Como não podia deixar de ser, o assunto principal deste número é o fato terrível que aconteceu semana passada na escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Trouxemos, para reflexão de nossos leitores, alguns artigos que fogem totalmente ao sensacionalismo barato a que ficamos expostos pela televisão.
São artigos que nos fazem pensar, nos levam a tentar enxergar além do evento.
Tragédia de Realengo no Rio de Janeiro
A propósito do massacre na escola de Realengo no Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 2011. Transcrevemos o capítulo 6.2 do livro Violência no mundo, ontem e hoje: uma visão interdisciplinar, de Antonio de Paiva Moura. Belo Horizonte: Editora Fundac-bh, 2009.
Atos amoucos e assemelhados
Fora das favelas, no mundo globalizado e na democracia liberal criou-se o tipo jovem de classe média que atua sobre um tipo de exclusão social. Trata-se da falta de oportunidade de exercer papéis relevantes. A exclusão de exercer papéis relevantes na vida leva os indivíduos à autoperdição, no dizer de Hannah Arendt. Analisando os constantes massacres nas escolas dos EUA e da Europa, Kurz (2002) os denomina de atos amoucos .
A primeira constatação é a de que esses massacres têm lugar, desde os anos 90, em uma sequência cada vez mais compacta. Uma porcentagem grande e desproporcional dos autores é de jovens e até mesmo de crianças. Um número muito reduzido de tais amoucos é mentalmente perturbado no sentido clínico; ao contrário, a maioria é considerada normal, antes de praticar uma chacina. Os atos amoucos, em sua fase aguda, tiveram início nos EUA, no dia 19 de abril de 1995, quando o americano Timothy Mc Weigh, um veterano da guerra do Golfo, em Oklahome City, teve como alvo o edifício federal “Alfred Murrah”, proporcionando a morte de 168 pessoas e ferindo mais 500 outras. Em 1997, na cidade de West Paduch (Kentucky) quando um adolescente de 14 anos matou a tiros, após a oração matinal, três colegas de escola e feriu cinco outros. Em 1998, em Jonesboro (Arkansas) um menino de 11 e outro de 13 anos abriram fogo contra sua escola, matando quatro meninas e uma professora. Ainda em 1998, em Spring Field (Oregon) um jovem de 17 anos matou a tiros, em uma escola, dois colegas e feriu 20 outros. Em 1999, dois jovens de 17 e 18 anos provocaram o célebre banho de sangue de Littleton (Colorado) usando armas de fogo e explosivos mataram, em sua escola, 12 colegas e um professor. Mais que qualquer outro, esse episódio tornou-se objeto de investigação científica, tendo como instrumento alguns documentários cinematográficos.
Nos anos 90, em menor escala, houve disparos de armas, de alunos no Canadá, na Escócia, no Japão e na Alemanha. Em 2001, um francês, graduado e desempregado abriu fogo contra a Câmara Municipal de Nanterre, matando oito políticos locais. Em São Paulo, no dia 3 de dezembro de 1999, no cinema Morumbi Shopping, no momento em que era exibido o filme “Clube da Luta”, para uma platéia de 28 pessoas, o estudante de Medicina, Mateus da Costa Meira saiu do sanitário com uma submetralhadora e descarregou quase todas as balas contra a plateia, matando três pessoas e ferindo outras cinco. Naquela data tinha 24 anos de idade. Foi condenado a 120 anos de cadeia e a acusação conseguiu anular a tese de insanidade mental, apresentada pela defesa do réu. Em todos esses casos os atores assumem o risco de serem mortos. Segundo Kurz, junto com essas aventuras cresce o número de suicídio entre jovens. O ato amouco forma, na cultura global da violência, o vínculo lógico de agressão aos outros e auto-agressão, uma espécie de síntese de assassinato e suicídio encenados. A maioria dos amoucos não só mata indiscriminadamente como também executa a si próprio em seguida. O autor potencial de um latrocínio, de um assalto ou de um seqüestro, é também um suicida potencial; o suicida potencial é também um amouco potencial. Os amoucos são robôs da consciência capitalista que ficaram fora do controle de atores e vítimas da crise; a concorrência que coloca a vida dos outros e a do apostador em risco. Os atentados de 11 de setembro de 2001 eram islamitas, mas foram treinados no ocidente e usaram as armas e os instrumentais fabricados no ocidente. As técnicas terroristas que usaram para destruir o Word Trade Center foram aprendidas no ocidente racionalista, calculista e iluminista.
No Brasil atual, alguns crimes praticados por jovens da classe média tiveram certa conotação com atos amoucos, cujas causas não são explícitas, mas podem estar localizadas no preconceito social historicamente mantido no país desde os tempos coloniais. O burguês e o pequeno burguês têm necessidade de mostrar que são diferentes, não só pela ostentação de seu vestuário, do carro de luxo, mas também nas atitudes. A vaidade de poder ser perverso, como os personagens de Sade. A cultura da perversão sádica contabiliza, desde 1997, o assassinato do índio Pataxó, Galdino José dos Santos, cometido por cinco rapazes de Brasília, que atearam fogo no índio que dormia num ponto de ônibus. A gente só queria dar um susto em um mendigo, não sabíamos que era índio. Antonio Novely Vilanova, filho de um juiz, foi preso com seus amigos Max Rogério Alves, Eron Chaves de Oliveira, mas nunca ficaram em celas e não cumpriram as penas impostas (LOBATO, 2007).
