quarta-feira, 10 de agosto de 2011








Esquecendo um pouco a crise, hoje o Boletim traz três matérias bem tupiniquins. A crítica ao Judiciário, a crítica ao Legislativo e a crítica à mídia que não quer deixar a presidenta em paz.






Chame o ladrão, chame o ladrão!


Texto de José de Souza Castro (publicado no blog da Kikacastro, imagem inclusive)
Depois de escrever “Injustiçados – O caso Portilho”, eu me sentia dispensado de continuar me preocupando com o poder judiciário, apesar de algumas recaídas, como aquela que levou uma juíza federal mineira a me ameaçar com um processo por injúria e difamação. No tempo em que escrevi o livro, a imprensa raramente se ocupava dos malfeitos dos juízes, o que não ocorre agora. Que o diga o mais novo ministro do Supremo, José Antônio Dias Toffoli, com sua ainda inexplicável gazeta à ilha de Capri, na Itália, para assistir ao casamento do advogado criminalista Roberto Podval, com despesas de hospedagem pagas pelo noivo.
O que me traz de volta ao tema é a notícia de hoje de que o Supremo Tribunal Federal quer elevar os vencimentos dos seus ministros, dos atuais 26.725 reais, para 30.667 reais, em 2012. Se o pleito for aprovado, mais um rombo nas finanças públicas.
E por que não seria, se os que têm algum poder de decisão sobre isso, eles também seriam beneficiados com esse aumento de 14,8% para os ministros do Supremo, já que o novo teto de todo o funcionalismo público subiria para 30.677 reais?
Pior, o aumento de 14,8% teria efeito cascata, tornando ainda mais confortável a vida dos juízes, país afora. Para não falar na presidente da República, senadores, deputados federais, deputados estaduais, governadores, vereadores e um carrilhão de outros que são eleitos com nossos votos – ou não. Como o procurador geral da Justiça que não é eleito com nossos votos, mas sim indicados pelo presidente da República, se federal, ou pelos governadores, se estaduais.
O que poderia impedir a desfaçatez, eu diria, é o clamor público. Se houver.
E pode haver, pois ninguém aguenta mais ter seus salários na iniciativa privada reajustados em nível bem mais baixo do que o aumento dos impostos que ocorre sempre, para que os governantes possam arcar com as despesas do funcionalismo público – e dos juros, como a cereja no bolo.
Vale lembrar que o funcionário público, ao se aposentar, carrega consigo o valor integral dos vencimentos – 26.725 no caso dos que ganham pelo teto, hoje – e não o teto do INSS, de pouco mais de 3.600 reais, e cujos benefícios para os aposentados (a imensa maioria ganhando apenas o salário mínimo) foram reajustados pela última vez em cerca de 6%.
Antes de encerrar, é preciso reafirmar que a justiça, além de ineficiente, é muito cara. Só o Supremo Tribunal Federal quer ter um orçamento, em 2012, de 614 milhões de reais, dos quais 391 milhões para gastos com pessoal.
Então, para que não se diga que não participei desse clamor público, estou protestando aqui. Pela primeira vez, acho que não estarei clamando no deserto.


Colaboração de Ana Cláudia:

Protesto contra o salário absurdo dos deputados


Publicado em 11/07/2011 Rhodrigo Deda o rhodrigodeda@gmail.com
O Poder Legislativo brasileiro tem sido protagonista de tantos episódios desastrosos no que se refere à moralidade pública, que em algum momento certamente alguém iria questionar os valores gastos para manter os parlamentares e suas estruturas nababescas de trabalho. E, ao que tudo indica, os questionamentos sobre custo e qualidade da representação política acabam de começar. Com uma estratégia de mobilização via redes sociais, Vinícius Ribeiro e Janz Léo iniciaram uma campanha no Facebook chamada "Protesto contra o salário absurdo dos Deputados".

A partir da zero hora de hoje, vão deflagrar articulações no mundo virtual para realizar um protesto em nível nacional, que deverá acontecer no dia 7 de setembro deste ano nas ruas das cidades brasileiras. A intenção é unir forças ao "Manifesto Contra a Corrupção", que também vem se organizando via redes e irá realizar eventos no Dia da Independência do Brasil.

