terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Numero 314




Neste número, continuamos apresentando algumas propagandas do século passado, que demonstram atitudes e comportamentos hoje universalmente recusados.
Também apresentamos algumas fotos de Tiradentes, cidade que revisitamos o fim de semana passado.


Na primeira parte, um artigo comenta sobre o novo nacionalismo alemão e o ex-aluno, agora mestre Hercules Pimenta discute questões relativas à extensão universitária. Também falamos sobre a crise na Grécia.
Na segunda parte, indicações de boas leituras. Na terceira parte, o novo número da revista Ciência Hoje e o lançamento de um livro de nossa colega Helena Campos. No final, o Café História e o Informativo da ANPUH.





















1. ARTIGOS COMPLETOS

Angela Merkel e o novo nacionalismo alemão
Há um outro tipo de nacionalismo em ascensão na Alemanha. É um nacionalismo baseado no que se pode chamar “as virtudes teologais do capitalismo alemão”. A Alemanha deve servir de exemplo para a Europa e para o mundo, graças à sua contenção, à sua fidelidade aos “planos de austeridade”, ao seu exemplo de ter comprimido salários e aumentado a idade da aposentadoria, ao seu exemplo de uma fidelidade à toda prova ao ideário liberal de von Hayek, que permanece hegemônico nas suas universidades. O artigo é de Flávio Aguiar.

“Nacionalismo” é uma palavra maldita nestas Europas. É associada, sistematicamente, a fanatismo, racismo, xenofobia, extrema-direita, populismo. Uma grande parcela da intelectualidade européia (e latino, norte-americana e também brasileira) chegou a decretar que a palavra “nação” deveria ser deletada dos dicionários, em tempos de criação da União Européia, do fim do comunismo, e do fim da história (lembram desse fim?).

Apesar de que as nações continuassem a emitir passaportes, letras do tesouro (como hoje), dinheiro (como hoje), contrair empréstimos (como hoje), etc. E a fazer guerras horrendas, como nos Bálcãs. Aquela grande parcela preferia fixar-se nos seus avatares semânticos a analisar o que acontecia além das lindes dos campi universitários – lá fora – no mundo, por assim dizer. Preocupações identitárias também passaram a ser anátema: coisa de “latino-americanos retardatários”.

Os nacionalismos não desapareceram. Nem as nações. Basta olhar hoje a Europa que treme sob a adrenalina quinzenal que os problemas do euro derramam nas bolsas, nos parlamentos, e nas veias do mundo inteiro. A City londrina recusa-se a se colocar sob a supervisão financeira de Bruxelas e Frankfurt. Nicolas Sarkozy se viu forçado a aceitar a liderança germânica na frente européia – mas resmungando – e isso pode lhe custar a reeleição em abril/maio.

Na frente do parlamento grego, nesta terça-feira, manifestantes queimaram uma bandeira alemã. A zona do euro soçobra devido à disparidade nas diversas políticas econômicas nacionais postas em curso sob o escudo único da nova moeda. Não só isso: depois de um documento confidencial do Ministério das Finanças alemão recomendar a nomeação de um interventor financeiro na Grécia (depois da “troika”, o Banco Central Europeu, o FMI e a Comissão Européia, ter nomeado um interventor no governo), a dupla Merkozy aventou a proposta de criar uma “conta bancária bloqueada” para depositar as ajudas financeiras àquele país, só liberando-se fundos com a anuência dos administradores do bloqueio, ou seja, a “troika”, ou seja, Merkozy, ou seja, Ângela Merkel.

Entretanto, há um país em que esses “nacionalismos” não parecem ter eco: a Alemanha. Claro: existe o velho nacionalismo rançoso de extrema direita, neo-nazi. Mas ele é minoritário, embora perigoso. Claro: existe a xenofobia difusa que vê no estrangeiro, particularmente no imigrante muçulmano, uma ameaça, assim como existe um racismo difuso no Brasil. Mas não é a isso que me refiro. Outro tipo de nacionalismo está em ascensão.

É um nacionalismo baseado no que se pode chamar “as virtudes teologais do capitalismo alemão”. A Alemanha deve servir de exemplo para a Europa e para o mundo, graças à sua contenção, à sua fidelidade aos “planos de austeridade”, ao seu exemplo de ter comprimido salários e aumentado a idade da aposentadoria, ao seu exemplo de uma fidelidade à toda prova ao ideário liberal de von Hayek, que permanece hegemônico nas suas universidades, no pensamento econômico e na vulgata midiática sobre a crise européia, um ideário a que mesmo o social-democrata SPD e o anti-atômico Partido Verde parecem ter sucumbido.

Essa “fidelidade virtuosa” tudo justifica – inclusive a intervenção alemã nos assuntos internos de outros países.

Na terça-feira o jornal conservador “Die Welt” publicou um editorial justificando a intervenção de Ângela Merkel na próxima eleição francesa. Seus termos são exemplares:

“É digno de elogios que o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, tenha observado, quanto à campanha de Merkel a favor de Sarkozy, que o governo alemão não é candidato na eleição francesa. No entanto, nesta nova e mudada Europa, ele o é, na verdade. Sobretudo por causa do futuro que Merkel vê para o Continente. Uma visão que os socialistas franceses não compartilham. Nunca antes a Alemanha interferiu tão fundo na política interna francesa. Quebrou-se um tabu, mas o momento foi oportuno. O candidato socialista, François Hollande, com seu retorno ao calendário esquerdista dos anos 70, confunde os eleitores de todos os modos possíveis, com suas promessas de campanha, que contrariam toda a razão econômica. O Programa dos 60 Pontos, de Hollande, é uma seleta do populismo de esquerda. No futuro, os franceses poderão de novo se aposentar aos 60 anos, os impostos deverão ser fartamente aumentados, o setor público incrementado, os mercados financeiros regulamentados e os bancos fragmentados. Dado esse socialismo retrô, não surpreende que ele queira denegar o pacto fiscal e introduzir as letras do euro (“euro bonds”) e, é claro, usar o Banco Central Europeu como uma impressora de dinheiro. A vitória de Hollande significaria o fim da liderança franco-alemã na Europa. Embora apenas os 45 milhões de eleitores franceses possam depositar seus votos nas urnas, a votação é importante para todos na Europa”.


O editorial, convenhamos, é brilhantemente claro na sua pregação desabusada e arrogante, e não deixa dúvidas, pelas afirmativas que faz sobre a possível futura França, devendo-se se assumir as negativas na Alemanha da hegemonia conservadora. Ou seja, a Alemanha deve ser o país exemplar onde os impostos retroagem, onde o mundo financeiro não tem regulamentação, o setor público encolhe, as aposentadorias são restringidas, e os bancos imperam, unidos e protegidos. E este é o universo ideal, “prächtig” (vistoso, magnífico, faustoso, suntuoso, excelente) para a Europa e o mundo.

Em nome dele, que se intervenha na França e que se esmigalhe a Grécia.
Essa euforia conservadora dá frutos à chanceler alemã. Numa pesquisa divulgada na quarta-feira, seu partido, a CDU/CSU, aparece com 38% das intenções de voto, tendo crescido 2 pontos percentuais. Em compensação, seu parceiro de coligação, o FDP, aparece com 3%. Ou melhor, “desaparece”, pois com esse percentual não atingiria a cláusula de barreira e ficaria de fora do futuro Bundestag.

O SPD social-democrata tem 27%, e os Verdes caem alguns pontos para 13%.
A Linke fica estável em 8% e, o surpreendente Partido Pirata aparece com 7%. Depois de conquistar cadeiras no Parlamento de Berlim, os Piratas teriam, pela primeira vez, uma representação num parlamento nacional de país europeu – e logo no Bundestag.

Com esse resultado (a eleição é em 2013) o mais provável é que voltasse a se formar uma “Grande Coalizão”, ou seja, um governo CDU/CSU + SPD.

Esse seria o ideal para esse novo nacionalismo difuso alemão, proclamado virtuosamente pelo Die Welt (“O Mundo”, lembrando que Welt, em alemão, é palavra feminina). Inclusive porque neutralizaria o novo perigo que se avizinha. Mesmo com resistências ao “radicalismo” francês, o SPD se posicionou a favor de Hollande.

Imaginem se o “mau exemplo esquerdista” deste pega do lado de cá do Reno! Aquela sacrossanta “razão econômica” iria para o beleléu.


Atenas arde em protestos contra política da "troika"
A Grécia viveu neste domingo os mais violentos protestos dos últimos meses contra as políticas impostas ao país pela chamada "troika" (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). Em meio a violentos protestos, o parlamento grego aprovou um novo "pacote de austeridade", que resultará em milhares de demissões e cortes de gastos públicos. No início da noite, vários prédios históricos de Atenas estavam em chamas e os manifestantes enfrentavam a polícia com pedras e coqueteis molotov.
Esquerda.net (WWW.cartamaior.com.br)

Dezenas de milhares de pessoas compareceram à maior manifestação em Atenas contra a austeridade e os cortes de gastos públicos aprovados neste domingo no parlamento grego. A multidão dispersou da Praça Syntagma quando a polícia a atacou com gás lacrimogêneo, mas muitos grupos permaneceram no centro de Atenas enfrentando a polícia com pedras e coqueteis molotov.

Manolis Glezos, o herói da resistência grega ao nazismo e membro do Syriza, perguntava à imprensa "como é possível implementar estas medidas com gás lacrimogéneo?". "Elas não têm o voto do povo grego", acrescentou este militante de 90 anos, ainda com a máscara de gás colocada e dificuldade em respirar.

Outro veterano nesta manifestação contra o governo da troika foi o compositor Mikis Theodorakis. Foi quando se preparava para dirigir à multidão na Praça Syntagma que a polícia começou a disparar o gás lacrimogêneo. Aos microfones duma rádio grega, uma porta-voz de Theodorakis acusou a polícia de "tentativa de assassinato" por ter tentado deliberadamente atingir o compositor de 86 anos. Em declarações aos jornalistas, Theodorakis afirmou-se confiante que "o povo vencerá", tal como aconteceu contra os nazis e a junta militar.

Todo o centro de Atenas ficou sob a nuvem do gás policial e os focos de incêndio estão também disseminados, com os confrontos sem fim à vista. Ao fim da tarde, estavam encerradas quatro estações de metrô no centro de Atenas por ordem da polícia. O líder sindical do metrô disse que os trabalhadores não viam razões para o encerramento e que a intenção da polícia era impedir as pessoas de chegarem à Praça. Entretanto, a outra manifestação da tarde, convocada pela central sindical PAME, dirigia-se para a Praça Syntagma.

Dentro do Parlamento, o debate teve início depois das 15h, com o ministro das Finanças tentando explicar aos deputados a pressa para aprovar a proposta até à meia noite de domingo. Um deputado independente questionou o parlamento sobre se tinha a certeza do que estava para ser votado, quando há várias falhas no documento, incluindo partes em que aparece "XX" em vez do número da quantia a que se refere.