No dia 24 de junho de 2007, cinco estudantes espancaram uma doméstica na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A vítima foi Sirley Dias de Carvalho, 32 anos. Seus agressores foram os estudantes Rubens Pereira Aruda Bruno, de 19 anos, Direito; Felippe de Macedo Nery Neto, 20, de Administração; Júlio Junqueira Pereira, 21, de Gastronomia, Rodrigo dos Santos Bassalo da Silva, 21, de Turismo, além de Leonardo Andrade, 19, Técnico em Informática. Apenas por diversão, no estilo de Marquês de Sade, o bando parou o carro no ponto de ônibus e passou a chutá-la, xingá-la e a esbofeteá-la, enquanto Leonardo ficou ao lado, de pé, dando gargalhadas. Para negar o preconceito social eles caíram em contradição e revelaram outro preconceito, dizendo que achavam que a moça era uma prostituta. Por ser uma “prostituta” podia ser executada sumariamente. O preconceito não nasce e nem se desenvolve no interior de pequenos grupos. Vem sempre de classes ou categorias superiores, na tentativa de eliminar substratos inferiores. O pai de Júlio Leonardo teria formado seu filho no sentido de levar vantagem em tudo? Teria educado seu filho no sentido de respeitar a criadagem, tratar os empregados com dignidade? Teria dito a seu filho que é necessário respeitar uma prostituta como ser humano? Possivelmente, Leonardo, desde a infância fora educado para exibir as melhores roupas, ou brinquedos mais ricos e sofisticados.
Um derivado dos amoucos são os skinheads, os carecas, grupo que apareceu recentemente no Brasil, por imitação a grupos europeus e norte-americanos, pertencentes à supremacia branca. O protesto dos skinheads é contra programas de ação social iniciados após a ditadura militar. Conforme relato de Bracht (2008), a lista de delitos cometidos por skinheads é muito grande. Em fevereiro de 2000, vinte elementos atacaram Edson Neris da Silva, um adestrador de cães na praça da República, em São Paulo, alegando que o rapaz estava de mãos dadas com outro homem. Em Porto Alegre, dois punks foram espancados por cerca de quinze skinheads, em 2002. No ano seguinte, em São Paulo, os skinheads obrigaram dois rapazes trajando roupa punk a saltarem de um trem em movimento. A rivalidade dos skinheads aos punks vem de suas origens ligadas à ideia de delinquência juvenil. Na verdade, os punks são anarquistas desarmados que visam provocar a sociedade bem comportada. Durante a ditadura militar, os punks eram odiados pelos governantes e pelas senhoras mães de adolescentes, porque imaginavam que eles iam seduzir seus filhos. Mas hoje, quem não os toleram são os skinheads. Não podemos negar que esses grupos são resíduos das gangs nazistas, carregadas de preconceitos sociais.
As diversas abordagens a atos amoucos e assemelhados não oferecem argumento seguro sobre a razão de tanta destrutividade humana no momento atual. As classes médias foram as mais atingidas pela globalização e pela reviravolta econômica, processada pela globalização e pelo neoliberalismo. Beck (2003) diz que a individualização verificada na sociedade nazista transformou-se na atomização da atualidade, em que o indivíduo perde tudo e não tem perspectiva de ser algo na vida. Formula uma questão realmente embaraçosa: em que medida se pode proceder à desmontagem dos sistemas de seguridade ou até mesmo das tradições de proteção familiar sem que as pessoas se atomizem. Qual será a conseqüência de uma modernização, do tipo tabua rasa, que abole os seres humanos de tal modo, em sua segurança, a ponto de deixá-los, quem sabe, a espancar os outros para dar um sentido qualquer à vida. E que talvez, também as transforme em almofada de carimbo das ideologias alheias, as quais eles só usarão para impor seus desvarios.
Tenho a impressão de que atualmente, a atomização se verifica até mesmo nos centros do rico ocidente. Muita gente se sente exageradamente insegura quanto às condições elementares da existência. O medo de já não ter um chão sob os pés não cessa de crescer. Por trás da fachada de bem-estar e segurança a angústia existencial atingiu o conjunto da classe média (Beck, 2003:82).
A classe média sofre com o desmonte de serviços públicos e a concorrência que se travou entre os prestadores de serviços autônomos e dos profissionais liberais. Nas empresas, a concorrência entre funcionários ficou marcada com o, controle de qualidade total (CQT), que proporciona redução dos quadros efetivos, redução de salários e aumento da jornada de trabalho. É como diz Kurz (2004), a nova pobreza não decorre da exploração na produção, mas pela exclusão dela. A terceirização colocou o trabalhador cada vez mais inseguro; em situações ilegais; em ocupações irregulares e a as rendas transitam no limite do mínimo necessário para a existência ou caem abaixo disso. Pouco antes de morrer, Herbert de Souza, Betinho (1935/1997), disse que durante a Guerra Fria o capital explorava o trabalho para se desenvolver. Hoje, dispensa o trabalho vivo para poder se desenvolver ainda mais. A empresa sem trabalhador; a economia sem empregos e o consumidor sem renda. Nada parece deter esse rumo em direção ao grande apartheid global, onde uma minoria detém cada vez mais poder e riqueza e uma crescente maioria é excluída, é jogada na indigência mais cruel de todos os tempos (SOUZA. 1996).
No filme de Gus Van Sant, “Elefante”, sobre a tragédia da escola de segundo grau “Columbine” (Colorado), a questão da atomização e da angústia existencial aparece na cena do garoto tocando piano, momento em que ele demonstra sentir a falta de perspectiva de vida e de notoriedade. Repentinamente abandona o piano e procura outra coisa. Michael Moore, no filme “Tiros em Columbine”, tenta explicar o fenômeno em que os dois jovens eram tão saudáveis e não deixavam transparecer os conflitos que carregavam, sendo um fenômeno muito atual, espelhado na política agressiva de seu país. Bill Clinton tenta justificar o ataque contra Kosovo como se estivesse falando de um jogo de beisebol e não de uma carnificina autoritária.