Prestes a começar mestrado em Ciências Políticas na Suécia, Vinícius Ribeiro afirma que o Brasil é o país que mais gasta com parlamentares no mundo. "Enquanto gastamos cerca de R$ 10,2 milhões anuais com parlamentares, a Itália - o país que mais gasta depois de nós - despende R$ 3,9 milhões."

Ao menos na internet, o ambiente para o protesto é favorável. Segundo Ribeiro, a campanha "Apoie a redução do salário dos políticos brasileiros" já tem mais de 14 mil apoiadores, no "Causes" - um site no qual os internautas podem conhecer e apoiar "grandes causas". Atenção para o detalhe, a cifra de 14,5 mil apoiadores foi conseguida em 16 dias.

Se Vinícius Ribeiro e Janz Léo conseguirem transpor o mesmo êxito viral obtido na internet para as praças públicas do país, no Dia da Independência, estarão realizando um feito notável. Até porque, nas palavras de Ribeiro, "o Brasil é um país no qual as pessoas mais tendem a evitar a política", afirma Ribeiro. Curiosamente, diz ele, é nos países onde menos se discute política em sala de aula que os gastos são os mais altos.

Na página do "Protesto contra o salário absurdo dos Deputados", no Facebook, Ribeiro e Léo se dizem inconformados com a apatia da população brasileira. "O jornal El País perguntou: "¿Por qué los brasileños no reaccionan ante la impunidad, hipocresía, corrupción y falta de ética de muchos de los que les gobiernan?" (http://bit.ly/rdspjK). E como todos nós já estamos fartos deste indiferentismo brasileiro, dessa vez vamos mostrar-lhes que não é bem assim." A publicação a que se referem feita no El País, trata-se de uma análise do correspondente daquele jornal, Juan Arias, datada de 7 de julho, em que analisa o motivo pelo qual não se vê reação dos brasileiros contra a corrupção.
Em sua análise, Arias comenta os episódios recentes da queda de Antonio Palocci (PT), da Casa Civil, e de Alfredo Nascimento (PR), do Ministério dos Trans¬portes, e lamenta que os jovens não manifestem um mínimo de reação diante da corrupção dos governantes. "Será que os jovens, especialmente [os brasileiros], não têm motivos para exigir um Brasil não somente mais rico a cada dia, ou pelo menos menos pobre, (...), mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas (...)?"

A pergunta dele é pertinente. Quais são os motivos que conduziram a essa apatia, ainda mais num momento em que em vários lugares do mundo, na Europa e no mundo árabe se veem jovens reivindicando medidas anticorrupção e mudanças que tornem as instituições mais democráticas? Vinícius Ribeiro acredita que esse quadro de passividade do brasileiro pode mudar. "Nós vemos o papel importante que as redes sociais, o Facebook, tiveram nos protestos no Egito, na Tunísia, e em outros países da África."
As redes sociais na internet têm facilitado a mobilização dos cidadãos, em especial os jovens. Mas, ainda é difícil dizer se elas bastam para que saiam às ruas, ou permaneçam mobilizados contra a corrupção e os maus costumes políticos. Se Vinícius Ribeiro estiver certo, em 7 de setembro os parlamentares terão motivos para rever sua conduta.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1145876&tit=O-custo-dos-parlamentares-na-mira



Outra colaboração da Ana Cláudia:

A Globo vai partir pra cima de Amorim: isso prova que Dilma escolheu bem!
por Rodrigo Vianna

Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.

O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.

Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.

Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.

No episódio dos “aloprados” e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar (“ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?”) foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para “defender” a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog “Doladodelá”) recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.

Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”.
Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.”

A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real).

Nada disso surpreende, na verdade.

O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que “era chegada a hora da distensão”. Faltou combinar com os russos.

A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os “pragmáticos” da esquerda enxergam nas demissões de ministros um “risco” para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as “pontes” (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição).

Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política.

Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo) e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim.

Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava errada. O Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso.
Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!

Como disse um leitor no twitter: “Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”.

