quarta-feira, 4 de janeiro de 2012






Abro este boletim com um email recebido dando conta de um problema que aflige Portugal e como a solução encontrada pelo primeiro-ministro foi “brilhante”!
Depois temos a discussão que se abre com a perspectiva de criação de um currículo nacional. Anunciado pelo MEC, mas ainda em estudos, ao que tudo indica 70% do currículo serão a base nacional, restando 30% para Estados e Municípios atenderem às especificidades regionais.
Já saiu no “O Estado de São Paulo” um primeiro comentário, que vai reproduzido na primeira seção deste número. Esperamos que você, leitor, possa comentar também, para ouvirmos várias opiniões a respeito. A notícia saiu no O Globo, de ontem e aqui vai o link para quem quiser acessar, pois a reprodução é proibida
: http://oglobo.globo.com/educacao/projeto-do-mec-quer-unificar-curriculo-das-escolas-no-pais-3549446
E voltamos à crise européia, que, aliás, não é só européia. Há artigos e links a respeito. Reproduzimos, ainda, o informativo da ANPUH, com dezenas de cursos, concursos, seminários, congressos. Os historiadores não estão parados... felizmente!





Bom dia Prof. Ricardo Moura.
Se a estampa da política no Brasil é a corrupção, aqui em Portugal, para além desta
é também a falta completa de respeito pelos cidadãos. Veja bem a última do Sr. Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho: com a onda da imigração de europeus e muitos portugueses aí no Brasil, o então Sr. Ministro em um telejornal disse aos professores que perderam vagas
por causa dos inúmeros fechamentos de escolas, que emigrassem para o Brasil ou
para Angola, ou, se quisessem que fossem para outros países lusófonos. Isso depois
que os professores e seus representantes brigaram muito por seus direitos retirados
sem nenhum escrúpulo.
Beijos,
Cléria,
leitora do Boletim de História.




1. ARTIGOS COMPLETOS


Desemprego na França atinge nível mais alto desde 1999
Os últimos números sobre o desemprego na França, publicados antes do final do ano revelam um quadro devastador: o desemprego chegou ao seu nível mais alto desde 1999. A curva ascendente parece irresistível. As porcentagens reveladas pelo Ministério do Trabalho dão conta da existência de 2.844.800 pessoas desempregadas na França, o que equivale a 9,8% da população ativa. E as previsões para 2012 são de agravamento do problema. O artigo é de Eduardo Febbro.
Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris (WWW.cartamaior.com.br)

A crise financeira está cobrando um tributo altíssimo do mercado de trabalho europeu. Nenhum país está ao abrigo da onda desencadeada a partir da Grécia com a crise da dívida, nem sequer duas das economias mais sólidas do Velho Continente, França e Alemanha.

Os últimos números sobre o desemprego na França, publicados antes do final do ano revelam um quadro devastador: o desemprego chegou ao seu nível mais alto desde 1999. A curva ascendente parece irresistível. As porcentagens reveladas pelo Ministério do Trabalho dão conta da existência de 2.844.800 pessoas desempregadas na França, o que equivale a 9,8% da população ativa.

Novembro de 2011 foi um dos meses mais agudos com o ingresso de 29 mil pessoas no seguro desemprego, unicamente na chamada categoria A, ou seja, as pessoas que não trabalharam nem um só dia durante o mês. Isso representa uma alta de 1,1% em apenas um mês, o sexto aumento do desemprego em um ano. No entanto, uma vez analisados, os números são ainda mais abismais.

Se levamos em conta as três categorias de desempregados, ou seja, a já mencionada A, a B e a C, que englobam as pessoas que tiveram uma atividade reduzida, os percentuais disparam para tetos históricos, totalizando 51.800 novos desempregados unicamente no mês de novembro. 2011 termina assim com um aumento do desemprego de 5,2%, expondo o fracasso das ações governamentais, em especial sua vontade de desmantelar o esquema das 35 horas de trabalho semanal, adotado em 1997 pelo ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin.

Naquele período, os socialistas optaram por “compartilhar” o tempo de trabalho como um dos antídotos contra o desemprego. Mas uma vez no poder, a direita passou a secundarizar esse princípio.

Segundo o ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand, o aumento do desemprego “é uma consequência direta da perda de velocidade da atividade econômica”. Os sindicatos também admitem que a explosão do desemprego se explica em larga medida pela ampliação da onda expansiva da crise.

Laurent Berger, secretário geral do sindicato CFDT, explicou que “é possível perceber muito bem que a crise toca setores como os serviços para as pessoas, o setor associativo e os bancos. Esses ramos não tinham sido afetados pela paralisação em 2008 e 2009”.

Um mal endêmico do liberalismo especulador, quase nenhum governo, de esquerda ou de direita, conseguiu frear o crescimento aumento do desemprego. O governo conservador de Nicolas Sarkozy tinha conseguido deter essa tendência em 2010 graças a quatro meses consecutivos de diminuição do desemprego na categoria A. Mas em 2011, voltou a tendência positiva.

O ápice do desemprego alcançado nesta categoria consagra o fracasso das políticas governamentais já que Sarkozy fez desse segmento da população sua prioridade absoluta. A síntese dispensa todo comentário: nos primeiros 11 meses do ano o desemprego dentro da categoria A alcançou 139.800 pessoas, o que representa o dobro de 2010 (76 mil). Se ampliamos a leitura dos percentuais para as demais categorias, os resultados são igualmente negativos: 199.300 novos desempregados contra 197.300 para 2010. Os jovens de menos de 25 anos, as pessoas com mais de 50 e os chamados “precários”, ou seja, aqueles que tem trabalhos temporários, são os mais afetados pela falta de emprego.

O Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (INSEE) prevê um 2012 pior que 2011. Segundo o INSEE, no decorrer do primeiro trimestre de 2012 pode se materializar o pesadelo de um desemprego superior a 10% da população ativa. Antes disso, a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com sede em Paris) havia antecipado que a França superaria, em 2012, a barreira simbólica dos 10% de desemprego. Pior ainda, o INSEE calcula que a aceleração do desemprego não se explicaria unicamente por motivos demográficos mas, ao invés disso, por uma freada brusca da criação de postos de trabalho.

Todos os fatores se combinam para criar um quadro muito agudo: falta de ofertas no mercado de trabalho, demissões, fechamento de empresas e fábricas. O tempo corre e é um inimigo feroz. Seja quem for o vencedor das eleições presidenciais de abril de 2012, terá em suas mãos o timão de um barco que navega em águas profundas. No próximo dia 18 de janeiro, o presidente Nicolas Sarkozy organiza uma cúpula social, na qual se contemplam “soluções rápidas para conter ao máximo os efeitos da crise”.

O calendário escolhido pelo mandatário se assemelha mais uma vitrine eleitoral ante a proximidade das eleições do que um programa para enfrentar a crise. Sem conhecer as taxas de desemprego de filme de horror que se constatam na Espanha (cerca de 22% da população ativa), a França se encaminha para um ano de curvas de desemprego e de pobreza em pleno crescimento. Muitos analistas admitem hoje que é muito provável que se volte à metodologia dos socialistas: “trabalhar menos horas para que todos trabalhem”.


Tradução: Katarina Peixoto






Um mundo de torturadores: a crueldade dos Estados
Dos 194 Estados integrantes das Nações Unidas, cem deles praticam regularmente a tortura, seja como meio para obter informações ou confissões, seja como metodologia para fazer reinar o terror. Síria, Egito, Argélia, Chile, Argentina, Brasil, Cuba, Estados Unidos, França, Espanha, China, Vietnã, índia ou Rússia: não há continente que esteja livre dessa barbárie. Esta é a vergonhosa conclusão do informe “Um mundo de torturadores”, publicado na França pela ONG Ação dos Cristãos Contra a Tortura. O artigo é de Eduardo Febbro.
Eduardo Febbro - Página/12 (publicado em WWW.cartamaior.com.br)


O século XXI segue sendo um mundo de torturadores. Dos 194 Estados integrantes das Nações Unidas, cem deles praticam regularmente a tortura, seja como meio para obter informações ou confissões, seja como metodologia para fazer reinar o terror. Síria, Egito, Argélia, Chile, Argentina, Brasil, Cuba, Estados Unidos, França, Espanha, China, Vietnã, índia ou Rússia: não há continente que esteja livre dessa barbárie. Esta é a vergonhosa conclusão do informe “Um mundo de torturadores”, publicado na França pela organização não-governamental Ação dos Cristãos Contra a Tortura (ACAT).

As vítimas das torturas têm uma identidade comum a todos os países: jornalistas, sindicalistas, opositores políticos, advogados, blogueiros, membros de minorias étnicas ou religiosas, defensores dos direitos humanos, membros de ONGs. O retrato apresentado pela ACAT mostra que, ao invés de recuar, a tortura vem se mantendo em níveis altíssimos, apesar da “reconversão” de muitas ditaduras à democracia liberal. Jean-Etienne de Linares, delegado geral da ong ACAT França, destaca que não restam muitas zonas do mundo em relação às quais seja possível ter ilusões: “queremos acreditar que o uso da tortura é uma prática reservada aos regimes autoritários. Mas estes não têm a exclusividade desses crimes e os principais países reconhecidos como democráticos estão longe de ficar isentos de críticas nessa matéria”.

O mais assombroso reside em que essa prática degradante e assassina nem sequer conta com uma definição coerente. O informe da ACAT recorda que embora “o direito internacional forneça indicações” sobre a tortura (Artigo 16 da Convenção contra a Tortura), “é impossível estabelecer uma distinção nítida entre o que é tortura e o que pode ser considerado como penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Seja como for, o informe da ONG oferece um catálogo universal da crueldade dos Estados.

A queda de regimes como o tunisiano, o egípcio e o do Iêmen, ou as revoltas na Jordânia e Síria permitiram lançar luz sobre as formas pelas quais esses governos torturavam e torturam seus povos. O mesmo ocorre com as grandes “democracias” como a Índia, o Paquistão, o Irã ou com países com alto desenvolvimento econômico como a China: opor-se a qualquer desses poderes, em qualquer escala, significa passar pelo patíbulo da tortura. Nem sequer as revoluções democráticas se salvam desse horror. Um exemplo patético é o da Costa do Marfim, onde os dois lados, o do ditador Laurent Gbagbo e o do suposto democrata Alassame Ouattara, recorreram com igual intensidade à tortura e às execuções primárias.

No que diz respeito à América Latina, o capítulo consagrado ao Chile é um dos mais comprometedores devido ao caráter político da tortura. A investigação da ACAT observa que a mobilização social iniciada em maio de 2011 pela mão dos estudantes se chocou com uma “repressão particularmente violenta por parte das forças da ordem”. O informe assinala que, no Chile, “o fenômeno da tortura perdura contra os militantes dos movimentos de contestação e contra certos povos indígenas como os Mapuches e os Rapa Nuis”.

