quarta-feira, 11 de maio de 2011

Numero 277




Este número está totalmente binladeano. A profusão de matérias a respeito da morte de Osama Bin Laden por nós recebida, fez com que selecionássemos algumas que consideramos mais significativas e apresentássemos os links para outras.
Tem de tudo, até as famosas teorias conspiratórias, que só se tornam possíveis, a meu ver, em razão da grotesca e holliwoodiana forma como o episódio foi apresentado ao mundo pelo governo norte-americano.
Eu sei que o assunto já está cansando, por isso optei por reunir todo o material neste número e não se fala mais do assunto.







A morte e a morte de Osama Bin Laden
texto de José de Souza Castro:
Perguntar não ofende: Osama Bin Laden morreu mesmo? Se morreu, cadê o corpo? Não é a primeira vez que os Estados Unidos matam o terrorista. Da primeira, ele morreu como rato dentro de cavernas bombardeadas no Afeganistão, alguém se lembra?
Qualquer detetive de porta de cadeia sabe que provar assassinato sem um corpo do morto é tarefa quase impossível. Juízes e júris querem saber do corpo, antes de condenar alguém.
Se Osama morreu – e nem foi assassinato, digamos – por que ocultar o corpo? O mundo não avançou muito desde que Tiradentes foi julgado, enforcado e esquartejado, para que pessoas de diferentes lugares vissem pedaços de seu corpo, numa época em que não havia jornais no Brasil e muito menos TV, para mostrar o corpo às massas. Para que, ao ver, acreditassem que ele estava morto e, com ele, queria a coroa portuguesa, os sonhos de liberdade.
O mundo não avançou muito desde que Lampião foi morto numa batalha – não sei se houve julgamento antes, alguém sabe? – e teve sua cabeça separada do corpo, para ser exposta às multidões. O governo queria que a luta desesperada dos cangaceiros tivesse um fim e nada melhor para isso do que expor a cabeça de Lampião e de Maria Bonita.
O mundo não avançou muito desde que o ideal de independência de seguidores de Osama é tratado pelas potências mundiais como mero terrorismo e se tenta silenciá-lo pelo poder das armas.
E o mundo não avançou muito, definitivamente, quando homens fortemente armados saem numa caçada para matar um homem, sem julgamento, e se oculta o corpo nas profundezas do mar.
Bem, vamos supor que Osama morreu mesmo. Mas terá morrido a causa pela qual ele lutava e que custou milhares de vidas, mundo afora? Quantas vidas mais serão necessárias, para que os poderosos do mundo comecem a pensar numa maneira de pôr fim às injustiças que fazem nascer os Tiradentes, os Lampiões e os Osamas?