Não se governa sem turbulência. Amorim é um diplomata. Dizer que ele não pode comandar a Defesa porque “diplomatas não sabem fazer a guerra” (como li num jornal hoje) é patético.

O Brasil precisa pensar sua estratégia de Defesa de forma cada vez mais independente. É isso que assusta a velha mídia – acostumada a ver o Brasil como sócio menor e bem-comportado dos EUA. Amorim não é nenhum incediário de esquerda. Mas é um nacionalista. É um homem que fala muitas línguas, conhece o mundo todo. Mas segue a ser profundamente brasileiro. E a gostar do Brasil.

O mundo será, nos próximos anos, cada vez mais turbulento. EUA caminham para crise profunda na economia. Europa também caminha para o colpaso. Para salvar suas economias, precisam inundar nosso crescente mercado consumidor com os produtos que não conseguem vender nos países deles. O Brasil precisa se defender disso. A defesa começa por medidas cambiais, por política industrial que proteja nosso mercado. Dilma já deu os primeiros passos nessa direção.

Mas o Brasil – com seus aliados do Cone Sul, Argentna à frente - não será respeitado só porque tem mercado consumidor forte, diversidade cultural e instituições democráticas. Precisamos, sim, reequipar nossas forças armadas. Precisamos fabricar aviões, armas. Precisamos terminar o projeto do submarino com propulsão nuclear.

Não se trata de “bravata” militarista. Trata-se do mundo real. A maioria absoluta dos militares brasileiros – que gostam do nosso país – não vai dar ouvidos para Elianes e Alis; vai dar apoio a Celso Amorim na Defesa, assim que perceber que ele é um nacionalista moderado, que pode ajudar a transformar o Brasil em gente grande, também na área de Defesa.

O resto é choro de anões que povoam o parlamento e as redações da velha mídia.


Trabalho intenso na pós-graduação: servidão voluntária?

ANTONIO OZAÍ DA SILVA
Os professores vinculados à pós-graduação vêem-se pressionados a atingir metas e obedecer a critérios definidos por outros alheios aos programas que participam. No frigir dos ovos, o que importa não é a qualidade do aprendizado, da formação dos mestrandos e doutorandos, mas sim cumprir as exigências da Capes... LEIA NA ÍNTEGRA: http://antoniozai.wordpress.com/2011/08/06/trabalho-intenso-na-pos-graduacao-servidao-voluntaria/


A Revista Espaço Acadêmico, nº 123, agosto de 2011, foi publicada. Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current


Nesta edição destacamos o DOSSIÊ HOMOFOBIA, SEXUALIDADE E DIREITO (Org.: Alexander Martins Vianna)
Agradecemos ao Prof. Alexander Martins Vianna, aos autores que contribuíram com o dossiê e aos colunistas e colaboradores.
Pedimos que, por favor, colaborem com a divulgação da revista. Enviem aos amigos, colegas e listas que participem.



Livro pioneiro do historiador Schwartz ganha nova edição
Estudo de 1973 aponta as contradições da burocracia no Brasil colonial
RONALDO VAINFAS
ESPECIAL PARA A FOLHA (6/8/2011)
"Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial" é livro datado de 1973, na versão inglesa, e traduzido para o português em 1979.
Integra a vasta obra do historiador Stuart B. Schwartz, especialista na história ibero-americana, em particular a luso-brasileira.
Entre seus livros encontram-se "Segredos Internos" (1988) -obra sobre a economia e a sociedade escravistas na Bahia colonial- e o recente "Cada um na Sua Lei" (2009), sobre a tolerância religiosa no mundo ibérico.
O livro em causa permanece incrivelmente atual após 40 anos. Diria mesmo que se rejuvenesceu, pois, nos anos 70, os estudos sobre o período colonial no Brasil privilegiavam as interpretações gerais de tipo socioeconômico.
Na vanguarda das discussões destacava-se a polêmica que opunha a teoria dos modos de produção coloniais (Ciro Cardoso, Jacob Gorender) à do antigo sistema colonial (Fernando Novais).
O foco do debate residia em definir o caráter da economia colonial escravista: se integrava um "sistema" cuja lógica era determinada pelo capitalismo comercial europeu ou se possuía uma dinâmica própria, parcialmente autônoma em relação ao exclusivo mercantil metropolitano.
Os estudos vinculados a instituições de governo eram escassos, não raro associados a uma história tradicional.