O Brasil também merece uma péssima menção. Apesar de o país ter adotado os principais instrumentos para prevenir a tortura, esta segue sendo “uma prática rotineira no interior das Forças de Segurança”. O texto da ACAT assegura que “as principais vítimas da tortura no Brasil são os camponeses e os membros das comunidades indígenas que reivindicam o direito á terra, os defensores dos direitos humanos e os jornalistas”. O informe diz que “a tortura segue sendo empregada com total impunidade”, tanto mais na medida em que “o sistema federal não facilita a harmonização das legislações nessa matéria”.

A ACAT destaca o fato de que os mecanismos nacionais necessários para que se aplique a Convenção contra a Tortura “ainda não foram instalados”. Segundo a ONG, os principais atores da tortura são as três polícias de Estado: “polícia civil, polícia federal e polícia militar”. O trabalho da ONG é particularmente crítico com as condições de prisão e detenção nas prisões brasileiras (muito especialmente no Estado do Espírito Santo), qualificadas como “tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”.

Peru, Colômbia e Venezuela formam um trio onde a tortura é regularmente utilizada. No Peru, camponeses, indígenas e líderes sociais são objeto de frequentes torturas. Na Colômbia, a “tortura é uma prática generalizada” enquanto que, na Venezuela, “a tortura é de uso corrente no interior dos serviços de segurança do Estado”. Honduras, Cuba e México integram outro trio denunciado pela ACAT. Segundo o informe, a derrubada do presidente Manuel Zelaya deu lugar a “um recrudescimento repentino e massivo da tortura”. Em relação a Cuba, a ACAT sustenta que, apesar das afirmações de Fidel Castro e Raúl Castro, “os maus tratos e as humilhações fazem parte dos métodos de repressão utilizados sistematicamente pelo regime cubano”. Quanto ao México, o informe diz que as primeiras vítimas da tortura são “as pessoas críticas ao governo e aqueles que denunciam os abusos da classe política”.

A Argentina não foi examinada no informe. Mas em uma nota interna, a ACAT aponta a persistência desse ato de barbárie nas mãos da polícia. A ONG escreve que embora “a democracia tenha provocado a interrupção quase total das ações contra os membros da oposição, isso não impediu que a polícia siga recorrendo de forma frequentemente rotineira à tortura como técnica de interrogatório contra os prisioneiros de direito comum”.

Após um percurso horripilante através da geografia mundial da tortura, o informe chega às margens das quatro grandes democracias: Estados Unidos, Espanha, França e Inglaterra. Sobre os EUA, a investigação da ONG recorda as violações dos direitos humanos cometidas fora das fronteiras do país em nome da guerra contra o terrorismo. No entanto, ressalta o mesmo informe, isso “não deve ocultar a situação extremamente preocupante que reina dentro do território norteamericano”. A Espanha figura no quadro pelas condições de prisão, violência contra imigrantes, expulsões com maus tratos e abusos policiais.

A França tampouco escapa: tratamentos indignos e degradantes e inclusive torturas, assim como práticas de uma violência cega contra os imigrantes ilegais foram denunciados numerosas vezes. Quanto a Inglaterra, os casos de tortura se localizam fora do território e se inscrevem no marco da já incongruente luta contra o terror. A queda do muro de Berlim e a desaparição progressiva das ditaduras da América Latina não parecem ter transmitido os ensinamentos sobre os limites do horror. A tortura sede sendo um instrumento do poder e de poder. Os carrascos conservam sempre um grau de impunidade absoluto.
Tradução: Katarina Peixoto


Colaboração de Leila Brito

Obama assina lei que legaliza a Detenção Indefinida
31/12/2011-1/1/2012, ACLU (American Civil Liberties Union)President Obama Signs Indefinite Detention Into Law
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O presidente Obama assinou, no Havaí, onde passa os feriados de fim de ano[1], a National Defense Authorization Act (NDAA) [Lei de Autorização da Defesa Nacional] [2]. Com a sanção do presidente, os militares norte-americanos aproximam-se ainda mais de poder prender e manter presos quaisquer cidadãos por tempo indefinido, dentro e fora dos EUA. Como se sabe, a Casa Branca havia ameaçado vetar uma versão anterior dessa lei, mas mudou de ideia logo depois de o Congresso ter aprovado a versão agora sancionada. Embora o presidente Obama tenha distribuído uma declaração, em que diz que tem “sérias reservas” sobre o conteúdo da nova lei, a declaração só se aplica ao seu governo, e de modo algum afetará o modo como a lei será interpretada por outros governos que venham depois desse. Durante o governo Bush, o mesmo princípio que agora está próximo de ser convertido em lei nos EUA, para prender e manter sob custódia militar quaisquer cidadãos, sem processo e sem qualquer acusação formalizada, foi usado até para prender cidadãos norte-americanos em território dos EUA. Muitos, no Congresso, dizem hoje que a nova Lei de Prisão Indefinida pode ser usada para a mesma finalidade. A Associação Norte-Americana de Direitos Civis, ACLU, entende que qualquer tipo de prisão militar, de cidadãos norte-americanos ou quaisquer outros,, é inconstitucional e ilegal nos EUA, mesmo depois de aprovada a Lei de Prisão Indefinida. Além disso, a autoridade que a nova lei dá a militares norte-americanos viola a legislação internacional, porque não se limita a autorizar a prisão de combatentes capturados em contexto de guerra, como exigem as leis internacionais. Desaponta-nos muito que o presidente Obama tenha assinado essa lei, em momento que seu governo já enfrenta processos em vários pontos do mundo, por prisões ilegais. Felizmente, os EUA são governados por três poderes, e a palavra final sobre a extensão do poder de prender cidadãos caberá à Suprema Corte. Mas o Congresso e o Presidente também têm o dever de desfazer a confusão que criaram, para impedir que todos os cidadãos, nos EUA e em todo o mundo, passem a viver sob o medo de que o atual ou qualquer futuro presidente dos EUA dê mau uso ao poder que a Lei de Detenção Indefinida lhes outorgue. A Associação Norte-Americana de Direitos Civis (ACLU) combaterá em todo o mundo a Lei de Detenção Indefinida, por todos os meios e em todos os fronts, nos tribunais, no Congresso e internacionalmente.
Notas dos tradutores[1] Já está virando hábito, esse negócio de assinar leis horríveis e dar ordem para guerras horríveis, quando está longe de casa! Obama deu a ordem para que a OTAN invadisse a Líbia, quando tomava um cafezinho com a presidenta Dilma, no Brasil, dia 19/3/2011. Ontem, tuíte vindo da Praça Tahrir, no Egito, ia já direto ao ponto: Agora, isso! [2] Dito com mais precisão, Obama assinou uma “atualização” da Lei de Defesa Nacional, que já existe. Detalhes sobre isso, em “Three myths about the detention Bill”, Glenn Greenwald, Salon, 16/12/2011, (em tradução).

http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/obama-assina-lei-que-legaliza-detencao.html


Colaboração de Guilherme Souto
do: brasilianas.org
Enviado por luisnassif, ter, 03/01/2012 - 09:38
Por Erick M
De O Estado de S. Paulo
Currículo, a Constituição da educação
Autor(es): João Batista Araújo Oliveira

O Ministério da Educação (MEC) anunciou, com atraso considerável, que vai apresentar sua proposta de currículo. A Constituição de 1988 promoveu avanços notáveis em várias áreas, apesar de inúmeras disfunções criadas. Mas faltou uma visão de futuro mais clara e pragmática. Resta assegurar que, da mesma forma, a iniciativa atual não aumente ainda mais o nosso atraso.
A última decisão nessa área resultou nos desastrados "parâmetros curriculares nacionais". A maioria das iniciativas do MEC que envolvem questões de mérito tem sido sistematicamente cativa de mecanismos e critérios corporativistas e de duvidosos consensos forjados em espúrios mecanismos de mobilização. Tradicionais aliados do ministério, inclusive internamente, têm aversão à ideia de currículo e mais ainda de um currículo nacional. Documentos desse tipo, produzidos por alguns Estados e municípios em anos recentes, continuam vítimas do pedagogismo. Isso é o melhor que temos.
O assunto é sério demais para ser deixado apenas para os educadores e especialistas. Nem pode ser apropriado pelo debate eleitoral. O Brasil - especialmente suas elites - precisa estar preparado para discutir abertamente a questão. Aqui esboçamos os contornos desse debate.
O que é um currículo? Um documento que diz o que o professor deve ensinar, o que o aluno deve aprender e quando isso deve ocorrer. Em outras palavras, conteúdo, objetivos (o termo da vez é expectativas de aprendizagem), estrutura e sequência. Para que serve um currículo? Primeiro, para assegurar direitos: o currículo especifica o que o aluno deve aprender. É um instrumento de cidadania fundamental para garantir equidade e os direitos das famílias. Segundo, para estabelecer padrões, ou seja, os níveis de aprendizagem para cada etapa do ensino: atingir esses níveis é o dever, que cabe ao aluno. Terceiro, para balizar outros instrumentos da política educativa, como avaliações, formação docente e produção de livros didáticos, instrumentos essenciais em qualquer sistema escolar. Os currículos, sozinhos, não mudam a educação.
Por que ser de âmbito nacional? A experiência dos países mais avançados em educação, sejam federativos ou não, indica a importância de uma convergência. Depois do advento do Pisa, mesmo países extremamente descentralizados, como Suíça, Alemanha ou EUA, têm promovido importantes convergências em seus programas de ensino, até em caráter de adesão. Num município, um currículo básico permitirá que alunos transitem por diferentes escolas sem que se instaure o caos a que hoje submetemos nossas crianças e seus professores.
Como saber se um currículo é bom? A condição é que seja claro. Se o cidadão médio ler e não entender, não serve. Deve ser parecido com edital de concursos: você lê, sabe o que cai no exame e sabe como precisa se preparar. O currículo não é exercício parnasiano ou malabarismo verbal.
Deve também levar em conta os benchmarks, as experiências dos países que, usando currículos robustos, avançaram na educação. É preciso cuidado para não confundir os currículos que os países adotam hoje, depois de atingido o nível atual, com os currículos que os levaram a esse patamar.
A proposta deve ser dinâmica e corresponder às condições gerais de um sistema. O currículo não pode ser avaliado isoladamente de outras políticas, em especial da condição dos professores. Hoje a Finlândia, com os professores que tem, pode ter currículos mais genéricos do que há 15 ou 20 anos. A análise dos benchmarks sugere quatro outros critérios para avaliar um currículo: foco, consistência, rigor e referentes externos.
Um currículo deve ter foco, concentrar-se no primordial e só em disciplinas essenciais, cuidando de poucos temas a cada ano, sedimentando a base disciplinar e evitando repetições. William Schmidt, que esteve recentemente no Brasil, desenvolveu escalas comparativas que permitem avaliar o grau de focalização de currículos de Matemática e Ciências.
Deve ter consistência, isto é, respeitar a estrutura de cada disciplina. Isso se refere tanto aos conceitos essenciais que devem permear um currículo quanto à organização do que deve ser ensinado em cada etapa ou série. Por exemplo, um currículo de Língua Portuguesa considerará as dimensões da leitura, escrita e expressão oral, levando em conta o equilíbrio entre a estrutura e as funções da linguagem e contemplando o estudo dos componentes da língua (ortografia, semântica, sintaxe, pragmática).
Um currículo deve ter rigor, ser organizado numa sequência que evite repetições e promova avanços a cada ano letivo. Esses avanços devem observar a relação entre disciplinas e a capacidade do aluno de estabelecer conexões entre elas. Interdisciplinaridade e contexto não são matérias de currículo, são consequência deste.
Um currículo deve ter referentes externos claros. Um currículo de pré-escola deve especificar tudo o que a criança precisa para enfrentar com sucesso os desafios posteriores do ensino fundamental. Isso não significa tornar o pré uma escola antes da escola: currículo não é proposta pedagógica.
Já o ensino fundamental deve preparar o indivíduo para operar numa sociedade urbana pós-industrial. O Pisa não é um currículo, mas contém sinalizações que sugerem o que é necessário para a formação básica do cidadão do século 21. É uma boa baliza para o ensino fundamental. Os currículos do ensino médio, por sua vez, devem ser diversificados, contemplando diferentes opções profissionais e acadêmicas. Pelo menos é assim que funciona no resto do mundo que cuida bem da educação e se preocupa com o futuro de sua juventude.
Finalmente, o que um currículo não deve ser? Um exercício de virtuose verbal, um manual de didática, a advocacia de teorias, métodos e técnicas de ensino, uma vingança dos excluídos e muito menos um panfleto ideológico ou uma camisa de força. Muito menos deve ser o resultado de consensos espúrios.
O currículo definirá se queremos cidadãos voltados para a periferia ou o centro, para o particular ou para o universal.



