quarta-feira, 21 de março de 2012

Numero 319






Iniciamos o boletim desta semana com uma colaboração de Débora Crispim, cujo assunto é, infelizmente, o falecimento de um de nossos maiores geógrafos, Aziz Ab Saber. Depois, a primeira parte de um artigo que mostra a complicada relação entre corporações e educação. O terceiro artigo, lamentavelmente, mostra mais problemas do Judiciário brasileiro.
Nos links, destaque para dois artigos sobre a questão da água, principalmente em Minas Gerais, e uma análise do estarrecedor massacre dos afegãos por um oficial norte-americano. Mas há mais, muito mais!









O que é ser geógrafo?
Memórias de Aziz Ab'Saber entrelaçam Geografia e História
Marina Lemle
Meu pai foi andando até a Central do Brasil e disse ao bilheteiro: 'Taubaté.' Só sabia falar isso... Entrou no trem com muita fome, porque já tinha desembarcado havia tempo e não sabia onde comprar coisas para comer. Esses fatos por ele narrados ficaram na minha memória: a tragédia de quem chega e não sabe nada do lugar onde chegou, a língua, os costumes e os espaços geográficos.
O relato de Aziz Ab’Saber sobre a chegada de seu pai libanês ao Brasil, em 1911, explica a sua obstinação em entender de forma integrada o ambiente e as relações que nele ocorrem. Para ele, um dos geógrafos brasileiros mais renomados, História e Geografia andam juntas. E é assim, contando histórias, que ele ensina a lição.
Seu estilo narrativo faz do livro “O que é ser geógrafo - Memórias profissionais de Aziz Ab'Saber”, recém-lançado pela Editora Record (Coleção O que é ser), uma leitura prazerosa não só a estudantes em época de tomar decisões importantes, como a qualquer pessoa interessada em entender melhor a interligação entre circunstâncias, fatos e espaços. Nascido em São Luiz do Paraitinga, na região de Taubaté, em 1924, Ab’Saber contou suas memórias à jornalista Cynara Menezes, que pouco modificou as narrativas. “É um excelente contador de histórias”, diz Cynara na apresentação do livro.
O cientista introduz a Geografia com uma concepção muito mais ampla do que nomes de países, capitais, rios, montanhas, relevos e climas a serem decorados pelos alunos. Essa abordagem, felizmente, ficou no passado, graças à nova mentalidade disseminada por profissionais como Milton Santos e Ab’Saber.
“O que é ser geógrafo” ensina a enxergar a Terra, o relevo, a natureza e as fotos de satélite de outra maneira, sempre considerando o homem como parte integrante e atuante disso tudo, uma vez que migra, constrói e destrói. Enquanto narra suas histórias de vida, o geógrafo ensina a interpretar paisagens, defende o meio ambiente e revela um ideário ético e humanístico.
Pura multidisciplinaridade
O livro aborda desde as origens ancestrais do Brasil, retratando as pesquisas do geógrafo sobre vestígios deixados pelos homens pré-históricos e sobre o movimento de descida e subida do nível do mar ao longo dos milênios.
O trecho em que Ab'Saber relata seus estudos sobre os sambaquis - acúmulos de vestígios pré-históricos - da região de Cananéia, em São Paulo, é um exemplo dessa visão historiográfica da Geografia ou geomorfológica da História.
"Fomos a Ribeira do Iguape estudar a posição do sambaqui num dos terraços de construção marinhas regionais - os de restingas, que ficam mais altos que o nível do mar. Disso resultou um trabalho escrito a quatro mãos: "Sambaquis da região lagunar de Cananéia". Na primeira parte, o Wladimir Besnard (professor do Museu do Homem, de Paris) falou dos artefatos encontrados, alguns objetos líticos, esqueletos e pedaços de vértebra de baleias escurecidos.
Na segunda parte, interpretei o sambaqui hibridamente: eram os restos de cozinha dos frutos do mar, que eram alimento importante. Eu já sabia, pela análise de um dentista amigo, que os dentes dos homens dos sambaquis eram gastos de tanto esfregar a ostra para se alimentar. Quanto aos restos de baleia queimados, cheguei à seguinte conclusão: "Provavelmente, quando o montão adquiria certa altura, eles botavam fogo nas vértebras e o sambaqui funcionava miticamente como uma cerimônia religiosa dos primitivos homens do sambaqui, que viveram entre 6.000 e 1.500 antes do presente, aproximadamente.
A partir daí, achei que, aplicando meus conhecimentos de geomorfologia, poderia auxiliar os pré-historiadores. Pensei: não vou ser um arqueólogo, mas serei um pré-historiador. Passei a me dedicar a isso e o último trabalho que fiz, há dois anos, se chamou "A geografia humana primária da Pré-História". De vez em quando retorno à temática pré-histórica como interpretador de fatos da geografia humana, do viver cotidiano daqueles povos."
Outra parte importante do livro é o capítulo sobre a Teoria dos Redutos, possivelmente sua contribuição mais importante à ciência. Como um detetive da história do território brasileiro, ele descobriu, em algumas zonas, faixas de outra vegetação, que evidenciam a existência anterior, por exemplo, de áreas de secura onde hoje há florestas.