Referências
BECK, Ulrich. Liberdade ou capitalismo: conversa com Johannes Willms. Tradução de Luiz Antonio Oliveira de Araújo. São Paulo: UNESP, 2003.
BRACHT, Alessandro. Caminhos da violência: um retrato da obscura trajetória dos skinheads. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, n.32, maio 2008.
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
KURZ, Robert. A pulsão de morte da concorrência. Tradução de Luiz Repa. Folha de São Paulo, São Paulo, 16 mai. 2002.
KURZ, Robert. O declínio da classe média. Tradução de Luiz Repa. Folha de São Paulo, São Paulo, 19 dez. 2004.
LOBATO, Eliana. Marginais da classe média. Isto é, São Paulo, n.1966, 4 jul. 2007.
1. Amouco, do malaio, Amok, como substantivo, o que defende cega e obstinadamente um partido ou um chefe, que jura morrer pelo seu chefe. Na Índia tem a conotação semântica do indivíduo apaixonado, fanático, na defesa das suas opiniões, das suas admirações. Como adjetivo designa a pessoa desesperada, voltada a morrer, a suicidar-se (HOLANDA FERREIRA, 1988).
2 O conceito de atomização diz da insignificância do indivíduo; diminuição e degradação de seu valor social. Pessoas desarraigadas; gente que foi apartada de suas tradições; empobrecidas física e mentalmente. Trata-se de uma das formas de alienação contemporânea. A solidão resultante da dicotomização da família; single life, o celibato e o divórcio; a redução da prole, tudo isso concorre para a atomização, que ao invés de construir degrada a pessoa humana (Beck, 2003: 81).
Antonio de Paiva Moura é mestre em história e professor da UEMG
Fábrica de Wellingtons
Por Bruno Cava, do Outras Palavras e Universidade Nômade
No começo do ano, escrevi sobre como a cobertura da grande imprensa em horas de comoção costuma ser pusilânime. Reproduz a morte à exaustão, explora a comiseração humana, estimula a cultura do medo. Tudo para fortalecer a agenda de segurança pública: mais vigilância, mais controle, mais punição. Se o luto consiste na esconjuração do que o morto tem de morto, para fazer valer a sua potência de vida, no (eterno) retorno do diferente que persevera em viver; a mídia da impotência fecha o zoom e pergunta aos entrevistados: e agora, como sobreviver na falta, como conviver com a morte?
O jornalismo brasileiro agonizou de vez. Cada vez mais se impõe o desejo por um mundo pós-jornais que nos livre desse horror editorial.
Enquanto isso, na surrada narrativa cristã da Queda, fala-se em falência de valores. Como se o Brasil não fosse, desde o ovo, um país profundamente desigual, semicolonial, escravagista, ultra-violento, cuja cordialidade não passa de hipocrisia letrada, da condescendência humanistóide cevada nas mais chiques vernissages de seus salões acadêmicos.
Nunca houve impunidade por aqui, mas excesso de punição. Quem crê no sistema penal para mitigar mazelas sociais desconhece a via dolorosa que vai da ação policial às prisões, passando por autuações, inquéritos, varas criminais, tribunais de justiça, recursos, varas de execução etc. Em suma, pelos mil filtros e desvios e atalhos que tornam o sistema penal uma máquina de triturar pobres e negros. Sem qualquer serventia para uma pauta de esquerda, senão uma idealista, pois está idealizando o poder punitivo. A bem da verdade, dar vivas a um estado mais forte e repressor, sob qualquer pretexto imaginável, não tem como configurar uma posição emancipadora.
Sobrou até para a internet, novamente achincalhada pela velha mídia, desesperada ante a audiência perdida para a cauda longa de sites, blogues e redes sociais. Videogames? Que graça… a periferia do Rio já vive num regime de brutalidade permanente, direta e difusa.
Nenhum morador do subúrbio carioca precisa jogar Counterstrike para vivenciar ao vivo e em cores a guerra. Sim, mais um caso em que negro pobre chacina negros e pobres, ou melhor, negras. Este crime tem cor e sexo. Vale lembrar como, no homicídio passional, a mulher geralmente morre (marido traído mata esposa e esposa traída, a amante).
Wellington é um cidadão como eu e você que, submetido a circunstâncias extremas por um longo período, acabou cometendo um ato extremo. Wellington nunca será santo nem demônio: um personagem demasiado real, tomado de dramas e carências, encharcado do fel da sociedade.
Esquizofrenia não causa assassinato por si mesma. Nem todos levam na boa uma vida de opressão sistemática, vinda de todos os lados, sem rota de fuga.
Menos Febrônio Índio do Brasil ou Pièrre Rivière, mais para Seung-Hui Cho, jovem aliás da mesma idade de Wellington. Em 2007, matou 32 pessoas num instituto tecnológico americano, nos mesmos moldes do massacre em Realengo. Era um imigrante coreano num país atravessado por racismo, que reclamava ser tratado como bicho pelos colegas, — abandonado a tratamentos inúteis por psiquiatras aborrecidos, vagamente interessados no paciente.
Na última década, a ascensão social e racial dos brasileiros acentuou a cultura do preconceito contra o diferente. No momento que pobres e minorias empoderam-se, que se formam mil classes-médias, a postura da reação torna-se mais agressiva, despudorada e odiosa. Ódio contra pobres, mulheres, negros, indígenas, minorias LGBT. Agrava-se um contexto de preconceito e repulsa que alimenta a criançada, — fascista menos por natureza do que por copiar acriticamente a atitude de adultos, por absorver a violência disseminada nas frinchas do nosso sistema político.
