suficientes para uma grande discussão. O que leva mauricinhos de “boas famílias”, que tiveram "de tudo", a sentir prazer em espancar uma pessoa? E o que leva a pensar que, se fosse uma prostituta, tudo bem, prostitutas são seres humanos que merecem apanhar?
Para piorar, vieram os pais, empresários, com seus carrões dirigidos por motoristas particulares, chegando na delegacia com seus advogados cheios de termos técnicos. Um dos pais não parava de dizer que seria um absurdo colocar aqueles jovens, de boas famílias, de berço, que faziam faculdade, na prisão, junto com os marginais. Iria acabar com a vida dos coitados. Só porque bateram numa empregadinha qualquer...

O que está em jogo aí? Muito mais do que a ação de jovenzinhos ricos cujo prazer é bater nos outros, de preferência mulheres, sozinhas, e pobres, e sabendo que serão protegidos pelo dinheiro dos pais. Estão em jogo os valores das pessoas, as mentalidades. Gente que acha que existem seres humanos melhores que outros.

Que nas favelas estão os marginais que merecem a prisão. E nas “boas famílias” da gente “bacana” estão pessoas de bem, de berço, que vão à missa e até fazem caridade, e que infelizmente de vez em quando cometem um deslizezinho ou outro, como espancar domésticas ou (se lembram disso?) queimar índios e se defender dizendo que achavam que eram mendigos.
Pois agora, em época de eleição, vivemos novamente um choque de valores, de mentalidades. Está em jogo muito mais do que a escolha de um ou outro candidato. Vemos isso não tanto pelas propostas dos próprios candidatos – mas pelos spams e correntes espalhados pelos eleitores na internet e os argumentos usados para a decisão do voto.
Vamos a eles. O primeiro, mais importante, são os vários e-mails que falam de Lula como o analfabeto, o ignorante, que nem sabe falar direito. Tais críticas são o espelho perfeito do pai do mauricinho que escapou da prisão. Trata-se de um pensamento que considera um absurdo que uma pessoa pobre, que veio do nordeste, que foi operário, ocupe a presidência do país. É o típico pensamento daqueles que dizem que não são racistas, e justificam dizendo que tratam muito bem o porteiro, a empregada doméstica. Tratam muito bem, sim, desde que eles fiquem no lugar deles – nada de tentar fazer faculdade, de tentar conseguir um emprego melhor, quererem ser chefes.
Em suma: a ideia de que existem seres humanos melhores do que outros, independente dos seus atos.
Segundo: gente que diz que Dilma é terrorista. Bem, quem diz isso deve conhecer muito pouco de história. Sabem quem mais já foi definido como “terrorista”? Mandela! Podem conferir na wikipedia. Gandhi! Se a palavra existisse antes, provavelmente os romanos teriam chamado Jesus de terrorista também. Por outro lado, sabem quem já foi denominado “inimigo dos terroristas”? George Bush! Os ditadores militares que ocuparam a presidência do Brasil e de outros países da América Latina e instituíram a tortura como prática comum. Até Hitler! Ou seja, ao vermos alguém ser chamado de “terrorista”, é importante saber quem está chamando e o que realmente a pessoa fez. O regime vergonhoso do Apartheid identificou como terrorista um homem que lutou pela igualdade, justiça e paz. O mesmo fez a ditadura brasileira com os militantes que lutavam por um outro Brasil.
Mais um? O pessoal que agora inventou uma corrente a favor da liberdade de imprensa. Tenha dó! Quer dizer que alguém acha que vivemos numa plena liberdade de imprensa, em que algumas poucas famílias são donas das emissoras de TV, rádios, jornais e revistas? Os jornalistas todos sabem que, dentro das redações, é proibido dizer certas coisas, ferir interesses dos anunciantes, denunciar a corrupção de certas empresas... Essa semana tivemos um bom exemplo. A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida do Estado de São Paulo após escrever um texto em que apontava pontos positivos do Bolsa Família.
Na verdade, o que vem ocorrendo é o contrário. Nunca houve tanta liberdade de imprensa, para se denunciar e divulgar atos corruptos. É tão engraçado ver as pessoas falando de mensalão como se fosse uma razão para não votar no PT. Esquecem que o tal mensalão teve origem no PSDB de Minas com o Eduardo Azeredo. E mais: alguém acha mesmo que antes não havia corrupção e só agora é que há funcionários do governo e políticos corruptos? Por favor! Na época da ditadura a corrupção andava solta, só que ninguém podia divulgar nada. E mesmo agora. O Estado de São Paulo se declarou, num editorial, a favor de Serra.