2. VALE A PENA LER

Metade da dívida de 5 europeus vence até abril; Brasil se preocupa
Enrolados com 'mercado', Itália, Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha têm de pagar de janeiro a abril 283 bi de euros, dos 613 bi a vencer em 2012. Segundo BC brasileiro, concentração 'deve ser acompanhada com cuidado'. Brasil também precisa liquidar em quatro meses 43% do que vence em 2012, mas está 'descolado' da crise e fechará 2011 com dívida pesando menos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19296&boletim_id=1088&componente_id=17351




charge de Maringoni (www.cartamaior.com.br)


A ordem criminosa do mundo
Em novembro de 2008, a TVE (Espanha) exibiu um documentário intitulado “A ordem criminosa do mundo”. Nele, Eduardo Galeano (foto), Jean Ziegler e outras personalidades mundiais falam sobre a transformação da ordem capitalista mundial em um esquema mortífero e criminoso para milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de três anos depois, o documentário permanece mais atual do que nunca, com alguns traços antecipatórios da crise que viria atingir em cheio também a Europa.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19319&boletim_id=1092&componente_id=17400


3. INFORMATIVO DA ANPUH

Concursos


UMA VAGA PROF ADJUNTO DE PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Inscrições: até 05/01/2012
Mais informações http://www.fafich.ufmg.br/secgeral/concursos/historia

UMA VAGA PROF ADJUNTO DE TEORIA DA HISTÓRIA / HISTORIOGRAFIA
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Inscrições: até 05/01/2012
Mais informações http://www.fafich.ufmg.br/secgeral/concursos/historia-teoria-e-metodologia-da-historia

4 VAGAS - PROFESSOR DE HISTÓRIA - NÃO TITULAR
Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO-Paraná)
Inscrições: até 20/01/2012
Mais informações http://www.unicentro.br/concursos/cp6/editais/arq/edital065-11.pdf

UMA VAGA - PROFESSOR DE ENSINO DE HISTÓRIA EDITAL - NÃO TITULAR
Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO-Paraná)
Inscrições: até 20/01/2012
Mais informações http://www.unicentro.br/concursos/cp6/editais/arq/edital065-11.pdf

MESTRADO EM HISTÓRIA DO BRASIL
Instituição: Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)
Inscrições: até 27/01/2012
Mais informações http://v3.universo.edu.br/mestrados/historia/estrut_curricular.asp

UMA VAGA PROF DE HISTÓRIA
Instituição: Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
Inscrições: até 30/01/2012
http://saojose.unifap.br/wordpress/depsec/nv/index.php?c=ef12

MESTRADO EM HISTÓRIA SOCIAL
Instituição: Universidade Severino Sombra
Inscrições: até 27/02/2012
Mais informações http://www.uss.br/page/stric_historia.asp

PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE QUADROS PROFISSIONAIS
Instituição: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)
Inscrições: 1º a 15 de março de 2012
Mais informações http://cpdoc.fgv.br/selecaoRDs2012

PRÊMIO INTERNACIONAL EM HISTÓRIA: IMPÉRIO, TERRA E TERRITÓRIO
Instituição: Várias instituições
Inscrições: até 31/03/2012
http://www.anpuh.org/informativo/view?ID_INFORMATIVO=2323

Congressos e Eventos

HISTORIOGRAFIA E RETÓRICA: INTENCIONALIDADE DO DISCURSO E ANÁLISE HISTÓRICA (novo)
Data: 02 e 03 de fevereiro de 2012
Local: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho campus Franca (UNESP/Franca)
Mais informações http://www.anpuh.org/agenda/view?ID_AGENDA=1492

VII SEMINÁRIO NACIONAL DO CENTRO DE MEMÓRIA: MEMÓRIA, CIDADE E EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES
Data: 13 a 15 de fevereiro de 2012
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Mais informações http://www.cmu.unicamp.br/viiseminario/

I COLÓQUIO NACIONAL GEAC: PODER, INSTITUIÇÕES E REDES POLÍTICAS NA AMÉRICA PORTUGUESA (novo)
Data: 12 de março de 2012
Local: Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Mais informações http://ufal-geac.com.br/eventos/

I CONGRESSO PAN-AMAZÔNICO E VII ENCONTRO DA REGIÃO NORTE DE HISTÓRIA ORAL - HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE & ORALIDADES NA AMAZÔNIA
Data: 27 a 30 de março de 2012
Local: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Mais informações http://aphoral.ufpa.br/

SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIAS DO PÓS-ABOLIÇÃO NO MUNDO ATLÂNTICO
Data: 14 a 16 maio de 2012
Local: Universidade Federal Fluminense (UFF)
Mais informações http://www.historia.uff.br/files/2012_abolicaoconv.pdf

SIMPÓSIO CENTENÁRIO CONTESTADO: 1912 - 2012
Local/Data: Universidade Federal de Santa Catarina (29 de maio a 1° de junho de 2012), na Universidade Federal de Pelotas (29 a 31 de agosto de 2012) e em Chapecó, na Universidade Federal da Fronteira Sul (de 18 a 22 de outubro de 2012)
Mais informações http://simpsiocentenriocontestado1912-2012.blogspot.com/

VI SIMPÓSIO SOLCHA - SOCIEDAD LATINOAMERICANA Y CARIBEÑA DE HISTORIA AMBIENTAL
Data: 06 a 08 de junho de 2012
Local: Villa de Leyva, Colômbia
Mais informações http://visimposiosolcha.uniandes.edu.co/index.php?ac=info-2&idi=sp

VIII CONGRESO IBÉRICO DE ESTUDIOS AFRICANOS 2012 (novo)
Data: 14 a 16 de junho de 2012
Local: Facultad de Derecho/ Universidad Autónoma de Madrid, España
Mais informações http://www.ciea8.org/

VI SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA CULTURAL: ESCRITAS DA HISTÓRIA: VER – SENTIR – NARRAR
Data: 24 a 28 de junho de 2012
Local: Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Mais informações http://gthistoriacultural.com.br/VIsimposio/

VIII ENCONTRO NACIONAL PERSPECTIVAS DO ENSINO DE HISTÓRIA e III ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE ENSINO DE HISTÓRIA
Data: 02 a 05 de julho de 2012
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Mais informações http://www.didactica-ciencias-sociales.org/otroscongresos_fichiers/2012-campinhas.pdf

XI ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ORAL: MEMÓRIA, DEMOCRACIA E JUSTIÇA
Data: 10 a 13 de julho de 2012
Local: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Mais informações http://www.encontro2012.historiaoral.org.br/

IX CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: RITUAIS, ESPAÇOS E PATRIMÔNIOS ESCOLARES
Data: 12 a 15 de julho de 2012
Local: Universidade de Lisboa (UL)
Mais informações http://colubhe2012.ie.ul.pt/

15ª CONFERENCIA DO INTERNATIONAL PLANNING HISTORY SOCIETY
Data: 15 a 18 de julho de 2012
Local: Universidade de São Paulo (USP)
Mais informações http://www.fau.usp.br/15-iphs-conference-sao-paulo-2012/

54 CONGRESSO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS: CONSTRUINDO DIÁLOGOS NAS AMÉRICAS
Data: 15 a 20 de julho de 2012
Local: Universidade de Viena
Mais informações http://ica2012.univie.ac.at/pt/inicio/

IX ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-PE - HISTÓRIA E DIVERSIDADE: NOVAS NARRATIVAS, SUJEITOS E ESPAÇOS (novo)
Data: 23 a 27 de julho de 2012
Local: Universidade Federal de Pernambuco - Campus Caruaru (UFPE/Caruaru)
Mais informações http://www.pe.anpuh.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=788

CONGRÈS INTERNATIONAL DE RECHERCHE EN SCIENCES HUMAINES ET SOCIALES
Data: 24 a 28 de julho de 2012
Local: Hotel Concorde La Fayette, Paris, França
Mais informações http://education-conferences.org/homehss.aspx

VI ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-BA: POVOS INDÍGENAS, AFRICANIDADES E DIVERSIDADE CULTURAL - PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E ENSINO
Data: 13 a 16 de agosto de 2012
Local: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC/Ilhéus)
Mais informações http://www.viencontroanpuhba.ufba.br/

II ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS DA UFF (novo)
Data: 13 a 17 de agosto de 2012
Local: Universidade Federal Fluminense (UFF)
Mais informações http://www.anpuh.org/agenda/view?ID_AGENDA=1497

XIV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-SC: TEMPO, MEMÓRIAS E EXPECTATIVAS
Data: 19 a 22 de agosto de 2012
Local: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Mais informações http://www.anpuh-sc.org.br/encontro_estadual_2012.htm