A intrigante (e oportuna) morte de bin Laden
Os EUA procuram desesperadamente meios e modos para mitigar o isolamento regional de Israel, no contexto dos levantes populares no Oriente Médio.
por M K Bhadrakumar, Strategic Review
Tradução do Coletivo Vila Vudu
Considerem a ironia da coisa. Osama bin Laden foi finalmente apanhado, não em áreas selvagens e sem lei do Afeganistão, mas na aprazível cidade de Abbottabad, a menos de 50 quilômetros de distância dos quartéis militares em Rawalpindi. Desde os tempos da colonização britânica, Abbottabad é tradicionalmente cidade de alta concentração de militares aposentados. Há ali uma base da Segunda Divisão Norte do Exército do Paquistão. A casa de Bin Laden, de dois andares, com muros de mais de 3m de altura no distrito residencial de Abbottabad, a poucas centenas de metros de um quartel, tem todas as características de “casa de segurança” da inteligência do Paquistão.
Make no mistake (como gosta de dizer o presidente Obama), sobre esse caso: a operação para matar bin Laden foi operação conjunta de forças especiais do Paquistão-EUA. Não há meio concebível pelo qual os americanos conseguiriam andar naquela região do Paquistão, sem conhecimento da inteligência local (além do mais, Abbottabad é passagem da sensível “rota” até a estrada Karakoram que leva à China). Em nenhum caso os EUA teriam acesso à informação de inteligência “em tempo real” de que bin Laden estaria nos arredores de Abbottabad, sem envolvimento direto das agências paquistanesas.
Mas a grande pergunta é por que, afinal, o comando militar do Paquistão teria decidido entregar bin Laden – e a ocasião da entrega. Tudo depende da resposta que se dê a essa questão. Para responder, é preciso considerar que bin Laden sempre foi “a carta trunfo” com que contavam os militares paquistaneses, a ser jogada em momento oportuno. Falando em termos históricos, a inteligência e os militares paquistaneses sempre cuidaram de modular muito atentamente suas relações de trabalho com o Pentágono e a CIA. Muito evidentemente, os militares paquistaneses entenderam que um favor prestado ao presidente Barack Obama, nesse preciso instante, aumentaria muito as possibilidades de obter bom negócio, no “retorno”.
A opinião pública nos EUA já está definitivamente contra a guerra do Afeganistão e absolutamente insatisfeita com o modo como Obama administra o conflito. Obama carece desesperadamente de alguma história de “sucesso” no Hindu Kush. E bin Laden é questão de alto conteúdo emotivo para o público norte-americano. Daqui em diante, por algum tempo, Obama surfará gorda onda de fervor patriótico nos EUA, de onde podem advir dividendos interessantes com vistas à reeleição em 2012.
No que tenha a ver com a liderança dos militares paquistaneses, o que mais interessa nesse momento é que começa a delinear-se o fim da guerra do Afeganistão. Nunca antes o Paquistão esteve tão próximo de alcançar o seu objetivo, de conseguir “profundidade estratégica” no Afeganistão – o que tem a ver com reintegrar os Talibã à estrutura de poder em Kabul. Para conseguir isso, o consentimento dos EUA é pré-requisito vital. E, ultimamente, tem havido tensões sempre crescentes nos contatos entre militares e inteligência dos EUA e do Paquistão. O assassinato de bin Laden é como um teste limite, para que os EUA possam aferir a confiabilidade, como aliados, dos militares paquistaneses. Em resumo: serviço feito e entregue, os militares paquistaneses passam a esperar a recompensa que Obama lhes deve.
Não cabe dúvidas de que Obama terá de recompensar o risco grave que os militares paquistaneses assumiram, ao aceitar colaborar na ação para matar bin Laden. É praticamente certo que a al-Qaeda atacará com fúria o estado paquistanês, na sequência do que será definido como ato de “traição” a bin Laden cometido pelos militares paquistaneses. Outra vez, o xis da questão está em que bin Laden é questão também altamente emocional para o povo paquistanês, e as circunstâncias violentas em que foi morto podem criar situação política explosiva. Ninguém duvide que Obama terá de recompensar o Paquistão, sobretudo os militares, assegurando-lhes o apoio dos EUA, que tanto fizeram por merecer.
Os vários grupos guerrilheiros que operam nas áreas tribais da região de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, que sempre sustentaram a al-Qaeda, também buscarão vingança contra os militares paquistaneses. Claro que os militares paquistaneses, tradicionalmente cautelosos, sopesaram os prós e contras, antes de tomar decisão que, como todos sabiam, desencadearia tempestades terríveis na opinião pública local.
Mas a autoconfiança também se explica, de certo modo, dado que desde ontem ao final do dia os partidos paquistaneses do “Islã Pasand” também fazem jus às recompensas, porque são patrocinados pelo establishment militar (e altamente vulneráveis a chantagem política). Mais uma vez, e retórica à parte, as elites políticas e a aristocracia feudais paquistanesas aí estão, como sempre, mendigando qualquer apoio dos EUA, por mínimo que seja. Em nenhum caso se atreveriam a terçar lanças com os militares sobre questão de que depende a própria existência daquelas elites políticas e aristocracia feudais.
Por tudo isso, é sumamente significativo que a declaração de Obama sobre o assassinato de bin Laden tenha deliberada e declaradamente reduzido a importância da cumplicidade dos militares paquistaneses na operação das Forças Especiais. Significa que Obama vê o quanto é criticamente importante para os dois lados que se preservem relações de trabalho produtivas entre EUA e os militares paquistaneses, no difícil período que se inicia. Por isso, é importante que Washington não se ponha a dizer coisas que criem problemas locais para os militares paquistaneses ou que tornem a situação ainda mais precária para os generais em Rawalpindi.
E o que significa, para a segurança regional, essa espécie de condomínio que EUA e Paquistão começam a construir? Devem-se considerar três fatores.
Primeiro, Obama tem agora mão relativamente livre para implantar sua estratégia afegã. E EUA e Paquistão, agora, têm um ponto de contato, dado que EUA e Paquistão querem que a guerra do Afeganistão acabe imediatamente.
Mas a prioridade de Obama é deixar no Hindu Kush (região onde se cruzam fronteiras de China, Rússia e Irã) uma presença militar de EUA e OTAN, de longo prazo – prioridade que se integra nas estratégias globais dos EUA –, mas sem que soldados norte-americanos e europeus lá tenham de ficar, morrendo e inflamando a opinião pública nacional nos países ocidentais.
Por seu lado, o Paquistão deseja a reintegração dos Talibã. No pé em que estão hoje, são objetivos conciliáveis. Pode-se agora esperar que EUA e Paquistão cheguem mesmo a alcançar um modus vivendi no qual sejam atendidos e acomodados os interesses dos dois lados.
Segundo, as prioridades de política externa de Obama estão sendo dirigidas para o Oriente Médio, área pivô decisiva para as estratégias globais dos EUA para o século 21. O Paquistão pode desempenhar papel importante na defesa da segurança dos regimes “pró-ocidente” em toda a região do Golfo Persa. Já há na ativa cerca de 30 mil mercenários paquistaneses (incluído aí alto número de ex-soldados), operando hoje na segurança do ditador sitiado do Bahrain.
A situação de máxima ameaça para a estratégia regional dos EUA no Golfo Persa acontecerá se o regime na Arábia Saudita começar a ser seriamente ameaçado.
Os EUA não podem ocupar militarmente e ostensiva e diretamente a Península Arábica, onde estão Meca e Medina. Mas o Paquistão – país de sunitas, muçulmanos pios, com exército gigante e poderoso, pode.
Quer dizer, os EUA veem o Paquistão, depois de varridas de lá as preocupações com a Al-Qaeda e a guerra afegã, como eficiente “provedor” de segurança para todos os aliados dos EUA no Golfo Persa.
Desnecessário dizer que a Arábia Saudita sente-se muito aliviada com a eliminação de bin Laden nesse preciso momento crucialmente decisivo. (Fator interessante a considerar é o muito que o regime saudita pressionou a liderança militar paquistanesa para que se livrasse de bin Laden.)
Terceiro, as políticas dos EUA de intervencionismo e unilateralismo ganham importante impulso. O assassinato de bin Laden é como o acerto de contas de justificação, uma espécie de vingança, da chamada “guerra ao terror” em que embarcou George W. Bush. Sob o pretexto de combater as forças do terrorismo, os EUA puseram-se a invadir estados soberanos – Iraque e Líbia.
Agora, fosse qual fosse a oposição que a opinião pública norte-americana já farta de guerras tivesse a fazer contra o establishment em sua marcha imperial, acabará dissipada no novo clima de patriotismo fanático que embriaga os EUA [e embriaga também todos os jornalistas e comentaristas brasileiros da Rede Globo, mais ‘nacionalistas patrióticos’ e fanáticos a favor dos EUA, do que qualquer Sarah Pallin! [risos, risos] (NTs)].
À medida em que a crise econômica agrava-se e aprofunda-se no mundo capitalista, sempre lá estará, ativada, a possibilidade de inventarem-se guerras em países periféricos. A história moderna está cheia de exemplos. A opinião da direita nos EUA ganhará espaço, no clima de guerra; e ela sabe, como ninguém, exigir intervenções militares cada vez mais robustas.
Para dizê-lo em poucas palavras, a probabilidade de ocupação prolongada no Afeganistão e no Iraque, e de erupção de conflito militar com o Irã, aí estão e são grandes.
Os EUA procuram desesperadamente meios e modos para mitigar o isolamento regional de Israel, no contexto de levantes populares no Oriente Médio. O processo de paz no Oriente Médio está num beco sem saída. Simultaneamente, a chamada “Primavera Árabe” ameaça semear em vários pontos revoluções semelhantes à egípcia, onde o regime sucessor, atento à opinião pública, já trabalha consistentemente de costas para as políticas pró-EUA e pró-Israel que fizeram a fortuna de Hosni Mubarak.
Pelos mesmos motivos, os governos da Síria e do Irã passarão a enfrentar descomunal pressão, pelos EUA, nos próximos meses.
Interessa às políticas regionais dos EUA no Oriente Médio muçulmano forçar a polarização entre grupos sectários – pintando os conflitos como se algum “salafismo” estivesse sendo atacado por algum “xiismo” ressurgente. É truque garantido para desviar a atenção dos processos históricos que, sim, ameaçam a sobrevivência dos regimes pró-EUA na região. Já se veem os primeiros sinais do “revide contrarrevolucionário”. O assassinato de bin Laden, nessa conjuntura crucial, livra os EUA do peso da guerra afegã e prepara o cenário para a nova guerra da hora, no processo para inventar um “novo Oriente Médio”. O assassinato de bin Laden não poderia ter sido planejado para ocorrer em momento mais oportuno.



