Neste número, artigos enfatizam a questão do desemprego que só faz aumentar em todo o mundo e a educação no Brasil. Afora isso, vários links para outros temas tão importantes quanto.
Boa leitura!
Emir Sader, em seu blog, faz uma análise da crise, notadamente no que se refere ao desemprego, que afeta mais de 200 milhões de pessoas atualmente:
Um sistema anti-social
“Se os 44 milhões de pessoas que estão desempregadas nos principais países ricos da OCDE fossem agrupados em um único pais, sua população seria similar à da Espanha. Na própria Espanha, que tem a mais alta taxa de desemprego (21%), o número de pessoas sem trabalho soma a população de Madri e de Barcelona juntas. Nos EUA, os 14 milhões de pessoas oficialmente desempregadas formariam a quinta cidade mais populosa do país. Acrescente-se 11 milhões de “subempregados”, que estão trabalhando menos do que queriam, e se chega à população do Texas.”
As afirmações estão em editorial da revista conservadora britânica The Economist, em um dossiê sobre o desemprego. Uma das lúcidas conclusões da revista: “E o custo humano da crise é pago amplamente pelos que não têm trabalho, porque o desemprego incrementa a depressão, os divórcios, o abuso de drogas e tudo o há de ruim na vida.”
Uma proporção grande das vítimas do desemprego são jovens, em um processo de desemprego que vai se tornando crônico. Nos EUA, a média de tempo no desemprego, que era de 17 semanas em 2007, agora subiu para 40 semanas, aproximando-se de um ano. O nível de expansão da economia nos países mais ricos do sistema não é suficiente nem para absorver os que chegam ao mercado de trabalho, quanto mais para absorver os que já estão desempregados. Calcula-se em 220 milhões os desempregados no mundo inteiro, sob a égide da globalização e das políticas neoliberais. Outros 20 milhões devem perder o emprego só no centro do capitalismo no ano que vem, se a crise se prolongar. O desemprego só não é maior porque a China cria 40 milhões de empregos por ano, nos países progressistas da América Latina – incluindo a Argentina e o Brasil -, onde o desemprego tem sistematicamente diminuído, justamente pela substituição de políticas neoliberais por políticas que priorizam o emprego e o mercado interno de consumo popular.
Os empregos têm sido sacrificados em nome da austeridade, especialmente no setor público, o que não só aumenta o desemprego, como piora a qualidade dos serviços públicos, que atendem à maioria pobre da população – que assim sofre duplamente, com a perda do emprego e a deterioração dos serviços sociais que os atendem.
Os maiores empregadores do mundo são serviços e empresas estatais. Entre os 10 maiores estão o Departamento de Defesa dos EUA, o Exército chinês, seguidas por duas empresas privadas: Walmart e McDonald’s, pela empresa chinesa estatal de petróleo, por outra estatal chinesa – State Grid Corporation of China, pela instituição de serviços de saúde da Inglaterra, pelas empresa de estradas de ferro da India, pelos Correios da China e por uma outra empresa chinesa – Hon Hai Precision Industry.
O desemprego entre os jovens chega a 41,7% na Espanha, 50,5% na Africa do Sul, a 27,8% na Itália, a 23,3% na França. A taxa de desemprego na América Latina está entre as menores do mundo, bem menos do que nos EUA e na Europa, refletindo políticas de manutenção do crescimento e da distribuição de renda por aqui, de ajuste e recessão por lá.
Um sistema que não garante sequer a quantidade de empregos para dar uma fonte mínima de renda a milhões de pessoas, que não projeta perspectiva de empregos garantidos para a maioria dos seus jovens, que tem empregos instáveis, vulneráveis e de péssima qualidade para a maioria dos que conseguem trabalhar – é um sistema anti-social. Porque funciona não conforme a necessidade das pessoas, mas conforme os critérios de rentabilidade fornecidos pelo mercado. Um sistema que leva no seu nome o seu sujeito central – capital – e não os que produzem riqueza por meio do seu trabalho.