III CONGRESSO INTERNACIONAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DAS AMÉRICAS (novo)
Data: 27 a 31 de agosto de 2012
Local: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ – Maracanã)
Mais informações http://www.congressonucleas.com.br/convocatoria.php

13º SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Data: 03 e 06 de setembro de 2012
Local: Universidade de São Paulo (USP)
Mais informações http://www.13snhct.sbhc.org.br/

IV ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL: TRABALHO, ECONOMIA E POPULAÇÕES NO MUNDO IBERO-AMERICANO (SÉCULOS XV A XIX) (novo)
Data: 3 a 6 de setembro de 2012
Local: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Mais informações http://www.ufpa.br/cma/eihc_belem/

XI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS: HISTÓRIA E DIVERSIDADE: ENSINO E PESQUISA NAS FRONTEIRAS
Data: 01 a 05 de outubro de 2012
Local: Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
http://www.anpuhms.org/eventos/xiencontrohistoriams/

Chamada de artigos

REVISTA HISTÓRIA HOJE (novo)
Tema: O ensino de História da África e da Cultura Afrobrasileira
Prazo: 20/01/2012
Tema: O ensino da História Indígena
Prazo: 20/06/2012
Tema: O lugar da formação do professor nos cursos de História
Prazo: 20/12/2012
Tema: O ensino de História e o tempo presente
Prazo: 20/06/2013
Site http://www.anpuh.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=683

REVISTA URBANA (novo)
Tema: Cidade e Sociabilidades
Prazo: 29/02/2012
Site http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/index.php

PENSAR. EPISTEMOLOGÍA Y CIENCIAS SOCIALES (novo)
Tema: Acesse o site.
Prazo: 29/02/2012
Site http://www.revistapensar.org/index.php/pensar/announcement/view/2

FRONTEIRAS: REVISTA CATARINENSE DE HISTÓRIA (novo)
Tema: Memória e Oralidade.
Prazo: 12/03/2012
Site http://www.anpuh-sc.org.br/revfront_proxedic.htm

REVISTA HISTÓRIA ORAL (novo)
Tema: História, Natureza, Cultura e Oralidade
Prazo: 15/03/2012
Site http://www.anpuh.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=57

PERSEU: HISTÓRIA, MEMÓRIA E POLÍTICA (novo)
Tema: Verdade e Memória na História da Esquerda
Prazo: 19/03/2012
REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA (novo)
Tema: Igreja e Estado
Prazo: 31/03/2012
Tema: Trabalho e Trabalhadores
Prazo: 31/08/2012
Site http://www.anpuh.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=57

SÆCULUM - REVISTA DE HISTÓRIA (novo)
Tema: História e Questão Agrária
Prazo: 20/04/2012
Tema: História e Práticas Cotidianas
Prazo: 06/09/2012
Tema: História e História da Arte
Prazo: 12/04/2013
Site http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/

REVISTA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA
Tema: Diálogos Historiográficos.
Prazo: 15/05/2012
Site http://www.ichs.ufop.br/rhh/index.php/revista

REVISTA MNEME (novo)
Tema: História e Imagens
Prazo: 30/04/2012
Site http://www.periodicos.ufrn.br/ojs/index.php/mneme/user/register

REVISTA SANKOFA DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E DE ESTUDOS DA DIÁSPORA AFRICANA (novo)
Tema: Acesse o site. https://sites.google.com/site/revistasankofa/chamadadeartigos

REVISTA ESTUDOS HISTÓRICOS
Tema: Anos 1960
Prazo: 31/12/2011
Tema: Países de Língua Portuguesa
Prazo: 30/06/2012
Tema: História e Audiovisual
Prazo: 31/12/2012
Tema: Raça e História
Prazo: 30/06/2013
Site http://cpdoc.fgv.br/revista

REVISTA CPC 14
Tema: Acesse o site
Prazo: 26/02/2012
Site http://www.usp.br/cpc/v1/php/wf07_revista_capa.php

PATRIMÔNIO E MEMÓRIA
Tema: Memória da escravidão
Prazo: 28/02/2012
Tema: Folclore Brasileiro e os seu lugares de memória
Prazo: 30/07/2012
Tema: Cultura indígena e identidades
Prazo: 28/02/2013
Tema: Fotografia e seus usos
Prazo: 30/07/2013
Site http://www.assis.unesp.br/cedap/patrimonio_e_memoria/patrimonio_e_memoria.html

CONFLUENZE RIVISTA DI STUDI IBEROAMERICANI
Tema: Travelers and travels: visions and representations
Prazo: 01/03/2012
Tema: Rethinking Authoritarianism
Prazo: 01/09/2012
Site http://confluenze.cib.unibo.it/

REVISTA HISTÓRIA: QUESTÕES E DEBATES
Tema: Brasil-Alemanha: entrelaçamentos culturais e intelectuais
Prazo: 03/2012
Site http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/index

REVISTA CONFLUÊNCIAS CULTURAIS
Tema: Educação, Patrimônio Cultural e Memória Social
Prazo: 31/03/2012
Site http://rdigital.univille.rct-sc.br/index.php/RCC

REVISTA MIRABILIA
Tema: Mística e Milenarismo na Idade Média
Prazo: 01/05/2012
Site http://www.revistamirabilia.com/nova/index.php

REVISTA ANOS 90
Tema: Ditaduras de Segurança Nacional no Cone Sul
Prazo: 30/05/2012
Tema: História e Mídia
Prazo: 30/07/2012
Site http://seer.ufrgs.br/index.php/anos90

REVISTA ESTUDOS AMAZÔNICOS
Tema: Fluxo Contínuo
Prazo: Acesse o site http://www.ufpa.br/pphist/estudosamazonicos/

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Numero 307






Último boletim de 2011. Coincidência ou não, porque esta época do ano a gente recebe muito poucas contribuições, todo mundo está mais preocupado com as festas, e com toda razão. E, coincidência ou não, os artigos da primeira seção versam sobre o mesmo assunto, a corrupção no Brasil. Nos links, uma retrospectiva, a crise na Europa e o Brasil como paraíso para os haitianos desesperados.
No mais,











1. ARTIGOS COMPLETOS

Visão antropológica da corrupção

Antonio de Paiva Moura

No mês de dezembro de 2011, dois episódios fizeram aumentar o interesse de um estudo antropológico do fenômeno corrupção. O primeiro foi o lançamento do livro de Amauri Ribeiro Júnior A privataria tucana, que denuncia a participação do ex-governador de São Paulo, José Serra, além de amigos, sócios e parentes por ocasião do processo de privatização de estatais, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1998 e 2002. A velha e grande mídia tentou encobrir o conteúdo e a importância das denúncias contidas no livro, evitando comentário ou divulgação do livro. Mas um fato inesperado obrigou a mídia, em parte, a quebrar o silêncio. Acontece que em quatro dias foram vendidos 30 mil exemplares e os 40 mil da primeira edição se esgotaram. O autor mandou imprimir mais 70 mil para atender à demanda. O conteúdo do livro virou um estrondoso debate em blogs e redes sociais superando o silêncio da velha imprensa. Ficou clara a parcialidade e a tendência da mídia brasileira que só vê corrupção no primeiro escalão do governo federal. (MARTINS, 2011)
O segundo episódio foi o pedido de apuração da conduta da ministra Eliana Calmon, à frente do Conselho Nacional de Justiça, (CNJ) feito por três associações de magistrados. As referidas associações alegaram que o CNJ quebrou o sigilo de 230 mil pessoas, entre juízes e servidores. Além disso, as três associações obtiveram uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu as investigações do CNJ contra casos de evolução patrimonial incompatível com os salários dos magistrados. Segundo a ministra Eliana Calmon, a reação ás inspeções do CNJ coincide com a investigação patrimonial deflagrada contra membros do Tribunal de Justiça de São Paulo, no qual constatou transações atípicas de 150 juízes e servidores. Baseado em diversas decisões judiciárias contraditórias do STF, nos últimos anos, como anulação de provas contra o banqueiro Daniel Dantas, Maierovitch (dez. 2011) diz que a justiça brasileira tem modelo ideal pra atrasar soluções de conflitos e manter impune os poderosos.
Refletindo sobre a iniqüidade, o mal-estar e o furor em torno do fenômeno corrupção, Márcia Tiburi (dez. 2011) diz que a corrupção aparece como uma nova regra de conduta, uma contraditória “moral imoral”. Temos uma moral vinda com a tradição de razão e comportamento legitimamente correto, isto é, honesto. O seu oposto é a moral imoral que predomina na sociedade contemporânea, onde o “ter” de qualquer forma ou de qualquer meio sobrepõe ao ser. O malando que parte sobre o outro, determinado a extorqui-lo, vai com toda a “moral”, ou “cheio de moral”. A gíria “na moral”, que está na boca do marginal significa uma espécie de legitimidade. Isso significa que a ideologia do “levar vantagem” impera, com aceitação da atitude do malandro. Fora da vantagem que define a regra, o sujeito honesto se transfigura imediatamente em otário. Se a moral é medida em dinheiro, não entregar-se a ele poderá parecer um luxo. Mas um luxo de pobre, já que a questão da honestidade não se coloca para os ricos. Honesto é sempre o pobre elevado à condição de cidadão exótico. O pobre honesto é otário porque teria tudo para ser corrupto e não é. Portanto, a moral imoral tem dois pesos e duas medidas: um valor para o rico e outro para o pobre. Ao rico pouco importa a classificação de corrupto ou de desonesto. Ao pobre resta somente o desejo de ocultar sua possível desonestidade. Por tudo isso, é um engano que a polícia, o ministério público e a justiça vão dar conta de combater a corrupção sem a reversão do quadro cultural vigente.

Referências

MAIEROVITCH, Walter Fanganiello. Justiça: sem enxergar suas obrigações. Carta Capital. São Paulo, n. 678, 28 dez. 2011.
MARTINS, Rodrigo. O ruído virtual do silêncio. Carta Capital. São Paulo, n. 677, 21 dez. 2011.
TIBURI, Márcia. O mistério da corrupção. CULT. São Paulo, n. 164, dez. 2011.



Colaboração de Guilherme Souto:

Participação dos grandes grupos de mídia nas privatizações ocorridas no governo FHC

Dica 1 – Por que a mídia está ignorando a Privataria? Porque ela participou do jogo, ativamente.





Hoje, poucas pessoas têm essa lembrança, mas vale destacar alguns dados:

* Grupo Globo – Disputou a privatização da Telesp fixa, Telerj/Telesc Celular e Telesp Celular (perdeu para a Telefônica) e venceu o leilão das celulares Tele Celular Sul (Paraná e Santa Catarina) e Tele Nordeste Celular (CE, RN, PB, PE, PI e AL). O consórcio vencedor tinha o grupo Vicunha, Bradesco e Telecom Italia. Vendeu suas participações para a Telecom Italia. Hoje as operações são da TIM. Foi sócia da Telecom Italia no Globo.com e depois vendeu o controle da Net Serviços para a Embratel, depois de negociar com praticamente todas as empresas de telecomunicações atuantes no Brasil.