O dia parlamentar também foi marcado pela tomada de posse de alguns deputados, em substituição daqueles que se demitiram em protesto contra o pacote de austeridade que vai reduzir o salário mínimo, despedir milhares de funcionários públicos e cortar ainda mais na Saúde e gastos sociais. Mas há casos em que o substituto, em vez de vir apoiar o governo cada vez mais frágil, toma posse para votar contra o seu partido. É o que acontece à atriz Anna Vagena, da lista do PASOK.

No sábado, era já conhecida a oposição de mais de dez deputados do PASOK, que se tem afundado nas sondagens nos últimos meses, e mesmo da Nova Democracia, incluindo o líder parlamentar e os deputados responsáveis pelos assuntos da Defesa e do Interior. A extrema-direita do LAOS, que retirou o apoio ao Governo de Lucas Papademos, também votará contra, à exceção dos seus antigos ministros.


Igreja de Santo Antônio, Tiradentes, MG. Foto: RMF


Pensando a EDUCAÇÃO e a EXTENSÃO
Hercules Pimenta dos Santos*
Entendemos que a educação é uma das faces mais presentes na extensão universitária. Assim, nos voltamos a ela no interior da universidade pública visualizando o seu caráter formador. Estudantes envolvidos com temáticas diversificadas são contemplados com a oportunidade de se aproximar de realidades, demandas e movimentos sociais e de estabelecer um contato mais estreito com as necessidades de produção do conhecimento que deve ser revertido em favor da humanidade.
Nesse sentido, a extensão universitária, como processo educativo, abrange ações frente às demais áreas de sua atuação, propiciando a criação de propostas interdisciplinares que permitem experimentações metodológicas, além da possibilidade de identificar, empiricamente, novos problemas para estudos e pesquisas.
O programa de ensino, pesquisa e extensão Pensar a Educação Pensar o Brasil 1822-2022 vem sendo desenvolvido desde o ano de 2007, articulando projetos em torno da educação pública. Suas ações são desenvolvidas por grupo multidisciplinar de professores e alunos, dos níveis de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da UFMG que atuam em diferentes áreas do conhecimento, como Pedagogia, Educação Física, História, Letras e Comunicação Social, em sua maioria vinculados ao Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação da Faculdade de Educação da UFMG.
É importante refletir sobre o papel da universidade pública, o conhecimento que produz e a responsabilidade de integrar tal produção socialmente. É necessário pensar esse processo em uma perspectiva de integração, o que pressupõe uma ação interdisciplinar. A interdisciplinaridade não pretende unificar os saberes, mas se propõe a mediar e articulá-los com suas disciplinas para a construção de termo conceitual e metodológico capaz de facilitar a compreensão de realidades complexas. O objetivo é estabelecer vinculações entre essas disciplinas, construindo referências conceituais e metodológicas e promovendo diálogos e trocas entre campos disciplinares.
Pretendemos aproveitar o período que antecede as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, para propor ações que estimulem a reflexão sobre a contribuição da educação para a construção de um país mais justo e igualitário. De acordo com o principal idealizador do programa, o professor Luciano Mendes de Faria Filho, “entendemos que uma das maneiras de projetar alternativas viáveis para a construção de um país mais democrático e igualitário é, justamente, o esforço para pensar os nossos problemas de maneira plural e diversificada, fugindo de lugares comuns e das soluções fáceis”.
O programa Pensar a Educação, Pensar o Brasil 1822-2022 é organizado por um conjunto de ações articuladas. O seminário anual, realizado desde 2007, tem suas palestras integradas ao currículo do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da UFMG, admitindo, além dos alunos regularmente matriculados nos cursos de mestrado e doutorado em Educação e de outros cursos da Universidade, em caráter de disciplina optativa, o ingresso de pessoas graduadas em qualquer instituição de ensino superior na condição de isolada. Tal atividade é importante para a futura atuação profissional desse público por oferecer maior compreensão da realidade de vários grupos, seus saberes e manifestações culturais.
O segundo projeto é a publicação de livros da Coleção Pensar a Educação Pensar o Brasil, parceria com a Mazza Edições, de Belo Horizonte. Trata-se de material de significativa contribuição para o pensamento e as práticas educativas. É uma produção portadora de representações e valores predominantes de períodos de uma sociedade que, simultaneamente à historiografia da educação e da teoria da história, permitem revisar intenções e projetos de construção e de formação social no Brasil.
Um programa de rádio é o terceiro projeto. Ele é transmitido pela rádio UFMG Educativa, 104,5 FM, ao vivo, toda segunda feira, das 20h às 22h. Desde setembro de 2007, mais de 200 edições já foram ao ar.
O quarto projeto integrado ao nosso programa é a manutenção de um website. Entendemos que se trata de uma forma de possibilitar fundamental aproximação com diversos tipos de público, provenientes de todos os lugares. Ainda nos conteúdos disponibilizados pela rede mundial de computadores, procuramos nos beneficiar do advento da Internet 2.0.
Como pressupõem alguns autores, estamos migrando de um espaço virtual correspondente a uma coleção de websites de consulta para uma plataforma inteligente, da qual seus utilizadores finais podem, ao mesmo tempo, ser consumidores e fornecedores de informação. Dessa forma, convidamos o nosso público a realizar uma interação mais dinâmica por intermédio de algumas redes sociais: Facebook, Orkut e Twitter.
O que buscamos é cumprir o compromisso da universidade pública com a produção e divulgação do conhecimento. Retomamos a ideia de que a função da universidade é produzir conhecimento e ser o espaço da crítica qualificada, e não o de operacionalizar as políticas públicas. Nesse sentido, assumimos a extensão como princípio fundamental de formação diferenciada e da possibilidade de produzir novas pesquisas derivadas da relação da universidade com a sociedade.
Com as ações aqui relatadas, desenvolvidas de forma presencial e, por meio de diversas mídias, buscamos democratizar o acesso ao debate educacional, às pesquisas e ao conhecimento, ampliando o número de pessoas interessadas em pensar e discutir a educação pública no Brasil.


*Mestre pela Faculdade de Educação da UFMG, especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense e professor da pós-graduação e de cursos de extensão da Faculdade Milton Campos



Teto da Igreja do Rosário, Tiradentes, MG - Foto: RMF

2. VALE A PENA LER

Portugal vive o maior protesto dos últimos 30 anos
Mais de 300 mil pessoas encheram o Terreiro do Paço na maior manifestação já vista em Lisboa nos últimos 30 anos. "O FMI não manda aqui" foi a palavra de ordem ouvida durante o discurso do líder da Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal (CGTP), Armenio Carlos, que defendeu a renegociação da dívida porque o país precisa "que lhe tirem a corda da garganta".
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19602&boletim_id=1127&componente_id=17953



Grécia como um modelo em escala para a Europa
A Grécia não tem peso suficiente para desequilibrar financeiramente a Europa, pois representa apenas algo como 2% da eurozona, mas o que acontece nela é uma espécie de modelo em escala reduzida do cenário europeu e norte-americano que inevitavelmente seguirá o curso que ela tomar. Os neoliberais incrustados no Banco Central Europeu, na Comissão Europeia e no FMI tentam proteger de perda total a finança privada inflada pela maior especulação da história do capitalismo. Dificilmente serão bem sucedidos. O artigo é de J. Carlos de Assis.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19608&boletim_id=1128&componente_id=17976



Globo, Folha, Bradesco e delegado do DOPS: Lembranças dos 'bons tempos da ditadura'...
A repórter Marina Amaral fez uma excelente reportagem com um dos poucos delegados do DOPS ainda vivos, José Paulo Bonchristiano.
Leia em: http://blogdomello.blogspot.com/2012/02/globo-folha-bradesco-e-delegado-do-dops.html


Privatização ou concessão?


Chamada na primeira página de O Globo deixa cair a máscara
A mídia corporativa (a serviço dos tucanos) continua tentando vender gato por lebre ou lebre por gato (depende se você pretende caçar ratos ou almoçar à provençal), no caso das concessões dos aeroportos pelo governo Dilma.
Leia em: http://blogdomello.blogspot.com/2012/02/privatizacao-ou-concessao-chamada-na.html


A REA 129, Fevereiro de 2012, está on-line.


Leia nesta edição o DOSSIÊ JUVENTUDE & SOCIEDADE”, organizado pelos professores Nildo Viana (UFG) e Flávio Sofiati (UFG).
Agradecemos aos organizadores do DOSSIÊ, aos Consultores Ad hoc, à Comissão Editorial e a todos que contribuíram para a publicação de mais este número da REA.
Acesse http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current para ler os artigos publicados.



Muito além de Olga
por JACQUES GRUMAN
É curioso. Um filme que retrata a vida de uma revolucionária, Olga, de Jayme Monjardim, foi exaltado por setores da comunidade judaica que nunca esconderam suas predileções conservadoras. Olga Benário Prestes virou celebridade instantânea, personagem cult, irmã judia. Que elixir milagroso destruiu preconceitos ideológicos e jogou Olga nos braços dos inimigos de suas idéias? Como diria o Barão de Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2012/02/04/muito-alem-de-olga/




Leia no WWW.outraspalavras.net


A história já o absolveu
O juiz Baltasar Garzón foi condenado por herdeiros da Santa Inquisição. Este homem digno, que poderosos odeiam, é um cidadão do mundo. Por Mario Wainfeld

Etiópia: celeiro de culturas, latrina do mundo branco
Uma brasileira visita país africano onde religiões e mitos ocidentais se encontram, marcados pela negritude e sob crescente influência chinesa. Por Fabiane Borges

Os EUA na segunda armadilha de Bin Laden
Immanuel Wallerstein antecipa: depois de perder influência sobre Paquistão, Washington arrisca-se a ficar sem um aliado ainda mais estratégico: a Arábia Saudita

O dia em que Portinari não pisou em Nova York
No cinquentenário de sua morte, vale (re)ler perfil de pintor que nunca renegou suas convicções políticas, e as atribuía a algo mais profundo que a razão Por Marília Balbi


Joana d´Arc enviou este vídeo; vale a pena ver:
http://www.youtube.com/embed/nGeXdv-uPaw



3. INFORMAÇÕES





Viagem pela Estrada Real
Helena Guimarães Campos
80
Preço: R$ 30,00
O professor Rui organizou uma atividade super-legal: um passeio em um antigo trecho da Estrada Real, com direito a banho em cachoeira e visita a uma pousada. Seus alunos estão animados, mas nem desconfiam de que viverão uma aventura fantástica. Ao entrar em uma gruta, um grupo de adolescentes voltará ao século XVIII e enfrentará uma quadrilha de assaltantes que atuava no Caminho Novo, uma das estradas reais do período colonial. Como viviam as pessoas naquela época? Que mudanças eles perceberão nas paisagens daquele caminho? O que Tiradentes tem a ver com essa história? Será que os garotos vão escapar dos bandidos? Como eles conseguirão regressar ao século XXI? E que explicação eles encontrarão para tão estranhos acontecimentos? Embarque nessa aventura bem humorada com os oito amigos adolescentes. Você vai se identificar com eles a ponto de se sentir vivenciando os perigos e as mais incríveis situações!