Daí a gravidade de discursos inflamados de políticos como Bolsonaro e de religiosos fanáticos (inclusive parlamentares). Por sinal, mesmo sem desejá-lo, o “único deputado de direita do Brasil” serviu de grande referência da pequena, porém sintomática manifestação fascista e neonazista ontem, na Avenida Paulista — tão famosa ultimamente por seus atentados homofóbicos na madrugada.
Esse fenômeno também aparece de modo mais “cordial”, no almoço de domingo ou na roda do bar, quando, diante dos jovens, se discriminam pessoas diferentes, se contam piadas racistas ou contra nordestinos, se fazem comentários machistas, se propagam ideais punitivos e vingativos. Inadvertidamente ou nem tanto, banhamos os nossos adolescentes nas águas podres do que de pior temos em nós, de preconceito, de medo, de bullying, de sectarismo, de incompreensão, de completa ausência de generosidade e mesmo de desprezo pela alteridade. Quanta burrice, agora querer levantar mais muros, espalhar mais câmeras, colocar mais guardas, punir com mais violência!
O resultado a olhos vivos é isso aí: doze crianças mortas. Não deveria surpreender tanto. Torço para que o espetáculo ao redor do caso não abra a caixa de Pandora, inspirando ações semelhantes no futuro. Desta vez, pelo menos, Wellington sequer deu o gostinho para alguém sair bradando pela “pena de morte contra vagabundo”. – .
Textos recomendados pelo autor: . “Alô, alô, Realengo“, por José Ribamar Freire, no Blog do Picica
“A Columbine brasileira e o nosso mito da tolerância“, por Raphael Douglas, no Amálgama “Esquizofrenia não é caso de polícia“, do Blog do Rovai
“Como fechar os olhos para a hipótese da misoginia“, do Escreva Lola escreva
“A tragédia no Rio“, do Descurvo.
E se você ficou abalado com o episódio, o excelentemente bem escrito texto antidepressivo de Alex Castro em Dez Anos.
8 de abril de 2011 às 23:45 por Ana Flávia C. Ramos, em Tabnarede
Tragédias como a ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, sempre provocam grande comoção pública, indignação e, obviamente, tristeza pelas muitas crianças perdidas no atentado. Além desses sentimentos, tais fatos provocam também um grande tsunami de “especialistas”, mobilizados em velocidade estonteante pela mídia, para dar laudos e explicações quase matemáticas sobre as motivações do assassino. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, segundo as informações desses “cientistas da tragédia” (que variam de “criminólogos” a policiais militares), era tímido, solitário, filho adotivo, “usuário” constante do computador (a “droga” dos tempos modernos segundo os “analistas”), ateu, islâmico, fanático, fundamentalista, portador do vírus da AIDS e, provavelmente, vítima de bullying na escola.
Certamente não há como contestar que todo ato humano, e por isso histórico, se explica a partir da análise de uma cadeia de relações complexas. Como digo aos alunos, nada tem resposta simples e direta. Entretanto, o tipo de questão levantada para entender o terrível ato de Wellington Menezes de Oliveira diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre ele. Todos os nossos preconceitos estão embutidos nessas respostas. De fato, não sabemos, e talvez nunca saibamos, por que exatamente ele atirou contra cada uma das crianças (em sua maioria meninas), assim como não sabemos sobre as reais motivações dos muitos atentados como esse, ocorridos em países como Estados Unidos e Dinamarca. Mesmo depois de tudo o que se discutiu, ainda é difícil, por exemplo, explicar Columbine (abril de 1999).
Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção é a recorrência da explicação que elege o bullying escolar como um dos fatores que podem desencadear esse tipo de ato violento. A explicação não é nova, Columbine é prova disso. Há mais de dez anos atrás, dois meninos entram em uma escola, de capa preta (quase como em um filme hollywoodiano) e atiram em seus colegas. “Especialistas”, gringos agora, se apressam em dizer as razões: divórcio nas famílias, videogames, filmes violentos, Marilyn Manson, porte de armas facilitado e, como não poderia faltar, bullying na escola. É inegável que o bullying é uma realidade. É indiscutível que ele é extremamente nocivo e doloroso aos alunos que sofrem com ele. É evidente que há urgência em iniciar um debate para saber como sanar o problema. Mas a pergunta que fica é: o que de fato é o bullying? Ele é um sinal (histórico) de que? E ainda mais: ele é um problema restrito à escola? Por que os alunos são tão cruéis com seus colegas? Michael Moore, cineasta norte-americano explosivo, tentou dar a sua interpretação para o atentado de Columbine com o documentário Bowling for Columbine (2002). Moore, ao invés de repetir os clichês da mídia, foi implacável na destruição do senso comum das justificativas moralistas para o evento. Item por item, desde a desagregação da família, Manson, até a polêmica questão do porte de armas foram desconstruídos em sua narrativa. O foco centrou-se em respostas muito mais interessantes, localizadas não nos dois jovens assassinos, mas na sociedade americana. O imperialismo militarista dos Estados Unidos, a ação violenta em outros países, a política do medo (incentivada pelo Estado e pela grande mídia), que reforça e superestima dados sobre a violência urbana, sobre o fim de mundo, e, principalmente, a intolerância com todo tipo de diferença. Racismo, preconceito, homofobia, conflitos religiosos e luta de classes são só alguns dos ingredientes do caldeirão de ódios em que se transformou a sociedade americana.