PROBLEMA INSTIGANTE
Schwartz foi ousado ao lançar seu "Burocracia e Sociedade" naquele contexto, um estudo monográfico sobre o Tribunal da Relação da Bahia -órgão máximo do aparelho judiciário colonial-entre 1609 e 1751.
Desde o início o livro teve boa recepção entre os especialistas, pois o autor imprimiu abordagem muito original ao tema.
Longe de apenas reconstituir a máquina judiciária colonial, Schwartz pôs em causa um problema instigante: o de como uma instituição régia incumbida de arbitrar as disputas e os delitos no foro judicial pôde se adaptar à sociedade colonial.
Uma sociedade baseada na escravidão e naquilo que Gilberto Freyre chamou de "privatismo senhorial", como sistema de poder, face à debilidade das instituições estatais.
O livro de Schwartz foi pioneiro no estudo de uma questão que, somente a partir dos anos 1990, passou a interessar aos pesquisadores.
Em sua tese central, o autor demonstra o "abrasileiramento da burocracia" por meio dos enlaces familiares entre os desembargadores e as elites baianas, comprovando a mescla entre o exercício da alta magistratura e os interesses privados, não obstante os conflitos de praxe.
Estudos mais recentes sobre as instituições de governo na colônia têm realçado a descentralização do poder metropolitano, inspirados no modelo de Antônio Hespanha: um Estado polissinodal vigente no próprio reino.
O livro de Schwartz não embarca nessa viagem. Ainda bem.
Aposta na centralização, embora matize essa tendência, ao reconstituir a fusão entre as elites burocráticas e coloniais -prova cabal da mistura entre o público e o privado nas raízes do Brasil.
RONALDO VAINFAS é professor de história moderna da UFF.
BUROCRACIA E SOCIEDADE NO BRASIL COLONIAL
AUTOR Stuart B. Schwartz
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Berilo Vargas
QUANTO R$ 59,50 (416 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo


De Ferro e de Flor
Nova edição das "Memórias" de Gregório Bezerra traz à tona vida assombrosa de líder comunista

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Gregório Bezerra (1900-1983) nasceu miserável no agreste pernambucano.
Foi empregado doméstico, jornaleiro, peão de obra, sargento do Exército. Alfabetizou-se aos 25 anos.
Tornou-se militante comunista. Passou ao todo 22 anos preso, em quatro ocasiões de quatro diferentes décadas.
Na cadeia, fez amizade com o cangaceiro Antonio Silvino. Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB em 1946. Organizou sindicatos de trabalhadores rurais. Morou com Luís Carlos Prestes. Foi torturado em 35 e em 64, desta feita em praça pública, aos 64 anos. Consta que nunca delatou um colega.
Um dos presos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick em 1969, viveu dez anos exilado na União Soviética, voltando ao país com a Anistia de 1979.
Ferreira Gullar fez para ele um poema, Oscar Niemeyer projetou um memorial em sua homenagem (que ainda não saiu do papel) e por estes dias até inspirou um personagem da novela "Amor e Revolução", no ar no SBT.
Antes de virar lenda, Gregório Bezerra registrou essa vida assombrosa em suas "Memórias", editadas originalmente em 1979 em dois volumes e que agora ganham reedição pela Boitempo.
O lançamento, que agrega os dois volumes num único, reúne fotografias, cronologia, índice onomástico, artigos, depoimentos e poema em cordel de Gullar, "História de um Valente" (leia a história e um trecho ao lado).
O prefácio é de Anita Leocadia Prestes, filha de Prestes com Olga Benario, que conheceu Gregório ainda menina, quando ele morou na casa da família no Rio, e mais tarde no exílio soviético.