Saiba mais:
Outro trechos do livro http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/trechos-do-livro-i-o-que-e-ser-geografo-i
Em outros sites:
Transposição do São Francisco: “Esta obra é demagógica. Deus meu, que tristeza! Essa região é a minha luta”, diz Aziz Ab'Saber - Entrevista no site da Unisinos. http://www.ihu.unisinos.br/
Influência dos fenômenos naturais no planejamento - Entrevista à revista eletrônica ComCiência, da Unicamp. http://www.comciencia.br/entrevistas/2005/11/entrevista2.htm
Entre a geomorfologia e a política - Pesquisas de Aziz Ab'Sáber vão da natureza aos problemas sociais do Brasil - Perfil na Revista Ciência Hoje Online http://cienciahoje.uol.com.br/view/1678
80 anos de batalhas e conquistas de Aziz Ab’Saber - Perfil no site da USP http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2005/espaco55mai/0perfil.htm


Colaboração de Guilherme Souto:
Olhando no site de onde foi retirado, há um aviso que esse é o primeiro de dois artigos. Esperemos pois o segundo...

As corporações atacam a educação pública
Escolas que podemos invejar
Diane Ravitch, no New York Review of Books, 8 de março de 2012
Tradução Viomundo
[Resenha do livro Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?, de Pasi Sahlberg, Teachers College Press, 167 páginas, U$34.95]