Como crescer no Colorado, na “livre” América, e não ser conspurcado por esses valores? Como não idolatrar armas e achar que elas são um meio prático de solucionar problemas? Como viver imune a uma sociedade individualista, capitalista, que divide os seus cidadãos o tempo todo em “winners” e “losers”? E mais ainda, como não se deixar levar por uma sociedade que até hoje não consegue lidar com a diferença entre brancos e negros? Uma sociedade que até os anos 1960 não oferecia direitos, oportunidades e tratamentos iguais a todos os seus cidadãos, tem o que para oferecer ao pensamento dos estudantes? Os americanos, ainda hoje, estão preparados para o respeito à diferença? A relação que eles mantêm com os muçulmanos diz muito. Definitivamente a liberdade e o respeito ainda não se transformaram em uma unanimidade por lá. É claro que mesmo Moore não chega a dar respostas definitivas sobre a questão. E mais ainda: é evidente que ele considera a forma pela qual a instituição ESCOLA trata seus alunos (hierarquias e classificações hostis), ignorando muitas vezes o bullying, tem sua responsabilidade no massacre. Assim como é nítido que a venda facilitada de armas e munição são coadjuvantes importantes da história. Mas Moore foi corajoso ao lançar em cada um dos americanos a responsabilidade da tragédia e discutir aquilo que ninguém teve coragem (ou má fé) de fazer. Nem a mídia, nem o governo, nem a sociedade. É preciso encarar os “monstros”, com franqueza, e não apenas “satanizar” o ambiente escolar, para dar algum significado para esses eventos.
Ontem no Terra Magazine o antropólogo Roberto Albergaria afirmou que a mídia e a sociedade brasileira desejavam o impossível: explicações para um “desvario sem significado”. Segundo ele, o que Wellington Menezes praticou foi o que os estudos franceses chamam de “violência pós-moderna”, caracterizada por uma ruptura irracional, sem explicação. De fato, talvez tenha sido um “ato irracional”, fruto de um momento de insanidade. Mas acredito que esse tipo de resposta não nos ajuda a resolver coisas importantes sobre nós mesmos.
A tragédia no Realengo, a meu ver, pode e deve ser início de um debate importante sobre a nossa sociedade. A tragédia na escola do Rio de Janeiro acontece num contexto bastante relevante. Em outubro de 2009, Geyse Arruda foi hostilizada por seus colegas de faculdade porque, segundo eles, ela não sabia se vestir de modo “apropriado” para freqüentar as aulas. Em junho de 2010, Bruno, goleiro do Flamengo, é suspeito de matar a ex-namorada, Elisa Samudio, por não querer pagar pensão ao filho. Suposta garota de programa, Samudio foi hostilizada na opinião de muitos brasileiros. Após rompimento, Mizael Bispo, inconformado, mata sua ex-namorada Mércia Nakashima em maio de 2010. Em novembro de 2010, grupos de jovens agridem homossexuais na Avenida Paulista, enquanto Mayara Petruso incita o assassinato de nordestinos pelo Twitter. E mais recentemente, em cadeia nacional, Jair Bolsonaro faz discurso de ódio contra homossexuais e negros. Tudo isso instigado e complementado pelo discurso intolerante, preconceituoso, conservador e mentiroso do candidato José Serra à presidência da República. A mídia? Estava ao lado de Serra, corroborando em suas artimanhas, reforçando preconceitos contra Dilma, contra as mulheres e contra os tantos mais “adversários” do candidato tucano.
Wellington matou mais meninas na escola carioca. Se, por um lado, jamais saberemos as reais razões que o fizeram agir dessa forma, por outro sabemos o quanto a sociedade brasileira tem sido, no mínimo, indulgente com atos de intolerância, machismo, ódio e preconceito contra mulheres, negros e homossexuais. Se não há uma ligação direta entre esses diversos acontecimentos, eles pelo menos nos fazem pensar o quanto vale a vida de alguém em um contexto de tantos ódios? Quantas mulheres morrerão hoje vítimas do machismo? Quantos gays sofreram violência física? Quantos negros sentirão declaradamente o ódio racial que impregna o nosso país? O que é o bullying se não o prolongamento para a escola desse tipo de mentalidade? Quantas pessoas apoiaram as declarações de ódio de Bolsonaro via Facebook? Aquilo que acontece no ambiente escolar nada mais é do que um microcosmo do que a sociedade elege como valores primordiais. E o Brasil, que por tanto tempo negou a “pecha” de racista e preconceituoso, vê sua máscara cair.
Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens, um problema das escolas. Não adiante grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas. Como professora, sei que o que os alunos reproduzem em sala nada mais é do que ouviram da boca de seus pais ou na mídia. Não adianta pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa. Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas dá pra separar tudo isso? Dá pra colocar a questão só em “valores” dos adolescentes, da influência do malvado do computador ou dos videogames? Ou é suficiente chamar o ato de Wellington de uma “violência pós-moderna” sem explicação? Das muitas agressões cotidianas, a da escola do Realengo é apenas uma demonstração da potencialidade de nossos ódios. A única coisa que me pergunto é: teremos a coragem de fazer esse tipo de discussão?
Ana Flávia C. Ramos é professora, historiadora pela Unicamp
Quando escrever dói
Massacres no território sagrado da escola são comuns nos EUA, de cultura armamentista. Em alguns países da Europa e, recentemente, na Ásia, também se registram casos. No Brasil, que em plebiscito nacional recusou o desarmamento da população, é a primeira vez. Entramos de vez no labirinto da estupidez e da barbárie? Sulamita Esteliam (WWW.cartamaior.com.br)
Estou por demais mexida para escrever com propriedade. Mas a palavra, escrita ou falada, tem sido a minha vida. Não posso fugir à minha sina. Ademais, traçar linhas, mal ou bem, baixa a pressão da alma, alivia o espírito. Assim como cantar e dançar espanta os males, afugenta o cramunhão da amargura, da tristeza que sufoca e anestesia.