Já nas bancas o número 289 da revista Ciência Hoje:
Em 2008, o mundo assistiu ao início de uma das maiores crises econômicas da história. Seus efeitos espalharam-se rapidamente pelos Estados Unidos e Europa, atingindo em menor medida países emergentes. Já o Brasil tem presenciado avanços econômicos e sociais significativos nos últimos anos. Nesta edição da CH, três especialistas refletem, sob perspectivas diferentes, sobre como os avanços econômicos e sociais que o Brasil tem vivido podem ser afetados pelos abalos à economia mundial e até que ponto o país é vulnerável. O novo número traz ainda reflexão sobre o ensino de música obrigatório, na prática, e artigo sobre fraude e plágio nas ciências humanas.


4. CAFÉ HISTORIA

DESCONTO EM LIVROS: 20% PARA LEITORES DO CAFÉ
O Café História fez um novo acordo com a Editora Contexto para que você, leitor do Café, aumente os títulos de história e ciências humanas em sia biblioteca. Isso mesmo! O leitor do Café História possui 20% de desconto em qualquer livro comprado no site da Editora. Para isso, basta digitar, no momento da compra, o cupom promocional.

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NOVOS VÍDEOS: HISTORIADOR FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA
Em recente entrevista ao canal Globo News, o historiador Francisco Carlos Teixeira, professor do Instituto de História da UFRJ, falou sobre a morte de Osama Bin Laden pelo exército americano, em setembro de 2011, data em que os ataques terroristas contra os Estados Unidos completaram 10 anos.

Clique aqui para assistir: http://cafehistoria.ning.com/video/entrevista-com-o-historiador-francisco-carlos-teixeira

MURAL DO HISTORIADOR: REVISTA DE TEORIA DA HISTÓRIA
Já está online o novo número da revista acadêmica "Expedições: Teoria da História & Historiografia", publicação semestral do Grupo de Estudos em Teoria da História e Historiografia (GETH) em parceria com o departamento de História da Universidade Estadual de Goiás e Unidade Universidade de Jussara.

Confira esse lançamento: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

FÓRUM EM DESTAQUE: DOCUMENTÁRIOS EM SALA DE AULA
Que documentários você costuma utilizar em suas aulas? Este é o tema do novo fórum do Café História. O uso de documentários, curtas ou longas, vem se tornando uma opção didática cada vez mais importante para professores em sala de aula. E você, professor, que experiências você pode compartilhar? Costuma passar muitos documentários? Quais? Por que?

Participe do fórum clicando aqui: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/que-documentarios-voce-costuma-utilizar-em-suas-aulas


CINE HISTÓRIA: A SEPARAÇÃO
A Indicado ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro, o iraniano “A Separação” já aparece na lista de melhor filme de 2012 de muitos críticos brasileiros. O filme conta a história da separação de Nader e Simin. Nadim é um atencioso pai que não aceita o deseja da esposa Somin em se mudar para o estrangeiro com a filha. Justifica dizendo que precisa cuidar do pai, que sofre de Alzheimer. Ao se envolver em um acidente doméstico, no qual sua diarista perde o bebê, se vê envolvido em uma situação que mudará a sua vida e daqueles que estão ao seu redor.

Clique aqui para ler mais sobre o filme: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

DOCUMENTO HISTÓRICO: CHUVA NO ÚLTIMA HORA
Em 1965, o Rio de Janeiro sofria com um forte temporal, que alugou cidade, desesperou pessoas e mostrou, mais uma vez, a sua preocupante infraestrutura em situação de chuva forte.

Clique aqui para conferir o documento: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS: EX-SENADOR DIZ QUE COPA DE 78 FOI ACORDADA
A polêmica goleada por 6 a 0 da Argentina sobre o Peru, no quadrangular semifinal da Copa do Mundo de 1978, ganhou uma nova versão. O ex-senador peruano Genaro Ledesma, opositor do regime de Francisco Morales Bermúdez à época, afirmou na última terça-feira que o resultado da partida foi previamente combinado como parte de um acordo entre os governos dos dois países, comandados então por ditaduras militares.

Clique aqui para ler a notícia completa: http//cafehistoria.ning.com [Página Principal]

RESENHA DE LIVRO: O COFRE DO DR.RUI

Na seção de resenhas literárias do Café História, o comentado livro “O Cofre do Dr.Rui”, do jornalista Tom Cardoso. O livro conta a história do maior assalto da luta armada brasileira, realizado pela Var-Palmares da de Dilma Rousseff. Em prosa bem cadenciada, o livro é uma peça muito bem feita de reportagem histórica.

Clique aqui para ler sobre o livro: http://cafehistoria.ning.com/o-cofre-do-dr-rui

MURAL DO HISTORIADOR: NELSON RODRIGUES RARO
Carlos Fico, historiador da UFRJ e editor do blog Brasil Recente, descobriu recentemente, no Arquivo Nacional dos Estados Unidos, um raro filme com Nelson Rodrigues. Filmado em 1968, "Fragmentos de Dois Escritores" foi feito pelo dramaturgo João Bethencourt (1924-2006) e traz um pouco do dia a dia e entrevistas com Nelson e com o dramaturgo norte-americano Edward Albee.

Para ler mais e ver o vídeo, acesse: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

FOTO EM DESTAQUE: RECUSA A SAUDAÇÃO NAZISTA
Uma fotografia tirada em 1936 no Porto de Hamburgo se tornou um verdadeiro viral em redes sociais como o Facebook. A imagem mostra centenas de pessoas fazendo a saudação nazista e apenas um homem de braços cruzados, em clara discordância com o gesto. A fotografia é extremamente significativa e vale 1000 ou mais palavras.

Confira aqui a foto e sua história: http://cafehistoria.ning.com/photo/contraonazismo

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS: O HOLOCAUSTO EM CURITIBA
O primeiro Museu do Holocausto no Brasil abriu as portas ao público neste domingo (12), em Curitiba. O espaço também presta homenagem aos brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial e aos que receberam os sobreviventes no país. Foram reunidos objetos, documentos e depoimentos de judeus que sobreviveram à perseguição na Europa e vieram reconstruir a vida no Brasil.

Para ler mais sobre a inauguração: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

VÍDEO EM DESTAQUE: TERREMOTO EM SÃO FRANCISCO
Acaba de ser adicionado ao Café História um vídeo bastante raro sobre o grande terremoto que abalou a cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, em 1906. O terremoto na época destruiu boa parte da cidade americana e ceifou algumas centenas de vidas. As imagens da época foram registradas de forma dramática.

Confira o vídeo em: http://cafehistoria.ning.com/video/terremotosaofrancisco

Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network




5. INFORMATIVO DA ANPUH

Concursos

PROFESSOR ADJUNTO DE HISTÓRIA DA AMÉRICA
Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Inscrições: de 30/01/2012 a 15/02/2012

PRÊMIO MARTA ROSSETTI BATISTA DE HISTÓRIA DA ARTE E ARQUITETURA
Instituição: Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP)
Inscrições: de 06/02/2012 a 06/03/2012

MESTRADO ACADÊMICO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E POLITICAS PÚBLICAS
Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Inscrições: até 14/02/2012

CHAMADA DE CURRÍCULOS
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
Inscrições: até 24/02/2012

MESTRADO EM HISTÓRIA SOCIAL
Instituição: Universidade Severino Sombra
Inscrições: até 27/02/2012

PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE QUADROS PROFISSIONAIS
Instituição: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)
Inscrições: 1º a 15 de março de 2012

PRÊMIO INTERNACIONAL EM HISTÓRIA: IMPÉRIO, TERRA E TERRITÓRIO
Instituição: Várias instituições
Inscrições: até 31/03/2012

Congressos e Eventos:

I COLÓQUIO NACIONAL GEAC: PODER, INSTITUIÇÕES E REDES POLÍTICAS NA AMÉRICA PORTUGUESA
Data: 12 de março de 2012
Local: Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

I CONGRESSO PAN-AMAZÔNICO E VII ENCONTRO DA REGIÃO NORTE DE HISTÓRIA ORAL - HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE & ORALIDADES NA AMAZÔNIA
Data: 27 a 30 de março de 2012
Local: Universidade Federal do Pará (UFPA)

II CONGRESSO BRASILEIRO DOS ARQUIVOS DO PODER JUDICIÁRIO (novo)
Data: 28 a 30 de março de 2012
Local: Tribunal Superior Eleitoral (SAFS)

III REUNIÃO DO COMITÊ ACADÊMICO HISTÓRIA, REGIÕES E FRONTEIRAS DA ASSOCIAÇÃO DE UNIVERSIDADES DO GRUPO MONTEVIDEO (novo)
Data: 25 a 28 de abril de 2012
Local: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIAS DO PÓS-ABOLIÇÃO NO MUNDO ATLÂNTICO
Data: 14 a 16 maio de 2012
Local: Universidade Federal Fluminense (UFF)

SIMPÓSIO CENTENÁRIO CONTESTADO: 1912 - 2012
Local/Data: Universidade Federal de Santa Catarina (29 de maio a 1° de junho de 2012), na Universidade Federal de Pelotas (29 a 31 de agosto de 2012) e em Chapecó, na Universidade Federal da Fronteira Sul (de 18 a 22 de outubro de 2012)

XIII SIMPÓSIO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HISTÓRIA DAS RELIGIÕES: RELIGIÃO, CARISMA E PODER: AS FORMAS DA VIDA RELIGIOSA NO BRASIL (novo)
Data: 29 de maio a 01 de junho de 2012
Local: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

VI SIMPÓSIO SOLCHA - SOCIEDAD LATINOAMERICANA Y CARIBEÑA DE HISTORIA AMBIENTA
Data: 06 a 08 de junho de 2012
Local: Villa de Leyva, Colômbia

VIII CONGRESO IBÉRICO DE ESTUDIOS AFRICANOS 2012
Data: 14 a 16 de junho de 2012
Local: Facultad de Derecho/ Universidad Autónoma de Madrid, España

INTERNATIONAL GRADUATE CONFERENCE ON PORTUGUESE MODERN AND CONTEMPORARY: PORTUGAL IN THE LAST TWO CENTURIES (novo)
Data: 21 a 23 de junho de 2012
Local: Instituto Universitário de Lisboa (CEHC-IUL)

VI SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA CULTURAL: ESCRITAS DA HISTÓRIA: VER – SENTIR – NARRAR
Data: 24 a 28 de junho de 2012
Local: Universidade Federal do Piaui (UFPI)

VIII ENCONTRO NACIONAL DE PERSPECTIVAS DO ENSINO DE HISTÓRIA E III ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE ENSINO DE HISTÓRIA: ENSINO DE HISTÓRIA: MEMÓRIAS, SENSIBILIDADES E PRODUÇÃO DE SABERES
Data: 02 a 05 de julho de 2012
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

XI ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ORAL: MEMÓRIA, DEMOCRACIA E JUSTIÇA
Data: 10 a 13 de julho de 2012
Local: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