Alguém acha que esse jornal tem interesse em divulgar fatos contrários ao interesse do PSDB? Pior faz a Veja, que posa de “imparcial” e tem uma equipe de redatores que reescreve todas as matérias, eliminando qualquer coisa que possa ser positiva para o governo Lula ou o PT. Na Veja, até eclipse solar é culpa do PT! Grande liberdade de imprensa...
Algumas pessoas, nessa época de eleição, alegam que querem argumentar. Pois vamos argumentar! Vamos comparar os indicadores da economia, da educação, da saúde, da distribuição de renda, da estabilidade do Brasil e sua visibilidade no exterior. Em tudo isso, o governo Lula vence o de FHC. Aí começam a aparecer esses outros argumentos: que Lula é analfabeto, Dilma é terrorista e lésbica, só no governo Lula houve corrupção e a liberdade de imprensa está para acabar. Não são argumentos relacionados com competência para conduzir um país nem com propostas de governo. Antes, são manifestações do mesmo tipo de mentalidade de quem acha que os coitados dos meninos de classe média alta não podem agora perder a vida só porque exageraram um pouquinho e espancaram uma doméstica. Uma doméstica! Foi mal! Era para ser uma prostituta. Dá um dinheirinho para ela para compensar e a coisa morre aqui...

Carlos Alberto Ávila Araújo *
Em resposta aos vários e-mails que tenho recebido com pedidos para não votar em Dilma (e piadinhas “inocentes” sobre Lula e o PT)
* Professor adjunto III da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Pós-doutorando em Ciência da Informação pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal (de junho de 2010 a março de 2011), doutor em Ciência da Informação, mestre em Comunicação Social e graduado em Comunicação Social/habilitação Jornalismo pela UFMG. Atua nas seguintes áreas de pesquisa: Epistemologia da Ciência da Informação e suas relações com a Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia; Estudos de usuários da informação; Biblioteca escolar
.



Colaboração de Ronara Lacerda:

José Serra Pinóquio.
O trololó


“Na contemporaneidade, a mentira constitui um dos principais atributos das relações sociais, instituindo-se como valor eticamente perverso e destrutivo em todos os níveis da vida dos homens.” Angela Caniato

O processo eleitoral está chegando ao seu momento decisivo e, quanto mais se aproxima dessa fase, mais tensionamentos e mentiras são utilizados pelo desesperado candidato demotucano. Para repercutir de forma ampla o esquema preparado, ele utiliza as
estruturas de poder paralelo e seus vários tentáculos presos à velha estrutura do submundo da política nacional. Como disse Maquiavel em seu livro “O Príncipe”: “os fins justificam os meios”. É com esse conceito do vale-tudo que finalizamos o primeiro turno e estamos percorrendo todo o segundo turno eleitoral.

O candidato demotucano é atualmente o principal quadro político da direita liberal-conservadora do país. O esquema eleitoral foi preparado com todo o cuidado para permitir o reagrupamento das várias facções dessa ideologia política e assumir novamente o
comando do governo central do Brasil. No entanto, está sendo extremamente difícil o êxito deles nessa jornada, pois não imaginavam ter que enfrentar a candidata do governo mais popular da história do país. Diante de tal panorama, o José trololó teve que esconder o programa de governo neoliberal proposto para o Brasil. A tática perseguida pelos idealizadores do processo eleitoral consiste em fazer algumas propostas populistas, abaixar o nível da campanha, utilizando temas religiosos e morais e finalmente mentir, mentir com toda a cara de pau possível e impossível.

A mentira vem sendo utilizada ao longo da história da humanidade em disputas eleitorais e nos círculos de poder. Conforme Freud, “mentir é uma tentativa de viver o que é como se queria viver e não o que se vive e se é de fato”. Há uma idealização de uma ou várias situações, de uma condição, de uma pessoa. A idealização é contrária à realidade e permite apenas uma visão parcial. Por trás da mentira está uma dificuldade de enfrentar a realidade. Mentindo, o sujeito pode acabar, ele mesmo, acreditando nesta mentira.

Vejamos, portanto, as várias mentiras destiladas pela campanha e pelo candidato demotucano José Serra Pinóquio, o trololó.

José Serra Pinóquio: o trololó criou o seguro-desemprego!
Mentira.
O seguro-desemprego foi criado em 1986 pelo então presidente José Sarney. O programa foi instituído junto ao Plano Cruzado, decreto-lei número 2.284, de 1º de março de 1986.

José Serra Pinóquio: o trololó é o pai dos remédios genéricos no Brasil!
Mentira.
A fabricação de remédios genéricos no Brasil começou em 1993, através do decreto-lei 793, pela iniciativa do então ministro da Saúde do governo Itamar Franco, Jamil Hadad.