* Grupo RBS – Disputou a privatização ao lado da Telefônica e foi vencedor da disputa pelo consórcio que levou a operação da Telesp fixa. Depois acabou saindo porque se sentiu enganada pela tele espanhola, já que o projeto original era levar a Tele Centro Sul (que depois mudou de nome para Brasil telecom e hoje é parte da Oi). Antes de disputar a privatização em 1998, a RBS já havia sido sócia da Telefônica na CRT, a empresa de telecomunicações do Rio Grande do Sul que foi privatizada alguns anos antes. Além disso, a RBS vendeu o Terra para a Telefônica.

* Grupo OESP – Participou do consórcio que levou a operadora de celular competitiva na cidade de São Paulo (banda B) ao lado de empresas como a Bell South e Banco Safra. Posteriormente, não aguentou os investimentos e acabou vendendo sua participação.

* Grupo Folha – Não disputou o leilão da Telebrás. Mas chegou a negociar com alguns investidores a sua entrada no mercado de TV a cabo. Alguns anos após a privatização, tornou-se sócia da Portugal Telecom (acionista da Telesp Celular, hoje Vivo) no portal UOL.

* Band – Entrou no mercado de TV a cabo em 1998 e foi sócia da Telemar e do Opportunity no portal iG.

* Abril – Não disputou a privatização, mas vendeu por cerca de R$ 1 bilhão a operação de TV por assinatura TVA para a Telefônica em 2006. Antes disso, foi sócia da Folha no UOL até a entrada da Portugal telecom, quando as relações azedaram.

* SBT – Entrou no mercado de TV a cabo ao lado da Band e Diários Associados.

* Diários Associados – Entrou no mercado de TV a cabo ao lado de Band e SBT.

Dica 2 – Opportunity Silicon Valley LLC e as ligações Daniel Dantas/Verônica Serra. Pouca gente sabe, mas nos idos tempos da bolha de Internet de 2000, Daniel Dantas e seu Opportunity tentaram ser o Facebook da época. Investiram em várias start-ups e “agrupavam” estes investimentos em uma picaretagem chamada “Opportunity Silicomn Valley LLC”, que nada mais era do que uma empresa destinada a atrair investidores para essas empresinhas. Entre elas estavam a Decidir.com, da Verônica Serra, o iG, Radix, NO. e outras desimportantes
. Quem tiver curiosidade, é só buscar no supre-mencionado web.archives.org o site de www.opportunitysv.com em que tudo isso está registrado, já que o site não existe mais. O link direto é http://web.archive.org/web/20010410175102/http://www.opportunitysv.com/index.html.



2011, o ano em que a mídia demitiu ministros. 2012, o ano da Privataria.

A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.
Maria Inês Nassif (
WWW.cartamaior.com.br)

Em 2005, quando começaram a aparecer resultados da política de compensação de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – a melhoria na distribuição de renda e o avanço do eleitorado “lulista” nas populações mais pobres, antes facilmente capturáveis pelo voto conservador –, eles eram mensuráveis. Renda é renda, voto é voto. Isso permitia a antevisão da mudança que se prenunciava. Tinha o rosto de uma política, de pessoas que ascendiam ao mercado de consumo e da decadência das elites políticas tradicionais em redutos de votos “do atraso”. Um balanço do que foi 2011, pela profusão de caminhos e possibilidades que se abriram, torna menos óbvia a sensação de que o mundo caminha, e o Brasil caminha também, e até melhor. O país está andando com relativa desenvoltura. Não que vá chegar ao que era (no passado) o Primeiro Mundo num passe de mágicas, mas com certeza a algo melhor do que as experiências que acumulou ao longo da sua pobre história.

O perfil político do governo Dilma é mais difuso, mas não se pode negar que tenha estilo próprio, e sorte. As ofensivas da mídia tradicional contra o seu ministério permitirão a ela, no próximo ano, fazer um gabinete como credora de praticamente todos os partidos da coalizão governamental. No início do governo, os partidos tinham teoricamente poder sobre ela, uma presidenta que chegou ao Planalto sem fazer vestibular em outras eleições. Na reforma ministerial, ela passa a ter maior poder de impor nomes do que os partidos aliados, inclusive o PT. Do ponto de vista da eficiência da máquina pública – e este é o perfil da presidenta – ela ganha muito num ano em que os partidos estarão mais ocupados com as questões municipais e em que o governo federal precisa agilidade para recuperar o ritmo de crescimento e fazer as obras para a Copa do Mundo.

Sorte ou arte, o distanciamento de Dilma das denúncias contra os seus ministros, o fato de não segurar ninguém e, especialmente, seu estilo de manter o pé no acelerador das políticas públicas independentemente se o ministro da pasta é o candidato a ser derrubado pela imprensa, não a contaminaram com os malfeitos atribuídos a subalternos. Prova é a popularidade registrada no último mês do ano.

Mais sorte que arte, a reforma ministerial começa no momento em que a grande mídia, que derrubou um a um sete ministros de Dilma, se meteu na enrascada de lidar com muito pouca arte no episódio do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Passou recibo numa denúncia fundamentada e grave. Envolve venda (ou doação) do patrimônio público, lavagem de dinheiro – e, na prática, a arrogância de um projeto político que, fundamentado na ideia de redução do Estado, incorporou como estratégia a “construção” de uma “burguesia moderna”, escolhida a dedo por uma elite iluminada, e tecida especialmente para redimir o país da velha oligarquia, mas em aliança com ela própria. Os beneficiários foram os salvadores liberais, príncipes da nova era. O livro “Cabeças de Planilha”, de Luís Nassif, e o de Amaury, são complementares. O ciclo brasileiro do neoliberalismo tucano é desvendado em dois volumes “malditos” pela grande imprensa e provado por muitas novas fortunas. Na teoria. Na prática, isso é apenas a ponta do iceberg, como disse Ribeiro Jr. no debate de ontem (20), realizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, no Sindicato dos Bancários: se o “Privataria” virar CPI, José Serra, família e amigos serão apenas o começo.

A “Privataria” tem muito a ver com a conjuntura e com o esporte preferido da imprensa este ano, o “ministro no alvo”. Até a edição do livro, a imprensa mantinha o seu poder de agendamento e derrubava ministros por quilo; Dilma fingia indiferença e dava a cabeça do escolhido. A grande mídia exultou de poder: depois de derrubar um presidente, nos anos 90, passou a definir gabinetes, em 2011, sem ter sido eleito e sem participar do governo de coalizão da mandatária do país. A ideologia conservadora segundo a qual a política é intrinsicamente suja, e a democracia uma obra de ignorantes, resolveu o fato de que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizimou a oposição institucional, em 2010, e a criação do PSD jogou as cinzas fora, terceirizando a política: a mídia assumiu, sem constrangimentos, o papel de partido político. No ano de 2011, a única oposição do país foi a mídia tradicional. As pequenas legendas de esquerda sequer fizeram barulho, por falta de condições, inclusive internas (parece que o P-SOL levou do PT apenas uma vocação atávica para dissidências internas; e o PT, ao institucionalizar-se, livrou-se um pouco dela – aliás, nem tanto, vide o último capítulo do livro do Amaury Ribeiro Jr.).

Quando a presidenta Dilma Rousseff começar a escolher seus novos ministros, e se fizer isso logo, a grande mídia ainda estará sob o impacto do contrangimento. Dilma ganhou, sem imaginar, um presente de Papai Noel. A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.

Isso não chega a ser uma crise que a democracia não tenha condições de lidar. Na CPI dos Anões do Orçamento, que atingiu o Congresso, os partidos viveram intensamente a crise e, até por instinto de sobrevivência, cortaram na própria carne (em alguns casos, com a ajuda da imprensa, jogaram fora a água da bacia com alguns inocentes junto). A CPI pode ser uma boa chance de o Brasil fazer um acerto com a história de suas elites.

E, mais do que isso, um debate sério, de fato, sobre um sistema político que mantém no poder elites decadentes e é facilmente capturado por interesses privados. Pode dar uma boa mão para o debate sobre a transparência do Estado e sobre uma verdadeira separação da política e do poder econômico. 2012 pode ser bom para a reforma política, apesar de ter eleições municipais. Pode ser o ano em que o Brasil começará a discutir a corrupção do seu sistema político como gente grande. Cansou essa brincadeira de o tema da corrupção ser usado apenas como slogan eleitoral. O Brasil já está maduro para discutir e resolver esse sério problema estrutural da vida política brasileira.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.




2. VALE A PENA LER

No WWW.outraspalavras.net uma retrospectiva de 2011, com vários artigos:

2011 começou no norte da África
Primavera Árabe derrubou duas ditaduras em cinco semanas. Espalhou-se. Sofreu revezes. Continua viva (e inspiradora) no final do ano

Procura-se uma nova democracia
Maio: Europa descobre-se sob tirania... das finanças. Nas praças, multidões já sabem o que não querem: “nem políticos, nem banqueiros”

Teoria: como construir o pós-capitalismo?
Para superar sistema, não basta ir às ruas. Outras Palavras destacou, também, reflexão de pensadores que buscam caminhos para transformação social

Crise: o rugido da aristocracia financeira
Mudar o mundo não é um passeio: 2011 viveu, também, radicalização do velho: ataque aos direitos e serviços públicos, em nome dos interesses de 1%

O poder dos não-eleitos
“Chamam-na democracia. E não é”, disse alguém. Igualamento dos partidos, vigilância e xenofobia ameaçaram constituir um totalitarismo pós-moderno

Testando os limites do planeta
Conferência de Durban produziu resultados pífios. Brasil pode desmontar seu Código Florestal. Às vésperas da Rio+20, pergunta-se: até onde iremos?

A hora das periferias?
Depois de séculos, eurocentrismo parece abalado. Mas de que servirá avanço dos “emergentes”? Criar novos enredos? Ou apenas trocar atores?

Nós. Aqui. Outra vez
Posta à margem do debate internacional por anos, questão palestina reocupou centro do cenário (a contragosto de Telaviv e Washington...)

Sin perder la ternura jamás
Contraditória, mas sempre intensa, América Latina continua em transe. Depois de superar ditaduras e neoliberalismo, irá além do “desenvolvimento”?

Os donos do saber não sabem ser donos
Músicos, artistas, escritores, blogueiros, cientistas: quem cria quer dialogar e difundir saber. Já quem detém a “propriedade intelectual”...