IX CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: RITUAIS, ESPAÇOS E PATRIMÔNIOS ESCOLARES
Data: 12 a 15 de julho de 2012
Local: Universidade de Lisboa (UL)

15ª CONFERENCIA DO INTERNATIONAL PLANNING HISTORY SOCIETY
Data: 15 a 18 de julho de 2012
Local: Universidade de São Paulo (USP)

54 CONGRESSO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS: CONSTRUINDO DIÁLOGOS NAS AMÉRICAS
Data: 15 a 20 de julho de 2012
Local: Universidade de Viena

I SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA AVIAÇÃO BRASILEIRA - CAMPO DOS AFONSOS: UM SÉCULO DE HISTÓRIA DA AVIAÇÃO BRASILEIRA (1912-2012) (novo)
Data: 17 a 19 de julho de 2012
Local: Universidade da Força Aérea (UNIFA)

XV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH PARAÍBA - HITÓRIA E SOCIEDADE: SABERES EM DIÁLOGO (novo)
Data: 23 a 26 de julho de 2012
Local: Universidade Federal de Campina Grande - Campus de Cajazeiras (UFCG/Cajazeiras)

IX ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH PERNAMBUCO - HISTÓRIA E DIVERSIDADE: NOVAS NARRATIVAS, SUJEITOS E ESPAÇOS
Data: 23 a 27 de julho de 2012
Local: Universidade Federal de Pernambuco - Campus Caruaru (UFPE/Caruaru)

XI ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH RIO GRANDE DO SUL: HISTÓRIA , MEMÓRIA E PATRIMÔNIO (novo)
Data: 23 a 27 de julho de 2012
Local: Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

XV ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH RIO DE JANEIRO - OFÍCIO DO HISTORIADOR: ENSINO E PESQUISA (novo)
Data: 23 a 27 de julho de 2012
Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ)

XVIII ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH MINAS GERAIS: DIMENSÕES DO PODER NA HISTÓRIA (novo)
Data: 24 a 27 de julho de 2012
Local: Universidade Federal de Ouro Preto - Campus Mariana (UFOP/Mariana)

CONGRÈS INTERNATIONAL DE RECHERCHE EN SCIENCES HUMAINES ET SOCIALES
Data: 24 a 28 de julho de 2012
Local: Hotel Concorde La Fayette, Paris, França

VI ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH BAHIA: POVOS INDÍGENAS, AFRICANIDADES E DIVERSIDADE CULTURAL - PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E ENSINO
Data: 13 a 16 de agosto de 2012
Local: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC/Ilhéus)

II ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS DA UFF
Data: 13 a 17 de agosto de 2012
Local: Universidade Federal Fluminense (UFF)

XIV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH SANTA CATARINA: TEMPO, MEMÓRIAS E EXPECTATIVAS
Data: 19 a 22 de agosto de 2012
Local: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

V ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH MARANHÃO - EM TEMPOS DE 400 ANOS: COMEMORAÇÕES, ESQUECIMENTOS E CONTRADIÇÕES (novo)
Data: 21 a 24 de agosto de 2012
Local: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA-Centro)

III CONGRESSO INTERNACIONAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DAS AMÉRICAS
Data: 27 a 31 de agosto de 2012
Local: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ – Maracanã)

XXI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH SÃO PAULO: TRABALHO, CULTURA E MEMÓRIA (novo)
Data: 03 a 06 de setembro de 2012
Local: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

13º SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Data: 03 e 06 de setembro de 2012
Local: Universidade de São Paulo (USP)

IV ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL: TRABALHO, ECONOMIA E POPULAÇÕES NO MUNDO IBERO-AMERICANO (SÉCULOS XV A XIX)
Data: 3 a 6 de setembro de 2012
Local: Universidade Federal do Pará (UFPA)

XI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH MATO GROSSO DO SUL: HISTÓRIA E DIVERSIDADE: ENSINO E PESQUISA NAS FRONTEIRAS
Data: 01 a 05 de outubro de 2012
Local: Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Numero 313











Dois artigos do boletim de hoje referem-se a questões que afetam o ensino superior no Brasil. Outros temas abordados são a privatização dos aeroportos e a “democracia” que os EUA querem impor ao mundo. Na segunda parte, crise mundial, Irã, eleições na França, problemas climáticos, facebook, CNJ... um mundo de assuntos!
Vale conferir!
Começo com duas fotos tiradas por mim aqui em BH na semana passada. De repente o céu adquiriu tonalidades não usuais, arco-iris apareceu brotando do meio do bairro, foi muito bonito, apesar de muitas pessoas terem ficado aterrorizadas com a novidade.






Reproduzo, em seguida, algumas propagandas antigas, documentos importantes para a história social, pois refletiam comportamentos hoje altamente censuráveis. Nos próximos números colocarei outras parecidas.

As legendas: esquerda em cima: Não se preocupe, querida, você não queimou a cerveja!

esquerda, em baixo: Na manhã de Natal, ela ficará bem feliz com um Hoover (aspirador de pó)

direita: Mostre a ela que o mundo é dos homens.






























1. ARTIGOS COMPLETOS


Colaboração de Mônica Liz:

*Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes**

A quarta mesa do Seminário Ciência e Tecnologia no Século XXI, promovido pelo ANDES-SN de 17 a 18 de novembro, em Brasília, debateu o “Trabalho docente na produção do conhecimento”. As análises abrangeram tanto a produção do conhecimento dentro da lógica do capitalismo dependente brasileiro, até o efeito do produtivismo acadêmico na saúde dos docentes.

Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.

Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento
tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.

“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.

Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.
No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que
centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.

Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço
que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.

“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.

A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja,
com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.

Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.

*Qualidade no ensino*
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico
ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.

Ciavatta argumentou que a baixa qualidade do ensino decorre, diretamente, da insuficiência de recursos, responsável pelos baixos salários pagos aos professores. Disse, também, que o Brasil não tem políticas públicas para educação, mas programas de governo.
Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.

“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.

Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.

Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.

Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e individualismo. “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.
A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.

Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.

*Saúde dos docentes*

O produtivismo acadêmico está tirando a saúde dos docentes das universidades públicas brasileiras. Essa é a principal constatação feita por estudo da professora do curso de Serviço Social da UFRJ Janete Luzia Leite. “Antes, a docência era vista como uma atividade leve. Agora, está todo mundo comprimido”, afirmou.

A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.

O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.
Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.

Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre,
principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.

O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.

O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.

Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.
“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.

Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção
sexual e isolamento.

Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.

Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.
*Fonte: *ANDES-SN


Colaboração de Ana Cláudia Vargas:

Anhanguera Educacional S/A: Multinacional do ensino demite em massa
Escrito por: José Jorge Maggio, presidente do Sinpro-ABC
02/02/2012
Após a aquisição de universidades, Anhanguera demite 384 professores somente no ABC. A situação é a mesma em todas as regiões e estados onde o grupo se instalou, isto é: demissões em massa.

Desde que adquiriu universidades na região do ABC, a Anhanguera iniciou um verdadeiro ataque e desrespeito aos professores do grupo. Em dezembro, cerca de 384 demissões foram realizadas nas cinco instituições que compõem a Anhanguera Educacional S/A na região: Faculdade Anchieta, Faenac, Uni A, Uni ABC e Uniban.
De acordo com a Federação dos Professores de São Paulo, a Fepesp, o cenário é o mesmo em todas as cidades do estado de São Paulo onde a Anhanguera fez aquisições, totalizando cerca de 1500 professores. Nos demais Estados como RS, MT onde o grupo fez aquisições, o cenário se repete.
A prática mais equivocada e desrespeitosa foi desligar mestres e doutores, que após buscarem aprimoramento profissional para melhorar a qualidade do trabalho, não receberam em troca o reconhecimento, mas, sim, a demissão. No lugar desses professores com títulos, a Anhanguera pretende substituí-los por professores graduados por um valor de hora/aula bem inferior. Segundo a Fepesp, do total de demitidos, entre 70 e 80% eram mestres ou doutores.
No modelo Anhanguera, há aulas de segunda a quarta- feira com a presença do professor nas três primeiras aulas e, a quarta aula é apenas aplicação de exercícios, que são preparados por professores e aplicados por monitores de sala. Na quinta feira não há obrigatoriedade de presença na faculdade e, na sexta feira o curso é complementado pelo modelo EAD (20% do curso à distância). Assim, no modelo desta multinacional, uma faculdade que tem 20 aulas por semana com a presença do professor, após ser comprada pelo grupo Anhanguera, passa a ter apenas nove aulas e isso explica as demissões em massa, com recontratação quase nula.
É dessa forma que a Anhanguera Educacional S/A consegue oferecer seus cursos a preços muito baixos, quando comparados com as demais instituições de ensino superior, lembrando que muitos alunos têm financiamento de seus curso com verba publica (FIES e PROUNI). Outra prática desse grupo é a utilização das bolsas de valores para comercializar sua ações que rendem milhões ao ano, constituindo-se assim no maior grupo educacional da América Latina e o segundo maior do mundo.
Em artigo publicado pelo jornal Le Monde Diplomatique Brasil, a presidente do SINPRO Guarulhos, Andrea Harada Souza, sintetiza: “Enquanto não houver uma mudança radical, o próprio sentido de educação estará comprometido, posto que seu fim mais elementar não é atingido: em vez de promover a emancipação humana, produz lucro para o capital que só enxerga as camadas sociais C, D e E quando estas se apresentam como potencial mercado consumidor”.