Só que hoje, 7 de abril de 2011 – Dia Nacional dos Jornalistas, os amigos que me perdoem – é impossível cantar ou dançar, muito menos comemorar. Resta-me escrever.
A notícia da chacina na escola de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, me chegou em meio ao café da manhã; e ao último telejornal matutino. Eu, que mal ligo a TV – desde que acompanhar o noticiário deixou de ser obrigação profissional -, passei o dia agarrada ao sofá, zapeando as principais emissoras. Olhos e ouvidos incrédulos, atentos, derramados.
Chorei o dia inteiro.
Não há limite para a natureza humana quando ela se aproxima da animalidade.
Sou cada uma das mães e dos pais, irmãs e irmãos, avós e avôs, tias e tios, amigos que se salvaram, de cada uma das crianças vitimadas.
Tenho filha ainda adolescente. Tenho um casal de netos e mais uma sobrinha, todos na faixa de idade, e no período escolar, das crianças-adolescentes escolhidas pelas balas certeiras do desespero. Na cabeça, no tórax e no abdômen. Inconsciente!?
Doze “brasileirinhos”, que tiveram a vida abreviada, como bem lembrou a presidenta Dilma, que também é mãe e avó. E que, por isso, chorou.
Meninas em sua absoluta maioria: dez. Maioria também dentre as dezenas de feridos, dos quais onze permanecem internados, quatro dos quais em estado grave. É o que diz o noticiário da noite.
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Por que meninas-alvos-preferenciais!? O algoz não pode mais responder. Suicidou-se, ao que consta. Barrado em sua regência macabra – por um soldado, destemido ou solidário, que lhe atirou nas pernas. Buscou o beneplácito da morte.
O sargento Alves, travestido em herói, e mais dois colegas foram trazidos por crianças feridas, mas corajosas e determinadas. Instadas pela professora, abençoada, fugiram. Escaparam à fúria assassina. Pediram socorro a uma guarnição militar, em trabalho na redondeza.
Do contrário, Wellington Menezes de Oliveira, um jovem de 23-24 anos, ex-aluno da escola, reservado e sem antecedentes criminais, teria levado outras dezenas de vidas com ele. Tinha munição para muito mais terror.
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Por que alguém invade um escola para matar inocentes? O que o motiva?
Wellington planejou, se armou, treinou, se abasteceu. Esperou o momento certo. Sabia que não seria barrado na confraternização dos 40 anos da escola. Antes de matar, destruiu as provas da premeditação. E escreveu uma carta-testamento. Nela, prevê a própria morte, dá instrução para o funeral; e pede que “os puros” orem para que ele renasça no perdão de Deus.
Louco, obcecado ou reprimido em surto psicótico? Como lidar com isso?
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Chacinas ocorrem no Brasil todos os dias. Nossas metrópoles, de há muito, vivem em guerra civil. Crianças e jovens morrem, cotidianamente, esmagados pela violência urbana. Flagelo de séculos de desigualdade, agregada ao flagelo do tráfico e das drogas, que avançam rumo ao interior e levam nosso futuro. Sempre os mesmos: a maior parte meninos, pobres e negros.
Há ocorrências de rixas entre alunos, de agressões e, até, morte de professores – como aconteceu numa faculdade de Belo Horizonte, em dezembro último. Nada que se compare ao que ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira.
Massacres no território sagrado da escola, lugar de comunhão de ideias e troca de experiências, de construção de universos próprios e coletivos, são comuns nos Estados Unidos, de cultura armamentista. Em alguns países da Europa e, recentemente, na Ásia, também se registram casos.
No Brasil, que em plebiscito nacional recusou o desarmamento da população, é a primeira vez. Entramos de vez no labirinto da estupidez e da barbárie?
* Sulamita Esteliam é jornalista e escritoraa. Autora dos livros Estação Ferrugem, romance-reportagem que resgata a história da região operária de Belo Horizonte-Contagem, Vozes, 1998; Em Nome da Filha – A História de Mônica e Gercina, sobre violência contra mulher em Pernambuco; e o infantil Para que Serve Um Irmão, os dois últimos ainda inéditos. http://www.atalmineira.wordpress.com //sulamitaesteliam@hotmail.com
REALENGO, 7/4/2011
Deixar a vida para entrar no espetáculo
Por Eugênio Bucci em 9/4/2011 Psicanalistas, psicólogos e criminologistas vêm apontando traços comuns no perfil desses sujeitos que, de repente – e de uma vez –, descarregam suas armas contra adolescentes dentro da escola. Leia o restante da matéria aqui: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=636IPB012
Contra a tortura do soldado Manning
Publicado em 11/04/2011 por Cristina Moreno de Castro
texto de José de Souza Castro:
Os primeiros 100 dias do governo Dilma foram lembrados hoje pela imprensa. Em geral, os comentários foram positivos. A Folha de S. Paulo, que não pode ser acusada de governista, diz em editorial que o novo governo abandonou “a atitude seletiva para com valores internacionais, tais como os direitos humanos, que nos aproximava de regimes autocráticos e gerava desnecessário atrito com os países desenvolvidos” que precisam ser confrontados em torno de “contenciosos concretos, que não faltam”. Não deu qualquer exemplo, o que me permito fazer aqui.
Há mais de dez meses se encontra preso numa base da Marinha nos Estados Unidos o soldado Bradley Manning, acusado de passar informações sigilosas ao WikiLeaks. Está preso sob tortura, segundo PJ Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, que renunciou logo após fazer a denúncia, no mês passado, durante seminário no MIT (Massachusetts Institute of Technology). “O que o Departamento da Defesa está fazendo a Bradley Manning é ridículo, contraproducente e estúpido”, classificou Crowley.