José Serra Pinóquio: o trololó criou a bolsa-alimentação, que no governo Lula transformou-se em bolsa-família!
Mentira.
A bolsa-alimentação era um programa restrito a uma pequena parcela da sociedade. Conforme o candidato demotucano, o bolsa-família é um programa de bolsa-esmola. Em seus quatro anos à frente do governo de São Paulo, destinou apenas 0,15% do orçamento para programas de transferência de renda, 500% menos que o governo Lula/Dilma.

José Serra Pinóquio: o trololó tem afirmado nos debates e programas eleitorais que é contra a privatização e que vai fortalecer as estatais brasileiras!
Mentira.
Conforme FHC, o ministro do Planejamento do seu governo, José Serra, foi o responsável direto pelo processo de privatização no país. Em quatro anos de governo no estado de São Paulo, o candidato demotucano privatizou 33 empresas estatais paulistas, incluindo nessa liquidação irresponsável o banco estadual Minha Caixa.

José Serra Pinóquio: o trololó afirma com veemência que tem as mãos limpas e que jamais participou de esquemas de corrupção e caixa-dois!
Mentira.
FHC e José Serra são os responsáveis pelo processo de privatização no Brasil e pelo maior esquema de corrupção da história do país. O livro Os porões da privataria, que deverá ser lançado após as eleições, mostrará a partir de documentos oficiais como funcionava a transferência de milhões de dólares para paraísos fiscais. O esquema envolve personalidades do alto demotucanato, incluindo Daniel Dantas e a filha do candidato José Serra.

José Serra Pinóquio: o trololó afirma que jamais utilizou caixa-dois em suas campanhas eleitorais e jamais esteve envolvido em esquema de corrupção.
Mentira.
Há uma semana o país quer saber quem é o engenheiro Paulo Preto (ex-presidente da Dersa, empresa paulista responsável por grandes obras viárias, como o rodoanel de São Paulo), que sumiu com 4 milhões de reais da campanha demotucana. O candidato disse desconhecer o engenheiro. Vinte e quatro horas depois, após a imprensa publicar uma foto do então governador de São Paulo junto ao arrecadador da campanha, Serra disse: “conheço o homem, mas não tenho nenhuma relação com ele”. Paulo Preto afirmou em tom de cobrança: “não se deixa um homem ferido no meio da rua”. Também é necessário afirmar para todos os homens brasileiros honestos que José Serra responde a dezessete processos na Justiça, conforme demonstra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo três por corrupção.

José Serra Pinóquio: o trololó fala em seu programa eleitoral que foi o melhor ministro da Saúde da história do Brasil e que vai melhorar ainda mais a saúde no país.
Mentira.
Foi no governo FHC/Serra que o país viveu a maior crise da saúde de todos os tempos. A política de destruição do SUS (Sistema Único de Saúde), com a transferência de volumosos recursos para a iniciativa privada, levou o país a desenvolver epidemias já controladas pelo Brasil em governos anteriores, com destaque para dengue, febre amarela e leishmaniose. Em quatro anos do seu governo em São Paulo, Serra prizatizou a saúde no estado, transferindo a gestão de 79 hospitais públicos estaduais para a iniciativa privada, por meios de Ocips.

José Serra Pinóquio: o trololó vem afirmando em seus programas eleitorais que será o presidente da educação, do infantil ao superior, passando pelo ensino profissionalizante.
Mentira
José Serra/FHC/Paulo Renato destruíram, em oito anos de governo, a educação pública superior brasileira, sucateando completamente as universidades federais. Transformaram o ensino superior em serviços, conforme orientava o Banco Mundial, em mera mercadoria. FHC investiu em oito anos de governo menos de 3% do PIB na educação nacional, destruiu o ensino técnico profissionalizante e submeteu os professores ao maior arrocho salarial da história do país.

O atual secretário da Educação do Estado de São Paulo e ex-ministro da Educação do governo FHC, Paulo Renato, é sócio da empresa PRS consultoria. A empresa é especializada na indústria do conhecimento e sua função é prestar assessoria às instituições
privadas, realizando pesquisa de mercado e traçando estratégias para a entrada de instituições estrangeiras no país, através de fusões, aquisições e expansão. A empresa é orientatada segundo os princípios do Banco Mundial: privatizar a educação pública.