Colaboração de Guilherme Souto:

Por que o Oriente Médio (e o Brasil bem informado!) NÃO PODEM levar a sério a ‘promoção da democracia’ à moda EUA
Mark Weisbrot, Guardian, UK
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2012/jan/31/american-democracy-promotion-rings-hollow
Não consegui não rir, ao ver o International Republican Institute (IRI) apresentado na imprensa internacional como “organização que promove a democracia”[1]. O IRI voltou agora às manchetes, porque o governo militar do Egito incluiu alguns de seus agentes numa lista de pessoas proibidas de deixar o país, o que significa que permanecem no Egito, e poderão ter sua vida e suas atividades investigadas e talvez sejam processados[2]. É quase inacreditável que haja jornalistas e editores ou tão crédulos ou tão mal informados. Se eu descrevesse o Center for Economic and Policy Research[3] como “organização de magia que converte sucata em ouro”, será que, dia seguinte, minhas palavras estariam nas manchetes, como descrição padrão do Centro onde trabalho?
O IRI é o braço internacional do Partido Republicano dos EUA.
Quem tenha estômago para assistir aos debates entre candidatos Republicanos, dificilmente acreditará que o IRI, do mesmo partido, algum dia promoveu ou promoverá alguma democracia.
Basta examinar o histórico dos movimentos do IRI, para saber do que se trata: em 2004, o IRI teve atuação destacada no golpe que derrubou o governo democraticamente eleito do Haiti[4]. Em 2002, o presidente doIRI celebrou publicamente o golpe militar (de curtíssima duração) que derrubou o governo democraticamente eleito da Venezuela[5]. E o IRI também atuava com grupos e indivíduos envolvidos no golpe.
Em 2005, o IRI esteve envolvido num esforço para modificar a legislação eleitoral no Brasil, para enfraquecer o Partido dos Trabalhadores, PT, partido do então presidente Lula da Silva[6].
Mais recentemente, em 2009, houve um golpe militar contra o governo democraticamente eleito de Honduras. O governo Obama fez o que pôde para favorecer o golpe e os golpistas[7], e apoiou “eleições” em novembro de 2009, para legitimar o governo dos golpistas. O resto do mundo – até a Organização dos Estados Americanos (OEA), pressionada pelas democracias sul-americanas – recusou-se a enviar observadores para emprestar legitimidade àquelas eleições. Houve repressão antes das eleições[8]: violência policial, ataques contra a mídia independente e o exílio forçado de opositores políticos, entre os quais o presidente democraticamente eleito.
Mas o IRI e o National Democratic Institute (NDI) – organização semelhante ao IRI, mas do Partido Democrata dos EUA – lá estavam, em Honduras, para legitimar a eleição-farsa. Ninguém precisa acreditar em mim. Aqui vai o que disse a USAID, agência do Departamento de Estado dos EUA e principal mantenedora e financiadora das atividades do IRI e do NDI, sobre o que foram fazer em Honduras (pdf[9]):
“A ausência da OEA e de outros grupos reconhecidos de observadores internacionais tornou ainda mais significativo, aos olhos da comunidade internacional, o trabalho de avaliação e observação realizado pelas nossas organizações NDI e IRI. A validação de um processo eleitoral livre, justo e transparente é forte argumento de apoio ao novo governo. […] A “convalidação” internacional pelo NDI e a “observação” pelo IRI, embora não preencham todos os padrões aceitos, alcançaram, pelo menos em parte, o impacto desejado.”
Sabe-se lá o que o IRI está fazendo agora no Egito. Mas sabe-se o que os EUA fizeram no Egito, ao longo de décadas: apoiaram uma ditadura brutal, até que as multidões nas ruas sugeriram fortemente que Washington não conseguiria impedir que Mubarak fosse derrubado, ano passado, por um movimento democrático real e popular.
Essas organizações, o IRI do Partido Republicano e o NDI do Partido Democrata dos EUA integram a National Endowment for Democracy, organização dedicada a atividades que “muitas delas” são “clandestinamente financiadas pela CIA” – como escreveu o Washington Post, quando a NED estava sendo criada no início dos anos 1980s. Algumas vezes, essas organizações apoiam a democracia, mas na maioria dos casos, não; e não raramente trabalham contra a democracia. Não porque sejam organizações inerentemente ‘do mal’, mas por causa da posição dos EUA no mundo. O governo dos EUA, mais que qualquer outro governo contemporâneo, governa um império. Por sua própria natureza, impérios têm a ver com manter o poder e controlar povos em terras distantes. Esses objetivos dos impérios muito frequentemente estarão em conflito com as aspirações democráticas e os anseios por autodeterminação dos diferentes povos.
Em nenhum outro ponto do mundo isso é hoje mais visível que no Oriente Médio, onde a política de sucessivos governos dos EUA, de colaborar com Israel e negar os direitos nacionais dos palestinos, continua a pôr os EUA em aberta oposição às populações locais. Resultado disso, Washington teme a democracia no Oriente Médio, porque ela fatalmente gerará governos eleitos que cerrarão fileiras com os palestinos e contra as ambições dos EUA na região (contra, por exemplo, a construção de bases militares e a permanência, lá, de exércitos norte-americanos). Mesmo no Iraque, onde Washington não se cansa de repetir que derrubou um ditador sanguinário, o povo teve de continuar resistindo aos exércitos de ocupação, até haver eleições e, afinal, conseguir expulsar de lá os soldados dos EUA.
Cria-se assim um círculo vicioso, no qual ditadores odiados apoiam as políticas dos EUA e, por sua vez, são apoiados pelos EUA, o que só faz aumentar a animosidade regional contra os EUA. Em alguns casos, essa animosidade levou a ataques terroristas contra instituições e cidadãos norte-americanos, o que foi então rapidamente usado pelos governantes para justificar longas guerras ou guerras intermináveis (por exemplo, no Iraque e no Afeganistão). Pesquisa de opinião pública árabe, realizada pela universidade de Maryland e pela Zogby International, e que incluiu o Egito, pedia que os respondentes citassem “dois países que mais o ameaçam diretamente”: 88% citaram os EUA; 77%, Israel; só 9% citaram o Irã.
Outro efeito danoso do patrocínio que os EUA garantem à “promoção da democracia” é que ajuda governos que nada desejam além de reprimir e fazer calar movimentos locais autênticos, eles, sim, pró-democracia. A maioria dos governos repressivos no Oriente Médio e no Norte da África, sempre que precisaram deslegitimar a oposição, acusaram-na de cumplicidade com Washington, acusação muitas vezes sem qualquer fundamento, mas nem por isso menos desmoralizante.
Aqui em Washington, poucos parecem dar-se conta de que os grupos que “promovem a democracia” custeados pelo governo dos EUA já não têm qualquer credibilidade, em praticamente todo o planeta. Mas é fato, e acontece mesmo quando um ou outro grupo não esteja trabalhando ativamente contra algum governo democrático.
Sempre que se cogitar de cortar gastos públicos nos EUA, boa ideia será começar por cortar o financiamento, com dinheiro público, a grupos e ONGs [e a blogueiras fascistas] dedicados a “promover a democracia” onde não fazem falta nem são bem-vindos.


O resultado da concessão dos aeroportos
Enviado por luisnassif, seg, 06/02/2012 - 12:31
Do UOL
Aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília são arrematados por mais de R$ 24,5 bilhões
Débora Melo
Do UOL, em São Paulo


Terminou há pouco o leilão dos aeroportos de Guarulhos (Cumbica), Campinas (Viracopos)e Brasília (JK). No total, o governo arrematou R$ 24.535.132.500 com os três terminais.
A concessão de Guarulhos, que tem prazo de 20 anos, foi arrematada por R$ 16,213 bilhões pelo consórcio Invepar – ACSA, representado pela corretora Gradual.
O valor da concessão do aeroporto de Viracopos ficou em R$ 3,821 bilhões, para o consórcio Aeroportos do Brasil, representado pela corretora Planner. Já o aeroporto de Brasília foi arrematado por R$ 4.501.132.500, lance feito pelo consórcio Inframerica Aeroportos, representado pela corretora Citi.


ENQUANTO ISSO... A VALE... AH! A VALE DO RIO DOCE... FANTÁSTICOS 3,5 BILHÕES...



2. VALE A PENA LER

Conhece Palau e Ilhas Marshall? Junto com Israel são os únicos países que apoiam boicote dos EUA a Cuba
Um bloqueio que, segundo relatório anual da ONU, realizado em 2005, causou desde o seu início até 2005, um prejuízo superior a 89 bilhões de dólares a Cuba.
Bloqueio que é sistematicamente condenado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. São 17 condenações seguidas.
Leia a matéria completa em: http://blogdomello.blogspot.com/2012/02/conhece-palau-e-ilhas-marshall-junto.html


O Facebook usa você
Por Lori Andrews em 07/02/2012 na edição 680
Reproduzido do New York Times, 5/02/2012; intertítulos do OI; tradução de Jô Amado
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed680_o_facebook_usa_voce


Informo que retomamos a publicação dos ENSAIOS SOBRE CINEMA no BLOG DA REA.
Leia o primeiro post do ano:
Coriolano, nosso contemporâneo
por SLAVOJ ŽIŽEK
A propósito de Homero, Marx notou que “a dificuldade não está em compreender que a arte grega e a epopeia estão ligadas a certas formas de desenvolvimento social. A dificuldade reside no fato de ainda nos proporcionarem prazer estético e, em certos aspectos, valerem como normas e como modelos inatingíveis”. Para testar uma verdadeira obra de arte, basta perguntarmos como ela sobrevive à descontextualização, à transposição para um novo contexto... LEIA NA ÍNTEGRA: http://espacoacademico.wordpress.com/2012/02/01/coriolano-nosso-contemporaneo/


'O neoprogressismo pode ter vários anos pela frente'
O jornalista e escritor Ignacio Ramonet diz, em entrevista ao jornal Página/12 que a maioria dos governos da América do Sul cumpre a função dos social-democratas europeus nos anos 50 e que, se não cometerem erros, podem aspirar a um ciclo longo de governo. "A construção do Estado de bem-estar e o aumento do nível de vida acaba com qualquer tipo de recurso para as oposições tradicionais conservadoras. Agora, a população está percebendo como os seus países estão reconstruindo sociedades arrasadas".
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19535&boletim_id=1121&componente_id=17822



Vitória da transparência: Supremo autoriza CNJ a investigar juízes
Em decisão apertada, corte máxima do país decide que Conselho Nacional de Justiça, órgão de controle do Judiciário, pode abrir investigação de juízes. Contestação corporativa da Associação dos Magistrados Brasileiros recebera liminar favorável e abrira guerra no Judiciário. Advocacia Geral da União, Procuradoria Geral da República e Ordem dos Advogados apoiaram CNJ.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19534&boletim_id=1121&componente_id=17824


O giro à esquerda dos socialistas franceses
François Hollande deixou para trás a linha “socialismo liberal” de seus antecessores e a imagem de homem brando, indeciso e inconsistente que a direita francesa e a imprensa teceram em torno dele. Hollande entrou de cheio na eleição presidencial com um discurso marcado por um contundente giro à esquerda e uma frase que diz tudo: “meu adversário, meu verdadeiro adversário não tem nome, nem rosto, nem partido. Nunca apresentará sua candidatura e, consequentemente, não será eleito. Mesmo assim, governa. Esse adversário é o mundo das finanças”.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19552&boletim_id=1122&componente_id=17847


Sindicatos convocam nova greve geral na Grécia
Além dos sindicatos, vários deputados da coalizão governista criticam o custo social dos ajustes exigidos pelo FMI e pelo Banco Central Europeu em uma economia que já está há quatro anos em recessão e onde a taxa de desemprego alcança os 20%. Os partidos políticos temem que a Grécia se veja de novo mergulhada em uma onda de protestos sociais. Os sindicatos gregos convocaram uma nova greve geral de 24 horas para esta terça-feira, em protesto contra as medidas de austeridade que se avizinham. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Atenas.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19562&boletim_id=1123&componente_id=17866


leia no WWW.outraspalavras.net

A era dos extremos climáticos começou
Em 2011, acentuaram-se grandes secas, cheias, ondas de calor e desastres ambientais. É preciso agir já, contra reação em cadeia. Por Janet Larsen e Sara Rasmussen

Rumo a uma sociedade da partilha?
Ao analisar novos paradigmas energéticos, Jeremy Rifkin prevê substituição natural das economias baseadas no petróleo e das sociedades hierarquizadas. Por Ricardo Abramovay

A Europa se curva diante dos bancos
Como continente não reformou sistema financeiro, está sendo reformado por ele, que coloca a sociedade a seus pés.