SEM JIPE
Escrito em tom confessional, quase como um diário, o livro mais vale como documento histórico que como literatura. Vai da infância pobre até 69, quando é exilado. Começou a ser escrito na cadeia e foi concluído em Moscou, onde viveu por dez anos.
À parte as convicções profundas, revela uma admiração pelo regime soviético característica de um militante que era acolhido por ele. A obra ajuda a esclarecer o episódio da tortura em 2 de abril de 64, na alvorada da ditadura, quando Gregório foi espancado e humilhado por militares pelas ruas do bairro de Casa Forte, no Recife.
Livros e textos sobre o período dizem que o comunista foi arrastado por um jipe. Gregório não cita o veículo.
Conta que, após ter os pés mergulhados em solução de bateria e ser obrigado a caminhar sobre britas, teve três cordas amarradas ao pescoço e foi puxado como bicho enquanto um coronel incitava a população a linchá-lo.
"É exagero popular", diz sobre o jipe o cineasta Cláudio Barroso, que prepara um longa sobre Gregório. A versão também é contestada por Roberto Arrais, que foi secretário do esquerdista e escreve a orelha da nova edição.
MEMÓRIAS
AUTOR Gregório Bezerra
EDITORA Boitempo
QUANTO R$ 74 (648 págs.)
LANÇAMENTOS com debates, 1o/9 no Recife, às 18h, na Fundação Joaquim Nabuco; 13/9 no Rio, às 10h, no IFCS da UFRJ; 14/9 em São Paulo, às 18h30, na Apeoesp


Leia no Café Historia:
DOCUMENTO HISTÓRICO

Documento com mudanças a serem feitas nos referidos decretos.Clique na imagem para ver este e outros documentos em posse do Museu Imperial, em Petrópolis (RJ).

Confira: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

MURAL DO HISTORIADOR

Museu Imperial

Estão abertas até 30 de agosto as inscrições de ouvintes para o Seminário Nacional de Digitalização, Preservação e Difusão de Acervos Patrimoniais, que será promovido pelo Museu Imperial de 19 a 21 de outubro.

Saiba mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)


MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

Queremos Miles

Exposição no Rio de Janeiro mostra as diversas fases de Miles Davis, um dos maiores nomes da história do Jazz

Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

MURAL DO HISTORIADOR

Semana do Patrimônio

Acontece entre os dias 13 e 21 de agosto deste ano a Semana Fluminense do Patrimônio.O evento é organizado por diversas instituições científicas e culturais do Estado do Rio de Janeiro e tem como objetivo promover a valorização do patrimônio natural e cultural fluminense, ampliando o conhecimento da população sobre o seu patrimônio em suas diversas formas de expressão.

Chamada para Publicação

Revista Ars historica homenageia o historiador José Murilo de Carvalho com revista dedicada ao tema da "Formaçâo dos Estados Nacionais e o pensamento social na América Latina".

Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)


VÍDEO EM DESTAQUE

Entrevista com o historiador José Murilo de Carvalho

Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/jose-murilo-de


DOCUMENTO HISTÓRICO

O Instituto Moreira Salles mantém um site bastante completo sobre um dos principais fotógrafos do Brasil: Marc Ferrez.

Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

CONTEÚDO DA SEMANA

"Construindo um Império", do canal History Channel, é o conteúdo da semana.

Leia: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network



Leia no www.outraspalavras.net


"Não é crise. É que não te quero mais"
Manuel Castells diz que, diante das novas turbulências financeiras, é preciso propor grandes mudanças -- entre elas, reinvenção da democracia

Rebeldia, agora mais perto de nós
Jornalista brasileiro relata, do Chile, luta da juventude para enterrar sistema educacional de Pinochet e garantir reformas que desprivatizem universidades. Por Maurício Ayer, editor do Futepoca

Outro Israel é possível
Juventude desafia políticas de desigualdade, acampa em Telavive e promove manifestação gigante. Outras Palavas lança coluna de Sérgio Storch sobre judaísmo progressista

Sinais de um país que não morreu
Ao enfrentar políticas que tornaram país muito desigual, manifestantes em Telavive retoma sonhos de paz, democracia e igualdade. Por Amos Oz

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Articulação entre militares no poder e Fraternidade Muçulmana poderia resultar em saída conservadora, e frustrar primavera árabe. Por Robert Fisk

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