BIN LADEN MORTO
Perigos da história instantânea
Por Alberto Dines em 10/5/2011 (do Observatorio da Imprensa)

Milagros Pérez Oliva, a "Defensora del Lector" do El País, chama a atenção na análise do último domingo para o que o jornalista italiano Furio Colombo classificou como "noticia-acatamento" ‒ uma informação tão entranhada com a fonte que o jornalista corre o perigo de converter-se em propagandista da versão oficial.
Exatamente isto ocorreu no final da noite de 1º de maio depois do solene anúncio do presidente Obama sobre a eliminação do terrorista-mor e Inimigo Público Nº 1 dos EUA. Passados 10 dias, o quadro permanece inalterado: só há uma fonte – o governo americano – e, apesar das sucessivas correções em seus próprios comunicados, não apareceu um polo alternativo fidedigno. Nem mesmo o Paquistão – tão perto e tão distante ‒ conseguiu ocupar essa posição, tamanha é a suspeição que envolve o seu governo e seu controverso serviço de inteligência (o ISI), mais absorvido pelo formidável crescimento da arquirrival Índia do que com seus compromissos no bloco antiterrorista.
A dependência informativa da mídia americana é igual, mas seus maiores veículos dispõem de profissionais com décadas de experiência em coberturas internacionais, comentaristas oriundos da área acadêmica, de segurança, ou de ambas. Apoiado nesse suporte analítico, oferece ao leitor denso material de apoio, que, evidentemente, não substitui o noticiário "quente", mas o antecede satisfatoriamente.
Exemplo: na manhã desta segunda, 9/5, o blog restrito da New York Review of Books oferecia farto background sobre os últimos anos de bin Laden, as mudanças que ocorrem na al-Qaida e o contencioso EUA-Paquistão. Não poderia ser classificado como noticioso, mas funcionava como antecipação para um noticiário que estouraria a qualquer momento. Estourou poucas horas depois, no início da noite, ao revelar-se novo atrito entre o ISI e a CIA.
Lobby midiático da direita
Outra fonte capaz de neutralizar a postura passiva ou a "notícia-acatamento" mencionada pela Ouvidora do El País é a análise do comportamento da mídia, o já mencionado "meta-jornalismo".
Mesmo que a Casa Branca tenha trancado a liberação de novos fatos relacionados com a execução de Bin Laden, é possível produzir novas percepções a partir do comportamento da mídia americana (ou em países onde é diversificada).
Assim é que as primeiras exigências para a publicação das fotos do cadáver de Bin Laden partiram do poderoso lobby midiático da direita dos EUA, assustado com a perspectiva da reeleição de Barack Obama. Imaginava tratar-se de uma jogada de marketing político para reverter os baixos índices de popularidade do atual ocupante da Casa Branca. Os ferozes reacionários norte-americanos sequer permitiram-se gozar o alívio de saber que Bin Laden estava no fundo do mar – queriam antes de tudo tirar o "socialista" da Casa Branca.
Uma análise do comportamento da mídia brasileira – cujo grau de diversificação política é tênue ‒ revela que as vozes mais veementes na crítica ao viés estatizante de Obama, por casualidade, foram as mais empenhadas em questioná-lo a respeito do ocorrido em Abbotabad.
Para entender o Oriente (Próximo, Médio ou Extremo) faz-se necessária uma sutileza e uma paciência que a nossa esbaforida mídia não tem condições de exercitar. A compulsão para produzir veredictos imediatos, a obsessão palpiteira e a crença de que basta uma declaração de qualquer guru para encerrar qualquer controvérsia achatam nosso noticiário internacional e, por extensão, os paradigmas que serviriam às demais editorias.
O século XX acabou em 11 de Setembro de 2001. O desfecho da caçada ao responsável pelo que aconteceu naquele dia precisa de mais perspectiva para ser devidamente avaliado. A História instantânea é uma História incompleta.