A França em sua encruzilhada
Em maio, país elegerá presidente. Desgastado, Sarkozy conta com manipulação midiática. Para vencê-lo, esquerda precisa resgatar seus valores históricos. Conseguirá?. Por Marilza de Melo Foucher, correspondente em Paris

Irã,o alvo dos insanos
Robert Fisk escreve: “um ataque a Teerã seria loucura. Por isso mesmo, não exclua a possibilidade”

Ignacio Ramonet vê o xadrez das ameças ao Irã
Governo israelense quer guerra já; Washington reluta. Conflito incendiaria Oriente Médio, atingindo abastecimento do petróleo e economia mundial

3. CAFÉ HISTÓRIA


MURAL DO HISTORIADOR
Governadores Online: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ) disponibiliza fotografias e biografias dos governadores do Rio de Janeiro e da extinta Guanabara.
Acesse: http://cafehistoria.ning.com [Página Principal]

História da Divulgação Científica: Livro gratuito na internet conta como o Jornal do Commercio divulgou por anos a ciência e tecnologia no Brasil
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MISCELÂNEA CAFÉ HISTÓRIA

O Historiador como Perito: Criação da Comissão da Verdade no Brasil traz à tona uma importante discussão para a área de história: deve o historiador atuar como perito?
Leia: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-o-historiador-como-perito

CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS

Juiz Garzon defende direito de investigar ditadura espanhola
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FÓRUNS EM DESTAQUE

Na sua opinião, o historiador pode atuar como perito?
Participe: http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/historiadores-devem-compor-a-comissao-da-verdade-por-que

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4. INFORMAÇÕES


A Revista História & Perspectivas é uma publicação do Instituto de História, dos Cursos de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia, sob a responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Estudos em História, Cidade e Trabalho.
A revista recebe, para apreciação de seu Conselho Editorial, artigos, resenhas, traduções, documentos e experiências de pesquisa, ensino e extensão. Todos os trabalhos enviados são avaliados por pareceristas externos. Os artigos deverão observar as Normas para Publicação da revista para que possam ser apreciados. Cada volume possui um dossiê temático, além de artigos avulsos, resenhas e outros.
O próximo número reunirá artigos para o dossiê:
História e Saúde – nº 47 - data final para recebimento de artigos: 15 de março de 2012.
Solicitamos a divulgação dessas informações e agradecemos aos nossos colaboradores o envio de seus artigos.

Universidade Federal de Uberlândia Instituto de História Revista História & Perspectivas Av. João Naves de Ávila, 2121 – Campus Santa Mônica – Bloco 5M – 2.º andar CEP: 38400-902 – Uberlândia – MG – Brasil Fone: (34) 3239-4068; Fax: (34) 3239-4396 www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br hisper@ufu.br






AMORES PROIBIDOS NA HISTÓRIA DO BRASIL
Autor: Maurício Oliveira
A história de uma nação é feita não apenas de brados retumbantes, mas também de palavras de amor sussurradas, muitas vezes, às escondidas. Este livro conta as dificuldades que importantes personagens da nossa história tiveram para efetivar suas paixões, nem sempre aceitas pela sociedade. Os casais retratados neste livro viveram, cada um a seu modo, um romance proibido, deliciosamente apresentado pelo autor, o jornalista e pesquisador Maurício Oliveira. Os cenários são as ruas fracamente iluminadas do Rio de Janeiro, a cabine de um navio rumo à Europa e até um cemitério de São Paulo. Permeados por brigas, traições e separações, mas também por comunhão, romance e muito desejo, estes contos da vida real nos mostram que as grandes personalidades também estão sujeitas às intempéries e às delícias do amor.
Editora Contexto, 160 páginas, R$ 33,00.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Numero 312






O Poder Judiciário, que já compareceu no número passado, volta hoje com força total em três artigos contundentes.
Além disso, temos um aniversário de triste memória, acontecido em 30 de janeiro de 1933, uma relação das centenas de políticos cassados no Brasil por corrupção nos últimos anos e mais uma vez a preocupação com o breve ataque que os EUA e seus aliados pretendem desferir contra o Irã.
Na segunda parte, a crise mundial é a tônica.
Vale a pena ler tudo!




1. ARTIGOS COMPLETOS


Manobra diversionista

Por Luciano Martins Costa em 30/01/2012 na edição 678 (Observatório da Imprensa)


A crise do Judiciário seguiu sendo tema da imprensa no final de semana, sem sinais de notícias auspiciosas. Na maior parte dos casos, declarações de representantes da Justiça acabaram requentando a questão dos privilégios, as suspeitas de vendas de sentenças e de favorecimentos concedidos a si mesmos por dirigentes de tribunais.
O noticiário esquentou logo no sábado [28/1], por conta de discursos e entrevistas de magistrados durante reunião do Colégio Permanente dos Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, realizado em Teresina, Piauí.
Numa clara demonstração da tensão que se instalou entre os desembargadores após a revelação de movimentações financeiras atípicas de juizes e funcionários de tribunais, alguns representantes da elite do Judiciário levantaram publicamente a duvidosa teoria segundo a qual as denúncias contra a elite da magistratura teriam como objetivo pressionar o Supremo Tribunal Federal no ano em que deverão ser julgados os acusados no chamado caso “mensalão”.
Aparentemente, nenhum dos principais jornais do país levou a sério tal suposição, que foi levantada pelo presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros e repetida por alguns de seus pares.
Ao extrapolar a crise do ambiente restrito do poder Judiciário para o Executivo e o Legislativo – porque a acusação é dirigida claramente para os denunciados no caso “mensalão”, que envolveu representantes do Congresso e ex-ministros – os desembargadores colheram apenas mais descrédito, a julgar pela sequência do noticiário.
Ainda no sábado, em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro Gilmar Mendes, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, disse que a crise no Judiciário tem origem diversa do que foi insinuado por seus colegas dos tribunais regionais: para Mendes, o problema está em setores da magistratura que confundem autonomia com soberania.
Considerado um dos responsáveis pelo estilo mais assertivo de atuação do Conselho Nacional de Justiça, que presidiu entre 2008 e 2010, Gilmar Mendes considera que o ambiente emocionalizado dificulta a análise dos problemas do poder Judiciário.
Na sua opinião, os responsáveis pela crise são os dirigentes de entidades representativas do setor, que, segundo ele, foram tomadas por grupos corporativistas.
A rigor, disse o ministro, nunca houve quebra de sigilos na investigação do Conselho Nacional de Justiça no caso de pagamentos de grandes somas a juizes e funcionários em vários tribunais regionais.
Os computadores sumiram
A controvérsia esquentou também por conta de entrevista do presidente do Conselho Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça, o desembargador aposentado Marcus Faver, que comparou o Brasil atual com a situação da Itália nos anos 1980 e 90, com a infiltração de criminosos em órgãos do governo, que levou à criação da Operação Mãos Limpas.
No trecho mais forte da entrevista ao Globo, Faver comenta denúncias de venda de sentenças, dizendo que se trata de fato muito grave. Se um juiz for o autor desse crime, deve ser enforcado em praça pública, afirmou.
Durante palestra aos colegas desembargadores, Faver falou sobre seu encontro com o juiz italiano Giovanni Falcone, que comandou a Operação Mãos Limpas na Itália e foi assassinado pela máfia. Na sua opinião, todos os poderes, inclusive o Judiciário, estão contaminados pela ação do crime organizado no Brasil.
A reportagem do Estado de S.Paulo sobre a reunião dos presidentes de tribunais é um primor de ironia. No trecho em que relata uma cerimônia de entrega de comendas, o repórter descreve “a liturgia das honrarias, insígnias e colares de mérito”, que repete a pompa e a circunstância das antigas cortes imperiais.
O festival de vaidades coroa a sucessão de declarações condenando o que aqueles magistrados consideram como afrontas ao Judiciário.
Na edição de domingo [29/1], dando repercussão a essas manifestações da elite dos tribunais, os jornais dão espaço para opiniões diversas, entre as quais se destaca a do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, para quem as manifestações feitas em Teresina não passam de “cortina de fumaça” para desviar o foco da discussão.
E o foco da discussão, segundo o noticiário, seguem sendo a revelação de que dirigentes de tribunais tomam decisões em favor de si mesmos e as movimentações atípicas de grandes somas de dinheiro por membros do Judiciário.
Para repor a questão em seus trilhos, a Folha de S.Paulo publica nova denúncia nesta segunda-feira, dia 30: milhares de computadores, impressoras e outros equipamentos doados pelo Conselho Nacional de Justiça, no valor de R$ 6,4 milhões, desapareceram de tribunais regionais.
A julgar pelo noticiário, o Brasil não precisa apenas de uma Operação Mãos Limpas: precisa de um banho de imersão.