Em anos recentes autoridades eleitas e formuladores de políticas públicas como o ex-presidente George W. Bush, o ex-chanceler educacional de Nova York, Joel Klein; a ex-chanceler educacional de Washington DC, Michelle Rhee e a secretária de Educação [equivale ao ministro, nos Estados Unidos] Arne Duncan concordaram que não deve haver “desculpas” para a existência de escolas com notas baixas em testes de múltipla escolha. Os reformistas do “sem desculpas” acreditam que todas as crianças podem atingir determinada proficiência acadêmica independentemente de pobreza, problemas de aprendizagem ou outras condições, e que alguém deve ser responsabilizado se os alunos não conseguirem. Este alguém é invariavelmente o professor.
[Nota do Viomundo: Na lista acima podemos incluir um sem número de 'especialistas' e políticos brasileiros que bebem na matriz neoconservadora]
Nada é dito sobre cobrar responsabilidade dos líderes municipais ou de autoridades eleitas que decidem questões cruciais como financiamento, tamanho da classe e distribuição de recursos. Os reformistas dizem que nossa economia corre risco, não por causa da crescente pobreza ou desigualdade de renda ou da exportação de empregos, mas por causa de professores ruins. Estes professores ruins devem ser identificados e jogados fora. Qualquer lei, regulamentação ou contrato que proteja estes malfeitores pedagógicos precisa ser eliminada para que eles sejam rapidamente removidos sem considerar experiência, senioridade ou processo legal.
A crença de que as escolas, em si, podem superar os efeitos da pobreza teve origem décadas atrás, mas sua mais recente manifestação está num livro curto, publicado em 2000 pela conservadora Fundação Heritage, de Washington DC, intitulado Sem Desculpas [No Excuses]. No livro, Samuel Casey Carter identificou vinte e uma escolas em regiões de alto índice de pobreza com bons resultados nos testes. Na última década, figuras influentes na vida pública decretaram que a reforma escolar é chave para sanar a pobreza. Bill Gates declarou à National Urban League, “vamos acabar com o mito de que podemos acabar com a pobreza antes de melhorar a educação. Eu diria que é ao contrário: melhorar a educação é a melhor forma de resolver a pobreza”. Gates nunca explicou porque uma sociedade rica e poderosa como a nossa não pode enfrentar a pobreza e a melhoria da educação ao mesmo tempo.
Por um período, a Fundação Gates imaginou que escolas menores eram a resposta, mas Gates agora acredita que a avaliação dos professores é o ingrediente primário da reforma escolar. A Fundação Gates dá centenas de milhões de dólares a distritos escolares para desenvolver novos métodos de avaliação. Em 2009, a principal reformista, secretária da Educação Arne Duncan, lançou um programa competitivo de U$ 4,35 bilhões chamado Corrida ao Topo, que exige que os estados avaliem os professores baseados nos resultados de testes e que removam os limites existentes sobre as escolas charter gerenciadas privadamente [escolas que recebem financiamento público e privado, mas que não se submetem a todas as regras impostas pelo estado; em vez disso, se comprometem a atingir determinados parâmetros definidos numa declaração de princípios, o charter].
O principal mecanismo da reforma escolar de hoje é identificar professores capazes de melhorar os resultados dos testes dos alunos ano após ano. Se os resultados melhorarem, dizem os reformistas, então os estudantes vão seguir na escola até a faculdade e a pobreza eventualmente vai desaparecer. Isso vai acontecer, acreditam os reformistas, se houver um “grande professor” em toda classe e se um número maior de escolas for entregue a gerentes privados, ou mesmo a corporações com fins lucrativos.
Os reformistas não se importam se os testes padronizados são vulneráveis a erros de medição, de amostragem ou outros erros estatísticos. Eles não parecem se importar se especialistas como Robert L. Linn da Universidade do Colorado, Linda Darling-Hammond de Stanford e Helen F. Ladd de Duke, assim como a comissão formada pelo National Research Council, já alertaram sobre o mau uso dos testes-padrão como forma de dar recompensas ou sanções a professores, individualmente. Nem enxergam o absurdo de avaliar a qualidade de cada professor a partir de testes de múltipla escolha a que estudantes são submetidos uma vez por ano.
Os testes podem revelar informações úteis, mostrando a alunos e professores o que está sendo ou não aprendido; os resultados podem ser utilizados para diagnosticar problemas de aprendizagem. Mas coisas ruins acontecem quando o resultado de testes passa a ter grande consequência para estudantes, professores e escolas, como a redução do currículo para incluir só o que é testável ou cola ou diminuir o padrão de ensino para inflar os resultados. Em resposta à pressão federal e estadual para melhorar o resultado dos testes, distritos escolares de todo o país têm reduzido o tempo para o ensino de artes, educação física, História, civismo e outras matérias não-testáveis. Isso não vai melhorar a qualidade da educação e com certeza vai prejudicá-la.