Até a Folha de São Paulo publicou opiniões que divergem daquela transmitida pelo governo norte-americano:
RICARDO MELO
Licença para matar

SÃO PAULO - Não será do dia para a noite que se terá acesso ao que realmente ocorreu no esconderijo do terrorista Osama bin Laden. Mas até a imprensa americana, que desde a Guerra do Golfo trocou o jornalismo pela "embedagem" ao governo, desconfiou do anúncio hollywoodiano da Casa Branca, versão democrata das "armas de destruição em massa" da era Bush.
Os lances épicos da violenta troca de tiros, da mulher usada como escudo, da resistência feroz deram lugar a um enredo bem mais prosaico. Provavelmente houve uma execução, e ponto. Tal descrição não comporta nenhum juízo de valor.
Bin Laden e quem se engaja no terrorismo e no fanatismo religioso têm consciência que o risco de morrer faz parte do (mau) negócio. O prontuário de crimes do chefe da Al Qaeda apontava para este final.
Mas incomoda, para dizer o menos, aceitar como natural a baboseira de Obama e dos europeus, para os quais a "justiça foi feita".
Como assim? Os EUA invadem um país, fuzilam um inimigo sem julgamento, jogam o corpo do sujeito no mar e estamos conversados. Tudo isso depois de se valerem de "técnicas coercitivas de interrogatório", eufemismo para tortura com afogamentos. E ainda vem a ONU, candidamente, dizer que "é preciso investigar" se o direito internacional foi desrespeitado.
A lógica política da operação Geronimo é a mesma que preside a intervenção seletiva nos conflitos na África e no Oriente Médio. Gaddafi, o ex-amigo, agora é inimigo, então chumbo nele e na família. Já na Síria não é bem assim, tampouco no Iêmen e na Arábia Saudita - azar de quem nasceu rebelde por ali. Mais uma vez, os EUA tratam o planeta como quintal, e usam a ONU de plateia para as "rambolices".
Que Obama, um político comum, comemore o ganho de popularidade às vésperas da batalha pela reeleição, é compreensível. Já o resto do mundo dito civilizado assistir a tudo com tamanha complacência apenas sinaliza o que está por vir.
(Folha de São Paulo, 05 de maio de 2011)


No Blog do Mello:


Diretor da CIA nega que Barack Obama tenha assistido ao vivo à operação que teria resultado na morte de Bin Laden
Posted: 05 May 2011 06:27 AM PDT
Como diz a Bíblia, a cada dia sua agonia. Só no Jornal Nacional a operação dos Estados Unidos que teria resultado na morte de Osama Bin Laden foi um sucesso total, cercada de planejamento, estratégia e realização perfeitos. Mas, o que esperar de um departamento de jornalismo dirigido por alguém que acha que não há racismo no Brasil e que em seu livro sobre o Islã parece endossar a tese de que os Estados Unidos invadiram o Iraque porque acreditavam realmente que aquele país estava desenvolvendo armas químicas...
O novo desmentido, ou a nova versão a contradizer uma anterior do governo estadunidense, vem do diretor da CIA, Leon Panetta. Segundo ele, seria impossível assistir à ação porque houve um blecaute que durou de 20 a 25 minutos.
Panetta também disse que não procede a informação de que a ordem para executar Bin Laden teria partido do presidente Obama. Quem tomou a decisão foi o comando que invadiu a casa onde estaria o terrorista da Al Qaeda.
[Fonte: The Telegraph]



Também do Blog do Mello:
As sete perguntas que o cineasta Michael Moore enviou a George W.Bush, sem receber resposta:


CARA, PRA ONDE FOI O MEU PAÍS?

Eu tenho sete perguntas para você, Sr. Bush. Eu as proponho em nome das 3 mil pessoas que morreram naquele dia de setembro e pergunto em nome do povo norte-americano. Nós não queremos vingança contra você. Só queremos saber o que aconteceu e o que pode ser feito para levar os assassinos à justiça, para que possamos prevenir ataques futuros aos nossos cidadãos.