José Serra Pinóquio: o trololó está dizendo em seu programa eleitoral que vai reajustar o salário dos aposentados em 10% e vai melhorar a vida de todos.
Mentira
FHC e Serra foram responsáveis pela maior destruição e desestruturação da previdência pública brasileira. Foram eles os responsáveis pela reforma do sistema que limitou a aposentadoria em dez salários mínimos e achatou de forma desumana os vencimentos dos aposentados; eles instituíram o fator previdenciário e construíram junto aos banqueiros o modelo de previdência privada, entre dezenas de outras mudanças que prejudicaram sistematicamente os trabalhadores aposentados. Não satisfeito com todas as atrocidades, FHC chamou os aposentados de vagabundos. Serra pode até reajustar o vencimento dos aposentados em 10%, mas ele não disse que depois disto vai arrochar os vencimentos e realizar uma nova reforma da previdência para aumentar a idade mínima para aposentar.


Verdes, vermelhos, amarelos e todas as cores e colorações do país. Conforme sabedoria popular, a mentira tem perna curta.
Todavia, a decisão que os eleitores brasileiros tomarão no próximo dia 31 de outubro é espremida por um tempo escasso e confuso de mentiras e distorções. Não podemos em hipótese alguma descobrir o tamanho das pernas da mentira depois da consumação do
processo eleitoral. Investigue os temas acima relacionados, compare os oito anos de governo FHC/Serra e os oito anos de Governo Lula/Dilma. Não podemos deixar que o país recue ao passado de tantas mazelas e descaso. O Brasil avança. E nós, brasileiros, precisamos avançar ainda muito mais.

Gilson Reis



Colaboração de Ana Claudia:

Goebbels, manipulação e controle social
Paulo R. Santos *
Paul Joseph Goebbels (Mönchengladbach, 29 de outubro de 1897 — Berlim, 1 de maio de 1945) foi o ministro do Povo e da Propaganda de Adolf Hitler (Propagandaminister) na Alemanha Nazista, exercendo severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação.[1] (http://pt.wikipedia.org/wiki/Goebbels)

Goebbels pode ser considerado, sem exagero, o criador da publicidade e da propaganda como mecanismos eficientes de manipulação de informações e de controle social. A Alemanha nazista não teria acontecido sem ele. Seus métodos de apelo emocional, de construção de falsas memórias, plantando rancor e ressentimento nas mentes e corações de sua gente, fizeram com que a Alemanha dos anos 1930 embarcasse numa das piores aventuras de sua história.

Seus métodos são usados até hoje, sempre com resultados mais ou menos eficazes, a depender do grau de politização do público alvo e do ‘material’ utilizado para promover a mobilização social numa direção pré-estabelecida.

As eleições brasileiras de 2010 são também um interessante laboratório para observação desses métodos de criar falsas memórias em torno de factoides, mas que levam até mesmo os mais jovens a desenvolverem raiva, rancor e ressentimento com relação a fatos que não presenciaram, pessoas que não chegaram a conhecer e episódios que simplesmente não ocorreram. Tudo isso por causa do poder de persuasão da mídia (impressa e eletrônica).

A sujeição da mentes se dá tanto pela repetição das mentiras quanto pela escolha adequada dos alvos e temas a serem abordados. As questões morais e religiosas entraram com toda a força nas eleições para presidência no ano que corre. Discute-se aborto e união civil entre homossexuais (assunto para o Congresso Nacional) como se fossem casos para decisão arbitrária de um presidente.

Saúde, educação, segurança pública, relações internacionais, moradia, transporte público, infraestrutura sanitária, meio ambiente etc., parecem não fazer parte da pauta nacional, porque alguns donos dos meios de comunicação decidiram conduzir o debate para um campo controverso, como meio de atender a interesses claramente político-eleitorais.

E já que o debate tomou rumos morais e religiosos, talvez seja oportuno lembrar que dois mil anos atrás Jesus de Nazaré foi preso, torturado e executado através da crucificação por causa da manipulação exercida pelo Sinédrio, órgão máximo do poder dos judeus. Pilatos lavou as mãos porque não via culpa naquele homem, mas a população foi induzida a ver. A tabuleta pregada em sua cruz dizia “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”, numa clara referência à sua condição política.