Guilherme Souto encaminhou-nos este texto do blog do Rudá Ricci
As afirmações estão em editorial da revista conservadora britânica The Economist, em um dossiê sobre o desemprego. Uma das lúcidas conclusões da revista: “E o custo humano da crise é pago amplamente pelos que não têm trabalho, porque o desemprego incrementa a depressão, os divórcios, o abuso de drogas e tudo o há de ruim na vida.”
Uma proporção grande das vítimas do desemprego são jovens, em um processo de desemprego que vai se tornando crônico. Nos EUA, a média de tempo no desemprego, que era de 17 semanas em 2007, agora subiu para 40 semanas, aproximando-se de um ano. O nível de expansão da economia nos países mais ricos do sistema não é suficiente nem para absorver os que chegam ao mercado de trabalho, quanto mais para absorver os que já estão desempregados. Calcula-se em 220 milhões os desempregados no mundo inteiro, sob a égide da globalização e das políticas neoliberais. Outros 20 milhões devem perder o emprego só no centro do capitalismo no ano que vem, se a crise se prolongar. O desemprego só não é maior porque a China cria 40 milhões de empregos por ano, nos países progressistas da América Latina – incluindo a Argentina e o Brasil -, onde o desemprego tem sistematicamente diminuído, justamente pela substituição de políticas neoliberais por políticas que priorizam o emprego e o mercado interno de consumo popular.
Os empregos têm sido sacrificados em nome da austeridade, especialmente no setor público, o que não só aumenta o desemprego, como piora a qualidade dos serviços públicos, que atendem à maioria pobre da população – que assim sofre duplamente, com a perda do emprego e a deterioração dos serviços sociais que os atendem.
Os maiores empregadores do mundo são serviços e empresas estatais. Entre os 10 maiores estão o Departamento de Defesa dos EUA, o Exército chinês, seguidas por duas empresas privadas: Walmart e McDonald’s, pela empresa chinesa estatal de petróleo, por outra estatal chinesa – State Grid Corporation of China, pela instituição de serviços de saúde da Inglaterra, pelas empresa de estradas de ferro da India, pelos Correios da China e por uma outra empresa chinesa – Hon Hai Precision Industry.
O desemprego entre os jovens chega a 41,7% na Espanha, 50,5% na Africa do Sul, a 27,8% na Itália, a 23,3% na França. A taxa de desemprego na América Latina está entre as menores do mundo, bem menos do que nos EUA e na Europa, refletindo políticas de manutenção do crescimento e da distribuição de renda por aqui, de ajuste e recessão por lá.
Um sistema que não garante sequer a quantidade de empregos para dar uma fonte mínima de renda a milhões de pessoas, que não projeta perspectiva de empregos garantidos para a maioria dos seus jovens, que tem empregos instáveis, vulneráveis e de péssima qualidade para a maioria dos que conseguem trabalhar – é um sistema anti-social. Porque funciona não conforme a necessidade das pessoas, mas conforme os critérios de rentabilidade fornecidos pelo mercado. Um sistema que leva no seu nome o seu sujeito central – capital – e não os que produzem riqueza por meio do seu trabalho.
Guilherme Souto encaminhou-nos este texto do blog do Rudá Ricci
O argumento do ministro Fernando Haddad para aumentar o número de dias letivos não tem respaldo internacional. Segundo levantamento da OCDE, apenas Coréia possui 220 dias letivos/ano. Dinamarca (200 dias), Noruega, Inglaterra, Eslovênia e Chile (ao redor de 190 dias) estão entre os países com maior número de dias letivos. Finlândia, o país com melhor desempenho dos alunos, segundo o PISA, possui 188 dias letivos/ano.
Enfim, qual o motivo para tapar o sol com a peneira?
Vamos, mais uma vez, destacar os principais fatores que interferem no desempenho escolar:
—1) FAMÍLIA: Aluno com mãe com ensino primário (fundamental 1) tem 3 vezes melhor desempenho que mãe sem instrução formal (SAEB, 1997/2005)
—2) TURNO acima de 5 horas (SAEB)
—3) Tempo de GESTÃO de um mesmo diretor escolar (SARESP)
—4) NÚMERO DE ALUNOS na escola e redes municipais abaixo de 15 escolas
—5) Professor com POUCAS TURMAS (30% agredidos por pais e alunos)
Carta de Brizola Neto a Cristovam Buarque
Enviado por luisnassif, sex, 23/09/2011 - 15:09
Por Marco Antonio L.