1. É verdade que os Bin Laden mantiveram relações comerciais com você e sua família de quando em quando nos últimos 25 anos?
A maioria dos norte-americanos pode ficar surpresa em descobrir que você e seu pai conhecem os Bin Laden há muito tempo. Qual é, exatamente, a extensão deste relacionamento, Sr. Bush? Vocês são amigos chegados, ou apenas sócios de vez em quando? Salem Bin Laden - irmão de Osama - veio pela primeira vez ao Texas em 1973 e depois comprou algumas terras, construiu uma casa e criou a Bin Laden Aviation no aeroporto de San Antonio.
Os Bin Laden são uma das famílias mais ricas da Arábia Saudita. Sua enorme empreiteira praticamente construiu o país, das estradas às usinas elétricas, dos arranha-céus aos prédios governamentais. Eles construíram algumas das pistas de pouso que os EUA utilizaram na guerra do Golfo de seu pai. Superbilionários, eles logo começaram a investir em outros negócios ao redor do mundo, incluindo os EUA. Eles têm grandes operações comerciais com o Citigroup, General Electric, Merrill Lynch, Goldman Sachs e Fremont Group.
De acordo com a revista New Yorker, a família Bin Laden também é proprietária de parte da Microsoft e da Boeing, gigante em aviação e defesa. Eles doaram US$ 2 milhões à sua alma mater, a Universidade de Harvard, e dezenas de milhares de dólares ao Conselho de Políticas para o Oriente Médio [Middle East Policy Council], think-tank dirigido por um ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita, Charles Freeman. Além da propriedade do Texas, eles também possuem imóveis na Flórida e em Massachusetts. Resumindo, eles estão enfiados até o nariz nos EUA.
Infelizmente, como você sabe, Sr. Bush, Salem Bin Laden morreu em um desastre aéreo no Texas em 1988. Os irmãos de Salem - há cerca de 50 deles, incluindo Osama - continuaram dirigindo as companhias e investimentos da família.
Depois de deixar a Casa Branca, seu pai se tornou um bem-pago consultor de uma companhia conhecida como Carlyle Group - uma das maiores empreiteiras militares no país. Um dos cotistas do Carlyle Group - com ao menos US$ 2 milhões - é ninguém menos que a família Bin Laden. Até 1994, você dirigiu uma companhia chamada CaterAir, propriedade do Carlyle Group.
Depois do 11 de Setembro, o Washington Post e o Wall Street Journal publicaram notícias apontando esta conexão. Sua primeira resposta, Sr. Bush, foi ignorá-las. Então seu exército de sábios entrou em ação. Eles disseram que não podíamos enquadrar estes Bin Laden com a mesma lente que usamos para Osama. Afinal, eles deserdaram Osama! Não têm nada a ver com ele! Estes são bons Bin Laden.
Aí apareceu a fita de vídeo. Ela mostrava alguns destes "bons" Bin Laden - incluindo a mãe de Osama, uma irmã e dois irmãos - com Osama, no casamento de seu filho, apenas seis meses e meio antes do 11 de Setembro. Não era segredo para a CIA que Osama Bin Laden tinha acesso à fortuna da família [sua parte é estimada em pelo menos US$ 30 milhões] e que os Bin Laden, assim como outros sauditas, mantinham bem patrocinados Osama e seu grupo, a Al-Qaeda.
Você ganhou um salvo-conduto da mídia, muito embora eles saibam que tudo o que acabo de escrever é verdade. Eles parecem desmotivados ou com medo de fazer uma simples pergunta a você, Sr. Bush: O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
No caso de você não compreender o quão bizarro é o silêncio da mídia em relação às conexões Bush-Bin Laden, deixe-me fazer uma analogia com a maneira como a imprensa ou o Congresso teriam lidado com algo assim, se Clinton estivesse na mesma situação. Se, depois do ataque terrorista ao prédio federal em Oklahoma, fosse revelado que o presidente Bill Clinton e sua família tinham acordos financeiros com a família de Timothy McVeigh, o que você acha que o Partido Republicano e a mídia teriam feito?
Você acha que ao menos algumas perguntas seriam feitas, como, por exemplo, "Que merda é essa?". Seja honesto, você sabe a resposta. Eles teriam feito muito mais do que algumas perguntas. Teriam esfolado Clinton vivo e jogado sua carcaça na Baía de Guantánamo.
2. Como é o "relacionamento especial" entre os Bush e a família real saudita?
Sr. Bush, os Bin Laden não são os únicos sauditas com quem você e sua família têm uma forte relação pessoal. Toda a família real saudita parece em dívida com você - ou seria o contrário?
O fornecedor número um de petróleo para os EUA é a Arábia Saudita, proprietária das maiores reservas conhecidas de petróleo no mundo. Quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait em 1990, foram na verdade os vizinhos sauditas que se sentiram ameaçados e seu pai, George Bush I, que veio em seu socorro. Os sauditas nunca esqueceram disso. Haifa, esposa do príncipe Bandar, embaixador saudita nos EUA, diz que sua mãe e seu pai "são como minha mãe e meu pai. Eu sei que se um dia precisar de qualquer coisa eu posso apelar para eles".
Um bom pedaço da economia norte-americana foi construído sobre dinheiro saudita. Eles têm um US$ 1 trilhão investidos em nosso mercado de ações e outro trilhão em nossos bancos. Se eles decidissem remover este dinheiro de repente, nossas corporações e instituições financeiras entrariam em parafuso, causando uma crise econômica de magnitude jamais vista. Junte-se a isso o fato de que os 1,5 milhões de barris de petróleo saudita de que precisamos diariamente podem sumir por mero capricho real e percebemos que não apenas você, mas todos nós, somos dependentes da Casa de Saud. George, isso é bom para a segurança nacional, a segurança de nossa pátria? É bom para quem? Você? Papai?
Depois de se reunir com o príncipe saudita em abril de 2002, você nos contou entusiasmado que vocês dois haviam "estabelecido um forte laço pessoal" e que vocês "passaram um tempão sozinhos". Você estava tentando nos acalmar? Ou apenas alardeando sua amizade com um grupo de governantes que rivalizam com o Talibã na supressão de Direitos Humanos? Por que a dupla afirmativa?
3. Quem atacou os EUA no 11 de Setembro - um sujeito em diálise numa caverna no Afeganistão, ou sua amiga, a Arábia Saudita?
Desculpe-me, Sr. Bush, mas uma coisa não faz sentido.
Você conseguiu fazer todos nós entoarmos o mantra de que Osama Bin Laden foi o responsável pelo ataque aos Estados Unidos em 11 de Setembro. Até eu estava fazendo isso. Mas então eu comecei a escutar histórias esquisitas sobre os rins de Osama. De repente, não sei em quem ou no quê acreditar. Como pode um cara sentado numa caverna no Afeganistão, conectado a uma máquina de diálise, dirigir e supervisionar as atividades de 19 terroristas por dois anos nos EUA, planejar tão perfeitamente o seqüestro de quatro aviões e ainda por cima garantir que três deles atingissem exatamente os seus alvos? Como ele organizou, comunicou-se, controlou e supervisionou um ataque como este? Com duas latinhas ligadas por um barbante?
As manchetes o anunciaram no primeiro dia e continuam a anunciá-lo da mesma maneira dois anos depois. "Terroristas atacam os Estados Unidos". Terroristas. Estive pensando nesta palavra por algum tempo, então, George, deixe-me lhe fazer uma pergunta: se 15 dos 19 seqüestradores fossem norte-coreanos, em vez de sauditas, e tivessem matado 3 mil pessoas, você acha que a manchete do dia seguinte seria "CORÉIA DO NORTE ATACA OS ESTADOS UNIDOS"? Claro que seria. Ou se tivessem sido 15 iranianos ou 15 líbios ou 15 cubanos, creio que o senso-comum ditaria a manchete "IRÃ [ou LÍBIA, ou CUBA] ATACA A AMÉRICA!" Porém, no caso do 11 de Setembro, você já ouviu algum apresentador, algum dos seus designados jamais proferiu estas palavras: "Arábia Saudita atacou os Estados Unidos" ?
Claro que não. Assim, a pergunta precisa - precisa - ser feita: por que não? Por que, quando o Congresso publicou sua própria investigação a respeito do 11 de Setembro, você, Sr. Bush, censurou 28 páginas relativas ao papel dos sauditas no ataque?
Eu gostaria de lançar uma hipótese aqui: e se o 11 de Setembro não foi um ataque "terrorista", mas um ataque militar contra os Estados Unidos? George, aparentemente você já foi piloto uma vez - o quanto é difícil acertar um prédio de cinco andares a mais de 800 quilômetros por hora? O Pentágono só tem cinco andares. A 800 quilômetros por hora, se os pilotos se desviassem um fiozinho de cabelo, cairiam dentro do rio. Você não ganha toda esta habilidade aprendendo a voar jumbos num vídeo-game em alguma escola de quinta categoria no Arizona. Você aprende isso na Força Aérea. Na Força Aérea de alguém.
A Força Aérea saudita?