A rapidez da justiça no Brasil
Antonio de Paiva Moura

Na ultima edição de janeiro de 2012 a revista Carta Capital informa que Daniel Dantas conseguiu escapar de diversas condenações sem nenhuma perda. A Justiça Federal suspendeu o seqüestro de todo o complexo agropecuário de 27 fazendas e 450 mil cabeças de gado que pertencia a ele e que estava sob regime de arresto desde julho de 2009, quando foi deflagrada a operação Satiagraha pela Polícia Federal. Na investigação a Polícia Federal identificou o dono do banco Opportunity como autor de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Daí o bloqueio das fazendas conseguido na Justiça. Mas a operação foi anulada em 2011 pela mesma justiça, que considerou irregular a participação de agentes da ABIN. A Satiagraha foi declarada nula por uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça. Todas as provas colhidas pela Polícia Federal, também. A devolução das fazendas, tomada em julho de 2009, acabou ordenada pelo Juiz Doglas Camarinha Gonzales, da 6ª Vara Criminal Federal, em São Paulo. A sentença deve ser enviada aos cartórios de registros de imóveis onde se situam as fazendas, comunicando os desbloqueios. Deste parágrafo pode-se concluir que a justiça brasileira é muito rápida quando se trata de defender os afortunados.
Em avaliação feita em 2003, a ONU classificou o judiciário brasileiro de lento, com tendência ao nepotismo, machista e pouco acessível à população carente. O relatório apontou diversas recomendações para melhorar o quadro, entre elas, maior participação de mulheres, negros e índios na justiça. A avaliação da ONU apontou 95% dos casos de assassinatos de trabalhadores rurais no Pará, entre 1985 e 2001, que ficaram sem esclarecimento. Além da ONU, a revista The Economist criticou o judiciário brasileiro classificando-o de antiquado e disfuncional. Os juízes brasileiros são inalcançáveis e impassíveis de prestar contas aos cidadãos a que servem (Domenici, 2005: 21). Os magistrados brasileiros, na maioria absoluta, não são de classes médias e não têm afinidades com as classes inferiores. Um juiz fazendeiro tem dificuldade de se colocar ao lado de um sem-terra. Uma juíza que tem problema com sua empregada doméstica tende a se solidarizar com a patroa. O juiz que lê crítica contra o judiciário vai se identificar com quem for à justiça reclamar da imprensa (p.22). Em abril de 2007, a Polícia Federal e o Ministério Público empreenderam a operação “Têmis”, para investigar uma quadrilha que negociava sentenças judiciais. Foram cumpridos diversos mandados de busca em residências privadas e gabinetes de juízes e de desembargadores. Os juízes dificultaram, ao máximo, a ação policial contra seus pares. O Supremo Tribunal Federal não permitiu nem a prisão temporária de 43 investigados, nem o bloqueio de suas contas bancárias (VASCONCELOS, 2007).
Em novembro de 2007, uma jovem muito pobre, por ordem da justiça ficou presa por um mês numa cela com 20 homens, na cidade de Abaetetuba, no Estado do Pará. O fato causou espanto na ONU e na Anistia Internacional, em Londres. Naquela oportunidade, veio à tona a informação de que em 1996, no Pará, uma mulher de 35 anos ficou presa durante sete meses com 35 homens, tendo relatado vários estupros. São duas as discriminações em um só fato: a condição de ser pobre e de ser mulher. Um mês antes do episódio da adolescente do Pará, o Juiz Edilson Runbelperger Rodrigues, da comarca de Sete Lagoas, MG revelou-se contrário à Lei Maria da Penha, n. 11.340/2006 que aumentou o rigor nas penas para agressões e fornece instrumentos para ajudar a coibir a violência contra a mulher. Ridicularizando a lei ele diz que para não ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às prisões (FREITAS, 2007).
O episódio conhecido como “Operação Satiagraha” colocou ao público a face neo-liberal do empresariado brasileiro, inspirado no homem de negócios norte-americano. Naji Nahas é sócio dos irmãos Hunt, bilionários norte-americanos, donos de poços de petróleo no Texas e manipuladores do mercado da prata. No Brasil, Nahas, além de aplicar grande fortuna em ações da Petrobrás tem realizado enormes especulações imobiliárias, dando prejuízo a pessoas de classe média e ao erário público brasileiro, Nahas, Daniel Dantas e Celso Pitta são modelos ideais do neoliberalismo, inspirados no personagem Don Vito Corleone, interpretado por Marlon Brando no filme “Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola. Don Corleone é um paradigma porque o figurão não é tão molestado pelo Estado, mas por concorrentes e famílias rivais. É o laisser faire, laisser passer na sua pura essência, como ideologia imperativa no estabilishment. Daniel Dantas é doutor em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology, EUA, onde aprendeu a dar golpes de privatizações e apropriar-se de capitais de empresas estatais a partir das imposições do chamado Consenso de Washington, em 1989. O primeiro foi com a privatização do Sistema Telebrás, no qual Dantas, junto com o Citigrupo, conseguiu passar para seu domínio ações no preço de um dólar, enquanto o seu valor real era de trinta dólares. Com essa operação o grupo norte-americano obteve um lucro de centenas de milhões de dólares, compartilhado com Dantas (Massad, 2008: 8). Em 2000 o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello disse que sua decisão de conceder hábeas corpus em favor de Salvatore Cacciola foi de ordem técnica. Com isso o supermilionário fugiu para a Itália, onde curtiu a vida sem ser molestado. No começo de 2008, ele foi passear em Mônaco e caiu no alçapão da polícia. Juntamente com a notícia de sua extradição para o Brasil, surge a notícia da prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta e do investidor Naji Nahas, conforme ordem da justiça federal. Senadores comprometidos com a classe empresarial manifestaram que o uso de algemas era jogo de encenação. Em seguida, o ministro presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, concedeu hábeas corpus e mandou soltar Daniel Dantas. Novamente a justiça federal decretou sua prisão e em seguida Gilmar Mendes determinou sua soltura. O que foi mais notório em tudo isso foi o fato de Daniel Dantas ter dito que só temia as instâncias inferiores da justiça. Melhor que Cacciola, Daniel Dantas obteve da figura máxima da justiça brasileira, em menos de 24 horas, dois hábeas corpus em seu favor. O assombro ficou por conta da confiança que Dantas demonstrou em relação ao supremo (CONY, 2008).
Enquanto isso, a doméstica Angélica Aparecida de Souza Teodoro, de dezoito anos de idade, mãe de um filho de dois anos, semi-analfabeta, que se encontrava desempregada, no final do ano de 2007, furtou uma latinha de manteiga. Por isso foi presa e conduzida ao Cadeião de Pinheiros, em São Paulo, onde passou o natal, o ano novo e o carnaval, porque o Tribunal de Justiça de São Paulo indeferiu seu pedido de hábeas corpus; o Supremo Tribunal de Justiça, em Brasília levou, 120 dias para determinar a soltura de Angélica, cujo valor do furto fora de apenas R$ 3,10 (três reais e dez centavos) (MOURA, 2009)
O atual estágio cultural e ideológico reinante no interior da justiça brasileira não aponta para uma contribuição no sentido de melhoria na agressividade e na destrutividade humanas. Ao contrário, ela contribui para o agravamento do problema da violência.

Referências
CONY, Carlos Heitor. O banqueiro tranqüilo. Folha de São Paulo. São Paulo, 13 jul. 2008.
FREITAS, Silvana. Para juiz, proteção à mulher é diabólica. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 out. 2007.
MASSAD, Anselmo; FARIA, Gláucio. O declínio do império de Dantas. Fórum, São Paulo, n.65, ago. 2008.
MOURA, Antonio de Paiva. Violência no mundo, ontem e hoje: uma visão interdisciplinar. .Belo Horizonte: FUNDAC-BH, 2009.
VASCONCELOS, Frederico. Operação da Polícia Federal investiga venda de sentenças em São Paulo. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 abr. 2007
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TRISTE JUDICIÁRIO
MARCO ANTONIO VILLA
O Globo

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é formado por 33 ministros. Foi criado pela Constituição de 1988. Poucos conhecem ou acompanham sua atuação, pois as atenções nacionais estão concentradas no Supremo Tribunal Federal. No site oficial está escrito que é o tribunal da cidadania. Será?

Um simples passeio pelo site permite obter algumas informações preocupantes.
O tribunal tem 160 veículos, dos quais 112 são automóveis e os restantes 48 são vans, furgões e ônibus. É difícil entender as razões de tantos veículos para um simples tribunal. Mais estranho é o número de funcionários. São 2.741 efetivos.
Muitos, é inegável. Mas o número total é maior ainda. Os terceirizados representam 1.018. Desta forma, um simples tribunal tem 3.759 funcionários, com a média aproximada de mais de uma centena de trabalhadores por ministro!! Mesmo assim, em um só contrato, sem licitação, foram destinados quase R$2 milhões para serviço de secretariado.

Não é por falta de recursos que os processos demoram tantos anos para serem julgados. Dinheiro sobra. Em 2010, a dotação orçamentária foi de R$940 milhões. O dinheiro foi mal gasto. Só para comunicação e divulgação institucional foram reservados R$11 milhões, para assistência médica a dotação foi de R$47 milhões e mais 45 milhões de auxílio-alimentação. Os funcionários devem viver com muita sede, pois foram destinados para compra de água mineral R$170 mil. E para reformar uma cozinha foram gastos R$114 mil. Em um acesso digno de Oswaldo Cruz, o STJ consumiu R$225 mil em vacinas. À conservação dos jardins — que, presumo, devem estar muito bem conservados — o tribunal reservou para um simples sistema de irrigação a módica quantia de R$286 mil.

Se o passeio pelos gastos do tribunal é aterrador, muito pior é o cenário quando analisamos a folha de pagamento. O STJ fala em transparência, porém não discrimina o nome dos ministros e funcionários e seus salários. Só é possível saber que um ministro ou um funcionário (sem o respectivo nome) recebeu em certo mês um determinado salário bruto. E só. Mesmo assim, vale muito a pena pesquisar as folhas de pagamento, mesmo que nem todas, deste ano, estejam disponibilizadas. A média salarial é muito alta. Entre centenas de funcionários efetivos é muito difícil encontrar algum que ganhe menos de 5 mil reais.

Mas o que chama principalmente a atenção, além dos salários, são os ganhos eventuais, denominação que o tribunal dá para o abono, indenização e antecipação das férias, a antecipação e a gratificação natalinas, pagamentos retroativos e serviço extraordinário e substituição. Ganhos rendosos. Em março deste ano um ministro recebeu, neste item, 169 mil reais. Infelizmente há outros dois que receberam quase que o triplo: um, R$404 mil; e outro, R$435 mil. Este último, somando o salário e as vantagens pessoais, auferiu quase meio milhão de reais em apenas um mês! Os outros dois foram “menos aquinhoados”, um ficou com R$197 mil e o segundo, com 432 mil. A situação foi muito mais grave em setembro. Neste mês, seis ministros receberam salários astronômicos: variando de R$190 mil a R$228 mil.
Os funcionários (assim como os ministros) acrescem ao salário (designado, estranhamente, como “remuneração paradigma”) também as “vantagens eventuais”, além das vantagens pessoais e outros auxílios (sem esquecer as diárias). Assim, não é incomum um funcionário receber R$21 mil, como foi o caso do assessor-chefe CJ-3, do ministro 19, os R$25,8 mil do assessor-chefe CJ-3 do ministro 22, ou, ainda, em setembro, o assessor chefe CJ-3 do do desembargador 1 recebeu R$39 mil (seria cômico se não fosse trágico: até parece identificação do seriado “Agente 86”).

Em meio a estes privilégios, o STJ deu outros péssimos exemplos. Em 2010, um ministro, Paulo Medina, foi acusado de vender sentenças judiciais. Foi condenado pelo CNJ. Imaginou-se que seria preso por ter violado a lei sob a proteção do Estado, o que é ignóbil. Não, nada disso. A pena foi a aposentadoria compulsória. Passou a receber R$25 mil. E que pode ser extensiva à viúva como pensão. Em outubro do mesmo ano, o presidente do STJ, Ari Pargendler, foi denunciado pelo estudante Marco Paulo dos Santos. O estudante, estagiário no STJ, estava numa fila de um caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil existente naquele tribunal. Na frente dele estava o presidente do STJ. Pargendler, aos gritos, exigiu que o rapaz ficasse distante dele, quando já estava aguardando, como todos os outros clientes, na fila regulamentar. O presidente daquela Corte avançou em direção ao estudante, arrancou o seu crachá e gritou: “Sou presidente do STJ e você está demitido. Isso aqui acabou para você.” E cumpriu a ameaça. O estudante, que dependia do estágio — recebia R$750 —, foi sumariamente demitido.

Certamente o STJ vai argumentar que todos os gastos e privilégios são legais. E devem ser. Mas são imorais, dignos de uma república bufa. Os ministros deveriam ter vergonha de receber 30, 50 ou até 480 mil reais por mês. Na verdade devem achar que é uma intromissão indevida examinar seus gastos. Muitos, inclusive, podem até usar o seu poder legal para coagir os críticos. Triste Judiciário. Depois de tanta luta para o estabelecimento do estado de direito, acabou confundindo independência com a gastança irresponsável de recursos públicos, e autonomia com prepotência. Deixou de lado a razão da sua existência: fazer justiça.