Nenhuma nação do mundo eliminou a pobreza demitindo professores ou entregando escolas a gerentes privados; não há estudos que apoiem qualquer destas estratégias. Mas estes fatos inconvenientes não reduzem o zelo dos reformistas. A nova turma de reformistas da educação é formada principalmente por gerentes de fundos hedge de Wall Street, integrantes de fundações, executivos de corporações, empreendedores e formuladores de políticas públicas, mas poucos educadores experientes. A desconexão dos reformistas do dia-a-dia da educação e a indiferença deles aos estudos feitos sobre o assunto permitem a eles ignorar a importância das famílias e da pobreza na educação. As escolas podem fazer milagres, os reformistas dizem, ao se basear em competição, desregulamentação e gerenciamento pelos números — estratégias similares às que produziram o crash econômico de 2008. Em vista da queda dos reformistas por estas estratégias, os educadores tendem a chamá-los de “reformistas corporativos”, para distinguí-los daqueles que entendem as complexidades da melhoria do sistema de ensino.
A bem financiada campanha de relações públicas dos reformistas corporativos foi bem sucedida ao persuadir autoridades eleitas e o público norte-americano de que a educação pública precisa de uma terapia de choque. Uma pessoa tende a se esquecer de que os Estados Unidos têm a maior e uma das mais bem sucedidas economias do mundo e que parte deste sucesso pode ser atribuído a instituições que educaram 90% das pessoas desta nação.
Diante de uma incansável campanha contra os professores e a educação pública, os educadores têm buscado uma narrativa diferente, livre da estigmatização dos resultados de testes de múltipla escolha e das punições previstas pelos reformistas corporativos. Encontraram isso na Finlândia. Mesmo os reformistas corporativos admiram a Finlândia, aparentemente não reconhecendo que a Finlândia desprova todas as suas diretrizes.
Não é estranho os Estados Unidos usarem outra nação como modelo para a reforma da educação. Na metade do século 19, os líderes da educação dos Estados Unidos elogiavam o sistema prussiano por seu profissionalismo e estrutura. Nos anos 60, os norte-americanos correram para o Reino Unido para se maravilhar com as escolas progressistas. Nos anos 80 os norte-americanos atribuiram o sucesso econômico do Japão ao sistema educacional do país. Agora a nação mais favorecida é a Finlândia e por quatro boas razões.
Primeiro, a Finlândia tem o sistema com melhor performance do mundo, medida pelo Programme for International Student Assessment (PISA), que avalia leitura, conhecimento matemático e científico para estudantes de 15 anos de idade da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD), inclusive os Estados Unidos. Contrariamente a nossos testes, não há consequências práticas nos testes aplicado pelo PISA. Nenhum indivíduo ou escola fica sabendo de seus resultados. Ninguém é recompensando ou punido por causa dos testes. Ninguém se prepara para os testes, nem existe incentivo para distorcer o resultado.
Segundo, de uma perspectiva norte-americana, a Finlândia é um universo alternativo. Rejeita todas as “reformas” atualmente populares nos Estados Unidos, como a aplicação de testes, escolas charter, pagamento dos professores por mérito, competição ou avaliação dos professores baseada nos resultados de testes de estudantes.
Terceiro, entre as nações da OECD, as escolas finlandesas têm a menor variação em qualidade, significando que chegam perto de atingir um oportunidade educacional igualitária — um ideal norte-americano.
Quarto, a Finlândia emprestou muitas das ideias que valoriza dos Estados Unidos, como a igualdade de oportunidades educacional, instrução individualizada, avaliação de portfolio e aprendizagem cooperativa. Muitos destes empréstimos derivam do trabalho do filósofo John Dewey.
Em Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?, Pasi Sahlberg explica como as escolas do país se tornaram bem sucedidas. Autoridade de governo, pesquisador e ex-professor de matemática e Ciências, Sahlberg atribui a melhoria das escolas finlandesas a decisões ousadas tomadas nos anos 60 e 70. A história da Finlândia é importante, ele escreve, “porque traz esperança àqueles que estão perdendo a fé na educação pública”.
Detratores dizem que a Finlândia tem boa performance acadêmica porque é etnicamente homogênea, mas Sahlberg responde que “o mesmo vale para o Japão, Xangai ou Coreia”, que são admiradas pelos reformistas corporativos por sua ênfase nos testes de múltipla escolha. Para os detratores que dizem que a Finlândia, com sua população de 5,5 milhões, é muito pequena para servir de modelo, Sahlberg responde que “cerca de 30 estados dos Estados Unidos têm uma população parecida ou menor que a da Finlândia”.
Sahlberg fala diretamente sobre a sensação de crise educacional que existe nos Estados Unidos e em outras nações. Os formuladores de políticas dos Estados Unidos procuram soluções baseadas no mercado, propondo “competição mais dura, obtenção de mais dados, abolição dos sindicatos de professores, criação de mais escolas charter ou adoção de modelos de gerenciamento do mundo corporativo”.
Em contraste, a Finlândia gastou os últimos quarenta anos desenvolvendo um sistema educacional diferente, focado em melhorar a qualidade dos professores, limitar os testes a um mínimo necessário, colocar responsabilidade e confiança antes de cobranças e entregar a liderança das escolas e dos distritos escolares a profissionais da educação.
Para um observador norte-americano, o fato mais marcante da educação finlandesa é que os estudantes não fazem testes-padrão até o fim da escola secundária. Eles fazem exames, mas os exames são desenvolvidos pelos próprios professores, não por uma corporação multinacional de ensino. A escola básica finlandesa de nove anos é uma “zona livre de testes-padrão”, onde as crianças são encorajadas a “saber, criar e sustentar sua curiosidade natural