No Tijolaço
Senador, tome uma aula de CIEP. Ou de memória
Senador Cristovam Buarque, o senhor ontem disse, na tribuna do Senado, que “o educador Paulo Freire (1921-1997) ficaria frustrado com a educação no Brasil se ainda fosse vivo”.
Por isso, sinto-me no direito de dizer que se Leonel Brizola e Darcy Ribeiro fossem vivos, ficariam não tristes, mas indignados com suas declarações, hoje, a O Globo.
Acho até, Senador, que o convidariam para tomar uma aula de Ciep. Porque o nosso querido amigo deve andar lendo sobre eles nos livros errados ou – é mais provável – nas páginas de O Globo , onde ele hoje é o personagem do artigo do “lord” Merval Pereira, homem dotado de tanto amor pelos pobres que, se pudesse os mandaria todos para o céu.
Porque só isso ou a manipulação – que não foi desmentida até agora, porque no site do senador só achei foram fotos do Merval – explicaria a declaração que se lhe atribui, entre aspas, e que reproduzo:
“A História nos dá a chance de sermos líderes da construção desse novo Brasil (de acordo, Senador). Os CIEPs do Brizola falharam ao focar na unidade escolar e na arquitetura, e não na cidade inteira: nos professores, no conteúdo, nos equipamentos”.
Senador, senador, quem lhe contou semelhante bobagem? Foi o Merval Pereira, aquele que publicou a foto de um homem negro com um retrato de Brizola e disse que era um traficante?
Fica até feio para o senhor, que se diz um tão grande admirador de Darcy Ribeiro, imaginar que ele pudesse ser um energúmeno de achar que escola se resumia a prédio.
O senhor deveria ler, em vez do imortal Pereira, a infelizmente mortal Tatiana Memória – que já nos deixou – e foi a principal auxiliar de Darcy Ribeiro na implantação do Programa Especial de Educação, ao qual os Cieps se vinculavam.
Lá o senhor vai ver que cada CIEP recebia, em valores de hoje, meio milhão de reais em mobiliário, equipamento de cozinha, material administrativo, equipamentos médicos e dentários e – preste atenção, Senador - material de áudio, vídeo e livros para sua biblioteca, além de material e equipamentos esportivos. Isso é “arquitetura”, Senador?
E como é que o senhor diz que não se focava no professor, se o Programa celebrou um convênio com a Universidade Estadual para fornecer bolsas de estudo com 1.600 horas em Cursos de Atualização para professores no final de formação. Cada um deles permanecia por quatro horas em prática pedagógica com sua turma enas outras quatro fazia seu Curso de Atualização, com material impresso e programação de televisão preparados para esse fim. É, Senador, professor também de horário integral, metade do tempo dando aulas e na outra metade se aperfeiçoando. Onde é que no Brasil, Senador, o senhor já viu uma coisa destas?
“Entre 1991 e 1993, cerca de 9.000 professores bolsistas fizeram nos CIEPs seus Cursos de Atualização, com resultados surpreendentes para o aproveitamento dos alunos. O professor bolsista se mostrou de uma assiduidade quase total e de uma enorme dedicação às suas tarefas pedagógicas.”, conta Tatiana, que não se informou sobre os CIEPs pelo jornal O Globo, mas lá dentro deles, trabalhando todo santo dia.
E quando foi feito um concurso para professores, 30 mil deles se inscreveram, para apenas 8 mil aprovações. Insuficientes para preencher o quadro de 12.500 professores aberto para o Ciclo Básico e para Ginásios Públicos que funcionavam nos Cieps. “A prova de redação foi a grande responsável pelos altos índices de reprovação. Novos professores, formados por escolas inadequadas, já não sabem mais escrever”, constatou com tristeza Tatiana.