E se eles não fossem uns terroristas doidões, mas pilotos militares que se voluntariaram para uma missão suicida? E se fizeram isso sob os auspícios do governo saudita ou de certos membros descontentes da família real saudita? A Casa de Saud, de acordo com o livro de Robert Baer, Sleeping With The Devil, está cheia deles. Então, algumas facções dentro da família real saudita executaram o ataque de 11 de Setembro? Estes pilotos foram treinados pelos sauditas? Por que você está tão ocupado protegendo os sauditas, quando deveria estar nos protegendo?
4. Por que você permitiu que um jato particular saudita voasse pelos EUA nos dias após o 11 de Setembro, recolhesse membros da família Bin Laden e os retirasse do país sem uma investigação decente do FBI?
Jatos particulares, sob supervisão do governo saudita - e com sua aprovação - tiveram permissão para voar pelos céus da América, quando viajar por via aérea estava proibido, recolher 24 membros da família Bin Laden e levá-los a um "ponto de encontro secreto no Texas". Eles então voaram para Washington e daí para Boston. Finalmente, em 18 de setembro, todos eles voaram para Paris, fora do alcance de agentes norte-americanos. Eles nunca passaram por nenhum interrogatório sério. Isto é extremamente bizarro. Seria possível que ao menos um dos 24 Bin Laden hipoteticamente soubesse de alguma coisa?
Enquanto milhares de pessoas estavam ilhadas e não podiam voar, se você pudesse provar que era num parente próximo do maior genocida na história dos EUA, ganhava uma viagem grátis para a louca Paris!
Por que, Sr. Bush, foi permitido que isto acontecesse?
5. Por que você protege os direitos garantidos pela Segunda Emenda a possíveis terroristas?
Sr. Bush, nos dias seguintes ao 11 de Setembro, o FBI começou uma investigação para ver se alguns dos 186 "suspeitos" que os federais prenderam nos primeiros cinco dias depois do ataque haviam comprado armas nos meses anteriores ao 11 de Setembro [dois haviam]. Quando seu procurador-geral, John Aschcroft, ouviu sobre isso, ele imediatamente cancelou a busca. Ele disse ao FBI que as fichas não poderiam ser usadas para uma pesquisa como esta e que estes arquivos só poderiam ser usados na hora da compra de uma arma.
Sr. Bush, você só pode estar brincando! A sua administração é mesmo tão louca por armas e tão comprometida com a Associação Nacional de Armas [National Rifle Association]? Eu realmente adoro a maneira como você arrebanhou centenas de pessoas, catando-as nas ruas sem aviso, atirando-as em prisões, sem contato com advogados ou família e então enviou a maioria para fora do país por meras violações da Lei de Imigração.
Você pode abolir seu direito de proteção contra busca e apreensão ilegal garantido pela Quarta Emenda, o direito a um julgamento aberto e tendo seus pares como júri e o direito de aconselhamento, garantido a eles pela Sexta Emenda, ou o direito à liberdade de expressão, reunião, dissensão e de praticar sua religião garantida pela Primeira Emenda. Você acredita que tem o direito de acabar com todos estes direitos, mas quando chega ao direito de possuir um AK-47, garantido pela Segunda Emenda, - Oh, não! Isso eles podem ter! - e você defende seu direito de tê-lo.
Quem, Sr. Bush, está realmente ajudando os terroristas aqui?
6. Você sabia que, enquanto você era governador, o Talibã viajou para o Texas, para se encontrar com seus amigos das companhias de gás e petróleo?
De acordo com a BBC, o Talibã veio ao Texas enquanto você era governador, para se reunir com a Unocal, a enorme empresa de petróleo e energia, e discutir o projeto da companhia de construir uma tubulação de gás natural que iria do Turcomenistão até o Paquistão, passando pelas áreas controladas pelo Talibã no Afeganistão.
Sr. Bush, o que é isso?
A frase "Houston, temos um problema" aparentemente nunca passou por sua cabeça, mesmo que o Talibã fosse o regime fundamentalista mais repressor do planeta. Que papel exatamente você desempenhou nos encontros da Unocal com o Talibã?
De acordo com vários relatos, representantes de sua administração se encontraram com o Talibã ou levaram mensagens para eles durante o verão de 2001. Que mensagens eram estas, Sr. Bush? Você estava discutindo a oferta deles de entregar Bin Laden? Você os estava ameaçando com o uso da força? Você estava falando com eles sobre um gasoduto?
7. O que significava exatamente a expressão em seu rosto naquela sala de aula da Flórida na manhã do 11 de Setembro, quando seu assessor lhe disse "a América está sob ataque"?
Na manhã de 11 de Setembro, você deu uma corridinha em um campo de golfe e então se dirigiu à escola primária Booker, na Flórida, para ler para as criancinhas. Você chegou à escola depois de o primeiro avião bater na torre norte em Nova York. Você entrou na sala de aula por volta das 9h e o segundo avião atingiu a torre sul às 9h03. Apenas alguns minutos depois, enquanto você estava na frente dos alunos, seu assessor-chefe, Andrew Card, entrou na sala e sussurrou em seu ouvido. Card estava aparentemente contando a você sobre o segundo avião e sobre nós estarmos "sob ataque".
E foi este o exato momento em que seu olhar ficou distante e vidrado, não ainda uma expressão inerte, mas parcialmente paralisada. Nenhuma emoção foi exibida. E então... você apenas ficou lá sentado. Você ficou lá sentado por mais sete minutos ou algo assim sem fazer nada.
George, no que você estava pensando? O que significava aquela expressão?
Você estava pensando que deveria ter levado mais a sério os relatórios enviados pela CIA no mês anterior? Haviam lhe dito que a Al-Qaeda planejava ataques contra os Estados Unidos e que possivelmente seriam utilizados aviões.
Ou você estava cagado de medo?
Ou talvez você estivesse apenas pensando "Eu não queria este cargo! Este trabalho devia ser do Jeb; ele era o escolhido! Por que eu, papai?"
Ou... talvez, apenas talvez, você estivesse pensando nos seus amigos sauditas, lá sentado naquela cadeira na sala de aula - tanto na família real quanto nos Bin Laden. Pessoas que você conhecia muito bem e que poderiam estar pensando em fazer bobagens. Será que surgiriam perguntas? Emergiriam suspeitas? Os democratas teriam a coragem de levantar o passado de sua família com essas pessoas [não, não se preocupe, sem chance!]? A verdade viria à tona algum dia?
E já que estamos aqui...
Cuidado - multimilionários à solta
Eu sempre achei interessante que o assassinato em massa do 11 de Setembro tenha sido cometido por um multimilionário. Nós sempre dizemos que foi obra de um "terrorista", ou um de "fundamentalista islâmico" ou de um "árabe", mas nunca definimos Osama por seu título de direito: multimilionário. Por que nunca lemos uma manchete dizendo "3 mil mortos por multimilionário"? Seria uma manchete correta, não seria?
Osama Bin Laden tem ativos totalizando ao menos US$ 30 milhões; ele é um multimilionário. Então por que não o vemos desta maneira, como um rico pirado que mata pessoas? Por que este não se tornou um critério para a investigação de terroristas em potencial? Em vez de prender árabes suspeitos, por que não dizemos "oh meu Deus, um multimilionário matou 3 mil pessoas! Prendam os multimilionários! Atirem-nos na cadeia! Sem acusações! Sem julgamentos! Deportem os milionários!"
Entregando a chave de Detroit para Saddam
Em Las Vegas, um veículo blindado foi usado para esmagar iogurte francês, pão francês, garrafas de vinho francês, Perrier, vodca Grey Goose, fotos de Chirac, um guia de Paris e, melhor de tudo, fotocópias da bandeira francesa. A França era o país perfeito para implicar. Se você é uma companhia de televisão a cabo, por que gastar tempo de reportagem precioso em investigações sobre se o Iraque realmente tem armas de destruição em massa, se você pode fazer uma matéria a respeito do quanto os franceses são podres?
A Fox News saiu na frente na missão de ligar Chirac a Saddam Hussein, mostrando vídeos antigos dos dois juntos. Não importava que a reunião tivesse ocorrido nos anos 70. Mas a mídia não se incomodou em veicular o vídeo de quando Saddam foi presenteado com uma chave da cidade de Detroit, ou então o filme do início dos anos 80 com Donald Rumsfeld visitando Saddam em Bagdá, para discutir o progresso da guerra Irã-Iraque. O vídeo de Rumsfeld abraçando Saddam aparentemente não servia para ser veiculado continuamente. Ou mesmo uma só vez. Ok, talvez uma vez. No show da Oprah.
Michael Moore
THE GUARDIAN – 6 de outubro de 2003
Trecho do novo livro do documentarista Michael Moore, Dude, Where's My Country?
Tradução por Marcelo Träsel