Outra vez os bandidos de toga
Por Luciano Martins Costa (do Observatório da Imprensa)
A Justiça volta às manchetes dos jornais brasileiros na terça-feira (20/3). Infelizmente, não se trata de uma reforma no sistema ou da notícia de uma reação organizada dos magistrados honestos contra os “bandidos de toga”. Trata-se simplesmente de mais do mesmo: o que a imprensa destaca é mais uma série de denúncias ou a retomada de escândalos anteriores, em versão revista e ampliada.
Um resumo das leituras dá ao cidadão a sensação de que as instituições públicas estão irremediavelmente contaminadas e que, portanto, não há como alimentar esperanças de que o crescimento econômico que produz tanto otimismo possa ser respaldado pelo desenvolvimento integrado e sistêmico da sociedade.
Se não se pode confiar na Justiça, o caminho natural, logo adiante, só pode ser o da barbárie.

Espírito fatalista

O Estado de S. Paulo noticia, com destaque na primeira página, a descoberta de uma quadrilha no Tribunal de Justiça do Tocantins, liderada por quatro dos doze desembargadores, que se dedica a venda de sentenças, pagamento irregular de precatórios e até mesmo confisco de parte dos salários de assessores para pagamento de viagens turísticas.
Embora sendo minoria, os magistrados do crime conseguiram dominar o tribunal, calando os três quartos de desembargadores poupados na investigação, o que ensina alguma coisa sobre o efeito das organizações criminosas no interior das instituições.
Entre as irregularidades descobertas pelo Ministério Público há até mesmo o caso de uma sentença proferida por um juiz cujo conteúdo fora elaborado pelo advogado de uma das partes. Segundo o jornal paulista, esse é o modelo típico da corrupção no Judiciário.
Na Folha de S. Paulo, a manchete da terça-feira informa que, com as evidências de que os pagamentos irregulares de benefícios podem ter alcançado um número maior de magistrados do que os 70 inicialmente investigados, a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça vai analisar os rendimentos de todos os 354 desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Como se recorda, foi esse o caso – denunciado pela corregedora Eliana Calmon no final do ano passado – que provocou a crise de relacionamento entre o CNJ e entidades representativas dos juízes.
A sequência de reportagens revelando a contaminação de tribunais inteiros por grupos organizados de magistrados justifica amplamente a expressão usada pela corregedora – embora sejam provavelmente uma minoria, os “bandidos de toga” tendem a dominar as cortes por todo o país.
Os leitores atentos do noticiário certamente podem fazer mais do que simplesmente repetir que “é assim mesmo” ou que “nada vai mudar”, quando o tema é a interminável sequência de escândalos envolvendo figuras importantes da República.
Colabora para esse estado de espírito não apenas a repetição do assunto no noticiário, mas o fato de que a imprensa não costuma ficar mais do que uma semana em cima de cada fato – exceto, é claro, nos casos em que o acusado é um desafeto político.
Também contribui para esse espírito fatalista a percepção de que os indivíduos honestos em qualquer instituição são ou parecem ser menos capazes de se organizar do que os desonestos. Essa percepção é realista e já foi demonstrada por estudiosos das organizações humanas, como o pensador Elias Canetti.