E os CIEPs não eram feitos só de professores, não. Estes eram 46 por CIEP, ajudados por mais 34 funcionários – merendeiras, serventes, zeladores, encarregado de manutenção e mães sociais que cuidavam, à noite, das crianças que não tinham uma casa para onde ir. E estas escolas eram abertas, nos finais de semana, para toda a comunidade, para suas festas, reuniões, atividades e até para curtirem a piscina, como essa que o senhor vê na foto.
Senador, informar-se sobre os Cieps pelo O Globo, dá neste tipo de visão distorcida, de que aquilo era um prédio vazio. E que aquilo foi um fracasso, porque não fez diferença. Sabe, Senador, o senhor deveria se informar sobre o que Moreira Franco e Marcello Alencar, assim que sucederam aos governos de Brizola, fizeram com os Cieps. Aliás, o senhor sabe, porque foi o mesmo que fizeram com seu programa de Médico de Família aí no DF: entraram no Palácio, pegaram a caneta e detonaram tudo que levou anos para ser feito.
Aí usaram o argumento de que o programa era de inspiração cubana. Aqui, de que aquilo era um desperdício, escola de luxo para pobre. Depois de ler o texto da Tatiana Memória, o senhor podia ler o de outra professora que trabalhou no programa, Lúcia Velloso, sobre a maneira “global” de falar dos Cieps:
” Comprovar que a culpa do fracasso é do pobre sempre seduz a classe média e é uma boa receita de sucesso. Ainda mais quando as reportagens omitem dados e manipulam imagens para reforçar o consenso fácil que herdamos da escravidão: para que gastar recursos com a educação popular? Os pobres não conseguem bons resultados na escola mesmo quando se oferece a eles uma escola de luxo; veja-se o exemplo dos Cieps: dos 21 alunos da primeira turma, só um passou para a faculdade. As reportagens quiseram mostrar que o ciep é caro, que o projeto arquitetônico é mal resolvido, que foram desperdiçados recursos e, pior que tudo, que esta escola não
garante bom desempenho. Para isso foram criadas personagens exemplares através de histórias de vida de alunos da primeira turma com intenção de comprovar seu fracasso, utilizando como critério de qualidade chegar ao ensino superior. O que se mostrou, ao contrário do que o jornal pretendia, foi que a proporção de alunos que completou o ensino médio é maior entre aqueles que permaneceram no ciep até completar a 4ª. série.”
Mas talvez, Senador, baste ao senhor ler aquilo que o senhor mesmo escreveu e que, talvez na alegria do convescote com um dos mais reacionários porta-vozes da elite brasileira, tenha lhe fugido da memória. Então, a gente ajuda o senhor a lembrar:
“O Ciep, de Brizola e Darcy Ribeiro, foi a mais transformadora das políticas sociais brasileiras. Todas as crianças teriam aulas do começo da manhã ao final da tarde. Desenvolveriam seus talentos, independentemente da renda da família. Se esse programa tivesse sido adotado nacionalmente, o Brasil seria hoje diferente”.
Pois não é que começa assim o artigo escrito pelo senhor, publicado no Correio Braziliensede 28 de fevereiro de 2009. Está aqui, no seu antigo portal de internet, para o senhor conferir. E o seu argumento de que deveria ter sido feito “por cidade”, se o senhor se informar direitinho, verá que foi seguido aqui: 70 por cento dos Cieps foram feitos no Rio, Baixada e Niteroi/São Gonçalo, onde está concentrada a maior carência. Só que o Rio, Senador, ao contrário de Brasília, não tem a pobreza circunscrita ao entorno: está por toda a parte, muito mais até que os CIEPs.
A sua proposta de fazer escolas boas em “cidades de porte pequeno”, com tradição educacional e (não sei como se enquadraria legalmente este critério) “cujos prefeitos e governadores (sic) apresentem história de compromisso com a educação”, francamente, é um total disparate em termos logísticos, administrativos e pedagógicos. Porque ela perpetua o que o senhor mesmo aponta como pecado essencial: “quando a educação é distribuída desigualmente, ela termina sendo o berço da desigualdade”.
Senador, como o senhor é um homem suficientemente inteligente para reconhecer erros, corrija os seus, inclusive os de memória.