O presidente Barack Obama não podia mais fugir ao tema, como vinha fazendo, e saiu pela tangente: disse que havia sido informado pelo Pentágono de que os procedimentos eram “apropriados”.
Um procedimento de forma alguma apropriado, porém, para um presidente que chegou à Casa Branca dizendo que um dos objetivos principais de seu governo seria recuperar a imagem global dos EUA. Na época, Obama considerava o tratamento degradante que o governo Bush dava aos prisioneiros como uma ação contrária aos interesses nacionais dos EUA.
Em artigo publicado pelo jornal britânico Guardian, há um mês, Daniel Ellsberg, o analista militar que em 1971 tornou públicos os “Pentagon Papers” (estudo altamente secreto do Departamento de Defesa sobre a Guerra do Vietname), ironizou a declaração do presidente dos Estados Unidos:
“Se Obama acredita nisso, acreditará em qualquer coisa. Seria de esperar que fizesse mais e melhor do que perguntar aos criminosos se estão agindo como devem agir. Posso até ouvir a voz do presidente Nixon, dizendo à imprensa: “Os empregados da manutenção dos encanamentos da Casa Branca que assaltaram o escritório do Dr. Daniel Ellsberg em Los Angeles informaram-me que seus atos são apropriados e conforme nossos padrões básicos.”’
Como se sabe, Nixon acabou renunciando. Mas os tempos são outros, e nem Ellsberg espera que Obama renuncie por causa de torturas de um soldado num quartel dos Estados Unidos. No entanto, ele aponta um caminho a ser seguido pelo presidente: “Mas, se o presidente Obama realmente desconhece as reais condições da prisão de Manning – se realmente acredita, como disse, que “parte dos procedimentos adotados [ser mantido nu, em isolamento, impedido de dormir, sob iluminação direta e sob vigilância de câmeras 24 horas por dia] têm a ver com preservar a integridade física do prisioneiro”, apesar do laudo do psicólogo da prisão, que diz exatamente o contrário –, então, estão mentindo ao presidente, e é preciso que o presidente retome as rédeas do próprio governo.”
Duvido que o caso tenha sido discutido durante a recente visita de Obama ao Brasil, embora alguns ingênuos esperem que Dilma Rousseff discuta direitos humanos durante sua próxima visita à China.
Enquanto nada disso acontece, a Avaaz.org, uma rede de ativistas para mobilização social global através da Internet, criada em 2007, está recolhendo assinaturas em petição a ser enviada a Obama, pedindo o fim da tortura de Manning e a observação da lei. Quem quiser assinar, pode fazê-lo aqui: https://secure.avaaz.org/po/bradley_manning/?vl
Enviado por Leila Brito:
A OEA, respeitada organização intergovernamental, pediu ao Brasil para interromper a construção de Belo Monte – uma hidrelétrica imensa que iria destruir delicados ecossistemas da Amazônia – e a Presidente Dilma tem quatro dias para responder. Com essa pressão internacional sem precedentes, nós temos a chance de finalmente parar Belo Monte. A Organização dos Estados Americanos respondeu ao apelo direto das comunidades amazônicas afetadas, com um pedido oficial para o governo brasileiro interromper a construção de Belo Monte. A OEA alerta que o Brasil pode estar violando tratados inter-americanos se prosseguir com esta barragem desastrosa. O prazo final para o Brasil responder a OEA é esta sexta feira. Nós temos apenas alguns dias para dizer à Presidente Dilma, ao Ministério das Relações Exteriores e à Secretaria de Direitos Humanos que nós estamos do lado da OEA e dos povos amazônicos. Envie uma mensagem agora exigindo que o Brasil honre o seu compromisso internacional com os direitos humanos e pare Belo Monte imediatamente. http://www.avaaz.org/po/belo_monte/?v
As comunidades amazônicas foram forçados a recorrer à OEA depois que a Presidente Dilma ignorou seus apelos, colocando grandes interesses financeiros de empreiteiras acima da preservação ambiental. Belo Monte vai custar 30 bilhões de reais e a maioria desse dinheiro vai para grandes empreiteiros que foram os maiores doadores da campanha presidencial da Dilma. Mas se nós investirmos uma fração do que será gasto em Belo Monte em energia renovável, poderemos suprir as demandas do Brasil por energia, apoiando o desenvolvimento sustentável sem comprometer centenas de hectares da floresta mais preciosa do mundo. Este ano, mais de 600.000 brasileiros pediram para a Presidente Dilma parar Belo Monte. A petição contra Belo Monte foi entregue pessoalmente aos seus principais assessores em Brasília, em uma marcha emocionante de povos indígenas que chamou a atenção da mídia no Brasil e no mundo. Mas mesmo assim, o governo ignorou o nosso chamado. Agora países de todas as Américas estão se juntando à luta. Vamos agir neste momento crucial e mostrar que os brasileiros apóiam a solicitação da OEA. Envie uma mensagem para Presidente Dilma, Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Direitos Humanos dizendo que os brasileiros estão junto com a OEA e as comunidades amazônicas para pedir um fim a Belo Monte: http://www.avaaz.org/po/belo_monte/?vl
Belo Monte não é o que queremos para o futuro do Brasil. Enquanto nos preparamos para a Rio+20, a maior conferência ambiental do planeta, essa é a chance de o Brasil ser uma liderança mundial como um exemplo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade. A declaração da OEA oferece uma nova oportunidade de mudança, trazendo aliados internacionais para a luta contra Belo Monte. Vamos aumenta a pressão sobre o governo, agindo e divulgando esta campanha. Com esperança, Emma, Graziela, Ben, Alice, Luis e toda a equipe Avaaz.