Os honestos se calam

A mesma lógica do caçador se aplica aos elementos criminosos em uma instituição: aqueles que são solidários na caça ou no assalto ao erário têm mais poder do que os que resistem solitariamente em seus casulos morais.
O sociólogo Pierre Bourdieu também aborda a questão da cumplicidade ao afirmar que a escola, ao criar vínculos entre seus integrantes, também pode estruturar uma cultura de “distinção” que pode levar à formação de uma ideia de “elite” que pressupõe certos privilégios em relação aos demais.
A observação do noticiário sobre os grupos organizados de criminosos no interior das instituições republicanas permite constatar claramente esse “espírito de corpo”, que na prática transforma os elementos corruptos em uma espécie de casta privilegiada e intocável.
Ao dar ampla publicidade às investigações sobre “bandidos de toga” ou “bandidos com mandato político”, a imprensa ajuda a quebrar essa aura de invulnerabilidade que envolve os corruptos.
Ao citar seus nomes e cargos, promovendo sua execração pública, rompe-se o círculo da impunidade, porque, ainda que não venham a ser formalmente sentenciados, o fato de terem dado causa à investigação e à denúncia formal é suficiente para distingui-los dos demais. Caso sejam inocentados, os acusados podem pedir indenização, como ocorria com integrantes da quadrilha do Tocantins.
Mas é preciso avançar. A corrupção só vai ser colocada sob controle quando os elementos honestos souberem se organizar como se organizam os criminosos.


2. VALE A PENA LER



Os intelectuais e a cibercultura: além de apocalípticos e integrados
MARIA ALZIRA BRUM LEMOS, JOÃO BAPTISTA WINCK & HERNANI DIMANTAS
Nossos leitores não serão, em sua maioria, do tempo em que se discutia exaustivamente à luz dos escritos de Antonio Gramsci e, posteriormente, das contribuições dos intelectuais que participaram dos movimentos sociais e estudantis na década de 1960 “o papel do intelectual na sociedade”. O tema é espinhoso e não fugiremos a analisá-lo mais detalhada e profundamente em outro momento. Assumindo o risco da superficialidade e da generalidade, vamos refletir aqui sobre alguns dos problemas – sobretudo contradições – que permeiam, no contemporâneo, as relações entre os intelectuais e a cibercultura... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2012/03/17/os-intelectuais-e-a-cibercultura-alem-de-apocalipticos-e-integrados/

Aonde o Serra vai, a Toesa (empresa flagrada na reportagem do Fantástico sobre corrupção) vai atrás
http://blogdomello.blogspot.com.br/2012/03/aonde-o-serra-vai-toesa-empresa.html

Com novo vazamento na Bacia de Campos, Chevron pode ter causado maior desastre ambiental da história do Brasil
http://blogdomello.blogspot.com.br/2012/03/com-novo-vazamento-na-bacia-de-campos.html

A privatização da água doce no mundo, uma ameaça
https://kikacastro.wordpress.com/2012/03/19/a-privatizacao-da-agua-doce-no-mundo-uma-ameaca/

As águas da Serra do Gandarela
http://kikacastro.wordpress.com/2012/03/20/as-aguas-da-serra-do-gandarela/

Assassinatos racistas deixam França em estado de alerta
A França entrou em alerta máximo nesta segunda-feira. Um homem assassinou a tiros quatro pessoas, três crianças e um adulto, na porta de uma escola judaica, em Toulouse, no sul da França. O indivíduo repetiu a cenografia que havia empregado entre 11 e 15 de março quando assassinou três soldados franceses de origem magrebina e feriu gravemente um quarto, oriundo das Antilhas francesas. A polícia investiga três militares franceses ligados a grupos neonazistas.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19792&boletim_id=1152&componente_id=18431