Postado por Brizola Neto
Carta de Brizola Neto a Cristovam Buarque
Enviado por luisnassif, sex, 23/09/2011 - 15:09
Por Marco Antonio L.
No Tijolaço
Senador, tome uma aula de CIEP. Ou de memória
Senador Cristovam Buarque, o senhor ontem disse, na tribuna do Senado, que “o educador Paulo Freire (1921-1997) ficaria frustrado com a educação no Brasil se ainda fosse vivo”.
Por isso, sinto-me no direito de dizer que se Leonel Brizola e Darcy Ribeiro fossem vivos, ficariam não tristes, mas indignados com suas declarações, hoje, a O Globo.
Acho até, Senador, que o convidariam para tomar uma aula de Ciep. Porque o nosso querido amigo deve andar lendo sobre eles nos livros errados ou – é mais provável – nas páginas de O Globo , onde ele hoje é o personagem do artigo do “lord” Merval Pereira, homem dotado de tanto amor pelos pobres que, se pudesse os mandaria todos para o céu.
Porque só isso ou a manipulação – que não foi desmentida até agora, porque no site do senador só achei foram fotos do Merval – explicaria a declaração que se lhe atribui, entre aspas, e que reproduzo:
“A História nos dá a chance de sermos líderes da construção desse novo Brasil (de acordo, Senador). Os CIEPs do Brizola falharam ao focar na unidade escolar e na arquitetura, e não na cidade inteira: nos professores, no conteúdo, nos equipamentos”.
Senador, senador, quem lhe contou semelhante bobagem? Foi o Merval Pereira, aquele que publicou a foto de um homem negro com um retrato de Brizola e disse que era um traficante?
Fica até feio para o senhor, que se diz um tão grande admirador de Darcy Ribeiro, imaginar que ele pudesse ser um energúmeno de achar que escola se resumia a prédio.
O senhor deveria ler, em vez do imortal Pereira, a infelizmente mortal Tatiana Memória – que já nos deixou – e foi a principal auxiliar de Darcy Ribeiro na implantação do Programa Especial de Educação, ao qual os Cieps se vinculavam.
Lá o senhor vai ver que cada CIEP recebia, em valores de hoje, meio milhão de reais em mobiliário, equipamento de cozinha, material administrativo, equipamentos médicos e dentários e – preste atenção, Senador - material de áudio, vídeo e livros para sua biblioteca, além de material e equipamentos esportivos. Isso é “arquitetura”, Senador?
E como é que o senhor diz que não se focava no professor, se o Programa celebrou um convênio com a Universidade Estadual para fornecer bolsas de estudo com 1.600 horas em Cursos de Atualização para professores no final de formação. Cada um deles permanecia por quatro horas em prática pedagógica com sua turma enas outras quatro fazia seu Curso de Atualização, com material impresso e programação de televisão preparados para esse fim. É, Senador, professor também de horário integral, metade do tempo dando aulas e na outra metade se aperfeiçoando. Onde é que no Brasil, Senador, o senhor já viu uma coisa destas?
“Entre 1991 e 1993, cerca de 9.000 professores bolsistas fizeram nos CIEPs seus Cursos de Atualização, com resultados surpreendentes para o aproveitamento dos alunos. O professor bolsista se mostrou de uma assiduidade quase total e de uma enorme dedicação às suas tarefas pedagógicas.”, conta Tatiana, que não se informou sobre os CIEPs pelo jornal O Globo, mas lá dentro deles, trabalhando todo santo dia.
E quando foi feito um concurso para professores, 30 mil deles se inscreveram, para apenas 8 mil aprovações. Insuficientes para preencher o quadro de 12.500 professores aberto para o Ciclo Básico e para Ginásios Públicos que funcionavam nos Cieps. “A prova de redação foi a grande responsável pelos altos índices de reprovação. Novos professores, formados por escolas inadequadas, já não sabem mais escrever”, constatou com tristeza Tatiana.