O que vocês diriam desta vida que não dá mais pé?
No Brasil, rebeldia das praças exigiu direito ao corpo e à cidade. Marchas da liberdade, pós-automóvel. Queremos Copas ou coração?

Quando a arte é onde se inventa o mundo
Outras Palavras também foi ficção, crítica literária e artística. Às vezes, lugar dos novos mundos é bem longe das instituições

Ser rede, mas cultivar a profundidade
Em 2011, largada para grande elenco de colaboradores. Veja quem já está em Outras Palavras e como será possível participar

Outros projetos nos comovem
Entre eles, teia de auto-informação horizontal e circuito de colaboração não-mercantil entre publicações independentes



'Oásis' global, Brasil 'importa' mais e 'exporta' menos trabalhadores
Retomada do crescimento e resistência contra crise global de 2008 e à volta dela em 2011 invertem fluxo de pessoas que cruzam fronteiras do país. Número de brasileiros no exterior cai pela metade e o de imigrantes, sobe 50%. Portugueses e espanhóis em fuga de Europa decadente se destacam. Imigração ilegal também avança.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19277&boletim_id=1085&componente_id=17319


O FMI chegou a Europa
A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990. Os países europeus que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990.
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5373&boletim_id=1085&componente_id=17323

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Número 306







Fim de ano se aproximando velozmente. Mais dez dias e estaremos ingressando em 2012. Vemos agora os dias de festa. Infelizmente o que acontece no mundo hoje não é tão festivo assim. Nas últimas décadas, provavelmente este será o fim de ano mais dramático, em função da crise econômica que explode em todos os cantos do globo. E a saída? Onde está a saída?
A crise está presente neste número em que, apesar de tudo,







Além da crise, outro elemento ainda tomou conta do mundo blogueiro e continuou sendo ignorado olimpicamente pela grande mídia: as

contundentes revelações da Privataria Tucana. Um artigo e vários links para esse tema estão presentes.
Não bastasse isso, a maldição do petróleo volta a frequentar este blog, ainda por intermédio do jornalista José de Castro.
E não deixamos de lado a saída dos americanos do Iraque, deixando um saldo aterrador de sua presença naquele país.
E apesar de não ser mais um fã da Folha de São Paulo, não pude ignorar o excelente editorial que me foi encaminhado pela amiga Vânia, e que é o artigo que abre este número.





1. ARTIGOS COMPLETOS

Enviado por Vânia Facury


Gladiadores (Folha de São Paulo, 19/12/2011)

Proibiram-se, numa lei polêmica, as touradas em Barcelona. Experimentos com animais vivos conhecem, mundialmente, forte oposição. No Brasil, cresce a resistência aos rodeios.


Ainda que, por vezes, atitudes desse tipo se traduzam em intolerância, puritanismo e exagero, não seria equivocado dizer que refletem uma tendência geral no rumo de uma maior sensibilidade diante do sofrimento e da violência.
Das sessões públicas de tortura em criminosos condenados, tidas como normais no século 18, até a repulsa que hoje inspira, em parcelas crescentes da população, o mero consumo de alimentos de origem animal, um caminho civilizacional se fez.

Mesmo no boxe, que também repugna a muitos, tratou-se, por exemplo, de separar os lutadores tão logo se comprova a evidência de um nocaute, evitando a cena ignóbil do vencedor golpeando repetidas vezes o adversário já caído.
Foi precisamente uma cena destas -repetida à saciedade em qualquer horário- o que se viu na recente disputa pelo título de campeão dos pesos-pesados do UFC (Ultimate Fighting Championship).

Não bastasse a extrema violência dessa espécie de vale-tudo, que atrai legiões de entusiastas no Brasil, a narração do espetáculo, transmitido pela TV Globo, ocasionou momentos de paroxismo emocional na voz de Galvão Bueno. "Um, dois, três, quatro", vibrava o locutor, contando os golpes que selaram a sorte do norte-americano que cedia o título de sua categoria a um brasileiro.

Como não ver com estranheza, e até com aversão, um espetáculo que diz mais sobre o Brasil do Bope, da tortura nas delegacias, do tráfico e das milícias do que sobre o Brasil ameno, simpático e charmoso do jogador Neymar ou da modelo Gisele Bündchen?

Há gosto para tudo, bem se sabe. São Paulo candidata-se, por exemplo, a reunir 70 mil pessoas num estádio, no ano que vem, para uma disputa da categoria.
A liberdade de noticiar até justifica que, em horários livres para todas as idades, fossem televisionadas cenas hediondas de uma luta. Mas um mínimo de sensibilidade e autorregulação viria a calhar. São os "gladiadores do século 21", segundo o narrador da Globo.


Sem dúvida: é o século 21 - mas naquilo que tem de mais primitivo e troglodita.

Enviado por Guilherme Souto

Uma guerra oficialmente declarada morta

Sáb, 17 de Dezembro de 2011 08:30
Pepe Escobar (de Bagdá), Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/ML17Ak02.html
Traduzido pela Vila Vudu
(Atenção: Essa reportagem conta o fim do filme. Pode estragar o suspense criado em editoriais do New York Times.)
BAGDÁ – Na 5ª-feira, o Pentágono declarou oficialmente morta sua “guerra ao terror” de US$3 trilhões (e aumentando) – com invasão, ocupação e destruição da nação iraquiana, com o país preparado para guerra civil (“guerra de baixa intensidade”) entre sunitas e xiitas e com o mundo muçulmano cofiando as barbas, sem entender que fim levou o Oriente Médio Ampliado [orig. Greater Middle East] do governo George W Bush.
Num bunker de concreto sem o telhado, no antigo aeroporto de Bagdá convertido em base militar, o chefe do Pentágono, Leon Panetta, elogiou os mais de um milhão de norte-americanos e norte-americanas, em uniforme militar ou com os uniformes das empresas de mercenários, pelo “notável avanço” em termos de morte e destruição que os EUA alcançaram nos últimos nove anos, mas reconheceu os graves desafios que o país, praticamente destruído, enfrentará.
“Permitam-me ser bem claro: o Iraque será testado, daqui em diante – pela al-Qaeda na Terra dos Dois Rios;[1] pela al-Qaeda no Maghreb; pela al-Qaeda na Península Arábica; pelos Talibã; pelo Irã; pelo Hezbollah; pela ditadura de Assad na Síria, pela China, pela Rússia, por Occupy Wall Street.
“Desafios ainda há, mas os EUA lá estarão, ao lado do povo iraquiano, com a quantidade necessária de mísseis Hellfire, para que os iraquianos surfem sobre todos esses desafios e construam um paraíso seguro e lucrativo para o neoliberalismo e as empresas norte-americanas.”
A cerimônia muda e para poucos contrastou fortemente com o espetacular “choque e pavor” de 2003, quando os EUA em transe, cegos pelas mentiras e mais mentiras publicadas na primeira página do New York Times, enviaram colunas e mais colunas de tanques do norte do Kuwait, e iluminaram os céus “como Natal”, nas palavras da CNN, para fazer a “troca de regime” e tirar do governo o ditador-do-mal Saddam Hussein.
Contadas as mortes até 6ª-feira passada, a guerra do Iraque custou a vida de 4.487 norte-americanos, com mais 32.226 norte-americanos feridos e aleijados em ação, segundo as estatísticas do Pentágono. Sobre vítimas iraquianas: o Pentágono não conta cadáveres não norte-americanos.
O clima geral da cerimônia de adeus, uma hora de duração, solene, emocional – oficialmente chamada de “Adeus, cabeças de toalhas”, mais parecia um toque de adeus, num clarim vacilante, gago, a guerra inventada para livrar o mundo de armas de destruição em massa que jamais existiram. E que termina sem o capítulo iraquiano do Império de Bases que o Pentágono tanto quis ter –, sobretudo porque os militares norte-americanos foram postos porta a fora pelo mal agradecido primeiro-ministro Nuri al-Maliki, do Iraque.
Apesar de a cerimônia solene na 5ª-feira ter marcado o fim oficial da guerra, o Pentágono, por via das dúvidas, ainda mantém duas bases no Iraque, com apenas 4.000 soldados, várias centenas dos quais estavam presentes à cerimônia. No auge da guerra, em 2007, durante a avançada do general David Petraeus, os EUA invasores e ocupantes tinham implantas no Iraque 505 bases, e mais de 170 mil soldados e soldadas.
Segundo os militares, os duros-de-matar que lá permanecerão são alvo, diariamente, de provas incontestes do perene amor que o povo iraquiano lhes dedica, amor que se manifesta, todos os dias, sobretudo por objetos explosivos improvisados, lançados contra comboios que viajam rumo sul, atravessando o Iraque, tentando chegar às bases no Kuwait.
Depois de as duas últimas bases serem fechadas, até 31 de dezembro, e de os últimos soldados dos EUA tomarem o rumo de casa, onde serão recebidos por desemprego amplo, geral e irrestrito, as regras de um obscuro acordo firmado com o governo de Bagdá asseguram que algumas centenas de soldados, temperadas com colheradas de espiões e mercenários, permanecerão no Iraque, trabalhando no prédio da nova embaixada dos EUA (maior que o Vaticano), como parte de um Serviço de Cooperação para Segurança, para dar assessoramento comercial em negócios extremamente lucrativos de venda de armas.
Mas, ano que vem, as negociações serão retomadas, para tentar que mais soldados, espiões e mercenários norte-americanos consigam voltar ao Iraque, para ampliar os lucros da ação.
Altos oficiais do Pentágono não economizaram palavras ao informar que, sim, o Pentágono sentirá muita falta, tanto do petróleo quanto do controle que os EUA não conseguiram assegurar para eles mesmos, até agora. E há também o caso daqueles jatos F-16s que Bagdá está sendo forçada a comprar; os F-16s têm de ser usados e bem usados, e não se admite que sejam largados lá, para fritar ao sol do deserto al-Anbar.
“Do ponto de vista de conseguirem defender-se de um traiçoeiro terrorista-de-bomba-na-cueca da al-Qaeda, os iraquianos terão capacidade entre limitada e mínima, falando francamente” – disse o general Lloyd J Austin III, comandante norte-americano em retirada do Iraque, em entrevista, enquanto mastigava um Big Mac.
A tênue cortina de segurança no Iraque aparecia aos olhos de todos, que viam um flotilha de aviões armados que sobrevoava a cerimônia, escaneando a superfície local à caça de agentes operadores da al-Qaeda infiltrados. Embora haja hoje muito menos violência no Iraque do que no auge da guerra sectária que os EUA construíram e promoveram em 2006 e 2007, muita gente ainda é morta diariamente, e os norte-americanos são alvos preferenciais dos seguidores do incendiário e popularíssimo clérigo xiita Muqtada al-Sadr.
Panetta reconheceu que “o custo foi alto – em sangue e dinheiro dos EUA, e também para o povo iraquiano. Mas aquelas vidas não foram ceifadas em vão – deram origem a um regime cliente dividido, segregado, absolutamente traumatizado. Só falta saber se será regime fantoche dos EUA, ou do Irã.”
Em abril de 2003, houve euforia entre alguns iraquianos, ante o sucesso da invasão norte-americana. Mas o apoio logo degenerou, depois de os Marines porem-se a atirar contra civis desarmados, cada vez mais imbuídos da convicção de que ali estavam em ação de ocupação hardcore – que fez recrudescer todas as rivalidades sectárias e religiosas locais.
Depois que os escândalos na prisão de Abu Ghraib mostraram o quanto os EUA faziam a festa e o bolo e curtiam muito, e envoltos todos no nevoeiro da guerra, sunitas e xiitas, simultaneamente, decidiram lutar contra a ocupação (os curdos pouco se incomodaram); e um grupo ligado à al-Qaeda encontrou a brecha de que precisava e pôs-se a explorá-la no seio da população sunita minoritária.
Apesar de, naquele momento, o grupo terrorista ter sido neutralizado, mediante várias missões de punição das Forças de Operações Especiais que incineraram vários líderes da al-Qaeda e de muitos sacos de dinheiro distribuídos entre as tribos sunitas, especialistas da inteligência dos EUA temem que, hoje, a al-Qaeda esteja ressurgindo no Iraque.
A ocupação norte-americana no Iraque também criou dificuldades extras, que minaram a capacidade dos EUA para fabricarem uma narrativa convincente do apoio dos EUA aos levantes da Primavera Árabe no início de 2011 – que surgiram em momento em que os EUA dormiam ao volante e pegaram-nos de calças curtas.
No final, o Pentágono foi chutado, esperneando e aos gritos, para fora das bases em território iraquiano, pelo governo iraquiano. Por todo o país, o fechamento daqueles preciosos postos, no que deveria ser um sempre crescente Império das Bases dos EUA, foi assinado num encontro a portas fechadas, sem alarido, durante o qual militares dos EUA e do Iraque assinaram documentos que dão ao Iraque o controle legal sobre as bases; em seguida, apertaram-se as mãos como ordena o protocolo e separaram-se rapidamente, sem que qualquer dos lados conseguisse disfarçar completamente o desprezo que todos sentiam, uns pelos os outros.
O Chefe do Comando do Estado-Maior dos EUA, General Martin E. Dempsey, do exército, foi duas vezes comandante da forças norte-americanas no Iraque desde a invasão, em 2003. Durante a cerimônia, Dempsey observou que só voltará ao Iraque, quando for convidado.
Contatados para esse artigo, iraquianos que queimavam bandeiras dos EUA em Fallujah – cidade que foi destruída pelos EUA no final de 2004, na operação para “salvá-la” – disseram, sem que nada lhes fosse perguntado, que Dempsey que espere sentado, para não cansar.