Colaboração de Guilherme Souto:
Enviado por luisnassif, seg, 30/01/2012 - 20:00
Do Opera Mundi
Hoje na História: 1933 - Hitler forma novo governo e inaugura terceiro Reich

Mesmo sem maioria no Reichstag, Partido Nazista assumiria sob promessa de encerrar crise econômica alemã
Na gelada manhã de 30 de janeiro de 1933 chegaria ao fim a tragédia da República de Weimar, a tragédia de 14 frustrados anos nos quais os alemães buscaram, sem sucesso, pôr em funcionamento uma democracia.
Aproximadamente às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, somados às forças conservadoras, de centro e de setores sociais-democratas, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.
p>O presidente da República, o velho marechal Paul von Hindenburg, de 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, führer do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.
A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, em especial o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise inflacionária de 1923, o "ano desumano".
Os conservadores e o empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã.
O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de 31 de julho de 1932 havia conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 – 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano, obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os social-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado, os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de dois milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em apenas quatro meses, significava um duro revés. O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler, entre eles, e Von Papen, como vice-chanceler.
Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a sua vontade. Ninguém leva a sério os discursos racistas. Muitos alemães pensam, contudo, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.
Com uma rapidez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.
No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chama de "as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho".
As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung), aterrorizam a oposição como forma de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.
Um dos principais ajudantes de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demitindo funcionários hostis e colocando os nazistas nos postos essenciais.
Hitler faz rondar o "espectro da revolução bolchevique", mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.
Como toda essa agitação não parecia bastar para acumular a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem pôr fogo no Reichstag.
As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à "insensatez democrática", esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos, arrancasse as algemas de Versalhes, reconstruísse um grande exército e reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.
O Império dos Hohenzollern fora edificado sobre as vitórias militares da Prússia ; a República alemã sobre a derrota diante dos Aliados depois de uma grande guerra. O Terceiro Reich, porém, nada devia aos azares da guerra. Foi instaurado em tempos de paz, e pacificamente, pelos próprios alemães.


Colaboração de Ana Cláudia:







Desde 2000, foram cassados 667 políticos com base na lei contra compra de votos
(Agência de Notícias da Justiça Eleitoral, 31/01/2012.
Mandato cassado
Seiscentos e sessenta e sete prefeitos, vices e vereadores foram cassados pela Justiça Eleitoral, até maio de 2009, com base na lei de iniciativa popular 9.840/99. Os dados foram coletados pela Secretaria de Sistemas Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por determinação do ministro Felix Fischer, corregedor-geral eleitoral, atendendo a solicitação do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).
A pesquisa foi realizada entre 10 e 20 de março de 2009 e abrangeu 2.503 zonas eleitorais, o que corresponde a 83,74% das 2.989 zonas do país. Os números apresentados representam valores numéricos oficiais, mas são inferiores à quantidade total de medidas de cassação efetivamente aplicadas.
Dados
De acordo com a pesquisa, de 2000 a 2009, 460 prefeitos e vices e 207 vereadores foram atingidos por cassações em todo o país. Deste total, 238 prefeitos e vices foram cassados apenas nas eleições de 2008, representando 53,52 % do total de prefeitos e vice cassados desde 2000.
Com relação a vereadores, 119 foram cassados em 2008, representando 57,48% de todos os vereadores cassados desde 2000.
Ainda no ano de 2008, houve 343 sentenças de cassação de mandatos em primeira instância (nas zonas eleitorais), em todo o país. Por região, o maior número ficou no sudeste, com 120 sentenças; seguida da região nordeste, com 109; 66 na região sul; 48 no centro-oeste, e 36 na região norte.
Após o julgamento de recursos nos tribunais regionais ou no TSE, foram 119 chapas de prefeitos cassadas em todo o país, sendo a maior parte na região Nordeste, 39; seguida da região Sudeste, com 38; Sul, com 23; Centro-Oeste, com 10; e nove na região Norte.
No ano 2000, primeiro ano de vigência da lei, em todo o país foram cassados em primeiro grau 162 prefeitos e vices e, em 2004, esse número subiu para 388. Após o julgamento de recursos em instâncias superiores, foram cassados 40 prefeitos e vices em 2000, e 71 em 2004.


Tudo que reluz é... petróleo
Pepe Escobar (www.brasilianas.org)
25/1/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online
“All that glitters is ... oil”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

No discurso “O Estado da União”, ontem, o presidente dos EUA Barack Obama disse “Que ninguém duvide: os EUA estamos determinados a evitar que o Irã chegue à bomba atômica, e não excluirei de sobre a mesa nenhuma opção para atingir aquele objetivo”. [1]
No mundo real, a frase significa que Washington quer ir à guerra – a guerra econômica já está em curso – contra um país que assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e não está construindo armas atômicas, como já declararam a Agência Internacional de Energia Atômica e a mais recente US National Intelligence Estimate.
Obama também disse que “o regime de Teerã está mais isolado do que nunca; seus líderes sofrem sob o peso de sanções paralisantes, e, enquanto fugirem às suas responsabilidades, a pressão não diminuirá”.1
“Isolado?” Não, não. O Irã não está isolado. Leiam “O mito do Irã ‘isolado’” (14/1/2012). Nem, tampouco, é a liderança iraniana quem sofre sob o peso de sanções paralisantes: quem sofre é a absoluta maioria de 78 milhões de iranianos pobres.
Em declaração antes do discurso, Obama “aplaudiu” a decisão da União Europeia de impor embargo contra o petróleo do Irã, e acrescentou que “Aquelas sanções demonstram, mais uma vez, a unidade da comunidade internacional”.
OK. Mas a tal “unidade da comunidade internacional” é composta de EUA, países da OTAN, Israel e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, também conhecido como Clube Contrarrevolucionário do Golfo); o resto do mundo é miragem.
Venha para o programa petróleo-por-ouro
Dois países BRICS, Índia e China, juntos, compram pelo menos 40% do petróleo que o Irã exporta, 1 milhão de barris/dia. 12% do petróleo de que a Índia necessita. E a China comprou, ano passado, 30% mais petróleo do Irã que em 2010, média de 557 mil barris/dia.
A “comunidade internacional” de verdade já está tomando conhecimento de que a Índia começará a pagar em ouro, pelo petróleo iraniano – não com rúpias, através do banco estatal UCO indiano e do banco estatal Halk Bankasi, turco. Pequim – que já negocia com o Irã em yuans – pode também mudar-se para o ouro. Desnecessário lembrar que ambas, Delhi e Pequim, são grandes produtoras de ouro, com muito ouro nos cofres.
O Ano do Dragão começará com muito barulho: pode bem ser o padrão-ouro do Ano do Dragão.
Todos recordam o fracassado programa da ONU petróleo-por-ouro, que matou de fome os iraquianos, nos anos antes da invasão/ocupação dos EUA, em 2003. Iraquianos médios pagaram preço terrível pelas sanções de ONU/EUA, e o programa petróleo-por-comida só beneficiou o sistema de Saddam Hussein.
Agora, o negócio é muito mais sério; é o programa petróleo-por-ouro, iniciativa de BRICS + Irã que beneficiará a liderança da República Islâmica e talvez alivie os efeitos das sanções sobre a população iraniana. Consequências globais: a cotação do ouro sobe; o petrodólar cai; os mercadores de petróleo abrem garrafas de Moet em cataratas.
Outro país BRICS, a Rússia, já negocia com o Irã em rials e rublos. E a Turquia, aspirante a membro do grupo BRICS – e que também é membro da OTAN – não acompanhará as sanções de EUA/União Europeia, se não forem impostas pelo Conselho de Segurança da ONU (não-não, porque Rússia e China, membros permanentes, vetarão).
Em dois meses, o primeiro-ministro Vladimir Putin – que enfurece/apavora Washington e Bruxelas como um neo Vlad o Impalador – estará de volta à presidência da Rússia. É quando os poodles atlanticistas saberão o que é jogo à vera.
Enquanto isso, Teerã jamais se curvará às sanções ocidentais – muito menos com vários mecanismos laterais/subterrâneos já implantados para vender seu petróleo e que envolvem três países BRICS mais dois aliados dos EUA, Japão e Coreia do Sul, os quais, provavelmente, conseguirão que o governo Obama os isente de cumprir as sanções.
Dado que isso tudo jamais teve algo a ver com uma inexistente arma nuclear, a liderança em Teerã só terá de seguir um parâmetro supremo de estratégia: não caia em provocações ou em arapucas de operações clandestinas sob falsas bandeiras, que serviriam como casus belli para um ataque de guerra do eixo EUA/Grã-Bretanha/Israel.
E tudo isso, enquanto tendências no horizonte – sobrecarregado – apontam para o que se pode chamar de “Zona Asiática de Exclusão do Dólar”, a qual, para muitas mentes espertas no mundo em desenvolvimento, pode pavimentar a estrada para uma moeda lastreada em energia, a ser usada pelos BRICS e pelo Grupo dos 77 (G-77) para resistir ao cada vez mais desesperado – e sem rumo – ocidente atlanticista.
De volta ao congresso dos poodles europeus, basta examinar a declaração conjunta distribuída por aqueles fenômenos de mediocridade – o primeiro-ministro britânico David Cameron, a chanceler alemã Angela Merkel e o neonapoleônico “libertador da Líbia”, o francês Nicolas Sarkozy.
O trio-lá disse que “Nada temos contra o povo iraniano.” Os iraquianos ouviram exatamente a mesma frase de outro grupo de mediocridades em 2002 e 2003. Em seguida, o Iraque foi invadido, ocupado e destruído.

Nota dos tradutores
[1] 24/1/2012, “State of the Union” 2011. (em inglês)


2. VALE A PENA LER

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http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19472


Por que a crise atual é maior que a dos anos 30
Ao contrário da Grande Depressão, desta vez a crise afetou o coração mesmo do sistema capitalista, que é o seu sistema bancário central. Nos anos 30, milhares (cerca de 9 mil) bancos quebraram nos EUA e na Europa, no curso de quatro corridas bancárias entre 29 e 33, mas nem um único considerado grande. Eram pequenos e médios bancos municipais ou regionais, sem risco sistêmico. Agora, no rastro do Lemon Brothers, todo o sistema virtualmente esteve para colapsar. O artigo é de J. Carlos de Assis.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19512&boletim_id=1118&componente_id=17759



3. INFORMAÇÕES



O livro Retrato da Repressão Política no Campo – Brasil 1962-1985 – Camponeses torturados, mortos e desaparecidos, fruto de parceria do NEAD com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), conta a história de trabalhadores e líderes rurais que sofreram agressões durante o período da ditadura militar no Brasil. Seu lançamento ocorreu no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, na sexta, dia 27.