E os CIEPs não eram feitos só de professores, não. Estes eram 46 por CIEP, ajudados por mais 34 funcionários – merendeiras, serventes, zeladores, encarregado de manutenção e mães sociais que cuidavam, à noite, das crianças que não tinham uma casa para onde ir. E estas escolas eram abertas, nos finais de semana, para toda a comunidade, para suas festas, reuniões, atividades e até para curtirem a piscina, como essa que o senhor vê na foto.
Senador, informar-se sobre os Cieps pelo O Globo, dá neste tipo de visão distorcida, de que aquilo era um prédio vazio. E que aquilo foi um fracasso, porque não fez diferença. Sabe, Senador, o senhor deveria se informar sobre o que Moreira Franco e Marcello Alencar, assim que sucederam aos governos de Brizola, fizeram com os Cieps. Aliás, o senhor sabe, porque foi o mesmo que fizeram com seu programa de Médico de Família aí no DF: entraram no Palácio, pegaram a caneta e detonaram tudo que levou anos para ser feito.
Aí usaram o argumento de que o programa era de inspiração cubana. Aqui, de que aquilo era um desperdício, escola de luxo para pobre. Depois de ler o texto da Tatiana Memória, o senhor podia ler o de outra professora que trabalhou no programa, Lúcia Velloso, sobre a maneira “global” de falar dos Cieps:
” Comprovar que a culpa do fracasso é do pobre sempre seduz a classe média e é uma boa receita de sucesso. Ainda mais quando as reportagens omitem dados e manipulam imagens para reforçar o consenso fácil que herdamos da escravidão: para que gastar recursos com a educação popular? Os pobres não conseguem bons resultados na escola mesmo quando se oferece a eles uma escola de luxo; veja-se o exemplo dos Cieps: dos 21 alunos da primeira turma, só um passou para a faculdade. As reportagens quiseram mostrar que o ciep é caro, que o projeto arquitetônico é mal resolvido, que foram desperdiçados recursos e, pior que tudo, que esta escola não
garante bom desempenho. Para isso foram criadas personagens exemplares através de histórias de vida de alunos da primeira turma com intenção de comprovar seu fracasso, utilizando como critério de qualidade chegar ao ensino superior. O que se mostrou, ao contrário do que o jornal pretendia, foi que a proporção de alunos que completou o ensino médio é maior entre aqueles que permaneceram no ciep até completar a 4ª. série.”
Mas talvez, Senador, baste ao senhor ler aquilo que o senhor mesmo escreveu e que, talvez na alegria do convescote com um dos mais reacionários porta-vozes da elite brasileira, tenha lhe fugido da memória. Então, a gente ajuda o senhor a lembrar:
“O Ciep, de Brizola e Darcy Ribeiro, foi a mais transformadora das políticas sociais brasileiras. Todas as crianças teriam aulas do começo da manhã ao final da tarde. Desenvolveriam seus talentos, independentemente da renda da família. Se esse programa tivesse sido adotado nacionalmente, o Brasil seria hoje diferente”.
Pois não é que começa assim o artigo escrito pelo senhor, publicado no Correio Braziliensede 28 de fevereiro de 2009. Está aqui, no seu antigo portal de internet, para o senhor conferir. E o seu argumento de que deveria ter sido feito “por cidade”, se o senhor se informar direitinho, verá que foi seguido aqui: 70 por cento dos Cieps foram feitos no Rio, Baixada e Niteroi/São Gonçalo, onde está concentrada a maior carência. Só que o Rio, Senador, ao contrário de Brasília, não tem a pobreza circunscrita ao entorno: está por toda a parte, muito mais até que os CIEPs.
A sua proposta de fazer escolas boas em “cidades de porte pequeno”, com tradição educacional e (não sei como se enquadraria legalmente este critério) “cujos prefeitos e governadores (sic) apresentem história de compromisso com a educação”, francamente, é um total disparate em termos logísticos, administrativos e pedagógicos. Porque ela perpetua o que o senhor mesmo aponta como pecado essencial: “quando a educação é distribuída desigualmente, ela termina sendo o berço da desigualdade”.
Senador, como o senhor é um homem suficientemente inteligente para reconhecer erros, corrija os seus, inclusive os de memória.