O tsunami comercial é mais ameaçador que o monetário
Na medida em que toda a União Europeia corta gastos públicos, salários, direitos previdenciários e outras formas de sustentar o consumo interno com o fim nem sempre explícito de gerar excedentes exportáveis a qualquer preço, são os mercados emergentes, e notadamente o nosso, que terão de suportar o ataque comercial. O Governo começa a se dar conta disso, mas grande parte do empresariado ainda está focado na ameaça chinesa. O artigo é de J. Carlos de Assis.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19787&boletim_id=1152&componente_id=18432


O massacre no Afeganistão não foi loucura
Parece que enlouqueceu, anunciaram jornalistas. Será? Querem que acreditemos nisso? Claro, se estivesse completamente louco, nosso sargento teria matado 16 de seus companheiros norte-americanos. Teria assassinado seus camaradas e depois ateado fogo aos corpos. Mas ele não matou norte-americanos; escolheu matar afegãos. Houve uma escolha. Por que, então, matou afegãos? Há uma pista interessante que não apareceu nos noticiários. O artigo é de Robert Fisk.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19785&boletim_id=1152&componente_id=18437



Tempos difíceis: a democracia social ameaçada na Europa
Estamos vivendo tempos difíceis, onde se produz uma mudança profunda na consideração das coordenadas básicas de uma civilização construída em torno do valor político do trabalho e de alguns direitos de cidadania no plano social guiados por um princípio igualitário sustentado pela ação do Estado social. Essa mudança vem sendo efetuada sob a ameaça da crise e da pressão dos mercados financeiros, apresentando-se, como uma situação de exceção às regras políticas e jurídicas que já não são consideradas "adequadas" para gerir situações de emergência. O artigo é de Antonio Baylos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19780&boletim_id=1151&componente_id=18408

Mobilização dos professores alcança todo o país
Desde esta quarta-feira, todos os estados do Brasil, mais o Distrito Federal (DF), assistiram a protestos dos professores, que devem continuar até esta sexta-feira (16). No centro da pauta, o respeito ao piso nacional do magistério. DF, Goiás, Piauí e Rondônia já se encontram em greve. Movimento também pede, entre outras coisas, 10% do PIB para educação.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19771&boletim_id=1150&componente_id=18391

leia no WWW.outraspalavras.net
Um único lance de dados
Nos EUA, livro recupera história do conflito com o Irã -- e conta como a Casa Branca torpedeou, durante o governo Bush, ampla proposta de acordo oferecida pelo presidente iraniano. Por Mauricio Santoro, em seu blog



3. INFORMAÇÕES


Leila Brito convida:
Estou seguindo a comunidade Mata Alheia Mamata No$$a e acho que você vai se interessar por ela também. Para conferir, use o link abaixo:
http://mataalheiamamatanossa.blogspot.com/



4. CAFÉ HISTORIA

MATÉRIA CAFÉ HISTÓRIA: TESTEMUNHAS DE JEOVÁ CONTRA O NAZISMO
Como e por que uma pequena comunidade cristã na Alemanha se viu obrigada a lutar contra a perseguição imposta pelo Nacional Socialismo.
Leia esta matéria em: http://cafehistoria.ning.com/testemunhas-de-jeova-contra-o-nazismo


VÍDEOS EM DESTAQUE: DOC: TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E O HOLOCAUSTO
Documentário inglês conta a história de famílias que sofreram perseguição do nazismo pelo simples fato de serem Testemunhas de Jeová.
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/triangulos-roxos-testemunhas-de-jeova-e-o-holocausto-parte1


FÓRUM EM DESTAQUE: "AULAS SHOW": O QUE VOCÊ ACHA?
Esta é a pergunta do participante Valdeir C Salvador. Você gosta quando o professor de história se utiliza de performances para ensinar os conteúdos?
Participe do fórum: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/o-que-voces-acham-das-aulas-show


DOCUMENTO HISTÓRICO: EVENTO DO PTB DE JANGO
Imagem rara do Instituto João Goulart recupera cena importante do partido Trabalhista Brasileiro.
Confira: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]


ENQUETE HISTÓRIA: DISCIPLINAS DE ENSINO DE HISTÓRIA NA FACULDADE
Nós queremos saber: na sua graduação ou pós-graduação, você chegou a ter alguma disciplina voltara para o ensino de história?
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

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