O paralelo histórico naturalmente só é admissível sobre os aspectos da manipulação e do controle social que um grupo pode exercer sobre uma população. Tantos séculos se passaram e ainda são muitos os episódios em que falsas memórias e falsas verdades serviram como instrumento de controle social, para atender a interesses de classe, de casta ou de grupos.
* Sociólogo e professor



Mais um aliado de Serra defende privatização do pré-sal
Após o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylberstajn, defender o modelo de exploração do governo Fernando Henrique Cardoso, agora o deputado federal Luiz Paulo Vellozo (PSDB-ES) vem a público classificar como "loucura" a proposta defendida pelo governo Lula para a exploração das riquezas do pré-sal. Parlamentar tucano defende maior presença de empresas estrangeiras no negócio. Para ele, regime de concessões para empresas internacionais seria melhor "em termos de antecipar a arrecadação de recursos".
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17117&boletim_id=781&componente_id=12960



O exterminador do futuro (II): o PSDB e o governo Collor
A não ser por Covas, o PSDB estava pronto a uma adesão total a Fernando Collor. Fernando Henrique, na posse, ofereceu sua imagem televisiva aos milhões de telespectadores brasileiros no lugar de honra junto ao empossado. Covas segurou a barra, praticamente sozinho. Não me consta, da época, uma única palavra de Serra contra o plano ou contra Collor. Falo do tempo em que Collor estava politicamente forte, não quando milhões se apresentaram nas ruas para depô-lo. Em razão disso, quando denuncia Dilma por receber o apoio passivo de Collor e Sarney, e se vangloria de ter o apoio de Fernando Henrique e Itamar, Serra apela para um simbolismo vulgar e se esquece da verdadeira política ativa que ele apoiou. O artigo é de J.Carlos de Assis
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17110&boletim_id=781&componente_id=12962


ESPECIAL: DOSSIÊ GLOBOGATE -- DOIS PRIMEIROS TEXTOS
A semana em que as elites perderam a noção
Como a velha mídia manipulou imagens e fatos, para tentar forçar a vitória de Serra. O papel da blogosfera na desmontagem da farsa e a necessidade de uma democratização radical das comunicações

A batalha de Campo Grande

Produzir um incidente grave, e atribuí-lo ao adversário, é uma das formas de virar uma eleição quase perdida. Serra e a Globo parecem ter tentado esta estratégia, em 20 de outubro. Foram derrotados por milhões de internautas – e pelo Twitter


ELEIÇÕES BRASILEIRAS: A RETA FINAL

Dos verdes europeu aos brasileiros
Um manifesto, assinado também por José Boné, sugere "Parabéns por Marina; agora, não permitam a vitória da direita"


As estratégias do fascismo e a candidatura Serra
Enquanto, nos EUA, John McCain, recusou alguns ataques fundamentalistas a Obama, José Serra alimenta, no Brasil, uma onda de difamações, calúnias e terror psicológico. Por Rodrigo Guéron

O novo cenário do segundo turno
Como Serra-2010 reproduz, no Brasil, a irracionalidade e a mobilização de ressentimentos que caracteriza o Tea Party, nos EUA. Por Antonio Martins

E MAIS:

Wikileaks: a vergonha dos EUA exposta
O que mais enfurece o Pentágono é a revelação das mentiras de que todos suspeitávamos. Por Robert Fisk, do The Independent


Chile: salvamento, mídia e precariedade
Por trás da operação espetacular, um presidente em busca de recuperar popularidade e péssimas condições de trabalho. Por Franck Gaudichaud, do Le Monde Diplomatique



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Vestígios do Poder

Deputados, Vereadores, Juristas. Muito do que foi produzido no passado do Brasil está agora disponível para historiadores como fonte histórica. É a tecnologia auxiliando a pesquisa e a docência

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Maravilhas arquitetônicas do Cairo viram ruínas

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DICA DE LEITURA

"História do Século XX - O Fim do Mundo Europeu" é uma obra concisa da história do século passado escrita por diversos autores. Com texto levo, mas extremamente estimulante, o livro de destaca pelo bom preço (R$22,90) e pela qualidade: rico em tabelas e análises contundentes.

CINE E HISTÓRIA

O filme "Contos da Era Dourada" faz rir com as pérolas da Romênia da Era Comunista. Saiba o motivo!

DICA DE EVENTO

Na próxima quinta-feira (28/10), no Rio de Janeiro, o professor da PUCRS, Jurandir Malerba (que também é membro do Café História), estará lançando o seu mais novo livro "Lições de História - O caminho da ciência no longo século XIX". O lançamento, uma parceria entre a FGV e a EdiPUCRS, ocorrerá na agradável Livraria da Travessa - Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema. 19h. Apareça!

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network


Informo que a Revista Espaço Acadêmico, edição nº 113, Outubro de 2010, foi publicada. Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current

Registro o agradecimento, especialmente, à Profª Eide Sandra Azevêdo Abreu, Prof. Fábio Viana Ribeiro e Profª Eva Paulino Bueno, e a todos que contribuíram para mais esta edição.
Por favor, colabore com a divulgação da revista! Envie aos amigos, colegas e listas que participem.

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