Postado por Brizola Neto
Democracia e/ou morte
Leia a integra em
http://kikacastro.wordpress.com/2011/09/26/democracia-eou-morte/
A batalha político-imobiliária pelo controle de Jerusalém
Em 1947, logo após a divisão da Palestina, a ONU colocou Jerusalém sob mandato internacional. No ano seguinte, com a guerra da independência, Israel se apoderou do setor oeste da cidade, enquanto que o setor oriental passou para controle da Jordânia. Durante a Guerra dos Seis Dias (1967), Israel anexou Jerusalém Oriental. Hoje, à força de investimentos, compra de terras e restrições específicas aos palestinos, Jerusalém se move entre a modernidade de seu setor israelense e a pobreza da parte oriental. Jerusalém é o território de um combate imobiliário em cujo interior se movem as sombras da geopolítica. A reportagem é de Eduardo Febbro.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18568&boletim_id=1015&componente_id=16309
leia no WWW.outraspalavras.net
O custo intangível do fracasso europeu
José Luís Fiori destaca: junto com trilhões de euros, desaparecerá projeto coletivo de um continente que foi decisivo para criação dos estados nacionais e do capitalismo.
"Deem uma chance a Karl Marx!"
Consultor especial do maior banco suíço defende interpretações marxistas sobre a crise e propõe reversão completa das políticas de “austeridade”. Por George Magnus
(Quem é George Magnus, e por que sua posição é importante)
Jornalistas, rebeldes e irreverentes
Segundo capítulo do livro-reportagem sobre “Movimento” revela: equipe queria jornal-cooperativa, era radical contra ditadura, zombava do patrão. Um texto de Carlos Azevedo
Robert Fisk: Oriente Médio nunca será o mesmo
Estado palestino não virá esta semana. Mas debate na ONU vai sacudir geopolítica da região, e superar décadas de subserviência
A Coordenadoria de Patrimônio Cultural de Diamantina, através da inciativa de Elcione Luciana, criou um Blog para divulgar nossas atividades.
Ainda estamos adicionando conteudos, mas gostaria que todos se sentissem convidados a visitar...
Postaremos fotografias antigas, jornais, documentos antigos, além de muita história e Patrimônio cultural para todos.
http://coordenadoriapatrimoniodtna.blogspot.com
MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA
Oficina “História Online” no Festival de História
Bruno Leal, doutorando em História Social pela UFRJ, fundador e mediador do Café História, ministra oficina sobre divulgação e pesquisa histórica na web no Festival de História, que acontece em outubro, na cidade mineira de Diamantina
Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-oficina-historia-online-no-festival-de-hist
MURAL DO HISTORIADOR
Cultura Midiática no Século XIX
Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)
Oficina de Produção de Trabalhos Acadêmicos
Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)
CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS
CNJ cria regras para destruir processos
Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)
CONTEÚDO DA SEMANA
Guerras, êxodo rural, superstições e espiritualidade. Nosso tempo aprece possuir muito em comum com o mundo medieval. Explore as complexidades e idiossincrasias daquele tempo conferindo o vídeo “Códices Medievais”, publicado no Café História por Luciana Melo. O vídeo é uma viagem a Idade Média, um convite para descobrir a complexa cultura dos homens medievais.
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/codices-medievales-parte-1
VÍDEOS EM DESTAQUE
Linguagem de sobrivivencia dos indios Karajá
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/linguagem-de-sobrivivencia-dos-indios-karaj
FÓRUNS EM DESTAQUE
Quais as reais contribuições de Nelson Werneck Sodré para a Historiografia Brasileira? Qual a sua exclusiva contribuição?
Confira: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/quais-as-reais-contribui-es-dem
CINE HISTÓRIA
“Borboletas Negras” – Filme aborda difícil relacionamento entre pai e filha durante o Apartheid na África do Sul durante os anos 1960.
Confira: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)
COMPRE LIVROS COM DESCONTO
Quem é leitor do Café História compra livros do site da Editora Contexto com 15% de desconto.
Saiba como: http://cafehistoria.ning.com/page/promocao-2
Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network
Nenhum comentário:
Postar um comentário