"Entreguem o matador"
Pepe Escobar
5/5/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
Show the shooter
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreguem os SEALs [1] heróis que mandaram duas balas em Osama bin Laden – duas balas na cabeça, para garantir o serviço –, depois de uma “troca de tiros” da qual não há virtualmente sinal algum na esquálida “mansão” em Abbottabad.
Exibam o maior herói da história moderna, o homem que matou o inimigo público n.1 dos EUA, o mais cruel terrorista da história do universo, o “cérebro” que concebeu o mais espetacular ataque de todos os tempos contra os EUA.
Desfilem o homem pelo Marco Zero e pelo centro de Manhattan, deem-lhe uma tira de medalhas Purple Hearts e corações de todas as cores do arco-íris, deem-lhe sociedade no Goldman Sachs, mostrem o homem no programa da Oprah, de Rush e Anderson Cooper, introduzam-no ao Hall da Fama do Rock'n Roll.
Se você é Republicano, lance o homem candidato a presidente; diferente de Donald (aquele que carrega uma raposa no cocuruto) Trump ou de Sarah (“Da minha varanda vejo o Paquistão”) Palin, o SEAL herói, ele sim, reduziria o presidente Barack Obama a dano colateral. Ou, no mínimo, coroem o cara secretário de defesa – supremo propagandista de “assassinatos seletivos” como instrumento insubstituível de diplomacia.
Segunda tomada
Volte a fita para a cena de suspense-novelão em toda sua glória de Alta Definição – transmitida ao vivo para a Sala de Situação em Washington.
O herói, blindado dos pés à cabeça, ereto, face a face com o verdadeiro Osama bin Laden desarmado, arrancado da cama, encurralado num cubículo. Não há fuga possível: toda casa está cercada, hiper cercada, blindada. Por esse momento, os EUA sonham desde 11 de setembro de 2001.
Cem, mil vezes, a cena foi ensaiada, durante a perpétua “guerra ao terror”. O procedimento: imobilizar o suspeito, meter-lhe a cabeça num saco, arrastá-lo para um helicóptero (havia três do lado de fora; o quarto já se espatifara), dali diretamente para uma base militar, e da base, em macacão cor-de-laranja, direto para Guantánamo.
Agora o herói encara o homem que criou, que inventou, que pariu a “guerra ao terror”. E o que faz o herói? Nenhum tiro em braço, perna, joelho. Nem granada de gás paralisante jogada com técnica. Nada de “entrega extraordinária” de prisioneiro – e para que serve tudo isso, se nada disso se usou para “conter” o inimigo público n.1?
O herói, pá-pá, manda dois tiros no fugitivo – codinome “Gerônimo” (herói de uma tribo dos EUA que desafiou o império inglês; e mais uma vez humilharam e degradaram os indígenas nativos dos EUA). Assim terminou a maior, mais cara, mais longa caçada humana que o mundo jamais viu: não num big bang, mas em dois balaços. Os bons reconhecem os maus pelo fedor. Dirty Harry fareja os punks.
E assim, ninguém jamais saberá coisa alguma. Como “Geronimo” foi patrimônio ativo da CIA – e como essa “amizade” progrediu ao longo dos anos 1980s. Como o homem escapou de Tora Bora – ou como o Pentágono o deixou escapar. Como viveu no Paquistão todos esses anos, sem jamais ser perturbado. Porque “nos odiou” tanto.
Mas o que ninguém jamais saberá é como aquele “cérebro” concebeu o 11/9. Que ramo – ou ramos, ou indivíduos – da rede de inteligência dos EUA sabia de tudo desde antes e deixou que acontecesse. Como aconteceu de um grupinho de árabes com canivetes e habilidade menos que zero para voar jatos não só os voaram como os converteram em mísseis e destruíram as Torres Gêmeas (mais o prédio 7) e uma fatia gorda do prédio do Pentágono?
Quem, no planeta, se atreveria a desgrudar da televisão, meses a fio, no mais impressionante julgamento de todos os tempos?
Há razões para desconfiar que as entidades – o sistema – que montaram a cena-golpe-detonação não gostariam muito, se acontecesse o que teria de acontecer e aconteceria, se Osama bin Laden fosse julgado. Então... o veredito é “culpado”, nos termos da acusação (que não houve). E execute-se o homem, duas balas na cabeça. Nunca foi mais fácil naufragar num lodaçal e chamar o naufrágio de “justiça”.
Quanto ao resto de nós, fomos deixados, para sempre, no escuro.
Nota de tradução
[1] Soldados de equipes especiais da Marinha dos EUA; é a sigla, em inglês, de “Sea, Air and Land”.