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[1] “Terra dos Dois Rios” (ar. Ardulfurataini Watan], foi o título do hino nacional do Iraque, desde 1981 até 2003. Depois da derrubada de Saddan, o governo iraquiano implantou outro hino nacional, Mawtini [NTs, com informações de http://en.wikipedia.org/wiki/Ardulfurataini_Watan].


O livro e a imprensa, um ponto de ruptura
Por Luciano Martins Costa em 15/12/2011 na edição 672 do Observatório da Imprensa

Esta semana marca um ponto de ruptura da imprensa brasileira tradicional, aquela chamada de circulação nacional. O fato de os principais jornais do país haverem ignorado o tópico mais divulgado na internet – o livro que denuncia atividades criminosas atribuídas a familiares e pessoas próximas do ex-governador José Serra – representa uma declaração pública de que a imprensa tradicional não considera relevante o ambiente midiático representado por blogs, sites independentes de empresas de mídia e grupos de discussões nas redes sociais.

A fidelidade canina das grandes empresas de comunicação ao político Serra é um caso a ser investigado por jornalistas e analisado por cientistas políticos. Na medida em que essa fidelidade chega ao ponto de levar as bravas redações – sempre animadas para publicizar toda espécie de malfeitoria envolvendo protagonistas do poder – a fingir que não tem qualquer relevância o fenômeno editorial intitulado A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., cria-se um precedente cujas consequências não se pode ainda avaliar.

Por iniciativa da imprensa tradicional, aprofunda-se o fosso que a separa da mídia alternativa.

Debate aberto

Não que tenha arrefecido o ímpeto dos jornais por dar repercussão a todo tipo de denúncia: estão nas primeiras páginas, nas edições de quinta-feira (15/12), o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e o publicitário Marcos Valério.
Cada um desses personagens tem uma história a explicar para a sociedade, mas a imprensa, ao proceder com tão escancarado desequilíbrio nos critérios de edição, se desqualifica como meio legítimo para mediar a questão com a sociedade.

Não se pode escapar à evidência de que a imprensa realiza um esforço corporativo para apresentar ao seu público um cardápio restrito de escândalos, quando o prato mais apetitoso vende milhares de exemplares de livros, produz um mercado paralelo de cópias piratas e manifesta o desejo do público de saber mais.

O silêncio da imprensa prejudica as chances do ex-governador José Serra de contestar as acusações apresentadas no livro contra sua filha, seu genro, o coordenador de suas campanhas eleitorais e outros personagens ligados ao seu núcleo de ação política.
Paralelamente, amplia o raio de conflitos entre as empresas de comunicação e a categoria profissional dos jornalistas, muitos dos quais são ativos participantes nos debates sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr.

Fugindo da boa história

A origem do esquema investigado pelo autor de A Privataria Tucana se confunde com o ponto em que a imprensa tradicional perdeu o interesse pelo caso do Banestado – provavelmente a matriz de todos os crimes financeiros revelados ou semiocultos no Brasil nos últimos quinze anos. Por essa razão, aumenta a curiosidade geral em torno da recusa da imprensa em reabrir esse caso através da janela criada com o livro de Ribeiro Jr.

A partir deste ponto, torna-se legítima qualquer desconfiança sobre o real interesse da chamada grande imprensa em ver desvendadas as denúncias de corrupção que ela própria divulga. Não há mais dúvida razoável de que essas denúncias são publicadas de maneira seletiva.

O mapa aberto pelo livro de Ribeiro Jr., pelo que já se deu a conhecer, complementa reportagens já publicadas sobre crimes financeiros em geral, mas principalmente sobre aqueles que têm como vítima o patrimônio público. Em geral, as reportagens sobre aquilo que agora é chamado de malfeito esmaecem quando o caso se transforma em processo formal na Justiça.

Estranhamente, quando surge a possibilidade de oferecer ao público o acompanhamento das conclusões, a imprensa sai de campo. Observe-se, por exemplo, que o chamado caso “mensalão” está para ser prescrito e há um hiato no noticiário entre a aceitação da denúncia e a prescrição.
No caso Banestado, assim como no livro-reportagem de Amaury Ribeiro Jr., o mais importante é a revelação do esquema de lavagem de dinheiro, com o mapa dos caminhos que o dinheiro sujo realiza por paraísos fiscais e contas suspeitas. Trata-se do mesmo esquema utilizado pelos financiadores ocultos do narcotráfico, pelos corruptos e corruptores e por cidadãos acima de qualquer suspeita.

Se desse curso às pistas levantadas no livro de Ribeiro Jr., a imprensa poderia construir histórias muito interessantes – por exemplo, ao identificar consultores jurídicos especializados em lavagem de dinheiro que costumam frequentar páginas mais nobres dos jornais.
A omissão da imprensa em relação ao fenômeno editorial do ano é também a renúncia ao bom jornalismo .

(Leia mais sobre A privataria tucana nos links da seção VALE A PENA LER, abaixo)



Barão de Itararé promove o debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia” em São Paulo
O livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr, será tema do debate “A Privataria Tucana e o Silêncio da Mídia”, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, nesta quarta (21), no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Além do autor, também estarão presentes Paulo Henrique Amorim, jornalista e blogueiro, e Protógenes Queiroz, deputado autor do pedido da instalação da CPI da Privataria. Até a última sexta, 45 mil exemplares já tinham sido vendidos. Uma nova edição, com 70 mil exemplares, está sendo preparada.


A maldição do petróleo revisitada
Texto de José de Souza Castro, publicado inicialmente no Blog da KikaCastro.