Leia mais: Comissão da OEA pede que Brasil suspenda construção da represa de Belo Monte: http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5ghObml-y57D7oM6HTkI6fbmnNbpg?docId=CNG.b784413f83000616dda24915663acf14.4e1
Belo Monte: OEA solicita suspensão do processo de licenciamento e construção http://www.ecoagencia.com.br/index.php?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHZFSjZkVhN2aKVVVB1TP
Patriota: posição da OEA atrapalha investimentos ambientais: http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/noticias/patriota-posicao-da-oea-atrapalha-investimentos-ambientais
Pedido de OEA sobre Belo Monte irrita diplomacia brasileira: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/pedido-de-oea-sobre-belo-monte-irrita-diplomacia-brasileira_105969/
Guerra civil na Líbia? por HENRIQUE RATTNER
Os povos do mundo árabe têm sofrido nas últimas décadas sob a dominação de governos autocráticos impiedosos e opressores que roubaram suas riquezas e perseguiram qualquer voz dissidente. E o ocidente aceitou, por conveniência ou por interesses comerciais, essa situação degradante que fere os princípios básicos dos direitos e da dignidade humanos. A única alternativa que parecia existir era o regime do islamismo extremista, do tipo da teocracia iraniana... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/04/09/guerra-civil-na-libia/
Informo que a Revista Espaço Acadêmico, edição nº 119, Abril de 2011, foi publicada. Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current
Destacamos, nesta edição, o DOSSIÊ MOVIMENTOS SOCIAIS E PODER POPULAR, organizado por Frederico Daia Firmiano e Silvia Beatriz Adoue. Agradecemos, a ambos pela contribuição com a REA e seus leitores. Somos gratos, também a todos que contribuíram com o dossiê, colunistas e colaboradores.
Revolta árabe: o sucesso das revoluções que fracassam
Ainda esse ano, haverá eleições na Tunísia e no Egito. Essa é mudança tremenda no mundo árabe. Eleições não resolvem todos os problemas, mas marcam novos parâmetros. Outros terão de ser conquistados. Novas formas de participação, novos espaços para participação, novos sonhos democráticos que acabarão por enterrar, de vez, os restos rançosos do neoliberalismo. Nem todas as transferências de lucros do petróleo do mundo substituem a vida social e politicamente digna. O artigo é de Jiajay Prashad. http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17671&boletim_id=888&componente_id=14439
Boaventura de Sousa Santos:
Para Portugal sair da crise
Em artigo publicado nesta sexta-feira no jornal Público, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos diz que a receita do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal só vai causar o aprofundamento da crise, a exemplo de outros países onde ela foi aplicada. "Claro que pode haver complicadores", ressalta. "Os portugueses podem revoltar-se. O FMI pode admitir que fez um juízo errado e reverter o curso, como aconteceu na crise da Ásia Oriental, em que as políticas do FMI produziram o efeito contraproducente". http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17667&boletim_id=887&componente_id=14419
O Informe Manaus está disponibilizando um serviço de banco de imagens(www.informemanaus.com.br/fotos)
com cerca de 5.000 fotos de Manaus, distribuídas em várias categorias. São fotos que podem ser visualizadas por qualquer pessoa que queira conhecer melhor a capital amazonense, por meio de imagens atuais e antigas. Serve, por exemplo, como ótima fonte de referência a estudantes que necessitem de fotografias da cidade para a realização de trabalhos escolares.
Na próxima semana ocorrerá o workshop Saúde e Desenvolvimento na África e na Diáspora Africana: Benin, Brasil e o Caribe Britânico na Segunda Metade do Século XIX.
A programação segue abaixo.
Dia 18 de abril de 2011 14:00h - Palestra da Profa. Rita Pemberton "Social Conditions in the Caribbean after Emancipation"
Dia 20 de abril de 2011 Workshop Internacional Saúde e Desenvolvimento na África e na Diáspora Africana: Benin, Brasil e o Caribe Britânico na Segunda Metade do Século XIX
Convidamos vocês a participarem do workshop no qual serão apresentados os estudos em andamento dos pesquisadores que fazem parte do projeto sobre a história da saúde de africanos e afro-descendentes nas Américas e na África Ocidental. O encontro também pretende estabelecer diálogos com pesquisadores e estudantes interessados nas temáticas relativas à saúde, terapêuticas e diáspora africana em perspectiva histórica.
O projeto é financiado pelo programa holandês South-South Exchange Programme for Research on History of Development (SEPHIS).
As inscrições podem ser feitas através do email: cscaldeira@coc.fiocruz.br.
Serão conferidos certificados de participação.
Programação: 9:30 a 10:00 – Café da manhã
10:00 a 12:30 – Mesa com a participação dos seguintes pesquisadores: Kaori Kodama (COC-Fiocruz) e Tânia Salgado Pimenta (COC-Fiocruz) – The impacts of the cholera epidemics in Rio de Janeiro and in Salvador (1855-56): some considerations on the mortality and on ethnicity Rita Pemberton (Coordenadora do Projeto, Department of History, University of West Indies ) – Cholera and Crisis: Barbados, 1854. Elisée Soumonni (Université d’Abomey-Calavi) – Benin Disease Environment in the Nineteenth Century Magali Romero Sá (COC-Fiocruz) e Marilza Herzog (IOC-Fiocruz) – Onchocerciasis in Brazil: occurence and dissemination Juliana Manzoni (COC-Fiocruz) e Marcos Chor Maio (COC-Fiocruz) – Among “blacks and mixed races”: sickle cell trait and sickle cell anemia in Brazil in the 1930s and 1940s
Leia em WWW.outraspalavras.net:
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