Alguns links mais para quem tiver paciência:

Leia no Blog do Mello: http://blogdomello.blogspot.com/



Objetivo de Obama nunca foi prender Bin Laden. Matá-lo era compromisso de campanha. Confira
Ao lançar o corpo de Bin Laden ao mar Estados Unidos tornaram impossível saber quando ele morreu
Osama Bin Laden morreu em dezembro de 2001 de infecção pulmonar, segundo a Fox News
Osama Bin Laden 'vivo' sustentou Bush no poder. 'Morto agora' pode reeleger Obama. Mas, e se ele já estivesse morto?
Estados Unidos devem ao mundo prova da morte de Osama Bin Laden
‘EUA financiaram Bin Laden e a criação da Al Qaeda’ - Len Downie, editor executivo do Washington Post
Imagem de Bin Laden morto mostrada pela Globonews é falsa e já está na rede desde 2010
Para quem aguarda imagens de Bin Laden morto como prova: CIA já 'filmou' Saddan gay e Bin Laden enchendo a cara.


Bin Laden está morto já faz tempo
Leia em: http://www.inacreditavel.com.br/novo/mostrar_artigo.asp?id=517


leia no www.outraspalavras.net


Como os Estados Unidos criaram Bin Laden
A história quase secreta da aliança entre Washington e o homem que ordenaria os ataques de 11 de setembro. Por Antonio Martins
Robert Fisk: "morte do ícone da Al Qaeda é irrelevante"
Para o jornalista, o que importa hoje, no mundo árabe, são os levantes populares laicos contra os ditadores

Morte de Bin Laden abre acalorado debate no Paquistão
No Paquistão, abriu-se um acalorado debate e seu establishment político-militar pode ser condenado por uma razão ou outra. Se admitem que sabiam da operação dos EUA, se arriscam à condenação em suas próprias fileiras. Há um grande dissenso entre os jovens oficiais e soldados, descontentes com as missões nas fronteiras, onde são obrigados a tomar como alvos seu próprio povo. Artigo de Tariq Ali.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17770&boletim_id=905&componente_id=14684




A execução de Bin Laden: uma vitória de Pirro
A “guerra contra o terror” não possui um inimigo homogêneo representado na figura de Bin Laden como quer fazer-nos acreditar os EUA. Existem diversos grupos que, por compartilharem alguns interesses comuns, estabeleceram alianças estratégicas. Como muitos já alertaram, não é possível carimbar como terror islâmico tudo aquilo que contesta a ocupação militar dos EUA naquela região. Quem será o próximo monstro a ser executado em nome da humanidade? O artigo é de Reginaldo Nasser e Marina Mattar Nasser.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17759&boletim_id=903&componente_id=14651




Última aventura do Super Homem
Para entender por que agora, justamente agora, nesta data entre todas as outras possíveis, decidiu-se realizar o “justiçamento” de Bin Laden, talvez seja necessário vincular sua morte repentina e desejada com dois acontecimentos aparentemente desconectados que surgiram na semana passada: o anúncio do Super Homem (na sua história n° 900) de que pensava ir às Nações Unidas para renunciar à cidadania norteamericana, e a divulgação pelo presidente Barack Obama da certidão de nascimento que comprova sua nacionalidade estadunidense. Terá sido uma suprema coincidência?
O artigo é de Ariel Dorfman.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17758&boletim_id=903&componente_id=14652




E para os que apreciam as teorias da conspiração, nada melhor que rever estes vídeos, que objetivam desacreditar a versão oficial do que teria ocorrido no 11 de setembro.
http://youtu.be/PSOEpqYttB8


http://youtu.be/HBD3SZqEHGY


http://youtu.be/rogqXMauBGM


http://youtu.be/g1t2LfHOm4g


http://youtu.be/MLeRYkbPtFA




Bin Laden está morto. Missão cumprida?
Antonio Luiz M. C. Costa
http://www.cartacapital.com.br/internacional/bin-laden-esta-morto-missao-cumprida



Bin Laden foi assassinado depois de captura, afirma filha do terrorista
Redação Carta Capital
http://www.cartacapital.com.br/internacional/bin-laden-foi-assassinado-depois-de-captura-segundo-filha-do-terrorista




Paquistão diz ter avisado EUA sobre Bin Laden e desmonta versão da CIA
http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/05/03/paquistao-diz-ter-avisado-eua-sobre-bin-laden-e-desmonta-versao-da-cia/




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