Paulo Silva, em comentário ao meu artigo anterior num blog, recomendou a leitura de uma entrevista de Wladmir Coelho, pesquisador da Fundação Brasileira de Direito Econômico (FBDE), para aprofundar o debate sobre o Pré-Sal. A entrevista pode ser lida AQUI.( http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6596:manchete071211&catid=34:manchete) “O modelo de exploração do petróleo brasileiro, infelizmente, segue a nossa terrível tradição colonial”, afirma o entrevistado.
Nem sempre foi assim, é óbvio. O professor Washington Albino, um dos 17 fundadores da FBDE, em 1972, e que faleceu em junho passado, foi um dos batalhadores para que o petróleo do Brasil fosse dos brasileiros, ao participar no início da década de 1950 da campanha “O Petróleo é nosso”. Uma campanha vitoriosa, que deu origem à Petrobras e ao monopólio estatal, quebrado na década de 1990, no governo Fernando Henrique Cardoso, e aprofundado na década seguinte, no governo Lula, com a legislação do Pré-Sal.
O que não mudou, infelizmente, foi o comportamento da imprensa brasileira em relação à exploração petrolífera. Nos anos 50, o mais ouvido programa noticioso no rádio e na televisão era o Repórter Esso. Ele ignorou aquela campanha e, sempre que pôde, caluniou os defensores da Petrobras, como afirma Wladmir Coelho, que se apresenta também como historiador, mestre em Direito e colunista do Diário Liberdade.
“O modelo Repórter Esso continua”, lamenta Wladmir Coelho, referindo-se à relutância de nossa imprensa em entrar no caso do derramamento de petróleo na área do Pré-Sal sob exploração da Chevron e de se aprofundar no assunto. A imprensa fez ainda pior, como reconhece o entrevistado: “O acidente aconteceu em um campo cuja operação de perfuração encontra-se sob responsabilidade da Chevron e os jornais ainda encontram meios de responsabilizar a Petrobras. Isso não é sério.”
Nada indica, também, um rompimento de nossa tradição colonial, e deveremos continuar sendo um país explorado. Raciocina Wladmir:
“A exploração predatória do Pré-Sal assume hoje um papel pouco debatido diante da crise financeira mundial. Trata-se da destinação dos eventuais recursos decorrentes da exploração, pagos ao Estado, à formação de um fundo para compra de títulos (públicos e privados), contribuindo deste modo para a retirada de circulação dos famosos ativos tóxicos encalhados nos cofres dos banqueiros.”
Estamos à mercê da chamada maldição do petróleo, como apontamos num artigo comemorativo da 300ª edição do Boletim de História. Maldição também lembrada por Wladmir Coelho neste artigo
.( http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=12307:a-maldicao-do-petroleo&catid=312:petroleo-e-politica&Itemid=21)
De fato, o governo se rendeu à indústria petrolífera mundial e, entre elas, à mais funesta: Chevron, uma empresa com valor de mercado de 187 bilhões de dólares, apesar do desastre que provocou no Equador (no Golfo do México, a BP contratou a mesma Transocean, empresa de perfuração que também atuou no Campo de Frade). Aqui, ela foi multada em pouco mais de 200 milhões de reais pelo governo federal. No Equador, “esta empresa envenenou a água da população amazônica derramando, conscientemente, refugo em rios”, diz Wladmir, naquela entrevista. “Ao ser denunciada, adulterou dados, subornou juízes e, sendo condenada, falsificou uma limpeza. Até hoje a multa de US$ 18 bilhões não foi paga.”
No Brasil, há também juízes subornáveis, e nada indica que a multinacional americana vai pagar as multas que lhe foram aplicadas pelo desastre na área do Pré-Sal, muito embora elas sejam irrisórias, tendo em vista o prejuízo causado e o valor de mercado da empresa. A Chevron fará qualquer coisa para não pagar, pois ela é orientada unicamente pelo lucro. E o governo Dilma pouco fará para receber, pois ele também se orienta, como os dois que o precederam, na máxima do fundamentalismo liberal de mínima regulação e na crença da autofiscalização e da gestão responsável das empresas.
E temos que nos dar por satisfeitos, se ficarmos apenas no prejuízo econômico e ambiental. Na África, nos anos 1990, como recorda Wladmir Coelho, a Chevron teria promovido um massacre de camponeses nigerianos que protestavam contra a morte do gado envenenado por derramamento de petróleo. “A Chevron contratou a polícia para matar os camponeses”, informa o historiador e mestre em Direito.
Por coincidência, terminei ontem a leitura de “O Dia da Caça”, escrito em 2008 por James Petterson. O escritor, um patriota americano que já vendeu 230 milhões de livros em mais de 100 países, segundo sua editora no Brasil (a Arqueiro), descreve o massacre de nigerianos e sudaneses, sob o olhar complacente da CIA e de multinacionais americanas, inglesas, holandesas, entre outros países colonizadores, mas não cita a Chevron. Os vilões da história são dois agentes vendidos da CIA e empresas petrolíferas da... China!



2. VALE A PENA LER

O que o caixa de campanha de Serra e FHC e Fernandinho Beira-Mar tinham em comum
Posted: 15 Dec 2011 03:30 AM PST
Reportagem de Amaury Ribeiro Jr (autor da Privataria Tucana), publicada em 12 de fevereiro de 2003 pela revista Isto É, mostra duas coisas.
Primeira: Amaury pesquisa e escreve sobre a privataria tucana há muito tempo. O material para o livro é fruto de seu trabalho como jornalista investigativo há pelo menos dez anos. Falar em dossiê de campanha, como diria certo candidato, é trololó.
Segunda: Pelo menos uma coisa havia em comum entre o esquema do caixa das campanhas de FHC e Serra, Ricardo Sergio de Oliveira, e o mega-traficante Fernandinho Beira-Mar: o doleiro Alberto Youssef.
Leia a matéria completa aqui: http://blogdomello.blogspot.com/2011/12/o-que-o-caixa-de-campanha-de-serra-e.html







A mídia não sabe o que fazer com "A privataria tucana"
Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5354&boletim_id=1076&componente_id=17211


Pedido de CPI e discursos quebram silêncio sobre Privataria Tucana
Deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) tenta criar CPI com foco nas privatizações. Cúpula do PT ainda analisa como se posicionar, mas, diante de 'fatos gravíssimos', líderes na Câmara e Senado mostram disposição para guerra com PSDB. Deputado-delegado tucano acha livro 'importante' mas, para líderes, denúncia é 'requentada'. Serrista, presidente do PPS exalta-se ao ser questionado.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19205&boletim_id=1076&componente_id=17194


Stéphane Hessel: 'Os bancos estão contra a democracia'
Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas, "Indignem-se", que teve eco global. Em entrevista ao Página/12 ele fala sobre sua obra e critica o ultra liberalismo predador, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta e a ocupação israelense da Palestina.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19241&boletim_id=1081&componente_id=17268


´O mundo já ingressou na segunda fase da crise´
Direita retomou a ofensiva. Finge não ver que a austeridade orçamentária, além da transferência, que a felicita, do peso da dívida para as classes populares, não pode senão provocar a recaída numa nova contração da atividade. A análise é do economista francês Gérard Duménil, em entrevista ao Jornal da Unicamp.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19246&boletim_id=1081&componente_id=17265


Leia no WWW.outraspalavras.net

Os Estados Unidos contra todos
Immanuel Wallerstein sustenta: giro estratégico de Washington rumo à Ásia parece precocemente comprometido. País coleciona série impressionante de fracassos diplomáticos
Da educação-mercadoria à certificação vazia

A universidade brasileira tornou-se menos elitista.
Mas popularização reforça modelo de ensino baseado em instituições privadas, onde pesquisa e reflexão não são benvindas. Por Andrea Harada Souza, no Le Monde Diplomatique

As doenças que mais venderão em 2012
"Se há um remédio disponívei, deve haver consumidores". Veja o que as corporações farmacêuticas querem que você consuma agora. Por Martha Rosenberg

Guerras sem vencedor, EUA sem força imperial
Fantasma nas relações internacionais norte-americanas, conflito no Iraque provou que força militar já não é sinônimo de vitória política. Por Patrick Cockburn

Cinema dentro da História
Leni Riefenstahl ajudou a propagandear o nazismo com seus filmes—mas deve ser responsabilizada pelos crimes cometidos em nome de Hitler?. Por Arlindenor Pedro

Liberadas fotografias de vítimas dos “vôos da morte”
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos entregou à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios. Para a justiça argentina, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte. O artigo é de Francisco Luque, direto de Buenos Aires.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19220&boletim_id=1078&componente_id=17230

O legado dos EUA no Iraque, oito anos depois da invasão
Passaram-se oito anos e os Estados Unidos fecharam a porta do Iraque deixando um desastre atrás dela. Durante o conflito, morreram mais de 100 mil civis, 4.800 soldados da coalizão perderam a vida (4 .500 dos EUA), junto com 20 mil soldados iraquianos. Para os iraquianos, o legado da invasão é morte, dezenas de milhares de mutilados, insegurança, desemprego, falta de água potável e eletricidade. A democracia exportada com bombas ultramodernas não mudou o curso das coisas. O artigo é de Eduardo Febbro.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19233&boletim_id=1079&componente_id=17241



3. INFORMAÇÕES








Enviado por Helena Campos
Prezados/as,
No Brasil, já vimos o filme anunciado abaixo (agora em versão lusitana, parece). Inclusive em sessões extras de trechos que também estavam sendo recuperados, ou até em construção, e que foram desativados. Será que a mensagem abaixo já reflete o início do novo governo português, que quer "cortar custos" - prejudicando muitos, quase sempre a maioria da população, mas beneficiando alguns, como empresas de transporte rodoviário e, em última análise, os megaempresários, principalmente banqueiros, que criaram a crise no Hemisfério Norte e querem que a população pague por ela?...
AAMF
Avisos CP
R. da Fig. Foz e Linha do Leste - Supressão Serviço 01/01/12
A CP informa que, na sequência da decisão de suspensão do processo de reactivação da Linha do Leste e do Ramal Ferroviário da Figueira da Foz, a partir de 1 de Janeiro de 2012, será suprimido na mesma data, o serviço Rodoviário alternativo que esta empresa tem assegurado nos últimos anos.
Comprova-se que a solução rodoviária é seguramente a solução de mobilidade mais adequada à baixa procura existente, quer do ponto de vista da sustentabilidade económica quer do ponto de vista ambiental, pelo que terá continuidade, passando a ser assegurada pelos operadores rodoviários locais.


A Acta Scientiarum. Human and Social Sciences
foi publicada. Acesse e leia os artigos em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/issue/current/showToc
Estamos abertos às contribuições, críticas e sugestões. A revista é semestral e está aberta a novas submissões. Para submeter acesse: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/about/submissions#onlineSubmissions (leia as Diretrizes para autores).


4. CAFÉ HISTORIA

MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

Dossiê Revistas Acadêmicas de História

O Café História preparou neste fim de ano um dossiê especial sobre periódicos acadêmicos na área de história. Confira algumas das principais revistas especializadas que disponibilizam seu acervo, na íntegra e gratuitamente, na internet.

Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-dossie-revistas-de-historia

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Topoi e Revista Brasileira de História escolhidas para financiamento da CAPES

No último mês de outubro, a Capes decidiu apoiar financeiramente dois periódicos por área ao longo de cinco anos com o propósito de convertê-los em "padrões de referência", tornando-os equivalentes aos melhores periódicos estrangeiros. O CTC, órgão deliberativo daquela agência, definiu que cada coordenador de área indicará seus dois periódicos na reunião que teve lugar no dia 12 de dezembro de 2011.

Confira que revistas foram agraciadas: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

MURAL DO HISTORIADOR

Parceria entre Café História e NIEJ

Café História acaba de selar uma parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ, o NIEJ. O acordo prevê a troca de banners e a divulgação da nova revista do núcleo, que chega ao quinto número com um projeto gráfico totalmente repaginado. O NIEJ, aliás, acaba de relançar também uma nova página na internet.
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

Patrimônio e Memória

Classificada como Qualis A1 em letras e B1 em História, a revista "Patrimônio e Memória" acaba de chegar a um novo número. Trata-se do volume 7, número 2. A nova edição - já disponível para download - chega ao público leitor com dois "dois “dossiês” que abordam assuntos de amplo interesse, além das sessões “artigos”, “comunicação de pesquisa” e “resenhas”.
Leia mais: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

DOCUMENTO HISTÓRICO

Ata de Eleição 31/10/1881 do distrito de Itabira do Campo, no município de Ouro Preto.
Confira a imagem: http://cafehistoria.ning.com (Página Principal)

CONTEÚDO EM DESTAQUE

Filme (cinejornal) mostra a posse do então presidente, Juscelino Kubitschek, além do seu vice, João Goulart, em 1956.
Assista: http://cafehistoria.ning.com/video/1956-posse-de-juscelino-kubitschek

FÓRUM EM DESTAQUE

Como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) atuou durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985)?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/como-a-ordem-dos-advogados-do-brasil-oab-atuou-durante-a-ditadura

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